04/09/2021
Carlos Roberto Pereira, presidente do MDB, o ex-poderoso secretário da pasta da Fazenda e Gestão Administrativa a que ele a criou exatamente para o seu perfil de mando na cara reforma administrativa de 2017 e que a fez passar Câmara, não está mais no governo do prefeito reeleito Kleber Edson Wan Dall, MDB. Ainda não se sabe direito o tamanho do benefício ou estrago desta ausência na função, ou como ele “continuará” exercendo o poder fora do governo. O blog www.olhandoamare.com.br - o mais acessado sem ter nenhuma ferramenta e grana de impulsionamento - já tinha antecipado, explicitamente, com pelo menos um mês de antecedência de que isto iria ocorrer. Foi desmentido. Rotina. Nenhuma novidade!
Pior. Não se tratou de nenhum furo do blog. O próprio secretário como presidente do partido já tinha dado esta pista na reunião-velório do MDB de Gaspar no dia dois de agosto na Sociedade Alvorada. Fervilhavam as especulações nos aplicativos de mensagens; familiares chorosos; comemorações e lamentações entre os do poder de plantão. As redes sociais cheias de pistas sobre o desfecho desta semana. Mas, a imprensa de Gaspar também sabia; só não quis publicar nada antes do dia dois. Preferiu notinhas depois do fato consumado. Ninguém, a não ser eu, comentou este passo fundamental na gestão do governo Kleber. Todos pisando sobre ovos - preferindo a desinformação - para não perder as migalhas. Como eu não dependo delas...
Arrogante, censor, vingativo e metido a estrangular quem não o aplaudisse, Carlos Roberto Pereira, começou a se complicar a partir do momento em que quis rivalizar com o próprio Kleber nos espaços políticos e até se ensaiar candidato a qualquer coisa para ser sucessor de Kleber, tese que não está afastada. Ao contrário; fica mais fortalecida. Foi Carlos Roberto quem “criou” de fato o político Kleber quando montou a parceria bem sucedida. Ele nem era advogado, mas bombeiro. E se solidificou na disputa da eleição perdida na reeleição de Pedro Celso Zuchi, PT, em 2012, depois de Kleber ser vereador e presidente da Câmara. Era o chamado processo de renovação do MDB de Gaspar. Chegaram tentar, junto com o PSD e que hoje faz dobradinha no poder com Marcelo de Souza Brick, melar a licitação da Ponte do Vale. Lembram?
Agora, esta aliança de sucesso - foram duas eleições ganhas -, em tese, está ameaçada. Vaidades. Poder. Intrigas. Interesses partidários e particulares. Kleber não é mais tão MDB assim. Não vou mais espichar sobre este assunto. Ele está explícito em vários artigos no blog www.olhandoamare.com.br. E não é de hoje que abordo este tema. Sempre contestado. E para encerrar três pontos. Primeiro: estou mais uma vez de alma lavada. Nada como um dia após o outro. Segundo: reconhece-se, apesar da falta de transparência e o tom ditatorial do prefeito de fato, que a gestão de Kleber tinha um mínimo de inteligência e articulação. E isso Kleber está perdendo. Não há ninguém com a caneta na mão com essa capacidade no governo se ele não trouxer outro. Terceiro: quem sucede o ex-prefeito de fato é apenas um elo de confiança entre Kleber, Igreja e a esposa de Kleber, Leila. É um coringa sem o valor do coringa. Nem mais, nem menos. Acorda, Gaspar!
Trair e coçar é só começar. A Bancada do Amém (MDB, PSD, PP, PDT e PSDB) está diminuindo na Câmara de Gaspar, mas ainda é uma maioria folgada. Entretanto, prevalece o senso de vingança aos que não se ajoelham para rezar qualquer coisa dos presbíteros plantonistas.
Um erro de cálculo advindo da prepotência -do em mando eu posso tudo -, do prefeito Kleber Edson Wan Dall - e com dedo do ex-prefeito de fato Carlos Roberto Pereira, quase pôs tudo a perder e o levou ao exílio interinamente à secretaria de Saúde. Lembram?
Depois de conquistar uma maioria apertada (sete dos 13 vereadores), ficou em minoria por sua própria culpa.
Aos de memória curta é preciso resgatar. Kleber se elegeu sem a maioria na Câmara. Na noite da contagem dos votos, foi ao Belchior Alto e trouxe para si Franciele Daiane Back, PSDB, partido adversário com candidata a prefeita, Andreia Simone Zimmermann Nagel.
E no acordo político para atrair e Franciele trair o PSDB, foi-lhe prometida à presidência da Casa em 2018.
Na hora da contagem dos votos, devido o salto alto da mais jovem vereadora, da sua inexperiência política, o eleito pelo voto secreto - hoje isso não é mais possível - foi o neófito, usado como boi de piranha, o médico Silvio Cleffi, PSC, evangélico como Kleber e de mesma denominação. Hoje ele está na suplência pelo PP.
Kleber tomou como traição de Silvio. Criou com isso, inacreditavelmente, uma nova minoria. E levou uma surra organizada pelo então vereador Roberto Procópio de Souza, PDT. Kleber e o prefeito de fato tiveram que se coçar.
Resumo: Procópio virou Kleber. Hoje é governo ferrenho, mas também foi traído por seus pares que não aceitaram a vantagem que ele construiu para si próprio usando os demais. E mais uma vez Kleber perdeu ao indicar Procópio para a presidência da Casa. Era parte do acordo. Ciro André Quintino, do MDB de Kleber e Carlos Roberto Pereira, levou a disputa em voto secreto.
Procópio continuou no governo. Ele foi uma das trancas da CPI da drenagem da Rua Frei Solano a favor de Kleber e do mais longevo dos vereadores, José Hilário Melato, PP, então presidente do Samae.
Procópio não se reelegeu. Viu Amauri Bornhausen, um funcionário público municipal ter mais votos do que ele e ocupar a vaga que Procópio a tinha como sua na Câmara.
Para fechar este laço. A lição do passado está sendo desaprendida mais uma vez por Kleber e seus “çabios”. Incrível. Kleber e Procópio mandaram rifar Amauri por causa daquela moção de desagravo. Nela, ele pediu e não levou a cabeça do secretário de Educação, o jornalista Emerson Antunes, indicado pelo deputado Ismael dos Santos, PSD, devido as declarações depreciativas entre os alunos do ensino público e privado.
A Bancada do Amém tinha onze dos 13 vereadores. Neste passo terá apenas dez, ou onze, se Alexsandro Burnier, PL, não fizer o papel de Roberto Procópio de Souza, no passado. De qualquer forma é uma vantagem e tanto.
Mas, como diz o ditado: trair e coçar, é só começar. E a saída de Carlos Roberto Pereira do núcleo de “çabios” do paço municipal, combinada com as eleições de outubro do ano que vem, um passo em falso, pode travar a debandada como também enfraquecer a Bancada do Amém. Acorda, Gaspar!
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