Por Herculano Domício - Jornal Cruzeiro do Vale

Por Herculano Domício

02/10/2017


NEGA-SE AO TRATAMENTO, APESAR DE ESTAR NA UTI


Este é o retrato da saúde Pública de Gaspar. Os leitores e leitores desta coluna já sabiam disso fazia meses.

Os mandatários de plantão ao invés de tomarem providências próprias de um ambiente de crise, as quais diferem em muito de uma situação de inovação ou normalidade, preferiram praguejar contra este escriba; calar, convencer e intimidar outros; sacrificar os doentes, pobres e que são a maioria, vejam só a sacanagem, seus eleitores e eleitoras. Preferiram “criar” uma comissão para proteger quem já está protegido nas suas corporações: os médicos e graúdos na área de saúde.

Os políticos e gente inexperiente – que baba ou influi - no atual poder de plantão em Gaspar – o qual se mostra manietado ou temoroso -, preferiram terceirizar as decisões, conferidas por votos dos gasparenses ou delegação ao prefeito eleito. Impressionante.

Resultado? Agravamento da crise; maior exposição das fragilidades e dos atuais governantes; comemoração dos adversários e vejam só, com a desgraça dos enfermos, pobres e indefesos (meu Deus!); e adiamento de soluções, que a cada postergação se tornam ainda mais doloridas do ponto de vista político e mais caras, diante da escassez dos recursos financeiros e uma demanda reprimida e ao mesmo tempo, crescente.

É sob tempestade que se conhece o verdadeiro capitão. É na crise que se conhece o estadista, o líder. É dele que se exige para o risco, o erro, o acerto e à transparência.

O prefeito Kleber Edson Wan Dall, PMDB e Luiz Carlos Spengler Filho, por má orientação ou má avaliação, apenas adiam e agravam os degastes contra eles mesmos. E a primeira cobrança sobre os acertos e erros será em outubro do ano que vem. E está logo ali. Manchete do jornal Cruzeiro do Vale – o que não passa recibo contra a realidade – da última sexta-feira: "Médicos e remédios em falta em Gaspar", referindo-se aos postos de Saúde e farmácia básica sob a responsabilidade da prefeitura.

NA FERIDA

Manchete previsível. Direto na ferida. Mas, assoprou. Evitou o Hospital. Não é mais possível esconder com tudo às claras por tanto tempo. O jornal não furou nada, não virou contra o governo Kleber, não disse nada daquilo que já se conhece na cidade inteira, nos gabinetes dos vereadores, não expressou nem um centésimo do que se ouve nas filas dos postinhos, policlínica e farmácias básicas, ou nas redes sociais.

O resumo é o seguinte do caos na saúde Pública de Gaspar: Kleber caiu na armadilha do PT e dos médicos fechados em corporação para salvar os seus interesses. E isso não é de hoje. Sou testemunha de anos. Senti na própria pele. Politicamente, o prefeito e seus aliados vão pagar caro por isso. Eles é que precisam dos votos, das tetas... Médicos não elegem políticos; mas doentes bem atendidos e esclarecidos, sim. Já escrevi sobre o tema. Vou escrever mais.

A atual administração de Gaspar trocou o atendimento do básico à população nos postos de saúde, policlínica, farmácias básicas para atender uma elite de médicos e uma administração sem controle efetivo das finanças do Hospital de Gaspar. Um processo de anos. E passaram a conta para os gasparenses, quando a prefeitura do PT interviu nele. Retirou-se a responsabilidade de quem mal geriu, que aceitou migalhas por serviços ao público em conluios políticos...

Kleber atende, também, um grupo do PMDB que já tocou a saúde pública em Gaspar – e deixou dúvidas - e já liderou o conselho do Hospital – e não deu conta do recado.

Vejam estes números e reflitam. Depois da reforma física feita pelos empresários e sem dinheiro público, o Hospital voltou a funcionar antecipadamente sob pressão de Pedro Celso Zuchi. Queria evitar o desgaste político. Queria ser o herói. O plano era reabri-lo com as dívidas sob controle. Zuchi não cumpriu a promessa de suporte. Ao contrário. Achava que os quase R$3 milhões que repassava eram indevidamente usados, roubados até.

Desculpa esfarrapada dos seus para a intervenção e colocar gente sua no Hospital, manobrando os próprios recursos repassados pela prefeitura, abrir e acessar compras de até R$10 milhões sem concorrência.

Zuchi e sua turma nunca provaram nada sobre as dúvidas que levantaram, nem mesmo com uma comissão que Zuchi e o PT criaram para apurar estas dúvidas. Com a intervenção no dia 28 de maio de 2014, vejam só, aumentou em média o repasse subiu para 3,7 milhões. Então?

E quanto o governo de Kleber está repassando? Quase o dobro: R$5,4 milhões! E o Hospital está pior e o atendimento comprometido. Há ou não um descompasso e algo errado na gestão desse assunto?

Aliás, perguntar não ofende: quem é o “dono” do Hospital de Gaspar? De quem é o patrimônio dele, se é que é conhecido e intacto ao original? Se Frei Godofredo pudesse testemunhar...De quem é a responsabilidade jurídico-fiscal do Hospital de Gaspar? Da noite para o dia, terceirizaram o Hospital e mandaram a conta para a população de Gaspar, com a intervenção marota feita lá pelo PT e o prefeito Pedro Celso Zuchi.

Às vezes parece que são os médicos os donos do Hospital com outra meia-dúzia de políticos disputado esse naco podre. Instituição fantoche nas mãos de grupos políticos que disputam uma carniça para suas ideias de poder ou gestão temerária. Entretanto, eles – os médicos e meia-dúzia de palpiteiros - não possuem ao mesmo tempo, nenhuma responsabilidade jurídica, financeira, fiscal e societária sobre, ou no Hospital. Estranha e contraditória situação, não é? Assim é fácil!

Usam e usufruem, e até mandam e desmandam, mas lavam as mãos nas contrapartidas das responsabilidades. São "sócios" do Hospital pois usam a sua infraestrutura para exercerem a sua profissão, sem qualquer responsabilidade nos resultados fiscais, financeiros, sociais e até mesmo comunitários. Há médico de sobreaviso, mas quando se precisa, as queixas se avolumam e as desculpas dos “deixa-disso”, também.

E ai se a prefeitura não os pagar pontualmente, não apenas os serviços que compra para a população, mas o funcionamento, a infraestrutura e os tributos de toda a espécie, ou não der condições máximas para o exercício da profissão! Quem, por exemplo, paga solidariamente os erros médicos cobrados na Justiça pelos pacientes? Os gasparenses com seus pesados impostos levados ao Hospital sob a rubrica da intervenção? Tudo nebuloso. Tudo errado!

AFINAL QUAL É A PRIORIDADE?

Qual a razão de Kleber, Luiz Carlos, a secretária de Saúde, Maria Bernadete Tomazini, os mentores políticos e os gestores da prefeitura de Gaspar deixarem à míngua os postinhos, a policlínica, a farmácia básica e apostarem tudo no Hospital que não se sabe de quem ele é (pertence)?

Se os impostos forem pagos, as dívidas pagas, as melhorias feitas, incluindo a UTI, agora inventaram até um centro de imagem, a quem a prefeitura vai entregá-lo bonitinho – com o dinheiro dos gasparenses e que faltam na saúde Pública dos pobres - para virar novamente um patinho feio, pedinte e centro de disputas dos políticos e médicos? Ai, ai, ai.

Voltemos à crise. O pronto socorro do Hospital virou um grande “Posto de Saúde” de Gaspar, agora, por orientação técnica-médica (o protocolo de Manchester – e não o discuto), os doentes ambulatoriais podem esperar até (ou mais) quatro horas para serem atendidos lá. E vejam só a contradição: com a tal pulseirinha colorida que Kleber prometeu na campanha política como a salvação para dar mais agilidade no atendimento. Há relatos de até sete horas.

Meu Deus! Quem inventou essa humilhação ao político Kleber? Os médicos, os técnicos, a sua secretária de Saúde mandada por políticos leigos no assunto e influentes nesta área, o prefeito de fato, o advogado Carlos Roberto Pereira, os vereadores da sua base de sustentação?

Kleber ganhou as eleições em outubro do ano passado. Na campanha dizia que conhecida bem a situação do Hospital e por isso tinha planos e soluções. Assumiu. Logo mostrou, claramente, que não tinha nada! Era discurso falso de campanha. Se tinha, mudou e não informou ainda a razão disso à população, aos seus eleitores e principalmente aos doentes.

O que Kleber pratica hoje é da época do ex-prefeito Zuchi. Kleber teve tempo – desde a campanha - para as suas escolhas. Poderia tê-las praticadas logo que assumiu. Hoje já se vão dez meses do seu mandato, a saúde Pública, embrulhada num caos daqueles e pior de quando assumiu o mandato.

Não as fez (mudanças), ou fez as erradas, mantendo o que não funcionava diante de um quadro progressivo de deterioração nacional e estadual da saúde Pública. Vai pagar politicamente caro por isso. Quem o orienta? Qual o medo que o acompanha? Kleber e os seus estão numa sinuca de bico. O PT está rindo à toa. Está cobrando. Vergonha! O discurso do vereador Dionísio Luiz Bertoldi e da ex-vice-prefeita Mariluci Deschamps Rosa, na Câmara, sinalizam isso. O que não funciona hoje, em muito, é decorrente da política do PT que quebrou a saúde Pública como um todo, não só aqui em Gaspar!

POR QUE OS POSTINHOS NÃO FUNCIONAM?

O Jornal Cruzeiro do Vale - na reportagem que fez na edição impressa de sexta-feira - não tocou num problema que se agrava a cada dia. Ora, se os postos de Saúde e a policlínica não funcionam como o preconizado, os doentes correm para o Hospital para se assistir do básico e lá, travam tudo, aumentam as queixas. Resultado? Sobra para o próprio Kleber, para a atual administração.

Só ela não enxerga isso e que por si só, exigiria uma mudança de postura.
Não precisa ser médico, gestor de saúde, político, estrategista ou prefeito para diagnosticar isso. Basta apenas boa vontade e coerência. E a solução é fácil? Não é, reconheço! Mas, há. Basta avaliar e aplicar uma delas, incluindo os ingredientes políticos. E Kleber, até agora, escolheu a pior. E quem diz isso não sou eu. São os resultados que ele colhe contra ele mesmo.

Na quinta-feira, pela manhã – e reportei isso na minha coluna de sexta-feira na seção “Trapiche”, era dia de pleno funcionamento dos postinhos e policlínica em Gaspar. Mas, no Hospital, a fila de espera de doentes era de horas. E não era para emergência e urgência, que se espera prioritariamente de um pronto-socorro de um Hospital, principalmente de dia.

A maior parte dos que estavam lá era feita de gente com problemas ambulatoriais, próprios para serem resolvidos nos postinhos e na policlínica. Como eles não funcionam ou como perderam o crédito perante a população (falta de médicos, enfermeiros, remédios...), a turma já se manda direto ao pronto socorro do Hospital e lá se incomoda e por isso, incomoda os gestores públicos.

Só a atual administração “não enxergou” e vacila em tomar decisões que priorizem o atendimento aos mais simples, nos bairros, desafogando o pronto-socorro do Hospital, diminuindo custos da prefeitura no Hospital, impedindo a transferência de recursos dos postinhos para o Hospital, um sugadouro sem fim de dinheiro da prefeitura, dos gasparenses. O que adianta abrir novos postinhos, como se quer, como vai ser feito, fazer festa, discursos, fotos, entrevistas, se eles não cumprem o papel básico deles com médicos, enfermeiros e atendimento?

O governo de Kleber e Luiz Carlos já fez a sua escolha: prefere atender os médicos do que os pobres doentes. Melhor não seria fechar os postinhos e a policlínica, e mandar todos para o pronto-socorro do Hospital? Com a minoria apertada na Câmara, Kleber está na mão de um médico-vereador. É uma aposta! O tempo dirá a validade dessa aposta que até possui afinidade religiosa

E para encerrar este longo artigo e não os comentários sobre o mesmo tema: um grande problema é feito na maioria dos casos pela soma de pequenos problemas mal ou não resolvidos. Este é um deles. A saúde Pública sob o comando de Kleber está na UTI e se nega ao tratamento. A “junta médica” é de péssima qualidade. Acorda, Gaspar!

TRAPICHE

A votação do Projeto que impedia os vereadores de Gaspar ocuparem cargos no Executivo mostrou três coisas: a mais jovem vereadora Franciele Daiane Back, PSDB, foi, mais uma vez, enquadrada pela administração de Kleber Edson Wan Dall, PMDB. Ficou pendurada sozinha no pincel.

A sua imaturidade política, a sua autonomia “a fez refletir melhor”, justificou. O partido não a orientou em nada no seu salto triplo carpado. Por isso, a adolescente quebrou promessa assinada perante aos seus pares. E ainda quis transformar isso numa virtude. Voltarei ao tema.

A terceira refere-se à postura do líder do governo de Kleber Edson Wan Dall, Francisco Hostins Júnior, PMDB, perante à matéria, sua convicção e compromisso assumido. É algo complexo. Voltarei ao tema.

História mal contada. O ex-prefeito Pedro Celso Zuchi, PT, quando deixou o cargo, disse que sobrou recursos federais da construção da ponte do Vale, logo ele, que vivia em Brasília pedindo dinheiro e reclamava que a ponte estava parada por falta dele nos entraves burocráticos de lá.

A administração do sucessor Kleber Edson Wan Dall, PMDB, sempre disse que não era bem assim. Tanto que para repará-la naquilo que faltou ser feito por Zuchi e que a inaugurou de araque, tirou dinheiro de vários outros lugares, inclusive da própria Câmara de onde pediu R$ 1 milhão. Lembram-se?

Kleber ratificou tudo na prestação de contas que fez à população: essa “sobra” não aparece. Agora, para justificar mais uma ida a Brasília – um truque mensal usado por Zuchi para ter acesso às diárias e condenado pela turma de Kleber quando em campanha – o prefeito acaba de nos dizer que foi ao Ministério das Cidades pedir autorização para usar a sobras dos recursos federais da ponte do Vale.

Afinal, onde está a verdade dessa história? Transparência zero! E os pagadores de pesados impostos são nas mentes desses políticos os bobos e trouxas de sempre. Acorda, Gaspar!

Culto. Dias desses, na tribuna, o suplente de vereador Cleverson Ferreira dos Santos, PP, usou o tratamento de “irmão” a um colega vereador de Gaspar. O protocolo naquele ambiente profano, político e formal, pede outro tipo tratamento entre vereadores.

A polêmica exposição Queermuseum, fechada em Porto Alegre RS, repercutiu em Gaspar. A bancada evangélica fez - sob o silêncio dos progressistas como a líder do PT Mariluci Deschamps Rosa que foi outro dia à tribuna para falar sobre discriminação e pedofilia dos outros - e aprovou na Câmara, por unanimidade, uma moção de repúdio ao conteúdo daquela mostra. Isto é censura.

O que se deve reprovar é o fato da mostra ser facilitada a crianças sem o conhecimento prévio dos país, os quais possuem responsabilidade, controle e autonomia na educação de seus filhos ou tutelados diante de valores diferenciados que acreditam ou propagam no seio familiar e no seu círculo social de afinidade. O resto é debate.

E neste debate, pode-se incluir à razão pela qual os progressistas fizeram o severo Estatuto da Criança e Adolescente, exigem-no, acertadamente da sociedade, mas rasgam-no quando precisam estar no centro das atenções depois de afundarem o país na miséria política, financeira e ética. A outra polêmica é a performance de um artista nú no MAM de São Paulo, com a participação de crianças, mas desta vez, sob a complacência – e até incentivo - dos próprios pais.

Frase de efeito. Ela mostra como os novos nascem velhos. A mais jovem vereadora de Gaspar, Franciele Daiane Back, PSDB, autora do projeto que acabou com o recesso de julho na Câmara acha que povo é o culpado.

“Recesso não é férias. Há uma visão distorcida do povo”, justificou ao defender à sua ideia. Perdeu a oportunidade de ficar quieta ou de se consagrar e dizer algo mais ou menos assim: “somos representantes do povo e o povo que ouvi e me elegeu (ou nos elegeu) não quer o recesso de julho”. Simples! Mas preferiu o torto. Acorda, Gaspar!

Ele deve entender dessa matemática e medição, afinal, o irmão Lovídio Carlos Bertoldi foi secretário de Obras e presidente do Samae, que fazia obras aos montes na cidade. Ao solicitar a manutenção para a Estrada Geral do Gaspar Alto, seu reduto eleitoral, o vereador Dionísio Luiz Bertoldi, PT, tomou um susto.

Soube por ofício da própria secretária de Obras, de que a prefeitura de Gaspar já teria gasto lá mais de 3.346 metros cúbicos de macadame para melhorá-la. Isto equivale a 278 caminhões, nas contas dele. Pior, o próprio vereador constatou que esse material foi colocado em alguns trechos apenas. Acorda, Gaspar!

Dia desses a NSC publicou no seu jornal do Meio-Dia que o Observatório Social de Lages, em quatro anos, conseguiu economizar R$4 milhões em compras fora dos padrões, incluindo celulares de última geração para os vereadores de lá.

Aqui (ou Ilhota) não tem o Observatório. E os das prefeituras e das Câmaras ficam incomodados quando alguma coisa fora do esquadro e que salta aos olhos, sai escrita aqui, por exemplo. Preferem praguejar contra o escriba. Em alguns casos, desconfiados, emendam, mas apenas por medo de que alguma coisa possa também chamar a atenção do Ministério Público.

Aqui tudo é diferente, mesmo. O primeiro ensaio para se instalar em Gaspar o Observatório Social veio recentemente de forma torta, via vereadores do PT que agora estão na oposição. Quando essa gente situação, as dúvidas passavam por esse espaço e geravam um desconforto tal, que este escriba sempre foi perseguido pelo administrador público.

O Observatório Social é antes um ato de cidadania e não um embate político partidário ou de poder. Somos todos governantes. O dinheiro que o gestor ou o político usa são os nossos e não são deles. Então fiscalizar é um direito antes de ser um dever. E quem teme esse tipo de fiscalização do cidadão comum é porque não merece ser eleito ou não pode escolhido para cargos públicos. Falta-lhe o essencial: transparência. Sobra-lhe dúvidas.

Em Gaspar e Ilhota, além dessa coluna o outro aliado, em assuntos de maior complexidade tem sido o Ministério Público estadual e eventualmente, no político-administrativo, o Tribunal de Contas do Estado. O advento da Lava Jato contribuiu muito para a consciência cidadã, inclusive nos grotões.

Como ficou a projeto que retirou o recesso de julho dos vereadores de Gaspar?

 

Edição 1821

Comentários

Anônimo disse:
03/10/2017 20:21
Herculano; acho que estão pedindo reposição das perdas salariais ao prefeito errado.
O prefeito de fato chama-se Carlos Roberto Pereira, o outro é fake.
Digite 13, delete
03/10/2017 20:09
Oi, Herculano

O PESO DE AÉCIO às 08:34hs

O PSDB é o PT que sabe conjugar verbos e tomar banho. Só isso!
FHC elegeu LuLLa em detrimento de José Serra porque "era a vez de LuLLa" e, no Mensalão, FHC não deixou investiga-lo porque "LuLLa tinha uma história" (deve ser história de ladrão).
Não nos esqueçamos disso!

Miguel José Teixeira
03/10/2017 20:04
Senhores,

Neste momento, no Senado Federal, a corja unida defende aécio, o MARGINAL. .
NÃO REELEJA!!!
Paty Farias
03/10/2017 20:01
Oi, Herculano;

Onde assino na carta de Carlos Andreazza a Antônio Palocci?

Palocci é um homem de sorte, conseguiu fazer uma carta despedindo-se do PT.
Celso Daniel ameaçou ser honesto e teve julgamento sumário dos terroristas com execução imediata.
Herculano
03/10/2017 12:46
CARTA A ANTONIO PALOCCI, por Carlos Andreazza, editor de livros, para o jornal O Globo

O que o senhor chama de melhor dos momentos de seu governo é aquele em que o projeto de dominação petista ganhou veio

O senhor nunca me enganou. Nem quando era vendido como petista pragmático, interlocutor dos mercados e fiador de Lula junto ao setor produtivo. Nunca me enganou. E é provável que mesmo os que então o compravam não se enganassem. Havia dinheiro a ganhar, porém. E, nisso, numa grande ode à desfaçatez, estavam todos afinados ?" não é?

Talvez seja o caso de informar que este que lhe escreve não é um idiota. Para mim, o senhor sempre foi aquele sob cuja gestão se quebrou o sigilo bancário de um caseiro que, segundo a mente mafiosa, poderia comprometer o ministro da Fazenda ?" um dos mais representativos episódios sobre até onde o petismo pode ir para defender seu projeto de poder, ataque do Estado a um indivíduo. Barbárie mesmo depois da qual o senhor não apenas coordenaria a primeira campanha de Dilma como ainda lhe seria chefe da Casa Civil. Para mim, isso é ?" sempre foi - Palocci e PT.

Que o senhor não tenha dúvida sobre minha pretensão de ser direto. Li sua carta à senadora Gleisi e ao comando da organização que ela dirige. Analisei-a sob a desconfiança que o histórico de sua vida pública impõe, o que estabelece premissa incontornável: se é provável que revele verdades, muito maiores são as chances de que o faça para esconder outras tantas. Gente como o senhor foi treinada para não agir senão com método. É preciso ter límpido, pois, o entendimento sobre as condições em que resolveu falar.

Não é porque se trate de um petista entregando outros que devem ser afrouxados os critérios sobre o peso probatório daquilo que se tem a relatar. Quem delata ou negocia para delatar é bandido confesso. Aqueles delatados, não. Não necessariamente. Sim: não acredito no senhor; mas isso só desqualificará sua delação se o conteúdo do que alcaguetar for tratado como algo mais do que meio para obtenção de prova. Não importa se Odebrecht, Batista, Funaro, Cunha ou Palocci, qualquer um nessa posição é um encrencado ?" um preso, condenado ou em vias de ?" em busca de aliviar a própria barra.

Não sou - admito - um homem desprovido de perversões. Sei apreciar uma boa estratégia mesmo que traçada pelo pior dos canalhas. Divirto-me com o xadrez que o senhor esgrime contra os de seu partido. É pura ciência. O senhor conhece a raça e, como é inteligente, tem conseguido se manter alguns corpos à frente até de Lula. Como é inteligente e cínico, está à vontade para aplicar um xeque-mate como esse em que questiona o fato de o PT nunca o ter punido pelos crimes em decorrência dos quais foi condenado, mas se mobilizar para penalizá-lo agora que se dispõe a revelar as ilegalidades cometidas pelo partido no curso dos anos em que governou o país.

É devastador o poder político de uma crítica moral feita por um amoral. O senhor é o que se chama de petista histórico ?" um fundador, prefeito pioneiro (junto, aliás, com Celso Daniel) nos projetos-piloto que testaram o modelo de ocupação do petismo. O senhor é um sobrevivente à procura de sobreviver, e sabe que as acusações de um de dentro dinamitam o blá-blá-blá de que a elite se articula para derrubar as conquistas do povo. Não é mais um empreiteiro a destampar os fundos ?" fornidos de propina - para sustentar a expansão autoritária do partido, mas Antonio Palocci, o formulador da tal "Carta ao povo brasileiro", um dos pilares do castelo de cera sobre o qual o PT erigiu sua farsa. O senhor sabe a força que tem - força que é também de barganha.

Por favor. Sua principal motivação não é que toda a verdade seja dita, sobre todos os personagens envolvidos; mas que alguma, sobre alguns, baste para um acordo que abrevie os anos de cadeia. Falar a verdade - ou convencer de que o faz - é sempre o melhor caminho a quem não tem alternativa. O senhor não decidiu colaborar com a Justiça por estar arrependido e disposto a contribuir para a apuração de crimes etc. A sua própria carta oferece os elementos indicativos de que não se compungiu senão dos erros de procedimento que afinal expuseram o assalto petista ao Estado.

O senhor é inteligente, mas vaidoso. E, quando se elogia, se trai. Lula não sucumbiu ao pior da política no melhor dos momentos de seu governo. Lula e o PT sempre foram Lula e o PT, e o que o senhor chama de melhor dos momentos é aquele, exato, em que o projeto de dominação petista encontrou o veio ?" o mito do pré-sal - por meio do qual se robustecer e avançar. O senhor, objetivamente, considerava isso necessário - e trabalhou pelo sucesso do aparelhamento: para ver em movimento, na prática, a própria definição de esquerda no poder, inflando o Estado para ampliar a superfície a ser pilhada. E estaria lá, a serviço, ainda hoje, não tivesse a casa, enfim, caído de vez.

Por isso chama de "mau governo" o de Dilma. Não por haver redobrado as apostas irresponsáveis do antecessor, mas porque, incompetente em todos os sentidos, acelerou o derretimento do legado artificial lulista, o que escancarou - sem dinheiro para novas defesas populistas ?" a "rede de sustentação corrupta" do esquema partidário.

O senhor sente saudade de quando a aprovação do governo Lula era de 95%, ambiente de fartura propício ao desenvolvimento do mais ambicioso projeto de tomada do Estado por um partido da história do Brasil. O senhor sente saudade de quando ainda havia petrodólares para comprar o engano alheio - essa, a saudade do vício, a essência de sua carta.
Herculano
03/10/2017 12:42
FERNANDO HENRIQUE DIZ QUE "GOVERNAR É DAR RUMOS"

Conteúdo do jornal O Estado de S. Paulo. Texto de Marelo Osabake.

O momento de incerteza política por que passa o Brasil atualmente se deve aos anseios não atendidos da população brasileira, que ganhou novos instrumentos de atuação e pressão política, afirmou nesta segunda-feira, 2, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.

Segundo o tucano, que discursou no evento de abertura do Congresso ABES-Fenasan, na capital paulista, essa incerteza vira crise quando a classe política não consegue dar as respostas às demandas. "Quando os políticos não atendem aos desejos, há um desencanto que é a crise", ponderou. "Governar é dar rumos", disse.

FHC notou que, com a globalização e a revolução das comunicações, os eleitores podem agora expressar e mobilizar e seus anseios de forma mais direta, sem intermediação dos partidos. E isso tem causado certo distanciamento da política institucional.

Apesar do momento conturbado, o ex-presidente notou que as instituições brasileiras têm funcionado e que o momento é de proposição de formas de criar uma sociedade de mais "decente", que diminua as desigualdades e seja mais justa. "Não só para o meu partido, mas para a maioria da população", disse.

Também participaram do evento o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, e o vice-presidente nacional do PSDB, Alberto Goldman. Alckmin e FHC saíram sem falar com imprensa.
Herculano
03/10/2017 08:34
O PESO DE AÉCIO

Conteúdo de O Antagonista. Aécio Neves, logo mais, deve recuperar seu mandato.

Ou por uma manobra do STF, ou por um golpe do Senado.

Seja como for, isso só vai aumentar o desprezo do eleitorado pelo governo e pelo PSDB.
Herculano
03/10/2017 08:31
O QUE GERA O PROGRESSO? por Fábio Giambiagi, economista, para o jornal O Globo

Temos economia fechada, protegida e com pouca competição; poupança ridícula; infraestrutura péssima

Nos anos 1970, na época em que o Japão era o que a China é hoje (uma "locomotiva de crescimento"), atribuía-se a Kuznetz, um conhecido economista, a frase "Há quatro tipos de países: desenvolvidos, subdesenvolvidos, Japão e Argentina". Um, uma ilha arrasada na Segunda Guerra Mundial e que se tornou uma potência econômica; e outro, um país que tinha tudo para dar certo e se perdeu nos descaminhos da História.

Brincadeiras à parte, a questão "o que leva um país progredir?" é certamente uma das perguntas mais importantes da Economia. O que não quer dizer que a resposta seja única nem, muito menos, isenta de controvérsia. De forma muito resumida, porém, dois séculos e meio de desenvolvimento da teoria econômica e uma série de aprofundamentos da literatura nas últimas décadas permitiram chegar às seguintes conclusões que, se não são consensuais, pode-se dizer que, em linhas gerais, representam o denominador comum da maioria dos especialistas:

1 ?" Competição faz diferença. É o afã de superação e o receio de perder o emprego para o vizinho, market share para a concorrente e exportações para outro país que faz os trabalhadores, as empresas e os países, respectivamente, tentarem se aprimorar permanentemente para não cair na zona de conforto;

2 ?" Investimento exige níveis elevados de poupança doméstica. Um país que cresce com base em poupança externa é como uma empresa com alavancagem excessiva: cedo ou tarde, seu dinamismo decai. Não há como crescer de forma saudável sem investimento e, sem uma poupança doméstica elevada, ele acabará sendo financiado por recursos externos que um dia serão escassos e cuja falta causará uma crise;

3 ?" Infraestrutura é chave. Energia para investir; estradas, hidrovias e ferrovias para escoar os produtos; saneamento para dar saúde e dignidade à população etc. são as marcas de uma economia próspera, que não fique relegada à série B do Terceiro Mundo;

4 ?" Educação é fundamental. Embora seja verdadeiro que muitos países (Brasil no passado ou China nos últimos 40 anos) cresceram com uma educação precária, não há nenhum país que tenha ultrapassado o que a literatura chama de "armadilha da renda média" (o desafio de deixar de ser um país intermediário e entrar para o "clube" dos desenvolvidos) sem uma educação maciça e de qualidade, especialmente relevante no mundo de hoje, no qual a expressão "exclusão digital" explica as consequências do atraso educacional;

5 ?" O gasto público tem que ser eficiente. Eliezer Batista já dizia há décadas que "país pobre não pode gastar dinheiro em porcaria". Medir bem cada recursos gasto, em um ambiente de escassez de recursos, é essencial para melhorar a eficiência de um país;

6 ?" É preciso ter equilíbrio macroeconômico. Contas públicas sob controle, inflação baixa e situação de balanço de pagamentos confortável são hoje requisitos sem os quais dificilmente a expansão da economia deixará de ser efêmera; e, last but not least;

7 ?" Instituições contam. No mundo de hoje, a vigência do que os anglo-saxões denominam de "rule of Law", confiança no sistema judicial, ausência de coerção governamental, regras claras etc. forma parte do meio ambiente ideal para a proliferação de bons negócios e do progresso.

A simples olhada para essa lista mostra a dimensão dos desafios que temos que vencer no Brasil. Temos uma economia fechada, protegida e com pouca competição; uma poupança ridícula; uma infraestrutura péssima; uma educação de dar dó; uma ineficiência gritante do gasto público; uma situação macroeconômica que, devido à situação fiscal, inspira cuidados; e instituições que em parte funcionam, mas cuja "metade vazia do copo" nos levou ao "G-4" no campeonato mundial das ?" para usar um eufemismo ?" irregularidades administrativas.

Há alguns anos, entrevistado neste jornal, o então primeiro-ministro da Suécia deu o seu recado: "Vinte anos de reformas, focando em competitividade, aumento da igualdade nas instituições e na tomada de decisões e combate à corrupção. Coloque as finanças em ordem, faça reformas completas, abra mercados, adote esquemas para inovação, invista em pesquisa e desenvolvimento e no sistema educacional" (O GLOBO, 27/01/2013). Aqui, os desafios que temos pela frente são dignos dos 12 trabalhos de Hércules.
Herculano
03/10/2017 08:29
SAMBA DO PAIS DOIDO, por Eliane Cantanhede, no jornal O Estado de S. Paulo

Áudios do Joesley, recibos do Lula, jeitinho brasileiro no STF, pesquisas hilárias. É pra rir ou pra chorar?

O que está acontecendo no Brasil é o samba do País doido, em que as coisas mais inacreditáveis acontecem não uma ou duas vezes, mas aos borbotões, uma atrás da outra, todo santo dia. Quando a gente acha que não pode piorar, que é impossível surgir algo ainda mais inverossímil, pode ter certeza: piora e lá vem a nova bomba, uma mais chocante do que a outra. Isso tudo gera perplexidade, irritação, desânimo.

As gravações com Joesley Batista, por exemplo, são um mistério com várias explicações, nenhuma delas convincente. Alguém aí grava sem querer uma conversa mais do que comprometedora com um braço direito, um sócio, um parente? Ou grava, também sem querer, uma troca de informações com advogados, dentro de um carro fechado com cinco pessoas?

Mas Joesley, que pode ser tudo, menos bobo, deixa um gravador ligado e sai falando cobras e lagartos de procuradores, políticos, ex-ministros e até ministros do Supremo com Ricardo Saud. E ele, ou alguém, também grava o papo dele com sua advogada, o diretor jurídico da JBS e o onipresente Saud justamente depois de uma reunião na PGR. Foi o mordomo? E o motorista?


O mais fantástico é que os áudios foram parar na boca do leão, ou seja, na PF, no MP, no STF e, no final das contas, nas revistas, jornais, rádios e na televisão. Tudo por acaso, por descuido? O tal Joesley, espertíssimo ao comprar políticos, ficar íntimo do governo Lula e rapar o tacho no BNDES, é um boboca, quase idiota, ao se deixar gravar assim?

Inverossímil também é o pastelão em torno do apartamento vizinho ao do ex-presidente Lula em São Bernardo. Por coincidência (como as gravações do Joesley...), o primo do pecuarista José Carlos Bumlai compra o imóvel exatamente ali, cara a cara com Lula. Depois, esse primo diz em juízo que nunca recebeu nada da família que o usava. Lula rebate dizendo que pagava, sim, senhor. No disse que disse, surgem recibos salvadores. E que recibos!

Não foram reconhecidos em cartório. Continham dois dias inexistentes no calendário, 31 de junho e 31 de novembro. Foram assinados com datas variadas, mas num único dia, e num hospital. Segundo o proprietário, a pedido do advogado Roberto Teixeira, que cuida das moradias de Lula há umas três décadas. E o mais macabro: em nome de Dona Marisa Letícia, a mulher de Lula, que morreu em fevereiro.

O STF e o Congresso já andavam se estranhando, com buscas e apreensões em gabinetes de senadores e a canetada do ministro Marco Aurélio para derrubar o réu Renan Calheiros da presidência do Senado. Mas a coisa piorou muito quando a Primeira Turma criou uma figura curiosa, a do "recolhimento noturno" do senador tucano Aécio Neves. Foi o "jeitinho jurídico", ou o "jeitinho brasileiro", para o STF prender Aécio sem admitir estar prendendo.

Os ministros do STF passaram a bater cabeça, não em "casa", mas em público. Cada um fala o que bem entende, expondo as idiossincrasias internas a céu aberto. Fux, Barroso, Marco Aurélio e Gilmar, ora, ora, todos falam, enquanto Cármen Lúcia tenta acertar os ponteiros com o presidente do Senado, Eunício Oliveira. Esses meninos, ops!, esses ministros dão um trabalho!

Todas essas confusões refletem em resultados contraditórios nas pesquisas. Pelo Datafolha, Lula continua líder isolado para 2018, mas mais da metade dos entrevistados quer a prisão dele. E a grande maioria, numa resposta, defende que o processo contra o presidente Temer continue, mas, em outra, que ele conclua o mandato. O samba da pesquisa doida. É para rir ou para chorar?

Ideia de jerico. Juntar todos os chefões do tráfico novamente no Rio? Só pode ser brincadeira!
Herculano
03/10/2017 08:22
TSE VAI USAR EQUIPAMENTO À PROVA DE GRAMPOS, por Cláudio Humberto, na coluna que publicou hoje nos jornais brasileiros

O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) deverá utilizar um telefone seguro, à prova de grampos, desenvolvido pela Abin, a Agencia Brasileira de Inteligência. Trata-se do TSG, dispositivo de criptografia que dá segurança no tráfego de voz e dados. Funciona acoplado a telefones fixos, mas é portátil e pode ser levado em viagens. O sistema utiliza algoritmo de Estado, de uso e propriedade exclusivos do governo.

TEMER PROTEGIDO
O presidente Michel Temer usa desde maio um celular de tecnologia nacional, com sistema Android criptografado, desenvolvido pela Abin.

INTRUSOS BLOQUEADOS
O aparelho disponibilizado para Temer tem dispositivo bloqueador para intrusos. Ministros que quiserem podem receber o mesmo telefone.

TECNOLOGIA NACIONAL
A criptografia que garante o sigilo foi criação do Centro de Pesquisa e Desenvolvimento para Segurança das Comunicações, da Abin.

TSE AVALIA
O ministro Gilmar Mendes, presidente do TSE, confirmou que a Abin ofereceu os equipamentos. Há outras propostas do setor privado.

TRÁFICO ESTÁ NA ORIGEM DOS HOMICÍDIOS, DIZ JUIZ
Há vinte anos atuando como juiz da Vara de Execuções Penais de Porto Alegre, Sildinei José Brzuska revela que nesse período o número de presos por tráfico de drogas era de 5% e hoje chegam a quase 50%. E ele afirma, do alto da sua experiência, que os homicídios são mesmo ligados ao tráfico de drogas. O problema, segundo ele, é que o Estado prende o traficante, mas seu ponto de venda de drogas continua lá.

OUTROS CRIMES
Outro fenômeno: para pagar o fornecedor de drogas, o traficante acaba cometendo crimes, como de furto de veículos, assaltos etc.

NÚMERO ALARMANTE
No Brasil, o índice de assassinatos se aproximam da calamidade: são mais de 30 para cada 100 mil habitantes.

ASSUNTO MAL PARADO
Somente no Rio Grande do Sul existem 72 mil pessoas condenadas com penas antigas, incluindo domiciliar, condicional, foragidos etc.

MEIO-IRMÃO É PARENTE?
Causou surpresa no STF, a revelação do Valor de que o ministro Luís Barroso é meio-irmão de Fernanda Tórtima, advogada da JBS, sem que seu impedimento tenha sido questionado como no caso do ministro Gilmar Mendes, padrinho de casamento da filha de um investigado.

PREOCUPAÇÃO
O diagnóstico de diverticulite apavorou familiares do senador Romero Jucá (PMDB-RR). Todos só lembravam que foi a doença que, mal tratada, provocou a morte do ex-presidente Tancredo Neves.

NOTÍCIA FALSA NAS REDES
O senador Cristovam Buarque (PPS-DF) ficou tão indignado com o uso de seu nome nas redes sociais, em "defesa da intervenção militar", quanto com alguns cumprimentos que recebeu por ideias que repudia.

PREJUÍZO SEMPRE NOSSO
Os Correios celebram a entrega de 4,5 milhões de cartas atrasadas pela greve que teve adesão de menos de 10% do total. Os 15 mil que trabalharam no fim de semana faturaram hora extra. Conta nossa.

DECLÍNIO PETISTA
O PT vai lançar para o governo do Rio o ex-chanceler Celso Amorim, de triste memória. No palanque, ao menos em espírito, ele contará com tipos como Nicolas Maduro, Mahmoud Ahmadinejad e Kim Jong-Un.

PENA DE MENTIRINHA
O juiz Ademar Vasconcelos, ex-titular da Vara de Execuções Penais do DF, não tem dúvida sobre o projeto do Senado que prevê o "direito do preso" a progressão antecipada de regime, quando estiver em presídio superlotado: "É o mesmo que aplicar uma pena de mentirinha".

BOA NOTÍCIA
O desemprego no País voltou a cair no último trimestre (12,6%), após atingir o pico histórico de 13,7% nos primeiros três meses do ano. Em relação ao trimestre passado (13%), a queda foi de 0,7%.

CAUSA PRóPRIA?
Sob a desculpa politicamente correta de "solucionar a crise do sistema carcerário", o Senado quer mudar Lei de Execuções Penais. A senadora ré na Lava Jato Gleisi (PT-PR) quer transformar pena de prisão fechada em prisão domiciliar, caso não haja vagas na cadeia

PENSANDO BEM...
...após a repetição do fenômeno em sucessivos governos, pode-se dizer que, em matéria de corrupção, não há preconceitos no Brasil.
Herculano
03/10/2017 08:17
DIREÇÃO ERRADA, editorial do jornal Folha de S. Paulo

Os atores relevantes já entenderam que não existe solução única para tirar o ensino público do atoleiro em que se encontra. Sair do marasmo pessimista exige um conjunto de ações que vai de adotar uma base curricular nacional até valorizar a carreira de professor e cobrar resultados concretos.

Também há consenso quanto ao papel central do diretor de escola. A ele ou a ela compete liderar o corpo docente na melhora paulatina do processo de aprendizado e gerir os recursos disponíveis para garantir as condições materiais necessárias, de banheiros limpos a computadores conectados.

O desempenho desse profissional será tanto melhor quanto mais apurada sua qualificação, no aspecto administrativo e pedagógico. A forma tradicional de sua escolha em escolas municiais e estaduais, no entanto, conspira contra isso.

Dados obtidos por esta Folha a partir de questionário aplicado em 2015 pelo Ministério da Educação a 55 mil diretores apontam que 45% deles chegam ao cargo por mera indicação. Embora as respostas não detalhem motivos, é de supor que abundem critérios políticos.

Essa é a forma mais comum nos Estados menos desenvolvidos do Norte e do Nordeste. Amapá e Maranhão, por exemplo, têm mais de 80% dos diretores designados assim. Mas há exceções, como o Acre, onde apenas 11% deles dirigem escolas por escolha dos superiores.

Do contingente não escolhido por concurso ou eleição local, 23% nunca fizeram pós-graduação. Entre os que se tornaram diretores por vias que não a indicação, o grupo dos que carecem de tal qualificação encolhe para 13%. E os indicados tendem a ter menos experiência administrativa e a permanecer menos tempo em cada escola.

Ainda que não haja pesquisas conclusivas correlacionando a indicação do diretor com pior avaliação pedagógica, especialistas concordam que a escolha política ameaça a qualidade.

Por outro lado, concursos podem selecionar dirigentes bem formados, mas inexperientes; já a eleição por pares ou pela comunidade abre as portas ao corporativismo e ao aparelhamento.

Se parece difícil eleger um modo uniforme para condução de diretores em todo o país, não há dúvida de que a exigência de padrões mínimos de capacitação, com provas de conhecimento, títulos e experiência prática, permitirá nomear os melhores para a função.

Nada disso bastará se não houver mais autonomia para gerir a escola e compor a equipe de professores ?"e se não houver recompensas conforme o desempenho
Herculano
03/10/2017 08:15
SE SENADO REVISAR STF ABRIRÁ "FRATURA INSTITUCIONAL", DECLARA AYRES BRITTO, por Josias de Souza

Ex-presidente do Supremo Tribunal Federal, o jurista Carlos Ayres Britto observa com preocupação os desdobramentos do caso do senador tucano Aécio Neves, que eletrifica as relações entre o Senado e o órgão máximo do Judiciário. Em entrevista ao blog, ele declarou: "O que de pior pode acontecer neste caso é o Senado sustar a eficácia da decisão jurisdicional do Supremo. Os senadores não têm competência legal para isso. Seria inconcebível. Se acontecer, abrirá uma fratura institucional exposta."

Após encontrar-se com a presidente do Supremo, ministra Cármen Lúcia, Eunício Oliveira (PMDB-CE), comandante do Senado, manteve na pauta desta terça-feira a votação sobre Aécio. A maioria dos senadores deseja anular a decisão da Primeira Turma do Supremo, que suspendeu o mandato de Aécio e proibiu o tucano de sair de casa à noite. Para Ayres Britto, a votação não deveria ocorrer, sobretudo depois que o PSDB e o próprio Aécio recorreram, nesta segunda-feira, ao Supremo.

"Ao entrar com mandado de segurança no próprio Supremo, Aécio obriga o Senado a suspender qualquer tipo de deliberação nesta terça-feira", declarou Ayres Britto. "Foi o próprio senador atingido que bateu às portas do Supremo, reconhecendo que cabe ao tribunal dar a última palavra. É mais uma razão para que nesta terça-feira não ocorra deliberação nenhuma por parte do Senado."

Presidente da Suprema Corte na época do julgamento do mensalão, Ayres Britto declara-se otimista com os efeitos da Era Lava Jato. ''Creio que o país sairá desse processo repaginado'', afirmou. Vai abaixo a entrevista:

- Acha justificável que o Senado desfaça as decisões da Primeira Turma do Supremo sobre Aécio Neves? É inteiramente injustificável. Mas vamos esquecer por um instante o objeto da discussão. Sugiro que nos concentremos no que diz a Constituição em matéria de separação dos Poderes? O artigo 2º diz que são três os Poderes da União, independentes e harmônicos entre si: Legislativo, Executivo e Judiciário. Essa ordem é tão lógica quanto cronológica. Tudo começa com o Legislativo, porque ninguém é obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei. O primeiro princípio regente de toda a administração pública é a legalidade. Tudo começa com a lei. O Executivo, como o nome diz, executa as leis. Para isso, baixa decretos e regulamentos. Tudo na ordem lógica e cronológica. Mas é preciso que haja um Poder que diga se o Legislativo editou as leis de acordo com a Constituição e se o Executivo editou seus decretos e regulamentos de acordo com as leis. Esse Poder é o Judiciário. Tudo afunila para o Judiciário. O Judiciário não governa, mas impede o desgoverno. Isso é lógico, é civilizado. O mundo ocidental democrático se comporta assim.

- A última palavra, em qualquer hipótese, é do Supremo Tribunal Federal? Sim. Quando você olha para o Judiciário, enxerga uma estrutura: os tribunais superiores, os tribunais regionais federais, os tribunais estaduais, o tribunal eleitoral? Todos estão sob a jurisdição última do Supremo. É o Supremo que encima o Judiciário, é ele que está no ápice, no topo do Poder. Você vai ao artigo 102 da Constituição e verifica que está dito lá: compete ao Supremo a guarda da Constituição. Então, quando o Supremo fala, acabou! Quem quiser recorrer, recorre para o próprio Supremo. Há o habeas corpus, o mandado de segurança, embargos de declaração. O jogo consticucional que pode ser praticado numa democracia é esse.

- Ao recorrer ao Supremo Aécio Neves joga o jogo correto, não? Sem nenhuma dúvida. Ao entrar com mandado de segurança no próprio Supremo, Aécio obriga o Senado a suspender qualquer tipo de deliberação nesta terça-feira. Foi o próprio senador atingido que bateu às portas do Supremo, reconhecendo que cabe ao tribunal dar a última palavra. É mais uma razão para que nesta terça-feira não ocorra deliberação nenhuma por parte do Senado.

- Se o Senado levar adiante a ideia de se autoconverter em instância revisora de decisões do Supremo, quais serão as consequências? O que de pior pode acontecer neste caso é o Senado sustar a eficácia da decisão jurisdicional do Supremo. Os senadores não têm competência legal para isso. Seria inconcebível. Se acontecer, abrirá uma fratura institucional exposta.

- Há algum risco de a Primeria Turma ter exorbitado de suas atribuições ao punir Aécio? Não. Basta ler o artigo 102, inciso 1-B. Estabelece que cabe ao Supremo, entre outras coisas, julgar os membros do Congresso Nacional nas infrações penais comuns. Você pode dizer: Ah, por desencargo de consciência, vou verificar as competências do Congresso, enumeradas no artigo 49 da Constituição. Não há neste trecho nada que habilite o Congresso ?"seja em reunião conjunta, seja em sessões do Senado ou da Câmara?" a sustar atos jurisdicionais do Supremo. Não existe isso! Não tem! Nem poderia ter. Do contrário, a Constituição seria incoerente. O Congresso não tem competência para sustar decisões do Supremo.

- A decisão da Primeira Turma do Supremo, tomada por 3 votos a 2, baseou-se no artigo 319 do Código de Processo Penal, que relaciona sanções cautelares 'diversas da prisão', para punir Aécio. Acha que está correto? É preciso deixar claro que a Primeira Turma não incorreu em esquisitice, em bizarrice, em esdruxularia deliberativa. Longe disso. O que a turma fez é perfeitamente cabível do ponto de vista técnico. Não quero dizer com isso que seja uma decisão insuscetível de críticas. Isso é secundário. O que interessa é que a decisão é tecnicamente defensável. Em Direito, apressados comem cru. Não se deve superficializar o debate. Primeiro, é preciso entender o seguinte: quando a Constituição fala em prisão ?"e fala umas oito ou nove vezes?" é prisão entendida como trancafiamento em estabelecimento do Estado, seja uma cela na delegacia de polícia, seja uma penitenciária. Isso é para cumprimento de pena, depois da sentença condenatória. A Constituição não fala em prisão domiciliar, recolhimento em domicílio. O texto constitucional é radical. Quando fala em prisão é no sentido de carceragem.

- Como surgiu o recolhimento domiciliar noturno? Numa lei recente, salvo engano de 2012, os congressistas modificaram o Código de Processo Penal. O artigo 312 do Código Penal estabelece quatro pressupostos para a decretação de prisão preventiva. O que fez o legislador no artigo 319? Ele decidiu suavizar a coisa. Disse: 'vou evitar o encarceramento'. Então, anotou-se no artigo 319 que poderão ser adotadas como medidas cautelares diversas da prisão a suspensão da função pública e o recolhimento domiciliar noturno. Muitos dirão: ah, isso é dourar a pílula, porque recolhimento domiciliar à noite é prisão. Não é! Digo que não é porque a Constituição só considera como prisão o trancafiamento em estabelecimento prisional do Estado. Como se não bastasse, a própria lei, deliberadamente, oferece ao julgador um elenco de medidas diversas da prisão, alternativas à prisão. Não é invencionice. Está escrito na lei aprovada pelo Congresso. Então, a Primeira Turma do Supremo não incorreu em nenhuma esdruxularia interpretativa. Nenhuma!

- Portanto, a aplicação de sanções diversas da prisão, como previsto no Código de Processo Penal, não fere o artigo 53 da Constituição, que prevê a manifestação do Legislativo sobre prisões em flagrante dos parlamentares? Uma coisa não se confunde com a outra. Está claro que um parlamentar não poderá ser preso a não ser em flagrante de crime inafiançável. Quando houver a prisão, nessas circunstâncias, em 24 horas a Casa respectiva ?"o Senado ou a Câmara?" delibera sobre a decisão do Supremo. E pode relaxar a prisão. Isso não muda. Mas no caso que envolve o senador Aécio, não se trata de prisão. Trata-se de recolhimento domiciliar, previsto na lei como medida diversa da prisão.

- Está otimista ou pessimista com os rumos das investigações anticorrupção? A vida nos impõe um visual holístico, sistêmico, equilibrado sobre as coisas. Devemos fugir da visão caolha. Acontece no inconsciente da gente um processo freudiano. Funciona mais ou menos assim: um olho da gente lacrimeja ao ver coisas como a dinheirama do Geddel Vieira Lima, num apartamento de Salvador. Mas o outro olho brilha ao perceber que esses milhões só estavam ali porque os paraísos fiscais, submetidos aos modernos sistemas de controle, deixaram de ser convidativos. Estamos evoluindo. E vamos aprendendo a ver as cisas com um olho na missa e outro no padre. Creio que o país sairá desse processo repaginado.
Herculano
03/10/2017 08:10
AÇÃO DE SEPARATISTAS DA CATALUNIA QUEBRA A FICÇÃO DO ESTADO-NAÇÃO, Joel Pinheiro da Fonseca, economista, para o jornal Folha de S. Paulo

As cenas de policiais espanhóis agredindo eleitores do referendo de independência da Catalunha parecem contar uma história simples: o desejo de liberdade de uma população sendo reprimido violentamente pelo imperialismo de Madri.

A realidade é mais complexa. A Espanha, como tantos outros países da Europa, esconde, por trás da ficção moderna do Estado-nação, diversas "nacionalidades históricas", conforme a Constituição de 1978. Numa tentativa de selar a concórdia, deu grande autonomia mas proibiu a secessão.

A ação dos líderes separatistas visa a quebrar essa harmonia. Ao instituir um referendo ilegal, forçaram o Estado espanhol a um dilema: ou permitir a votação e sair desmoralizado, ou reprimi-la e ajudar a narrativa vitimista. Em ambos os casos, o radicalismo ganha ao abalar o acordo institucional e minar a confiança entre as partes.

Difícil levar o resultado a sério. Para os que querem permanecer espanhóis, não faria muito sentido sair de casa e enfrentar a polícia para votar num referendo considerado ilegal pelo governo que eles próprios defendem. Além disso, não houve qualquer controle sobre o processo, com relatos de que pessoas votaram mais de uma vez.

Seja como for, a tendência do mundo é a fragmentação. Passamos de 67 Estados soberanos em 1947 para 195 hoje. Os mais jovens são Timor Leste, Montenegro e Sudão do Sul. Já as tentativas de consolidar
Estados soberanos em uma unidade superior naufragaram. A ONU é uma sombra do que já foi, e a União Europeia está em crise existencial.

O lado ruim disso são as ideologias que não raro acompanham o separatismo: nacionalismo, socialismo, nativismo, racismo. Tem um tanto disso tudo no movimento catalão. O lado positivo é que a separação reflete uma real diferença entre identidades e culturas suprimida por séculos. A Espanha terá que discuti-la, por bem ou por mal. O caminho ideal é permitir a separação, desde que ordenada e legal, como fez o Reino Unido no referendo de independência da Escócia em 2014.

A pluralidade de Estados menores traz a vantagem da maior concorrência entre governos. Com a população mundial mais informada e mais móvel do que nunca, há um incentivo para Estados pequenos arrumarem a própria casa. Um Estado grande pode se dar ao luxo da ineficiência. Um mundo com muitos Estados pequenos é um mundo mais livre.

É uma discussão longínqua para nós. O Brasil, de grandeza continental, fala uma só língua e é um só povo. No entanto, o mesmo raciocínio se aplica: sairíamos ganhando se Estados e cidades tivessem mais autonomia. O nome disso é federalismo, coisa que o Brasil tem só no nome.

Em um Brasil federalista, o dinheiro dos impostos não iria até Brasília para depois sumir. Ficaria onde foi arrecadado. As leis seriam formuladas para se adaptar às realidades econômicas e culturais de cada unidade federativa. A concorrência entre diferentes modelos seria, por si só, um incentivo para gerir bem a coisa pública e formular leis sensatas.

A Europa aprende, aos trancos e barrancos, a adaptar sua ordem política aos valores de liberdade e autodeterminação dos povos. Vencidos os excessos ideológicos, o horizonte é positivo. Da mesma forma, um Brasil em que o poder de decisão não fique só em Brasília, mas se estenda sobre todo o território, será também um Brasil mais livre e melhor para todos os cidadãos.
Herculano
03/10/2017 08:05
ESTA TERÇA DEFINE QUE DESTINO TERÁ A ARROGÂNCIA DO QUARTETO DO BARULHO DO STF: LEI OU ZORRA? por Reinaldo Azevedo, na Rede TV.

Uma engenharia relativamente complexa está em curso para tentar resolver a besteira feita pelos ministros do Supremo Roberto Barroso, Luiz Fux e Rosa Weber. Mas parece que o sistema randômico do tribunal é mais exigente do que algumas figuras do mundo político. Não quer saber de acordo. Explico.

Quando ficou claro que o Senado iria, sim, votar se acatava ou não as medidas cautelares inconstitucionais impostas ao senador Aécio Neves (PSDB-MG) pelo Trio do Barulho (ou quarteto, com Edson Fachin), Carmen Lúcia resolveu entrar em ação, em parceria com Fachin, que, a rigor, é o pai de todas as confusões, não? Afinal, foi ele, quando ainda relator impróprio do caso Aécio - que nada tem a ver com petrolão -, o primeiro a afastar o senador do mandato. A relatoria passou depois para Marco Aurélio, que concedeu liminar suspendendo a medida. Rodrigo Janot recorreu. E os três da turma optaram pela lambança. Ficaram vencidos o próprio Marco Aurélio e Alexandre de Moraes.

O Senado marcou então a votação para esta terça, com pedido de urgência dos líderes. Para evitar o que alguns chamam de choque de Poderes - é uma bobagem! -, Cármen resolveu agir e acionou Edson Fachin. Ele é o relator de uma Ação Direta de Inconstitucionalidade que vinha lá dos tempos do afastamento de Eduardo Cunha. E versa justamente sobre a matéria: pode o Supremo impor a parlamentares medidas cautelares que não estão previstas na Carta? A resposta me parece óbvia: não!

Na sexta, Fachin liberou seu relatório, que já estaria pronto, e Cármen marcou o julgamento para o dia 11. O que queria a presidente do Supremo? Que o Senado esperasse a decisão do tribunal. Se acolher a ADI e decidir que as medidas são impróprias, a votação dos senadores seria dispensável. Se o contrário, nada mais haveria a fazer.

Bem, sou um legalista. É claro que sou contra esse arranjo. Denunciei a sua natureza. Isso corresponde a condescender, em parte ao menos, com a exótica decisão tomada. Se o Senado da República suspender as medidas, só aplicáveis quando caberia a preventiva - e Aécio só poderia ser preso por flagrante de crime inafiançável -, estará apenas exercendo uma prerrogativa. Lembro: o mesmo Artigo 53 confere à Casa (e também a Câmara) o poder de revogar até mesmo a prisão legal. Por que estaria impedida de revogar medidas cautelares menores e ilegais?

Os bombeiros tentam impedir o Senado de fazer o que lhe cabe, embora reconheçam a arbitrariedade do trio. Como a Constituição o autoriza a fazê-lo, torço justamente para que revogue. Entendo que os três ministros é que estão fora da lei, não os senadores. A Carta não dá a ninguém a licença para ser um Napoleão de toga.

Tudo indica que a própria defesa de Aécio e o PSDB resolveram encontrar uma saída honrosa para um ato que, em si, honra não tem. Tanto o partido como a defesa do senador entraram com mandato de segurança pedindo a suspensão das medidas: a legenda, na verdade, pede a supressão da punição descabida. O advogado de Aécio, que os efeitos da decisão sejam suspensos até a votação da ADI, no dia 11.

Mas aí o sistema randômico de definição de relatores - e tinha de ser alguém na Segunda Turma a julgar os mandatos de segurança, já que a maioria da Primeira já havia optado pela punição - resolveu aprontar. O sorteado foi? Fachin, justamente o primeiro a optar pela punição. PSDB e senador fizeram o óbvio: pediram o impedimento do ministro. Afinal, seu voto é de todos conhecido, não? O doutor enviou o caso a Cármen Lúcia.

A eventual concessão de uma liminar a mandado de segurança determinando a suspensão das medidas cautelares pode levar o Senado a adiar a votação. Não é o que eu faria. O Senado que exerça a sua prerrogativa. É o que diz a Constituição. Mas o vício da conciliação bate à porta.
Herculano
03/10/2017 07:55
REFORMA TRABALHISTA BRASILEIRA DESANIMA INVESTIDORES NOS EUA

Conteúdo do jornal Folha de S. Paulo. Texto de Silas Marti, de Nova Iorque, Estados Unidos. O Brasil não é capitalista, ou pelo menos não na medida que americanos esperavam depois da reforma trabalhista costurada pelo Planalto no governo Michel Temer.

Empresários, investidores, advogados, consultores e representantes do setor bancário saíram um tanto frustrados de um encontro na Câmara de Comércio Brasil-Estados Unidos, na semana passada, em Nova York, alguns deles com mais perguntas do que respostas na cabeça.

"Então quer dizer que ainda não vamos poder reduzir salários? Isso é a coisa mais anticapitalista que existe", reclamou Terry Boyland, da CPQI, empresa que presta serviços de tecnologia a bancos na América Latina. "E se perdermos dinheiro? Vamos também dividir os prejuízos?"

Isabel Bueno, sócia da Mattos Filho, firma de advocacia que organizou o encontro, concordou diante de uma sala lotada. "Não é capitalista."

Empresários, no caso, imaginavam poder terceirizar funcionários da forma como quisessem, reduzir salários e driblar processos trabalhistas, mas viram que não será o mar de rosas que vislumbravam com a "maior reforma do setor em 50 anos", como resumiu um convidado.

Um dos principais fatores de desilusão, aliás, é a dificuldade de terceirizar trabalhadores. Muitos, no caso, pretendiam demitir e recontratar os mesmos funcionários de prestadoras de serviços, mas não gostaram de saber que a lei impõe uma quarentena de um ano e meio.

Isso quer dizer que um empregado demitido só poderia voltar à mesma empresa como terceirizado depois de aguardar esse prazo, inviabilizando o que seria uma forma de pagar menos encargos sobre a folha de pagamento.

"Esse é um ponto crítico que falhou", diz Gustavo Salgado, do banco japonês Sumitomo Mitsui, que tem operações em São Paulo. "É uma questão muito sensível porque pode tornar nossas empresas mais competitivas."

No caso, é um ponto que distancia ainda a lei brasileira da americana, que possibilita arranjos mais flexíveis.

"Eles têm um sentimento de frustração. Querem pagar para ver", diz Glaucia Lauletta, outra sócia do Mattos Filho. "É uma mudança que leva tempo, e cultura não se muda de uma hora para outra. A gente está no limite, e no Brasil coisas só acontecem quando chegam ao limite."

ALENTO

Mesmo que não possam desidratar as folhas de pagamento, gestores veem um alento na possibilidade de negociar contratações e demissões direto com o trabalhador em acordos que prevalecem sobre a lei trabalhista, dependendo de seu nível de escolaridade e salário. "Estamos a um dedinho de ter um contrato mais flexível", diz Bueno.

Alguns pontos da reforma trabalhista são bem recebidos por empresários. Entre os mais animadores está a exigência, em casos de litígio, que o trabalhador que perder uma ação movida contra a empresa tenha de arcar com os custos jurídicos, que pode chegar a 20% do valor pretendido pelo processo.

Na opinião do advogado Dario Abrahão Rabay, a medida vai acabar com a "indústria de ações" e a "cultura de litígios" que domina as relações de trabalho no Brasil. "Esperamos ver uma queda no número de processos."

"O pior para nós são os pagamentos de danos morais", diz Alberto Camões, da Stratus, empresa que presta serviços de consultoria a outros grupos no Brasil. "Como não custa nada processar, prevalecia antes a ideia de mover uma ação só porque podem."

John Gontijo, da Farkouh, Furman & Faccio, empresa que presta serviços de consultoria tributária em Nova York, concorda. Ele afirma que o grande avanço da reforma trabalhista passa por diminuir o poder dos sindicatos e tornar flexível as relações de patrão e empregado.

"Esse é o principal ponto", diz Gontijo. "É o que mais aproxima as leis do Brasil das regras que já eram seguidas por empresas americanas."
Funcionaria Indignada
03/10/2017 06:59
Seu Herculano
Bom dia

Claro que perguntar não ofende, responder também não.
Sim o Ex-prefeito não pagou as perdas salariais, mas a reposição inflacionario foi sempre pago.
Já a atual administração, a que se diz Gaspar eficiente, era pra ter acertado a pura e somples reposição inflacionaria em março. Tá lembrado? Transferindo para repor agora em outubro, e todo tá quietinho, tanto o prefeito de fato, quanto o Sindicato dos servidores públicos.
Se deve pelo menos explicação ou igual a - se a quem não nos deu o devido valor. Será que não tem dinheiro no município? Ou políticos são todos iguais?
Herculano
02/10/2017 21:14
À "FUNCIONÁRIA INDIGNADA"

Perguntar não ofende. Mas, quem mesmo não deu os aumentos ou as reposições necessárias e as deixou acumular? Não foi o atual prefeito, certo? Nos últimos oito anos Gaspar foi governada por Pedro Celso Zuchi,PT.
Funcionaria Indignada
02/10/2017 20:57
Seu Herculano
Boa noite

Este prefeito de poucas, que vem sacaneando os funcionários desde os seus primeiros dia de desgoverno, até agora não sinalizou o nosso reajuste inflacionário de nossos salários. E o Sindicato calado.
Este é o Gaspar ineficiente.
Herculano
02/10/2017 19:54
COMENDO POEIRA

Depois de ler a coluna esta manhã, a prefeitura de Gaspar, o prefeito Kleber Edson Wan Dall, PMDB, e os seus luas pretas resolveram "apresentar" à comunidade o novo diretor do Hospital de Gaspar, Wilson Santin.

E apresentaram como salvador da pátria. Mais um. Entretanto, de nada adiantará a sua experiência, se a prefeitura não fizer a parte dela: fazer funcionar (e atender o povo) os postinhos e a policlínica, punindo inclusive, os médicos e agentes públicos faltosos. Acorda, Gaspar!
Herculano
02/10/2017 11:57
IRMÃO DE ATIRADOR DE LAS VEGAS QUE MATOU AO MENOS 50 DIZ ESTAR CHOCADO

Conteúdo das agências internacionais de notícias. Texto resumo do jornal Folha de S. Paulo.Eric Paddock, irmão do suspeito de atirar do 32º andar de um hotel no público de um festival de música country em Las Vegas, disse que sua família estava "horrorizada".

Stephen Paddock, de 64 anos, foi encontrado morto pela polícia no quarto que ocupava, junto com várias armas de fogo.

"Nós não fazemos a menor ideia", afirmou Eric Paddock sobre os atos de seu irmão. "Estamos perplexos. Nossas condolências às vítimas" disse com voz trêmula em uma rápida entevista por telefone.

Foi o mais grave ataque deste tipo na história moderna dos EUA. Além de ao menos 50 mortos, mais de 400 pessoas ficaram feridas, segundo a polícia de Las Vegas.

Os tiros teriam começado por volta das 22h de domingo (2h de segunda em Brasília), durante o show do cantor Jason Aldean no festival Route 91 Harvest, numa arena aberta, em meio aos resorts de Las Vegas.

Vídeos feitos com celular capturaram cerca de dez segundos de tiroteio intenso, seguidos de 37 segundos sem o barulho de armas. Uma segunda rodada de tiros então começa, em meio aos gritos de desespero das pessoas no local.

Eles mostram pessoas se deitando no chão e procurando abrigo em meio ao descampado.
Herculano
02/10/2017 11:49
A FALSIDADE DE UM ÊXITO, por Paulo Delgado, sociólogo, para o jornal O Globo

Fizeram da Constituição uma superstição jurídica. Inaptos para a moralidade coletiva se autorizaram receber acima do que manda a lei. Está profunda a cisão da consciência

O Brasil quer se salvar sem raciocinar, como um aglomerado de náufragos. Uma sequência interminável de festas deu errado e fez regredir nossa moralidade. A honra do líder se concentrou na luxúria certo de que causa justa limpa dinheiro sujo. A polêmica não se dissipa porque ainda é observada do lugar de onde vem a ilusão.

O povo sucumbiu à irrealidade, fustigado por líderes determinados a varrer do chão a racionalidade das realizações e a liberdade de escolha. Outros poderes embarcaram na onda dos arranjos e a insolência de mando se espalhou. Explorar o sentimento popular, através da serpente sagrada da política, tornou-se insuficiente. Era preciso ir além, prender o cidadão no contorno moral do período. Introduzir uma guerra civil no coração das pessoas. Insinuar que idolatria é bom. E liberar cada um para fazer o que bem entender.

O motor de tudo é o falso êxito do passado próximo. E o desejo de ser gado. Percebido o desatino, houve uma fuga em direção a dogmas, fé cega em tudo o que é falado, lido, escutado. O mundo medieval da escritura, superstição, domina. Espíritos insalubres vagueiam pelo ar como amuletos, cão sem cabeça, perigos invisíveis. Por conta de litígios viraram autoridades sem mérito. Fizeram da Constituição uma superstição jurídica. Inaptos para a moralidade coletiva se autorizaram receber acima do que manda a lei. Está profunda a cisão da consciência.

Fora de moda vamos cuspindo na credencial civilizatória. Renda, indenização, dinheiro não são os principais sinais do êxito humano. A autoridade que ordena bondade, tempero pessoal imposto ao paladar do negligenciado, vê o Estado como sua cozinha e a sociedade depósito de restos.

Isolada na mente de dois autoritários, a dinastia popular ?" um rei, uma regicida ?" improvisou a honra e impôs uma visão de justiça. A farsa fingiu amparar o pobre sem soerguer a economia. Ficaram visíveis demais nos que nomearam, entupiram o país dos que falam pelo cotovelo. O Ministério Público inventa crime, como o gato toma leite. Faça crime, contrate procurador!, deu no que deu.

O Supremo, agravado pelo problema relacional entre seus membros, reduziu a lei a uma série de astúcias. Confunde o justo com o legal, inadequados moralistas cavam a alma da nação. A inocência que é seguir a lei segue ultrajada pela consciência de se achar melhor do que ela. Tudo está prefixado: pontificar, ou saldar dívida, predispõe um juiz a falsidade.

Qual o significado de vivermos um tempo tão fechado à razão, de tanta inconsciência? Se o Brasil quiser interromper essa viagem segura que faz em direção ao caos, precisa mirar o abismo e decidir não pular.

Olho no mentiroso que encarna a contradição e se irrita com aliado que aponta seu erro. Atenção aos "cheios do gesto, no fundo só fazem é servir a si próprio". Corra da identidade fraturada do furioso e seus indícios. Não há emissário de anjo: o boato quer circular, não precisa "credibilidade" de pesquisa.

Perca tempo com os capazes de reflexão, alguma modéstia, ceticismo metódico e cujo corpo não esteja inteiramente dedicado a ser fotografado. Da dúvida surgirá a decisão. O verdadeiro êxito ainda não tem rosto.
Herculano
02/10/2017 11:47
A 'UNANIMIDADE" CONTRA TEMER, editorial do jornal O Estado de S. Paulo

Pesquisas de popularidade do presidente não encontram correspondência com realidade, sob nenhum aspecto, e só podem ser resultado da desinformação que campeia nestes tempos de fake news

Desde o início de seu governo, o presidente Michel Temer cercou-se de alguns assessores de duvidosa carreira no mundo político. Compreende-se que a formação de uma administração a toque de caixa, para garantir a governabilidade depois do impeachment de Dilma Rousseff, tenha obrigado Temer a recorrer a amigos e conhecidos, decerto confiante em sua capacidade de articulação para enfrentar aqueles difíceis momentos e recolocar o País no rumo da normalidade. Mas desde o início estava claro que os eventuais ganhos políticos obtidos com essas escolhas mal compensariam os esperados prejuízos para a imagem do governo e do presidente. As mais recentes pesquisas de opinião, contudo, mostram um fenômeno raríssimo em política: Temer, agora ele mesmo acusado de corrupção, é rejeitado pela quase totalidade dos eleitores.

Como toda a unanimidade, esta deve ser observada com cautela. Não se trata de questionar a metodologia das pesquisas, embora, de um modo geral, esses levantamentos misturem opinião sobre o desempenho dos políticos com intenção de voto, às vezes levando o entrevistado a responder como se estivesse avaliando um candidato. Trata-se de evitar a leitura simplista segundo a qual o Brasil inteiro é contra o presidente, o que obviamente é um despautério.

Em primeiro lugar, é preciso observar que Michel Temer, desde que assumiu o cargo, nunca foi exatamente popular. Em junho de 2016, logo depois de se tornar presidente interino, Temer contava com apoio de apenas 13% em pesquisa do Ibope, enquanto 39% dos entrevistados já o consideravam um presidente ruim. Portanto, de saída, Temer já não gozava da confiança dos consultados.

O que houve de lá para cá, contudo, foi uma deterioração de popularidade que não encontra paralelo na história do País. A avaliação negativa de Temer subiu de 39% para 77%, enquanto a positiva despencou de 13% para 3%. Considerando que a pesquisa tem margem de erro de dois pontos porcentuais, para mais ou para menos, é possível concluir que quase ninguém no Brasil avalia positivamente o presidente.

Essa degradação é ainda mais espantosa porque se deu num período em que finalmente o Brasil começou a dar sinais alentadores de recuperação econômica, depois da trágica administração de Dilma Rousseff. Em pouco mais de um ano sob o governo Temer, a taxa básica de juros recuou de 14,25% ao ano para 8,25%; a inflação, que era de 9,28% em abril de 2016, deve fechar 2017 em torno de 3%, recuperando parte do poder de compra perdido durante os irresponsáveis anos petistas; o desemprego começou a ceder; e a produção da indústria, que chegou a cair 11,4% em março de 2016, voltou a subir, assim como as vendas do varejo.

Tudo isso aconteceu porque o atual governo agiu de forma célere e responsável para debelar a crise legada por Dilma, adotando políticas de austeridade e fazendo aprovar reformas com vista ao equilíbrio das contas públicas.

Mesmo assim, o porcentual de entrevistados pelo Ibope que consideram o governo de Temer melhor que o de Dilma é de apenas 8%, ao passo que 59% consideram o desempenho do atual presidente pior do que o da petista. São números que não encontram correspondência com a realidade, sob nenhum aspecto, e só podem ser resultado da desinformação que campeia nestes tempos de fake news.

Pode-se argumentar que Temer enfrenta essa inaudita impopularidade em razão do noticiário que o envolve em escândalos de corrupção, aspecto destacado na pesquisa. No entanto, é preciso um grande esforço retórico para considerar os atuais casos de corrupção mais graves do que os que marcaram os governos petistas, a ponto de conferir a Temer um índice de desaprovação sem paralelo.

Tudo considerado, essa quase unanimidade em relação a Temer indica que talvez falte ao presidente a disposição de engambelar os incautos demonstrada pelo ex-presidente Lula da Silva, que consegue manter apoio de 30% do eleitorado mesmo diante da montanha de evidências do grande mal que ele causou ao País.
Herculano
02/10/2017 11:46
A DEMOCRACIA E O GENERAIS, editorial do jornal Gazeta do Povo, Curitiba PT

É a primeira vez que a cidadania brasileira tem a chance de resolver seus próprios problemas, achando ela mesma a saída dos redemoinhos em que se colocou

Um espectro ronda o Brasil. Sondagem divulgada pelo Instituto Paraná Pesquisas, na quarta-feira (28), revelou que 43% dos brasileiros são favoráveis a uma "intervenção militar" no país. O percentual é ainda maior entre jovens de 16 a 24 anos. Já uma pesquisa do Instituto Datafolha, divulgada em junho, mostrou que 40% dos brasileiros confiam muito nos militares e 43% confiam um pouco. O Congresso, por sua vez, não tem a confiança de 65% da população. São sinais consideráveis, não pela proposta de intervenção, estapafúrdia e ilegal que seria, mas pelo que revelam da situação do país e pelo convite a se revisitar o valor da democracia.

Desta vez, a panaceia da intervenção ressurgiu no debate público depois de o general Antonio Hamilton Mourão, em uma palestra realizada no último dia 15, em Brasília, dar seu diagnóstico para uma possível saída da atual crise política no Brasil. "Quando nós olhamos com temor e com tristeza os fatos que estão nos cercando, a gente diz: 'Pô, por que não vamos derrubar esse troço todo?' (?) Ou as instituições solucionam o problema político, pela ação do Judiciário, retirando da vida pública esses elementos envolvidos em todos os ilícitos, ou então nós teremos que impor isso", afirmou.

Nenhum país democrático está livre de crises políticas e institucionais?
Embora o Comando do Exército tenha colocado panos quentes sobre o assunto depois de as declarações terem levantado justificada reação por parte da sociedade civil, Mourão deveria ter sido punido, pois apologia de ruptura do regime constitucional é crime e ?" o que está além de qualquer dúvida ?" o artigo 142 da Constituição Federal, tão celebrado pelos criptogolpistas em seus eufemismos, só permite a intervenção das forças armadas com uma convocação por um dos legítimos poderes constitucionais, sob autoridade suprema do presidente da República, nas hipóteses previstas de defesa da pátria, garantia dos poderes constitucionais e da lei e da ordem. Em matéria tão grave, não há interpretação ampliativa da Constituição: romper a ordem constitucional abriria a caixa de Pandora do arbítrio e o caminho para toda sorte de aventureiros e carreiristas irresponsáveis.

Imprescindível repisar essas questões, mas a persistência do ideário golpista convida a uma reflexão mais detida. Há quatro fatores que se sobressaem na explicação do apelo dessa ideia. Um deles o Brasil compartilha com o mundo: o sentimento difuso de descontentamento com as elites tradicionais, a "crise de representatividade" que coloca desafios importantes, ainda sem resposta adequada, aos sistemas de governo ocidentais e a líderes políticos incapazes de inspirar e liderar as pessoas que pretendem governar.

No Brasil, a situação é agravada pelo atascadeiro em que nossos dirigentes se meteram, depois dos anos de descalabro petista; pela maior crise econômica de nossa história, que rouba do povo desde seus meios de subsistência até a confiança no futuro, fomentando o ressentimento social contra "tudo que está aí"; e pela falência do atual modelo de segurança pública, um dos maiores fracassos da redemocratização brasileira: desde 1988, a sensação de insegurança e a gravidade dos crimes no atacado só fez crescer ?" em 2015, foram 59 mil homicídios no país ?" embora, é bom frisar, o problema tenha começado antes, ainda no Regime Militar.

É compreensível que o povo brasileiro esteja estafado: o Brasil aparece em último lugar no quesito "confiança do público nos políticos," dentre 137 países, no último Índice de Competitividade Global, divulgado nesta semana. Mas é alvissareiro que uma louvável sugestão de resposta a esse cansaço tenha vindo de um militar de alta patente. Na terça-feira (26), em Porto Alegre, o general Edson Leal Pujol, comandante militar do Sul, reconhecendo a insatisfação que grassa, em resposta a uma pergunta sobre "quem nos mostrará o caminho", afirmou que "se vocês estão insatisfeitos, vão para a rua se manifestar, mostrar, ordeiramente. Mas não é para incendiar o país, não é isso". Felizmente, há militares ?" por certo, a maioria deles ?" que entendem os caminhos da lei e o valor da democracia e que reforçam, com palavras e atos, a saudável opção que as Forças Armadas fizeram por abandonar o ideal salvacionista que marcou sua história até 1988.

É verdade que a democracia já foi descrita como "a pior forma de governo, exceto por todas as outras", mas é bem mais que isso. Ela é a única forma de governo já inventada pela humanidade que respeita plenamente a dignidade inegociável dos seres humanos, convidando-os a ser protagonistas de suas próprias histórias. Ao mesmo tempo, a democracia garante as condições desse protagonismo, quer respeitando os direitos dos indivíduos e lhes fornecendo regras claras e previsíveis ?" daí o valor do Estado de Direito ?", quer os convidando a realizar-se plenamente no espaço público pela defesa de suas ideias e convicções, por meio do diálogo perene, em direção ao futuro comum que almejam.

Justamente porque a democracia deve ser o governo de todos nós, pactuado entre todos, a cada momento, por vezes em negociações desgastantes, ela nunca será perfeita. Nenhum país democrático está livre de crises políticas e institucionais que, periodicamente, convidam os cidadãos a exorcizarem seus fantasmas, tirarem seus esqueletos do armário e a repensarem, com respeito às regras estabelecidas, seu papel nessa verdadeira odisseia coletiva. É a primeira vez que a cidadania brasileira tem a chance de resolver seus próprios problemas, achando ela mesma a saída dos redemoinhos em que se colocou. Não há imaginar que qualquer intervenção messiânica virá pôr ordem na casa desde fora, pois não há quem esteja fora do barco. E se mar calmo nunca fez bom marinheiro, oxalá aprendamos a navegar com ainda mais maestria.
Herculano
02/10/2017 10:44
BOLSA-FAMÍLIA: UM EXEMPLO DE LIVRE MERCADO, por João Amoedo, ex-empresário e banqueiro, presidente do Partido Novo, para o jornal Folha de S. Paulo

Prover uma educação básica de qualidade e um serviço de saúde digno são tarefas do Estado, estabelecidas pela Constituição. Entretanto, o atendimento dessas demandas não implica que a administração do serviço seja feita integralmente pelo governo. A responsabilidade não significa, necessariamente, a gestão.

O programa Bolsa Família, que atende hoje 13,6 milhões de famílias a um custo anual de R$ 28 bilhões, é um bom exemplo desta realidade. Apesar de não indicar uma porta de saída clara ?"e de o governo se vangloriar quando a quantidade de usuários aumenta e não quando diminui, o que seria o correto?", a sua eficácia para a população mais carente é evidente. Muito provavelmente é o programa de Estado que traz um dos melhores retornos em relação ao volume investido versus o benefício para a população. Isso acontece pois ele, na essência, é uma solução que adota a crença na liberdade, na responsabilidade do indivíduo e no livre mercado, e não na gestão estatal.

Podemos imaginar o que seria um programa típico de governo caso o objetivo fosse prover alimentação para os mais necessitados. O roteiro seria o já conhecido para as outras áreas essenciais.

O governo construiria e administraria uma ampla rede de supermercados públicos. Realizaria uma concorrência para a escolha da construtora, um concurso público para a contratação dos funcionários e, por fim, licitações para aquisição dos produtos, que seriam vendidos ?"a preços subsidiados?" para a população mais pobre.

Conhecendo a gestão pública, podemos imaginar o custo de toda esta operação.

Felizmente o roteiro adotado foi outro: optou-se por confiar no livre mercado, em um ambiente concorrencial e por dar liberdade ao cidadão para definir as suas prioridades e utilizar os recursos recebidos no local e da forma que julgar mais adequada.

O resultado, para o Estado, foi uma operação mais simples, menos custosa, com menor margem para corrupção e tendo como produto final um cidadão mais bem atendido.

Acreditando, portanto, que não há questão mais estratégica e delicada do que a falta de alimento, a provocação que gostaria de fazer é: se o funcionamento do Bolsa Família é tão bem sucedido, por que não adotar este mesmo conceito em outros segmentos?

Por que não substituímos os gastos em hospitais, médicos, equipamentos, por recursos fornecidos ao cidadão para que ele utilize a rede privada ou adquira planos de saúde?

Este mesmo raciocínio se aplica à educação. O serviço prestado pelo ente público poderia ser substituído por vales entregues ao cidadão para pagamento de escolas privadas. Esses vales seriam posteriormente pagos pelo governo.

O desperdício, as indicações políticas, a ineficiência administrativa, a falta de concorrência e os inúmeros entraves existentes no setor estatal comprometem os resultados da gestão pública. Um país pobre como o nosso não pode se dar a esse luxo, prejudicando a qualidade de vida e o potencial de tantos brasileiros.

Precisamos ter coragem de inovar
Herculano
02/10/2017 10:42
DATAFOLHA INDICA QUE O SACO NACIONAL ESTÁ CHEIO, por Josias de Souza

Os políticos testam cotidianamente os limites de até onde podem ir no desafio à paciência da opinião pública. É como se enxergassem a própria desfaçatez como um teste de resistência para descobrir o ponto exato que antecede a ruptura do saco nacional. Pois bem, o Datafolha sinaliza que, depois da tempestade da Lava Jato, vem a cobrança. Quem não prestar atenção aos dados se arrisca a descobrir o ponto do estouro apenas quando não adiantar mais nada.

Os brasileiros parecem rejeitar a ideia de que o político que 'rouba, mas faz' mereça algum tipo de condescendência. A maioria (62%) disse acreditar que a corrupção é mais ruinosa para o país do que a incompetência. Para 80%, a corrupção é inaceitável em qualquer circunstância. E 74% rejeitam a tese segundo a qual ''se um governante administra bem o país, não importa se ele é corrupto ou não.''

Fulanizando a sondagem, os pesquisadores descobriram que 89% dos entrevistados declaram-se a favor de que a Câmara autorize a abertura de processo contra Michel Temer por formação de organização criminosa e obstrução de justiça. E 54% avaliam que os fatos revelados pela Lava Jato são suficientes para justificar a prisão de Lula, condenado por Sergio Moro a nove anos e meio de cadeia.

Preocupados em salvar o próprio pescoço, os políticos demoram a perceber que o sistema que os fabricou morreu. O comportamento de risco e a tendência à autodesmoralização levaram o modelo ao suicídio. A morte poderia ser um enorme despertar. Mas a plateia exala pessimismo.

A despeito de a maioria desejar a prisão de Lula, 66% acham que o pajé do PT não será passado na tranca. Embora a corrupção desperte aversão crescente, apenas 44% dos brasileitos acham que a roubalheira diminuirá. Para a maioria (53%), o assalto ao bolso do contribuinte continuará do mesmo tamanho (44%) ou maior (9%) nos próximos anos.

A sensação de que a política precisa de uma faxina cresce na proporção direta da diminuição da disposição dos políticos de se auto-higienizar. O sistema guerreia pela preservação dos seus valores mais tradicionais: o suborno, o acobertamento, o compadrio, o patrimonialismo, o fisiologismo. O bom senso recomenda a interrupção imediata do teste de paciência. O ponto de ruptura pode estar próximo. O diabo é que culpados e cúmplices demoram a perceber que já encheram o bastante.
Herculano
02/10/2017 10:39
EM INOVAÇÃO, BRASIL FALA E A ARGENTINA FAZ, por Ronaldo Lemos, advogado, diretor do Instituto de Tecnologia e Sociedade do Rio de Janeiro, para o jornal Folha de S. Paulo

Enquanto o tema da inovação no Brasil é tratado com um falatório interminável, que se traduz em poucas ações, a Argentina avança com medidas concretas.

Na semana passada, o presidente argentino, Mauricio Macri, realizou o lançamento oficial de um novo sistema para a abertura de empresas no país.

Por meio dele, agora é possível abrir uma empresa em 24 horas por meio da internet. A empresa já nasce com conta bancária operacional e com registro fiscal imediato (o CNPJ argentino).

Além disso, foi criado um novo tipo societário, chamado "Sociedade por Ações Simplificada". Essa modalidade foi concebida especificamente pensando nas start-ups, empresas novas focadas em inovação e que querem crescer rapidamente.

O custo? Todo o trâmite custa aproximadamente R$ 800 e esse valor pode ser aportado como parte do capital social. Todas as assinaturas necessárias são feitas digitalmente. O mesmo vale para os livros societários, que são totalmente digitais. O pagamento de impostos ocorre da mesma forma: tudo pela rede.

Para ter uma ideia de como o Brasil fica para trás diante dessas mudanças, o Banco Mundial aponta que o tempo médio para se abrir uma empresa no Brasil é de 79 dias ao custo médio de R$ 1500.

O processo exige em média 11 procedimentos diferentes com muito papel envolvido. Já o tempo para fechar uma empresa no país nem o Banco Mundial ousa medir. Pode levar anos.

As mudanças argentinas não param por aí. O país regulamentou também a possibilidade de se adquirir participação societária em empresas por meio da internet (o chamado "equity crowdfunding").

Criou também um fundo de capital semente de US$ 30 milhões para apoiar novas empresas inovadoras, com taxa zero de juros e sem a necessidade de garantias. As empresas investidas recebem assessoria e acompanhamento gratuito. A contrapartida é crescer. Se o negócio aumenta de tamanho, o prazo para pagamento do empréstimo vai sendo dilatado.

Além disso, o país implementou uma série de incentivos para investimentos privados em start-ups inovadoras e fundos de "venture capital". Até 85% do valor investido é dedutível, limitado ao máximo de 10% do lucro anual.
Esse esforço envolve não apenas o plano federal, mas também Buenos Aires. Foram criados distritos de inovação na cidade, com benefícios para as empresas neles instaladas. Além disso, foi criado um regime para apoiar empresas que exportam software.

Essa iniciativa já provocou o Uruguai a seguir pelo mesmo caminho. O país está neste momento realizando uma consulta pública para criar um pacote de medidas similares. O deputado e presidente da Comissão de Inovação, Ciência e Tecnologia do país, Rodrigo Goñi, criou o portal "Ley Emprendedores" para construir uma lei semelhante à argentina e ir além.

Enquanto isso o Brasil fala, fala, fala, fala, fala e fala sobre inovação.
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JÁ ERA Dinheiro em papel

JÁ É Criptomoedas como o bitcoin

JÁ VEM Criptomoedas emitidas por bancos centrais
Herculano
02/10/2017 10:34
JUCÁ É INTERNADO ÀS PRESSAS

Conteúdo e texto do Diário do Poder, Brasília, DF. O senador Romero Jucá (PMDB-RR), líder do governo no Senado, foi internado em Boa Vista com forte crise de diverticulite. Um avião já foi fretado e neste momento aguarda autorização para decolar para São Paulo, levando o político.

Os médicos que assistem Jucá relutam em autorizar a viagem do parlamentar, acentuando a suseita de que o caso é complicado e demanda procedimento cirúrgico imediato.

Diverticulite foi a doença que levou o então presidente eleito Tancredo Neves a ser hospitalizado e operado às pressas na véspera de sua posse. Seu vice, José Sarney, acabaria empossado em seu lugar e seria efetivado após o falecimento do presidente
Herculano
02/10/2017 10:31
PALOCCI VIROU A PÁ DE CAL NA CANDIDATURA DE LULA, por Cláudio Humberto, na coluna que publicou hoje nos jornais brasileiros

A avaliação de dirigentes do PT, mantida em caráter reservado, é que a pá de cal na candidatura de Lula a presidente, em 2018, atende pelo nome de Antônio Palocci. Se apenas um depoimento como testemunha e uma carta de três páginas e meia feriram de morte as chances do ex-presidente, a delação premiada do ex-ministro, em curso, promete ser ainda mais devastadora. Detalha cada um dos crimes do lulismo.

DECISÃO TOMADA
Impressionam advogados que acompanham o caso a determinação e a segurança de Palocci, na decisão de fazer acordo de colaboração.

ELE ESTÁ FRITO
A direção do PT já não acredita que Lula escape de condenação em segunda instância, o que o tornaria inelegível ainda que não seja preso.

COMPROMETIMENTO
O ex-ministro Palocci se comprometeu junto à força-tarefa da Lava Jato relatar e confessar crimes nos quais foi testemunha e/ou cúmplice.

FALTA HERDEIRO
Dilma disse na Finlândia que Lula estará na campanha de 2018 "vivo ou morto". Poderá estar vivo, mas tampouco tem um herdeiro político.

PSDB DISCUTE SAÍDA DE AÉCIO, POR BEM OU POR MAL
O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e o senador Tasso Jereissati (PSDB-CE) conversaram nos Estados Unidos sobre um tema que constrange a todos os tucanos: Aécio Neves. Da conversa escapou a certeza de que o senador mineiro está frito. É que não há como o candidato de 51 milhões de votos a presidente, em 2014, continuar filiado ao partido. Ou sai por bem ou será convidado a sair.

BLINDAGEM
FHC parece comovido com o drama de Aécio Neves, mas concorda que é necessário proteger o partido do "furacão" das denúncias.

JÁ ERA
Jereissati tem evitado declarações públicas sobre a crise, mas ele tem defendido o afastamento de Aécio da presidência e até do PSDB.

ARTICULAÇÃO
Aécio Neves vive ao telefone com dirigentes tucanos, todos os dias, tentando neutralizar qualquer movimento para sua desfiliação.

QUEM BATE O MARTELO
No Facebook, a juíza aposentada Denise Frossard lembra que a Justiça não faz "acordo" fora do que a lei permite, como imaginam alguns senadores. "O Judiciário bate o martelo e decide", afirma.

INCOMPETÊNCIA
Em 2016, o Produto Interno Bruto (PIB) teve crescimento negativo de -5,4%. O Brasil encolheu. Em setembro de 2017, o crescimento positivo do PIB já batia os 0,3%. Mas o governo não consegue comunicar isso.

FLERTE TUCANO
Candidatíssimo a senador por qualquer dos quatro partidos que controla em Alagoas, o ministro Marx Beltrão (Turismo) explorou em suas redes sociais os elogios do prefeito de São Paulo, João Dória.

VEM AÍ O FUNDÃO
O presidente da Câmara, Rodrigo Maia, convocou sessão para a tarde desta segunda (2) para discutir o projeto que cria o fundão bilionário de financiamento de campanha. A votação será na terça.

SEM INTERFERÊNCIAS
O STF julga na quarta (4) ação direta de inconstitucionalidade proposta pelo PP, PSC e SD, que trata do afastamento de parlamentares pelo Judiciário. Os partidos querem que mesmo as medidas cautelares, como o recolhimento noturno de Aécio, sejam julgadas pelo Congresso.

ÚLTIMA SEMANA
Qualquer alteração na lei eleitoral precisa ser aprovada até a próxima segunda-feira (7), um ano antes da disputa da eleição, para valer em 2018. Congresso e STF reservaram a semana para tratar do tema.

DEPOIMENTO
A CPI mista da JBS remarcou para esta terça-feira (3) os depoimentos do procurador que foi preso Angelo Goulart Vilela e do advogado da JBS Willer Tomaz, que também passou uma temporada detido.

JUROS FICAM
O Comitê de Política Monetária, o Copom, que determina a taxa básica de juros no Brasil, vai se reunir mais duas vezes este ano. Pode cortar mais os juros, mas a expectativa é que a taxa permaneça em 8,25%.

PERGUNTAR NÃO DóI
A movimentação de R$248 bilhões entre J&F/JBS e políticos não chamou atenção de nenhum órgão de controle, nos governos do PT?
Herculano
02/10/2017 10:29
A TIPOLOGIA DA DIREITA CONTEMPORÂNEA, por Luiz Felipe Pondé, filósofo, no jornal Folha de S. Paulo

Como prometido, vamos esboçar uma tipologia científica da direita hoje. O tema é mais complexo do que uma tipologia da esquerda contemporânea porque "ser de direita" tornou-se quase um palavrão. Nesse sentido, há um indício evidente de vitória cultural da esquerda nas últimas décadas.

Comecemos por esse tipo de direita (um tipo meio patológico), ou a "direita que não sai do armário". Aquele tipo de cara de direita que os outros dizem "você é de direita" e ele fica com medo. "Ser de direita", aqui, significa "não ter direito de contra-argumentar" e não ser convidado para jantares inteligentes.

A própria palavra "direita" dá medo de ser dita. Algumas pessoas tentam dizer a si mesmas "sou de direita" na frente do espelho e engasgam ou vomitam sobre a própria imagem.

Nesse tipo, a "pessoa de direita" se vê presa do olhar do outro (bem chique esse diagnóstico!), e esse olhar diz o seguinte: você gosta de torturadores, é anti-humanista, burro, racista, homofóbico, machista e trabalhou para a ditadura no Brasil (mesmo que você tenha hoje 20 anos de idade). Esse tipo, quando sai do armário, grita: "Sou liberal, e não de direita!"

O que atormenta este tipo de "direita que não sai do armário" é a possibilidade de que se descubra gostando de torturadores, sendo racista, homofóbico e coisas assim. Reconhecer-se como "direita fascista" e pró-Trump é reconhecer-se como um membro daqueles que queimam o filme da direita. Mas vale dizer que todo o trabalho da direita mais recente no Brasil é escapar dessa narrativa (outro diagnóstico chique!).

O oposto a esse tipo "patológico" é a "direita transante" (o termo não é meu). Essa direita tende a ser mais jovem, mais descolada, derrubou a Dilma, é a favor do mercado, do Estado mínimo e fala a língua da moçada "nas redes". Essa direita ameaça o monopólio do mercado dos movimentos estudantis, que sempre pertenceu a esquerda.

Essa direita é mais festiva e está, aos poucos, aprendendo a falar de cinema, literatura, e coisas que ajudam a pegar mulher. Um critério para essa direita é se pega ou não gostosas.

Ligada a ela, nasce a "direita gay", transante também, descolada e assumida. Como a anterior, é a favor do mercado e foge do estereótipo da "direita fascista".

Também ligada a ela, temos a "direita gostosa": mulheres jovens, normalmente empresárias, advogadas, na maioria dos casos, gaúchas ou paranaenses. Aquele tipo de mulher que assusta cara que ganha menos do que ela e que teme ficar sozinha no final, justamente por ser sexy demais e ter seu próprio Mastercard Black. Sem elas, nada acontecerá no século 21.

No lado oposto, está a "direita dos esquisitos". Aquele tipo de cara que, ou só fala de economia, ou de são Tomás de Aquino e frequenta eventos que "são de direita".

Esse tipo gosta de bater boca, odiar gente de esquerda e se veste muito mal. Não come ninguém, o que dá a ele um perfil de ressentimento muito fácil de ser identificado.

Variante desse tipo de "direita dos esquisitos" é a direita desses caras, simplesmente, mais velhos.

Diferentemente da dos mais jovens, viveu muitos anos "no armário", o que produz um certo odor de naftalina ao redor, daí seu nome cientifico de "direita naftalina".

Há também a "direita moderna": liberal em economia, secular, defensora do Estado mínimo e que engatinha no Brasil, no sentido de constituir uma rede político-partidária pra "chamar de sua" e que escape da maldição da herança autoritária e corrupta na política.

Uma direita bem chatinha é a "direita da inovação". Gente que fala no mundo corporativo e goza quando diz a expressão apocalíptica "impressora 3D".

Por último, a "direita religiosa", que se divide em duas. A "direita católica", normalmente gente muito estudiosa, conservadora, tímida e que anda na sombra em lugares públicos. Quando ouve o nome "teologia da libertação", mal consegue conter seus ímpetos inquisitoriais. A "direita evangélica" é muito mais dinâmica, faz "política real", abre igrejas por franchising e está a ponto de criar um verdadeiro liberalismo popular no país. Aleluia, irmãos!
Herculano
02/10/2017 10:26
O DIA QUE FUX BEIJOU OS PÉS DA MULHER DE CABRAL; BARROSO ABRIU CHAMPANHE APóS PUNIR AÉCIO, por Reinaldo Azevedo, na Rede TV

O Supremo Tribunal Federal não está imune aos comportamentos heterodoxos que têm marcado homens e entes do Estado. Ao menos dois ministros que tentam demonstrar uma particular robustez moral nos dias que correm andaram fazendo coisas pouco corriqueiras. Luiz Fux - o que nem se estranha muito - e Roberto Barroso.

O primeiro, ora vejam!, que admitiu em entrevista ter como padrinhos Delfim Netto, João Pedro Stedile e Antonio Palocci, além de ter mantido encontro prévio com José Dirceu à época do mensalão, não esqueceu de ser grato, de forma bem pouco usual, a um outro entusiasta de sua candidatura ao Supremo: o então governador Sérgio Cabral. A reverência, na verdade, foi feita à mulher do antigo Rei do Rio: a advogada Adriana Ancelmo, que está em prisão domiciliar. O marido está em cana a perder de vista.

Indicado por Dilma, Fux foi a casa de Cabral para agradecer o apoio. E, diante de testemunhas, fez um gesto que ele mesmo disse que seria inédito: ajoelhou-se, diante de todos, e beijou os pés de Adriana. Tem seu lado criativo, convenham. Já se conhecia o beija-mão. O beija-pé, se não é símbolo máximo da sujeição, deve ser puro ato de picardia.

E Barroso? Não consegui apurar por quê, mas o fato é que aconteceu. Depois da sessão da Primeira Turma que afastou, por 3 a 2, o senador Aécio Neves (PSDB-MG) de seu mandato, violando a Constituição, o ministro seguiu para o seu gabinete e abriu um champanhe, que dividiu com assessores. Barroso tinha aberto também a divergência, contrariando os respectivos votos de Marco Aurélio (relator) e Alexandre de Moraes.

Qualquer que fosse a razão da beberagem, uma coisa é certa: não se comemorava ali o triunfo do Estado de Direito.

É crime beijar os pés de alguém ou abrir champanhe? Resposta: não!

Mas convém ouvir São Paulo: nem tudo o que podemos fazer nos convém, né?
Herculano
02/10/2017 10:22
PROSPERIDADE PARA AS MASSAS DOMINA O JOGO DE 2018, Vinicius Mota, secretário de redação do jornal Folha de S. Paulo

Após três anos nas profundezas da depressão econômica, submetida a choques políticos e noticiosos trepidantes, a sociedade brasileira parece ter entrado num período de certa "normalidade".

Como ocorre desde 1993, a um ano da eleição desponta nas pesquisas o nome no momento mais identificado com os pleitos redistributivos da parcela majoritária e mal remediada da população. Era Lula há 24 anos ?"depois substituído por FHC no correr da disputa. É Lula hoje.

Preocupações com as bases materiais da vida voltam a dominar os cálculos do eleitor. A corrupção chegou a ser citada por 37% dos entrevistados pelo Datafolha como o maior problema do país no auge da agonia de Dilma Rousseff, em março de 2016. Esse escore caiu à metade.

A cada dez eleitores hoje submetidos a essa consulta, sete apontam espontaneamente temas como saúde, educação, desemprego e violência. A excepcionalidade da Lava Jato e de seus filhotes talvez pudesse ajudar a eleger um presidente se a eleição ocorresse no ano passado. Em 2018, provavelmente não mais.

Quem quiser chegar lá precisará transmitir expectativa de prosperidade para as massas. Diante do esgotamento dos recursos públicos, da intolerância a mais impostos, da necessidade aritmética de reduzir gastos obrigatórios e do trauma do impeachment, o risco de vender-se na campanha algo impossível de cumprir será enorme.

Lula está disposto a correr esse risco, pois a retomada do poder tornou-se para ele questão de sobrevivência política e jurídica. A centro-direita, fragmentada num punhado de liliputianos afetados pela radioatividade de Temer, ainda não tem mensagem nem mensageiro para 2018.

A melhoria das condições de vida das pessoas nos próximos meses deve tornar o ambiente menos hostil para esse lado do tabuleiro. A ver se apenas a força da gravidade dará conta de equilibrar o jogo

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