Por Herculano Domício - Jornal Cruzeiro do Vale

Por Herculano Domício

07/07/2017

NÓS, OS ELEITORES TROUXAS I
Você já parou para pensar como os políticos que você elege, fazem de você, nós, trouxas e ainda zombam da sua cara (e à minha observação sobre o cenário onde estamos inseridos)? Mas, não é você quem os elegeu, acreditou neles, apostou nas mudanças de comportamento, e os paga (como eu) com os pesados impostos? E pode estar aí, inclusive, a ira deles, para com o jornalismo não comprado por migalhas, incluindo tapinhas nas costas, cervejinhas, piadas de agrado, citações elogiosas sabidamente falsas, bilhetes da roda da fortuna, churrasquinho mata-fome das festas de igrejas e que os deixa expostos na verdade nesta coluna. Aí, você pensa com você mesmo: mas isso só acontece lá na Assembleia, em Florianópolis ou, lá em Brasília, onde eles estão escondidos e bem longe do povo daqui. Ou então bate na falsa tecla de que é preciso renovar, botar gente nova, para interromper às velhas práticas dos velhos e viciados políticos talhados para enganar o eleitor etc e tal. Posso provar, com poucos exemplos, pois o espaço é exíguo, que mais uma vez, você está enganado ou se enganando, o que é mais provável.

NÓS, OS ELEITORES TROUXAS II
Vamos ficar em Gaspar. E não vou escrever (ainda) do prefeito Kleber Edson Wan Dall, PMDB e Luiz Carlos Spengler Filho, PP, prefeito e vice, respectivamente, que em mais de seis meses de governo ainda procuram um motivo para dizer o que estão governando. São todos jovens, mas regidos por velhos caciques, velhas práticas, vinganças, interesses e negócios particulares. Então, é lógico, que a tal renovação política possui outro significado. Vamos direto à Câmara de Vereadores. Ela deveria vigiar o Executivo e representar o “povo”. Dos 13 eleitos, dez nunca tinham passado por lá como titulares. Dos 13, apenas dois se reelegeram. O mais longevo de todos, o que manipulava tudo, José Hilário Melato, PP, só tomou posse e se empoleirou na presidência do Samae. Ficou só um reeleito: Ciro André Quintino, PMDB (e Mariluci Deschamps Rosa, PT, voltou depois de ser vice-prefeita). Sem concorrência, Ciro virou presidente. Sorte dos demais: a Câmara ficou igualzinha ao que sempre foi, antiga, cheia de vícios e viciados, sob o comando dos servidores.

NÓS, OS ELEITORES TROUXAS III
Os vereadores, os novos, os jovens, tomaram posse no dia primeiro de janeiro. E sabem quando aconteceu a primeira sessão ordinária deliberativa da Câmara? Um mês depois da posse: só em fevereiro. Um mês de folga! E o que aconteceu em Março? Tiveram os vencimentos reajustados. Quem é o pagador de pesados impostos que se emprega ou dá emprego, já no primeiro mês fica mais de um mês de férias e no terceiro, recebe um reajuste? Meu Deus! Quer mais? Condoídos, contrataram mais assessores, e os reajustaram para cima nos salários deles, pois o antigo presidente Melato, orientado por gente, entendida da Câmara, pago para assessorá-lo com correção, errou, e aí, como manda a lei, era preciso corrigir e fazer a tal isonomia pelo salário, mas pelo mais alto. A assessoria da Casa errou? E não foi punida? E todos comemoraram o erro? Ai, ai, ai. E o que vai acontecer agora em Julho? Mais 15 dias de férias para os nobres, novos vereadores, os da mudança. Quatro meses de trabalho, uma vez por semana, e eles estão tão cansados, gente? É de dar dó. E seus assessores? Vão “trabalhar na ausência deles”. E para que? Para pedir férias quando seus chefes estiverem trabalhando, o que provará, mais uma vez, que são dispensáveis.

NÓS, OS ELEITORES TROUXAS IV
Pergunto: houve renovação na Câmara de Gaspar? Só se for de nomes, porque das práticas e malandragens, o aperfeiçoamento continua a pleno vapor. Ah, Herculano, você é um exagerado! Coitadinhos! Então veja mais: por que os atuais novos e jovens vereadores rejeitaram trabalhar à noite, ou perto dela, para se possibilitar a participação popular, incluindo a vereadora adolescente Franciele Daiane Back, PSDB? Por que tiraram o R$1 milhão do orçamento para a construção da sede própria ou para ir para um lugar decente na acessibilidade, gabinetes, plenário e trabalho? Por que aceitaram frigobares e móveis novos num lugar inapropriado? Isso é coisa de um Legislativo autônomo, renovado ou remoçado? E o aumento do salário dos vereadores que estava sendo tramado nos bastidores, revelado com exclusividade por esta coluna? Ele só foi “abortado” porque a notícia vazou, deu um bafafá, sob encenação de ira para não ficar muito na cara de que sacanagem estava armada, tudo com gente de primeira legislatura e jovens, mas nos velhos partidos, mandada por quem entende do riscado de comer o dinheiro do contribuinte em favor dos políticos e do poder de plantão.

NÓS, OS ELEITORES TROUXAS V
E aquela foto publicada aqui mesmo no Cruzeiro do Vale, para abafar o que se faz de antigo na Câmara com gente nova e jovem, como o término das férias de julho, exatamente quando os vereadores já estão entrando no recesso e começam a ficar exposto por suas repetidas bobagens? E a Franciele segurando o papelinho e rindo da cara de todos. Espertalhice marqueteira de gente viciada e antiga, disposta à enganar o seu próprio eleitor. Se esta proposta vingar no plenário, ela só será implantada no ano que vem. Então a pergunta que não quer calar: se era para valer, por que a proposta de anular o recesso de julho, iniciativa elogiável, não foi protocolada na primeira sessão de fevereiro? Respondo: porque o gesto não é sério e só serve para esconder os sucessivos erros dos novos vereadores neste semestre (e não foi por conta da inexperiência ou pouca idade). Contam outra aos seus eleitores trouxas, senhores vereadores. Eu não tenho estômago esse prato mal feito. E tudo sob o comando do PMDB de Kleber, Ciro André Quintino e outros donos da cidade! Acorda, Gaspar!

TRAPICHE


O Projeto 01/2017 de Emenda à Lei Orgânica foi protocolado na Câmara no dia 20 de junho. Ele é de autoria dos vereadores Evandro Carlos Andrietti, Francisco Hostins Junior e Francisco Solano Anhaia, todos do PMDB, Franciele Daiane Back, PSDB, Pablo Ricardo Fachini, PP (suplente) e Silvio Cleffi, PSC.

Como se vê, neste projeto o presidente Ciro, o renovador, o que faz da Câmara uma extensão da prefeitura, não o assinou.

A oposição (PT, PDT e PSD) provavelmente, encurralada, não fará como fez a situação (PMDB, PP, PSDB e PSC) que não quis sessão a noite para o povo. Deverá apoiar.

Lembrando aos que pagam tudo isso, que a Câmara de Gaspar, com um número infinitamente menor servidores, dez vereadores, vencimento bem mais modestos, já trabalhava em duas sessões por semana e à noite.

O tal projeto de Emenda que acaba com as férias de julho dos vereadores de Gaspar (hoje de mais de 45 dias por ano – já foi 60 dias) está na Comissão de Legislação, Justiça, Cidadania e Redação desde o dia 27 de julho. Levou 37 dias desde o anúncio marqueteiro até chegar à Comissão. Brincadeira!

E o prazo se estende para análise, vejam só até o dia 11 de agosto, quando todos deverão já estar de volta das férias. E com sorte, até o final do ano estará votada.

Esperta essa gente acostumada a lidar com trouxas. E depois, o crítico, sou eu. Quando eu mostrar o que se produziu (quantidade e qualidade) neste semestre na Câmara, todos ficarão assustados. Acorda, Gaspar!

 

Edição 1808

Comentários

FOI LINDO
10/07/2017 09:57
FOI LINDO O DISCURSO DO DONO DA HAVAN NO AUDIT?"RIO DA PREFEITURA NA ÚLTIMA SEXTA A TARDE!

PRINCIPALMENTE QUANDO METEU O PAU NO SOCIALISMO E DEU O RECADO NA LATA PARA OS PETISTAS GASPARENSES DE PLANTÃO!

DEU ATÉ PENA DO RUI DESCHAMPS! SAIU DESNORTEADO E SEM DIREÇÃO! PERDIDO E SOZINHO PELA PORTA DA PREFEITURA... (MAS A PENA PASSOU RAPIDINHO... HAUHAUHAUHA!)

JÁ O BERTOLDI QUASE ENGASGOU COM A TRUTA QUE COMEU AO MEIO DIA... MAS FICOU ENJOADO ASSISTINDO TUDO ATÉ O FINAL...

REALMENTE FOI LINDO! TEMOS QUE COLOCAR OS PTRALHAS NO LUGAR ONDE DE NUNCA DEVERIA TER SAÍDO... S?" SABEM FAZER OPOSIÇÃO!
Herculano
09/07/2017 18:54
TEMER CONVOCA REUNIÃO COM LÍDERES E MINISTROS ÀS VÉSPERAS DE VOTAÇÃO DA DENÚNCIA NA CCJ

Conteúdo do jornal O Estado de S. Paulo. Texto de Renan Truffi, da sucursal de Brasília. Às vésperas da votação da denúncia na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), o presidente Michel Temer convocou uma reunião com líderes da base aliada e ministros de Estado neste domingo, no Palácio da Alvorada.

O encontro estava marcado para começar por volta das 17h, mas a comitiva presidencial chegou, aproximadamente, às 17h30 no palácio. O objetivo da reunião é discutir as votações do pedido de investigação da Procuradoria-Geral da República contra Temer, na Câmara dos Deputados, e da reforma trabalhista, no Senado.

Além dos comandantes de bancada, os ministros Eliseu Padilha (Casa Civil) e Aloysio Nunes (Relações Exteriores) também vão participar da reunião.

Outras presenças confirmadas no encontro são dos líderes do governo na Câmara, deputado André Moura (PSC-SE), e no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR).

Pela manhã, no Palácio do Jaburu, Temer se reuniu por pouco mais de uma hora com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), para discutir a votação da denúncia apresentada contra o presidente.

O governo tem pressa para votar a denúncia, mas teme que os debates na Comissão de Constituição e Justiça se alonguem e não seja possível concluir o processo na próxima semana.

Por isso, não vai se esforçar para votar o projeto da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) nesta semana o que, em tese, abre a possibilidade de os deputados serem convocados durante o recesso parlamentar para votar a denúncia contra o presidente Michel Temer.

Sem aprovar a LDO, deputados e senadores não poderiam entrar em férias. Nos últimos anos, no entanto, se instituiu o chamado "recesso branco", quando Câmara e Senado continuam abertos, mas normalmente não há sessões deliberativas e a presença do parlamentar no Congresso não é cobrada.

Segundo um líder do governo, caso a votação da denúncia não aconteça até o início oficial do recesso, em 17 de julho, a não aprovação da LDO permitiria a convocação de uma sessão extraordinária, durante o recesso branco, para deliberar sobre o caso.

Cada vez mais afastado do Palácio do Planalto, cabe a Maia marcar a data da votação da denúncia no plenário. Ele tem sido pressionado por deputados da oposição e até da base a deixar a conclusão do processo para agosto, após o recesso.

Para que haja o recesso formal, a LDO precisa ser aprovada, em uma sessão conjunta da Câmara e do Senado, na próxima semana.
Herculano
09/07/2017 18:49
O PT DESAFIA MORO, editorial do jornal O Estado de S. Paulo

Na campanha eleitoral de 2014 o então presidente nacional do PT, Rui Falcão, proclamou com ênfase na propaganda televisiva: "O PT é uma instituição com milhões de filiados e simpatizantes em todo o Brasil. Gente como você, que sempre sonhou e lutou por um país mais justo e solidário. Gente que não convive nem é conivente com ilegalidades e quer, igual a você, o fim da impunidade. Por isso, qualquer petista que cometer malfeitos e ilegalidades não continuará nos quadros do partido". Em seguida, o apresentador do programa enfatizava: "Você ouviu. Qualquer petista que ao final do processo for julgado culpado será expulso".

Quase três anos depois, premido pela necessidade de sobrevivência que é hoje sua preocupação prioritária e pela iminência da divulgação da primeira sentença do juiz Sergio Moro relativa a uma das cinco ações penais a que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva responde na Justiça por corrupção e outros delitos, o PT mudou de discurso e se prepara para "dar a resposta adequada para qualquer sentença que não seja absolvição completa e irrestrita" do ex-presidente. É o que afirma a nova presidente nacional da sigla, senadora Gleisi Hoffmann (PR), em nota oficial. Esse foi um dos temas dominantes na reunião da executiva estadual do PT realizada em São Paulo, com a presença de Lula, na qual se discutiu a mobilização da militância para, se for o caso, levar às ruas de todo o País o protesto contra a "perseguição" movida contra o líder petista pelo juiz Sergio Moro.

Coerência é, como se sabe, algo que não pode ser cobrado do PT. A prova indesmentível disso é que Lula conquistou sua primeira vitória na disputa pela Presidência da República, em 2002, por ter mandado a arenga esquerdista às favas e ter-se declarado, na famosa Carta aos Brasileiros, fiel convicto da política "neoliberal" com a qual o governo anterior, do tucano Fernando Henrique Cardoso, havia saneado as finanças públicas, dominado a inflação e colocado o País na rota do crescimento econômico. Tendo sucedido a Lula na Presidência da República, Dilma Rousseff se encarregaria de pôr tudo a perder, mas essa é outra história.

Agora, as preocupações de Lula são mais prosaicas e têm a ver com evitar a todo custo o mesmo destino de seus antigos braços direitos José Dirceu, Antonio Palocci e Guido Mantega, seriamente encrencados na Justiça. É hora, portanto, de radicalizar o discurso. Se tiver a ousadia de condenar Lula no processo que trata do famoso triplex do Guarujá, Moro estará tomando uma decisão "seletiva", "baseada apenas em delações premiadas", completamente "sem provas".

Três anos atrás, em campanha para reconduzir Dilma Rousseff à Presidência da República, o PT precisava posar de paladino da moralidade, apesar de já estar evidente que se investigava a corrupção em seus governos. Com a reeleição de Dilma e seus primeiros correligionários colocados atrás das grades, o PT sentiu-se, mais do que à vontade, na obrigação de partir para cima da Lava Jato.

Entrou então em pauta o discurso de que a Operação Lava Jato era um instrumento por meio do qual a "elite" pretendia calar o PT para entregar o Brasil, a começar pela Petrobrás, aos "interesses do capital internacional". Com o tempo as investigações passaram a atingir também velhos aliados dos petistas, como o PMDB, e até seu pior inimigo, o PSDB. Mas o discurso anti-Lava Jato não mudou. Sem abandonar o argumento de que eram "vítimas" de perseguição política, os petistas embarcaram na onda nacional de protestos contra os excessos que passaram a ser praticados por alguns agentes da operação. A grande diferença, porém, é que, enquanto os verdadeiros democratas continuam apoiando firmemente a Lava Jato e lutando para mantê-la rigorosamente dentro da lei, o PT quer acabar com as investigações de corrupção e ditar as decisões da Justiça: para os companheiros, impunidade; para os inimigos, cadeia.
Herculano
09/07/2017 18:42
A DESCOBERTA DE DILMA: SEM DINHEIRO NÃO É CORRUPÇÃO, por Branca Nunes, na Veja

Depois de ensinar ao Brasil o que é uma casa e uma ponte, revelar que atrás de toda criança existe um cachorro, inaugurar a figura da mulher sapiens e saudar a mandioca ("uma das maiores conquistas do Brasil"), Dilma Rousseff anunciou em Porto Alegre sua mais recente descoberta histórica. Durante uma apresentação na Universidade Federal do Rio Grande do Sul, a ex-presidente explicou em dilmês castiço que sem dinheiro não há corrupção. O que deveria ter sido uma aula inaugural acabou se transformando em mais prova da inexistência de raciocínio lógico em cabeças habitadas por um neurônio solitário.

"O que qui é qui leva à corrupção? Leva à corrupção várias coisas, mas sem sombra de dúvida uma delas é dinheiro. Sem sombra de dúvida, o qui as pessoas querem é dinheiro. I é esse processo nós temo de discutir como é qui ele se dá, porque senão fica uma coisa um tanto o quanto subjetiva e fundamentalista. Querem dinheiro. Daonde vem o dinheiro? O dinheiro vem de quem ganha dinheiro. Por que qui é? que era uma coisa que me intrigava? o que qui é que querem? que quer? financiamento escondido? O que levá a? a? a? a um grupo político falar não, eu não quero dinheiro contabilizado. Duas coisas: ou ele vai embolsá ou quem tá dando não qué declará. Porque não tem três coisas. Pode ter até uma terceira coisa que eu não sei. Mas é o que eu suponho".
Herculano
09/07/2017 18:32
AMANHÃ, SEGUNDA-FEIRA, É DIA DE COLUNA OLHANDO A MARÉ INÉDITA AQUI NO PORTAL DO CRUZEIRO DO VALE
Herculano
09/07/2017 08:57
A POLÍTICA DA NOSTALGIA: QUANDO O CONSERVADOR SE TORNA UM REACIONÁRIO, por Rodrigo Constantino, na revista IstoÉ


Existem dois grupos ideológicos que podem ser igualmente perigosos para a democracia liberal. O primeiro é o dos revolucionários utópicos, que pretendem criar um "novo mundo" e um "novo homem". Eles idealizam o futuro, e não se importam com os meios para atingir tão "nobre" fim. Foi essa mentalidade que esteve por trás da Revolução Francesa, da bolchevique e de tantos outros nefastos experimentos socialistas. No Brasil, o PT e suas linhas auxiliares, como o PSOL e a Rede, representam essa visão de extrema esquerda.

Do outro lado estão aqueles que também não suportam o presente imperfeito, as necessárias contemporizações de uma democracia, mas em vez de idealizar o futuro preferem idealizar o passado. Sonham com o resgate de uma "era de ouro" perdida, em que tudo era infinitamente melhor, até mesmo perfeito. Para retornar a esse paraíso, não medem esforços, adotam métodos igualmente autoritários e estão dispostos a eliminar os adversários no processo, tratados como inimigos mortais se desviarem uma vírgula de sua cartilha. São os reacionários.

Em The Shipwrecked Mind, Mark Lilla traça o perfil dessa postura reacionária, dissecando alguns pensadores relevantes da extrema direita. Sua marca principal é o profundo desgosto para com a vida moderna, vista como decadente e perto de um Apocalipse. A redenção precisa vir de uma volta ao passado, e o medo de uma iminente catástrofe alimenta essa postura. O reacionário acredita no determinismo e acha que descobriu as leis da História, e cada evento ruim é utilizado como prova irrefutável de que vivemos num mundo pervertido, prestes a sofrer um enorme castigo se não resgatar urgentemente o modelo imaginado de eras passadas.

A nostalgia pode ser uma poderosa arma política. Pode ser um motivador ainda mais poderoso do que a esperança, explorada pelos revolucionários. A esperança pode trazer decepção, mas a nostalgia é irrefutável. Ela adota um pensamento mágico para a História, e o sofredor da modernidade encontra refúgio nessa magia, na ilusão de que existiu um Éden e que é possível resgatá-lo.

É fácil descartar o reacionário como um paranoico, um sujeito amedrontado que necessita crer em alguma conspiração para destruir o mundo e que sonha, portanto, com o retorno a um tempo idealizado. Mas muitas vezes seu sentimento, ainda que exacerbado, aponta para problemas reais da era moderna. A degradação de valores morais, por exemplo, é um fato, assim como a questão do multiculturalismo ameaçando a soberania nacional. O ponto é que o reacionário não apenas reage a tais aspectos; ele exagera tanto no perigo que o futuro nos guarda, quanto nas vantagens desse período anterior romantizado. E é aí que o tiro sai pela culatra.
Herculano
09/07/2017 08:56
PARA DERRUBAR MICHEL TEMER, O PT E A ESQUERDA DO ATRASO REPETEM A SUA VERDADEIRA FACE: SÃO CAPAZES DE APOIAR UM CONSERVADOR, DE DIREITA, NUM PARTIDO QUE JURARM EXTINGUIR DA FACE DA TERRA. PIOR, RODRIGO MAIA SERVIR A ESTE PAPEL PASSAGEIRO E ÚTIL

1. O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, PT, no auge do mensalão, jurou extinguir o PFL, conservador de direita. Parcialmente conseguiu. O PFL virou DEM, que se mingou, quando o ex-prefeito de São Paulo, fez o papel útil ao PT e criou do nada o PSD, o partido que não era contra, nem a favor, nem de direita, nem de centro, nem de esquerda, mas do poder de plantão.

2. O PMDB depois de ser sócio do PSDB e usufruir do Plano Real, com a estabilidade econômica, pulou para ser sócio do PT em tudo - inclusive no roubo e na corrupção - por 13 anos.

3. O PT, com o seu sócio PMDB, e a esquerda do atraso, afundaram o Brasil na maior recessão da história, aumentaram a inflação, desempregaram milhões e roubaram bilhões dos pesados impostos de todos nós que faltam para os que morrem na fila do SUS, na falta de segurança pública, os que se proliferam no analfabetismos e ignorância por esquálida educação....

4. Esperto, e necessário, o PMDB, antes de morrer como o PT, criou-se no novo poder com o vice Michel Temer, num movimento permitido pela Constituição. O PT e a esquerda do atraso não perdoaram. Estão atrás da vingança. E ela surgiu.

5. Está posta à deposição de Temer, por seus pecados, pelos pecados do PMDB, que são conhecidos há décadas. Justo. E quem o depõe, se não o próprio PMDB, o gigolô de sempre, os erros do presidente e do PMDB, o PT e a minoritária esquerda do atraso, lambuzada nos mesmos pecados da ladroeira.

6. E quem assumirá o vácuo? Um fraco. Um quase demente. Um útil para o PMDB gigolô, para PT e a esquerda sedentos de vingança,não importando, mais uma vez, com o país e os brasileiros. Rodrigo Maia, quieto, espera a vez como manda a Constituição.

7. E quem deu a senha para isso? O preso, solto por um Habeas Corpus, restritivo, José Dirceu, que gravou um recado à militância dando o sinal para a volta ao poder, mesmo que isso se dê pela direita conservadora, um fraco. E quem ajuda na articulação? Aldo Rebelo, PCdoB. O Brasil parece que não tem jeito: o real (dos políticos e agentes públicos) e o possível (do povo que quer emprego, quer estabilidade econômica e perspectivas futura) estão muito distantes. Wake up, Brazil!
Herculano
09/07/2017 06:46
IGREJA UNIVERSAL FAZ 40 ANOS E REALIZA SONHO DE ALCANÇAR A CLASSE MÉDIA

Conteúdo do jornal Folha de S. Paulo. Texto de Anna Virgínia Balloussier. Edir Macedo Bezerra colocou seu melhor terno. Cabeleira e barba suavam "com o calor do abafado salão" ?"o galpão de uma antiga funerária no subúrbio do Rio, preenchido por bancos de madeira "comprados em prestações a perder de vista". Há 40 anos, um sábado, o pastor de 32 anos liderava o primeiro culto da Igreja Universal do Reino de Deus, como rememorou na autobiografia "Nada a Perder".

A perder de vista, nas décadas seguintes, era o empenho da Universal em erguer seu império num país onde a expansão evangélica veio a galope. Naquele 1977, nove em dez brasileiros se diziam católicos, e cerca de 6%, evangélicos. Corta para 2017: o primeiro grupo despencou para 50%, enquanto o segmento de Macedo quintuplicou para 30%, segundo pesquisa Datafolha.

A Universal percorreu um longo caminho do suado começo na periferia à chegada ao metro quadrado mais caro do país, com a abertura em abril de uma sede no Leblon ?""lugar onde sempre sonhamos entrar e nunca conseguimos, mas para o nosso Deus nada é impossível!!!", como definiu um convite virtual para a inauguração.

O Reino de Deus hoje, em estimativas da igreja: 320 bispos e 14 mil pastores em ação (para comparar, há 24 mil padres assessorando 103 milhões de católicos). Essa trupe conduz 7.157 templos para 7 milhões de seguidores no Brasil. Outros 2.857 estão à disposição de dois milhões de fiéis em mais de cem nações, da Rússia aos Emirados Árabes.

O que também multiplicou foi a vontade interna de "desconstruir a imagem caricata do cristão associada à pessoa fanática, imersa em dogmas e preconceitos", diz o professor de sociologia da USP Ricardo Mariano. "A Universal tem se reinventado como organização cristã focada na autoajuda e no empreendedorismo."

Vide o lançamento, em 2013, da campanha "Eu Sou a Universal", que "representa o cristão batalhador e confiante, uma 'pessoa independente' e com 'opinião própria'", afirma Mariano sobre a peça publicitária que traz do sushi chef Matsumoto ao surfista Piruca.

Para Mariano, "a campanha procurou dissociar a imagem da igreja à dos estratos de baixa renda e escolaridade, por meio de fiéis com perfis de classe média bem-sucedidos profissionalmente, ocupando variadas posições na sociedade".

A autoajuda transborda em projetos como Godllywood. Sob guarda de Cris Cardoso, filha de Macedo, o grupo de mulheres evangélicas se insurge contra "os valores errados que a nossa sociedade tem adquirido através de Hollywood".

O empreendedorismo à moda Universal norteia a "palestra motivacional para o sucesso financeiro", tema dos cultos de segunda-feira no Templo de Salomão, réplica paulista da construção bíblica (há um mote para cada dia, como a "terapia do amor" às quintas).

A Folha foi à reunião das 22h da última segunda (3), quase lotada (a capacidade no templo é para 10 mil pessoas). Ouviu propostas de ter o "currículo abençoado" e ganhar, em troca do dízimo, a unção com um "azeite consagrado na Praça dos Três Poderes".

"Os piores demônios estão lá", disse o bispo sobre o perímetro em Brasília que reúne as sedes do Executivo, do Judiciário e do Legislativo. "Você sabe que a crise maior não é a econômica, mas a dos três poderes." Um panfleto pregava a "grande consagração dos empregadores e empregados".

"Historicamente, as igrejas evangélicas atingiram mais significativamente as classes D e E. Com a ascensão social dos últimos anos, boa parte do público da Universal é a classe C", diz o pesquisador da Unicamp Carlos Gutierrez, autor de uma tese sobre a igreja.

"Muitos atribuem a transformação em suas vidas à fé evangélica. Diversas igrejas têm adotado linguagem não necessariamente religiosa, mas sim pautada em saberes como motivação empresarial, manuais de administração etc. Assim, cultos tornam-se 'palestras' e 'terapias'", afirma.

Em "Deus, o Demônio e o Homem: A Igreja Universal do Reino de Deus", coescrito com o teólogo sueco Anders Ruuth, o antropólogo Donizete Rodrigues vale-se do conceito de "igreja de supermercado", extraído da sociologia do francês Pierre Bourdieu. "A religião é bem de consumo num altamente competitivo mercado simbólico-religioso, daí o eficiente marketing da Universal", afirma Rodrigues.

O poder da igreja tem dois poderosos troncos. Um deles é o midiático, com a compra da Record em 1989. Macedo lembrou da transação em seu blog: "O representante de Silvio [Santos, então sócio da emissora] disse o valor. Respondi na fé: 'Não tem problema. Negócio fechado!'".

"Mais recentemente, as novelas bíblicas da Record têm criado um espaço que visam se opor à dramaturgia de outros canais", diz a professora da UFPR Karina Belloti, que estuda evangélicos e mídia. Campeã de audiência, "Dez Mandamentos" virou filme homônimo, que ultrapassou "Tropa de Elite 2" como maior bilheteria do cinema nacional.

Outro braço é o político, com o PRB. A Universal nega vínculo com o partido, que contudo tem vários bispos licenciados em seu alto escalão e emplacou na Prefeitura do Rio um deles, Marcelo Crivella, sobrinho de Macedo e ex-ministro de Dilma Rousseff.

Em "Plano de Poder" (2008), Macedo diz que "a potencialidade numérica dos evangélicos como eleitores pode decidir qualquer pleito eletivo". No livro, o bispo defende que apenas um presidente evangélico poderia criar um Estado laico, "sem privilégios à Igreja Católica", destaca o pesquisador Carlos Gutierrez.

Para a igreja, a expansão assusta e faz dela alvo de uma campanha difamatória amplificada pelas redes sociais. A Universal chegou a criar um blog para desbaratar "fraudes sórdidas". Algumas: pastores ungem vassouras para vender, uma campanha ataca a crença dos católicos na hóstia, o "pão do mal", e a prefeitura de Crivella financia a cinebiografia do tio Macedo.

VERSÃO LIGHT

No censo de 2010, a presença nacional da igreja é mais tímida do que os autocomputados 7 milhões de fiéis: 1,9 milhão de adeptos, 228 mil menos do que uma década antes.

A contração pode ser em parte explicada pelo contingente que, ao IBGE, não especifica que congregação segue, só se diz evangélico. Há ainda a concorrência de "igrejas clones" formadas por ex-bispos da Universal ?"como a Mundial do Poder de Deus, do apóstolo que usa chapéu de caubói, Valdemiro Santiago.

Por isso a necessidade de explorar novos nichos, diz o professor da UFRJ Eduardo Refkalefsky, autor de uma tese sobre marketing religioso. "A Universal hoje está mais light, falando em prosperidade. A de antigamente podemos chamar de Universal raiz."

A IGREJA EM 40 ANOS

7 Universal abre seu primeiro templo, num galpão onde funcionava uma antiga funerária, no subúrbio carioca

0 Lança 'Orixás, Caboclos e Guias: Deus ou Demônios?'. O livro chegou a ter a venda suspensa por ordem judicial, acusado de degradar religiões afro, mas um tribunal superior reverteu o veto. Segundo Edir, traz 'apenas traz a verdade cristalina' sobre 'os espíritos malignos'

9 Compra a Record, que tinha Silvio Santos como um dos donos

2 Passou 11 dias na prisão, acusado de ser 'charlatão, curandeiro e estelionatário', como narra em sua autobiografia. 'Para quem me odiava, bispo Macedo era sinônimo de bandido'

5 Em programa da Record, um bispo da igreja polemiza ao chutar a imagem de Nossa Senhora Aparecida (evangélicos não cultuam santos). Macedo criticou o ato 20 anos depois, no SBT: 'Foi um chute no estômago, para não dizer num lugar mais baixo'

8 Surge a Igreja Mundial do Poder de Deus, de Valdemiro Santiago, ex-bispo da Universal que virou concorrente direto da igreja

5 Criação do Partido Republicano Brasileiro (que ganhou este nome em 2006, por sugestão do ex-vice-presidente José Alencar). A sigla é tida como braço político da Universal

4 Com Dilma e Temer, inaugura o Templo de Salomão, com 74 mil m² de área construída (3,2 vezes maior que a Basílica de Aparecida)

6 Sobrinho de Macedo, Marcelo Crivella (PRB) é eleito prefeito do Rio
Herculano
09/07/2017 06:41
IGREJA UNIVERSAL ESTREIA NO METRO QUADRADO MAIS CARO DO PAÍS

Conteúdo do jornal Folha de S. Paulo. Texto de Mariliz Pereira Jorge. Foram 15 minutos de pregação para que o demônio fosse embora da vida dos dez fiéis que erguiam as mãos em louvor na altura dos ombros e depois sobre a cabeça, na quinta (6). Vem o pedido de dízimo. Então, o pastor fala por cerca de 40 minutos sobre a importância do sacrifício.

Ele mostra o vídeo de uma fiel que doou o ouro roubado do próprio filho, que era traficante e estava preso.

O moço se regenerou. Seria mais um culto na Igreja Universal do Reino de Deus, não fosse o novo endereço um dos metros quadrados mais caros do Brasil, o Leblon.

Nem o bairro escapou da profusão de placas de aluga-se e vende-se que tomou o Rio. Mas isso não parece ter sido problema quando a Universal decidiu que era hora de expandir seus domínios na região mais glamourosa da cidade.

O antigo inquilino era o restaurante Fronteira, que não conseguiu renovar o contrato de aluguel (R$ 80 mil, mais R$ 2.000 de condomínio e R$ 8.000 de IPTU). Após seis meses de portas fechadas, a igreja do bispo Edir Macedo e do prefeito Marcelo Crivella fechou negócio num valor estimado em R$ 50 mil mensais.

O espaço tem 630 m² e ocupa loja e sobreloja de um prédio na avenida Ataulfo de Paiva. No piso inferior, o cheiro é de obra fresquinha, com cadeiras perfiladas que devem acomodar até 200 pessoas. Tem ar condicionado, filtro de água e placa que pede para que os presentes desliguem celulares. No andar superior, auditório e escola bíblica.

Não fossem o terno, a verve religiosa e o fato de conduzir um culto dentro de uma igreja, o jovem em frente à audiência poderia ser confundido com qualquer outro filho de família tradicional do Leblon, daqueles que batem ponto no Brigite's para tomar dry martinis, ver e ser visto.

Na plateia, apenas dois homens. A maioria das mulheres é de senhorinhas com roupas muito simples, cabelos presos em coques com grampos ou piranhas, bolsas surradas nos ombros. Elas sentam espalhadas, o que aumenta a sensação de vazio.

Na primeira fila, uma jovem loira de salão, bem vestida, ostenta uma bolsa da marca francesa Goyard (cerca de R$ 4.500). Longe do palco, um casal com cara e figurino de quem deixou as pranchas de surf do lado de fora.

Assim que o contrato foi firmado a vizinhança torceu o nariz, principalmente os moradores do prédio My Rose, que abriga o imóvel da Universal. Diziam: vai descaracterizar o bairro, vai ter multidão na porta, vai ter gritaria. Por enquanto reina a paz.

Os cultos seguem sem movimento, com exceção dos domingos, quando chegam ônibus com fiéis trazidos da periferia da cidade, segundo o porteiro do My Rose, José Soares Lima, 65. Ele diz que os novos vizinhos não têm incomodado, que nunca teve nada contra, mas frequenta outra igreja, a católica, localizada a uma quadra de distância.
Herculano
09/07/2017 06:33
UNIVERSAL MOVEU 111 AÇÕES CONTRA REPORTAGEM SEM CONTESTAR DADOS, por Elvira Lobato

Há dez anos, fiz uma reportagem sobre o patrimônio empresarial de dirigentes da Igreja Universal do Reino de Deus, que havia completado naquela ocasião 30 anos de existência. Foram dois meses de apuração, que me valeram o prêmio Esso de jornalismo em 2008.

A reportagem, intitulada "Universal chega aos 30 anos com império empresarial", foi um divisor de águas na minha vida profissional.

A igreja -por meio de alguns fieis e pastores- moveu 111 ações judiciais contra mim e contra a Folha, com a alegação de danos morais, sem, no entanto, contestar nenhuma informação contida no texto.

Resta uma ação no Juizado Especial de Santa Maria da Vitória, na Bahia. Todas as demais tiveram sentenças favoráveis a mim e ao jornal.

Nesses dez anos, tornei-me, involuntariamente, referência para estudiosos e jornalistas que pesquisam a atuação da Universal no Brasil e no mundo. A igreja se tornou, como se sabe, instituição com presença internacional cada vez maior.

Dei entrevistas a TVs e jornais de vários países e ainda sou procurada para relatar como o episódio representou uma ameaça à liberdade de imprensa. A Folha foi obrigada a se defender em ações simultâneas em localidades remotas, o que tornava a defesa mais difícil e onerosa.

Como jornalista especializada em assuntos econômicos, acompanhei a expansão da Universal sob a ótica econômica, não religiosa. De 1992 a 2011, dediquei-me à cobertura de telecomunicações e radiodifusão pela Folha, da qual fui repórter por 27 anos.

Noticiei, com exclusividade, os bastidores das aquisições da maior parte das emissoras que formam a Rede Record de televisão. Em 1999, fiz a reportagem que considero a mais importante daquela cobertura, revelando que a Universal financiou a compra de emissoras de TV por meio de empréstimos de empresas registradas em paraísos fiscais.

Ao comprar a Record, o bispo Edir Macedo, fundador da Universal, estabeleceu um novo paradigma na atuação das igrejas na radiodifusão.

Elas iniciaram corrida não só para conseguir suas próprias TVs, mas para arrendar canais e alugar espaços de emissoras comerciais.

Quem se detiver na cobertura da mídia efetuada pela Folha a partir dos anos 1990 verá que houve um esforço para dar transparência à propriedade da radiodifusão como um todo. Foram inúmeras reportagens sobre a concentração empresarial no setor e os avanços de todas as denominações religiosas nesse segmento. Mas só a Universal retaliou.

O que a reportagem de 2007 revelou que desagradou tanto à Universal? Ela identificou o império empresarial erguido em nome de integrantes da cúpula da igreja: 23 emissoras de TV e 40 rádios, além de 19 empresas de segmentos diversos, como agência de turismo, jornais, editora, imobiliária e até uma empresa de táxi-aéreo, a Alliance Jet.

Vários juízes condenaram autores das ações por litigância de má-fé. Os principais veículos de comunicação do país solidarizaram-se com a Folha e comigo por entenderem que as ações judiciais tinham o propósito de intimidar a imprensa e de desestimular a publicação de novas reportagens sobre o tema.

O que mais me impactou naquele episódio foi o fato de o ataque judicial ter partido de uma instituição ligada a um grupo de comunicação, com jornais, rádios e televisão.

Nesses últimos dez anos, não vi nenhuma autocrítica de dirigentes da Universal sobre o que aconteceu, mas espero que tenham feito uma reflexão e o caso nunca mais se repita.
Herculano
09/07/2017 06:29
AMEAÇA DE DIRCEU FAVORECE TEMER NA CÂMARA, por Cláudio Humberto, na coluna que publicou neste domingo nos jornais brasileiros

O anúncio do presidiário em férias José Dirceu de que "o PT retomará o poder" deve ajudar os aliados de Michel Temer a convencer os que se afastaram do presidente a votar contra a denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR), na próxima semana. Políticos experientes observam que o linchamento diário de Temer favorece os planos finalmente confessados pelo ex-ministro, em recente passeio à Bahia.

SAIU PELA CULATRA
Dirceu pretendia animar a militância envergonhada com a corrupção dos governos do PT, mas acabou reaglutinando o antipetismo.

CALA A BOCA, ZÉ
O primeiro a perceber o erro estratégico de José Dirceu foi, claro, Lula. E disparou recados para que ele pense mais, antes de falar.

MAIORIA CONTINUA
Permanece no Congresso a maioria esmagadora que expulsou Dilma do governo. Maioria que jamais favoreceria o retorno do PT.

SEM POVO NA RUA
A oposição demorou a perceber que os "coxinhas" não foram às ruas contra Temer porque seu grande objetivo era derrubar o "lulopetismo".

ESTABILIDADE Só PERMITE GOVERNO DEMITIR 0,006%
Os três poderes federais, para além das Forças Armadas, empregavam no início do ano 2.207.112 funcionários, o maior efetivo da História. Em 2017, o equivalente a apenas 0,006% (no total, 138) dos servidores perderam o cargo, sendo 119 demitidos, 6 destituídos e 13 cassações de aposentadoria, por fraude e outras safadezas. Ninguém foi demitido por incompetência, desleixo, falta contumaz, déficit de desempenho. A estabilidade os protege. Mas um projeto no Senado trata do assunto.

LUZ NO FIM DO TÚNEL
Proposta da senadora Maria do Carmo (DEM-SE) prevê a demissão de servidores que sejam reprovados em avaliações de desempenho.

Só FAZ CRESCER
Oficialmente, os burocratas do Ministério do Planejamento juram que o número de servidores caiu (uma vez, em 2008). Já os salários...

MUITO POUCO
No País dos escândalos governamentais de corrupção como Mensalão e Petrolão, somente 550 foram demitidos por irregularidades, em 2016.

TOP INDÚSTRIA
Nos maiores devedores da Previdência na indústria estão empresas de prestígio como Teka Tecelagem (R$763 milhões), Marchesan Máquinas Agrícolas (R$537 milhões) e Dedini S/A (R$628 milhões).

GOVERNO 3 X 1
Líderes do governo estão pecando pelo excesso de otimismo. Eles garantem que haveria na Câmara dos Deputados três votos favoráveis a Michel Temer para cada voto por sua destituição. Um exagero.

AÇÃO DO PLANALTO
Na tentativa de apressar a análise da denúncia contra Michel Temer, eram necessários 51 deputados para abrir sessão de sexta-feira na Câmara. Apareceram 71 parlamentares. A oposição se surpreendeu.

SEMANA QUENTE
Além da votação da reforma trabalhista nesta terça, na quarta (12) Raquel Dodge, futura procuradora-geral da República, será sabatinada na CCJ do Senado. Em seguida, o plenário votará a indicação.

CANSAÇO
O açoite sem tréguas em Michel Temer guarda surpreendente distância das ruas. E também das pesquisas: desconfiados, os telespectadores estão abandonando a audiência dos telejornais "Fora Temer".

A CONTA NÃO FECHA
O portal da Transparência mostra que a Polícia Federal padece do mesmo mal de todo o serviço público. Dos R$2,45 bilhões em gastos diretos, 90% foram para pagar pessoal. Sobra pouco para o restante.

MENOS POLÍTICA
Relatora da PEC que cria mandato de 10 anos para ministros do STF, a senadora Ana Amélia (PP-RS) lembra que o presidente escolherá o nome a partir de uma lista tríplice, como ocorre na PGR, AGU etc.

BOLSA BILIONÁRIA
O governo Michel Temer já destinou R$9,7 bilhões ao programa Bolsa Família em 2017: a Bahia é o Estado que recebe mais (R$1,2 bilhão), seguida por São Paulo (R$935 milhões) e Maranhão (R$808 milhões).

PENSANDO BEM...
...apesar das bombas e protestos, Michel Temer parecia muito mais tranquilo no G20 do que em Brasília.
Herculano
09/07/2017 06:21
MEIRELLES JÁ DISCUTE EVENTUAL GOVERNO DE MAIA E QUER MAIS AUTONOMIA

Conteúdo do jornal Folha de S. Paulo. Texto de Bruno Goghossian e Marina Dias, da sucursal de Brasília. Considerado peça-chave em uma eventual mudança de comando no governo, Henrique Meirelles já discutiu, reservadamente, a possibilidade de permanecer no Ministério da Fazenda caso Michel Temer seja substituído por Rodrigo Maia.

Em conversas com aliados e investidores sobre a deterioração do cenário político, o ministro apontou que a equipe econômica só aceitaria permanecer sob um novo presidente caso haja garantias de autonomia ampliada ?"principalmente sobre a escolha da cúpula do BNDES.

Ao longo da semana, Meirelles se reuniu com representantes do setor financeiro que o questionaram sobre o futuro da política econômica caso Maia assuma a Presidência da República. Ouviu apelos para que fique no ministério nessa hipótese.

O mercado quer atualizar suas previsões sobre a continuidade da agenda de reformas proposta por Temer, travada com a crise política provocada pelas acusações de corrupção contra o presidente. Pondera se Maia, que tem relação direta com o plenário da Câmara, teria capacidade de retomar esses planos.

A principal preocupação é a realização da reforma da Previdência. Investidores e banqueiros acreditam que Temer perdeu capital político e não será capaz de conduzir mudanças nas regras de aposentadoria na dimensão que julgam necessária. Maia tenta convencer o setor financeiro de que pode ser um novo fiador dessa agenda.

Na avaliação da equipe de Meirelles, uma reorganização do núcleo do Planalto em uma mudança de presidente poderia gerar dúvidas sobre a manutenção dessa pauta.

Uma das incógnitas seria a permanência de Eliseu Padilha na Casa Civil.

O ministro foi o principal articulador da proposta de reforma da Previdência de Temer. Apesar de embates entre as equipes política e econômica, Meirelles considerou Padilha um ator importante no avanço do projeto.

Um possível deslocamento do atual chefe da Casa Civil para uma pasta fora do Planalto, num eventual governo Maia, enfraqueceria, na visão desses auxiliares de Meirelles, as negociações políticas da reforma.

Por enquanto, Meirelles só trata timidamente da possibilidade de permanecer em uma equipe de Maia. Lembra que, quando aceitou ser o ministro da Fazenda de Temer, em maio de 2016, negociou cláusulas que lhe dariam liberdade para escolher seu time e estabelecer os rumos da política econômica.

Sob Maia, dizem auxiliares, seria necessária uma renegociação dos termos, com uma ampliação de seu poder.

Meirelles já demonstrou incômodo com interferências da ala política do governo Temer sobre aspectos que impactam diretamente as contas públicas. Reclamou também da escolha de Paulo Rabello de Castro para presidir o BNDES, por considerar que o economista abriu os cofres do banco em um momento de aperto fiscal.

Aliados apontam que uma das principais condições para a permanência de Meirelles no Ministério da Fazenda seria a garantia de que ele poderia nomear uma nova cúpula para a instituição.

A disposição do ministro diante de uma mudança de governo é comedida porque a dificuldade de recuperação econômica criou obstáculos para seus planos políticos.

Meirelles projetava uma candidatura ao Planalto em 2018, ancorada no discurso de que ele teria sido o idealizador de medidas que tirariam o país da recessão.

A manutenção do comando da equipe econômica também é uma expectativa de parte da classe política que acena com apoio a Maia. Em uma conversa nesta semana, o presidente do PSDB, Tasso Jereissati, que defende o desembarque do partido do governo Temer, disse ao presidente da Câmara que Meirelles é essencial para garantir a estabilidade do país
Herculano
09/07/2017 06:17
ALEXANDRE MORAES PROTEGE EX-COLEGAS NO STF, por Josias de Souza

Alçado do Ministério da Justiça para o Supremo Tribunal Federal por indicação de Michel Temer, Alexandre de Moraes sentou em cima do processo sobre a limitação do alcance do foro privilegiado há 39 dias. Com seu gesto, Moraes favorece ex-colegas de governo que respondem a inquéritos na Suprema Corte. Evita, por exemplo, que ministros como Moreira Franco (Secretaria-Geral da Presidência) e Eliseu Padilha (Casa Civil) tenham o mesmo destino do ex-ministro Geddel Vieira Lima, preso preventivamente há uma semana.

Relator do processo cujo julgamento Moraes retarda, o ministro Luís Roberto Barroso votou a favor de que sejam investigados e julgados no Supremo apenas os crimes cometidos por congressistas e autoridades no exercício do cargo e por fatos relacionados à função pública. Alexandre de Moraes deveria votar na sequência. Falou por cerca de uma hora e meia. Quando todos imaginavam que fosse anunciar sua posição, ele pediu vista. Alegou que precisava estudar melhor a matéria. Prometeu devolver o processo rapidamente. Sobreveio o recesso do Judiciário. E nada.

Além de oito ministros de Temer, estão sob investigação no Supremo mais de uma centena de políticos. As chances de perderem o escudo do foro privilegiado eram reais. Normalmente, quando um ministro pede vista, os colegas que ainda não se manifestaram esperam pelo retorno dos autos. Entretanto, três ministros subverteram a praxe para acompanhar o voto do relator.

Votaram a favor da limitação do foro especial Rosa Weber, Marco Aurélio Mello e a presidente do Supremo, Cármen Lúcia. Assim, a votação foi suspensa com um placar de 4 a 0. Num colegiado de 11 magistrados, faltam apenas dois votos para que os encrencados graúdos da Lava Jato e de outras operações sejam enviados para a primeira instância do Judiciário, que vem se revelando mais ágil e draconiana com os corruptos de colarinho alvejado.

Antes de formalizar o seu pedido de vista, Moraes sustentou que o fim do foro privilegiado não acabaria com a sensação de impunidade no Brasil. Alegou que antes da Constituição de 1988 o número de beneficiários do foro era menor e, mesmo assim, a Justiça era lenta. O relator Barroso discordou.

Sem citar os casos do réu Lula, que tentou virar chefe da Casa Civil de Dilma Rousseff, e do investigado Moreira Franco, que virou ministro palaciano de Temer, Barroso mirou no olho da mosca:

"Se não fizesse diferença o foro privilegiado, não haveria este empenho em manter. Isso é multipartidário. A grande vantagem dessa crise brasileira e da corrupção sistêmica é que não dá para apontar o dedo para um ou para outro. O que nós estamos vendo é que, se não fizesse diferença, se não assegurasse ou impunidade, ou pelo menos celeridade, não haveria essa disputa por ficar em cargos que têm foro no Supremo."

O relator prosseguiu: "Basta abrir os jornais para saber que manter a jurisdição do Supremo é uma bênção, porque supõe-se, a meu ver, com acerto, que a jurisdição de Primeiro Grau vai ser mais ágil e mais eficiente, quando, de resto, já existem mais de 140 condenações, quase todas mantidas pelas instâncias superiores. Portanto, respeitando todos os pontos de vista, eu acho que não há argumento capaz de desfazer a realidade óbvia de que por lei, Medida Provisória, ou nomeações, se quer assegurar o foro no Supremo. Há de haver alguma razão para isso!"

A prisão de Geddel Vieira Lima, que foi um dos mais poderosos ministros de Temer, responsável pela coordenação política do governo, reforça o ponto de vista do relator. A Procuradoria-Geral da República prepara as denúncias que serão formalizadas contra Moreira e Padilha. Mas enquanto Alexandre de Moraes estiver sentado em cima do processo que restringe o alcance do foro, seus ex-colegas de Esplanada não perdem por esperar. Ganham.
Herculano
09/07/2017 06:09
O "MERCADO" ABANDONOU TEMER, por Élio Gaspari, nos jornais O Globo e Folha de S. Paulo.

A primeira ideia foi a de se eleger Aécio Neves. Faltaram 3 milhões de votos (3%). Então veio a segunda chance, a de se derrubar Dilma Rousseff. Deu certo e Michel Temer foi para o Planalto com uma plataforma oposta à da campanha de Dilma, mas com uma base de apoio parlamentar quase idêntica.

O chamado "mercado" encantou-se com a restauração de Temer e seu projeto de reformas. Agora que o governo esfacela-se, a mesma turma que contribuiu para a queda de Dilma sonha com o que seriam as reformas de Rodrigo Maia. Sabem que a da Previdência sobrevive só no essencial: a criação de um limite mínimo de idade para a maioria das aposentadorias. A trabalhista está vendida às centrais sindicais que não vivem sem a unicidade e o imposto de um dia de trabalho da choldra.

O "mercado" começou a vender Temer, comprando Rodrigo Maia. Jogo jogado. A Lava Jato ensinou muitas coisas e talvez a principal tenha sido a exposição de como o andar de cima faz política com o caixa dois.

Deixando-se 2017 de lado, vem aí 2018 e será preciso surgir um candidato capaz de enfrentar Lula (ou seu poste). Se o andar de cima parar de reclamar do Brasil, de seus políticos e da falta de quadros, poder-se-á sair da gramática que gera Temers, Aécios e Rodrigos. Basta que exponham seus quadros. Em 2014, só Armínio Fraga (com Aécio Neves) e Neca Setúbal (com Marina Silva) puseram a cara na vitrine.

Até o ano passado, a França parecia presa no dilema da falta de candidatos. Apareceu o meteoro Emmanuel Macron, fundou um movimento, elegeu-se e arrastou as fichas formando uma sólida maioria parlamentar. Antes de militar profissionalmente no Partido Socialista, Macron trabalhou no banco Rothschild. Nos últimos 50 anos a Maison Rothschild produziu dois presidentes da França. O outro foi Georges Pompidou (1969-1974). O andar de cima francês faz política na vitrine. O brasileiro passa férias na França e fala mal de Pindorama.

CHÂTEAU BNDES

Um conhecedor de palácios e castelos foi a um evento na presidência do BNDES e saiu com uma lastimável estatística.

Da garagem ao salão, entre guaritas, porteiros, seguranças e recepcionistas ele contou 11 bípedes.

Essa marca supera a das penitenciárias americanas que guardam presos condenados à morte.

TENSÃO

São muitos os cenários para um eventual desfecho do governo de Michel Temer. Um deles, estimulado pelas últimas rachaduras da política econômica é mais ou menos o seguinte:

Numa segunda-feira, alguns jovens colaboradores de Henrique Meirelles vão ao seu gabinete e informam que, pelo andar da carruagem, decidiram desembarcar.

Na terça-feira, Meirelles vai a Temer e diz que, diante desses fatos, ele também prefere saltar.

Na quarta, Temer salta.

A carruagem está tão desengonçada que o deputado Rodrigo Maia, um paladino da política de Meirelles, tornou-se um discreto defensor de alguns aspectos da farra tributária de Dilma Rousseff.

RECORDAR É VIVER

Durante o consulado petista alguns comissários da área econômica e de sua periferia levaram a Joesley Batista uma ideia para que entrasse no ramo da comunicação.

Ele contava que pulou fora e não deixou o assunto prosperar.

RODRIGO X TEMER

Seja qual for a opinião que se tenha a respeito da conduta do deputado Rodrigo Maia em relação a Michel Temer, até agora não há sinal público de que o presidente da Câmara esteja se mexendo para ocupar sua cadeira, com a intensidade com que o então vice-presidente se mexeu para derrubar a doutora Dilma.

O DRIBLE DE TASSO

Tasso Jereissati deu um magnífico drible na banda tucana que estava aferrada ao governo Temer. Enquanto parecia medir as palavras, dizendo que havia uma "tendência" para abandonar a carruagem, cabeceou apoiando Rodrigo Maia, em nome da "estabilidade".

Falta definir "estabilidade" e combinar com os russos de Curitiba e da Procuradoria Geral.

SINAL DADO

O deputado Sergio Zveiter, relator do processo de Michel Temer na Comissão de Constituição de Justiça, apresenta-se e chega a ser saudado como um parlamentar independente.

Está no PMDB, mas esteve no PSD e no PDT. Foi secretário de Habitação do prefeito Eduardo Paes e de Justiça dos governadores Anthony Garotinho e Sérgio Cabral. Foi também secretário de Defesa do Consumidor de Rosinha Garotinho e do Trabalho de Pezão.

Salvo Cabral, vão todos bem, obrigado.

Zveiter é filho de um ministro do Superior Tribunal de Justiça que se aposentou em 2001 e seu irmão, Luiz, presidiu o Tribunal de Justiça do Rio de 2009 a 2010. Reeleito no ano passado, teve sua posse impedida pelo Supremo Tribunal Federal.

Um parecer de Zveiter montando a guilhotina para Temer mostrará para onde sopram os ventos da independência dos governistas crônicos e do Judiciário do Rio de Janeiro.

EM CASA

Sergio Zveiter mora num dos bonitos edifícios da praia da São Conrado e tem como vizinho o ex-prefeito Cesar Maia, pai de Rodrigo, herdeiro presuntivo de Temer.

Já o presidente da Câmara mora no prédio ao lado e tem como vizinho o atual ministro e ex-governador Moreira Franco, marido de sua sogra.

A SEGURANÇA DOS MAGISTRADOS ESTÁ NO MUNDO DO PóS VERDADE

Eremildo é um idiota e acha que qualquer crítica aos benefícios, mordomias ou férias de juízes, procuradores, desembargadores e ministros do tribunais de Brasília é um atentado ao Estado de Direito.

O cretino entende que a notável sabedoria dos magistrados justifica o fato de alguns deles receberem de R$ 10 mil a R$ 40 mil por palestras. Ele concorda com o ministro Ricardo Lewandowski, que desossou uma decisão do Conselho Nacional de Justiça que os obrigava a divulgar quanto recebiam por tão exaustiva atividade.

O ministro explicou que quis defender a integridade física dos doutores, porque "quando nós divulgamos valores econômicos, nós estamos sujeitos, num país em crise, num país onde infelizmente a nossa segurança pública ainda não atingiu os níveis desejados..."

Tudo bem, mas Eremildo não entende por que há magistrados protestando contra a decisão do Conselho Nacional de Justiça que mandou acabar com as placas especiais dos carros oficiais dos 365 desembargadores de São Paulo. Elas informam que o carro (pago pela Viúva) serve a um magistrado. Se os doutores devem ter a excelência de seu ganhos resguardada, não deveriam andar por aí com placas especiais. Mas o negócio parece ser outro, pois na reclamação, informou-se que com placas iguais às da patuleia os doutores "estarão sujeitos a toda uma série de inseguranças em um trânsito caótico".

O idiota desconfia que a segurança dos magistrados está no mundo do pós-verdade. Na hora de revelar ganhos, convém omitir. Na hora de andar na rua, onde vigoram as leis do trânsito, convém exibir
Herculano
09/07/2017 05:55
COMO SERÁ O AMANHÃ, por Carlos Brickmann

No Brasil, ensinava um lúcido ministro da Fazenda, Pedro Malan, até o passado é imprevisível. O que Malan não disse é que o futuro, esse sim, é previsível: seja qual for o resultado da campanha contra Michel Temer, o Brasil continuará sendo governado pelo PMDB. E continuará discutindo Renan, Geddel, Romero Jucá, Eunício e outros luminares da política.

O PMDB esteve no governo de Fernando Henrique, teve presença maior com Lula, cresceu com Dilma, é dominante com Temer: tem o presidente, os ministros mais importantes, e comanda até a oposição, com Jarbas Vasconcelos, em nome da ética, e Requião, muito próximo do PT. Tem os articuladores do Fica, Temer, como Moreira Franco e Eliseu Padilha, e os articuladores do Fora, Temer, como Renan e Sérgio Zveiter, relator da aceitação ou não da denúncia. Tem intimidade com o poder. Renan vem da época de Collor, e só não participou do governo Itamar. Geddel foi ministro de Lula, vice-presidente da Caixa com Dilma, ministro com Temer. Jucá, como o patriarca do partido, Sarney, é cria do regime militar.

E o presidente? Temer já mostrou o que é: a Economia ficou com os especialistas e a Política com fregueses de investigações.

Rodrigo Maia é citado em inquérito da Lava Jato. Pouco se sabe o que pensa: é DEM, mas poderia ser PMDB. E é um homem de família: começou na política por ser filho de César Maia, DEM, e subiu como genro de Moreira Franco, PMDB.

AS DIFERENÇAS

Há diferenças importantes entre Temer e Maia. Temer foi três vezes presidente da Câmara Federal e sempre fez parte da elite da Casa. Fez carreira no Direito e tem ótima fama como constitucionalista. Maia estudou Economia mas não concluiu o curso e, desde os 26 anos, sua vida é a política. Faz parte do baixo clero da Câmara - os deputados com menor destaque, raramente ouvidos.

O baixo clero é maioria na Câmara, mas só elegeu três presidentes: Severino Cavalcanti (perdeu o mandato, acusado de cobrar mesada do dono do restaurante da Casa e de outros concessionários de serviços); Eduardo Cunha, que, acusado de corrupção, perdeu o mandato e está hoje preso, condenado a 15 anos; e Rodrigo Maia.

A SEMELHANÇA

Ambos, Temer e Rodrigo Maia, jamais foram campeões de votos. Michel Temer sempre se elegeu, mas com dificuldades; numa das eleições, foi o último colocado entre os eleitos por São Paulo. Maia tentou ser prefeito do Rio e teve 3% dos votos, apesar do apoio do pai.

COMO ESTÁ, FICA

Traduzindo: fique Temer ou caia Temer, não há o menor risco de que a algo se modifique. Do jeito que a coisa vai, não mudam nem as moscas.

QUEM SABE, SABE

Um fato deve ser destacado nessa guerra política de Brasília; a defesa de Temer, elaborada pelo advogado Antônio Cláudio Mariz de Oliveira. É de primeira linha, competentíssima. Como a questão é política, não jurídica, boa parte dos parlamentares não se preocupa com a acusação nem com a defesa: já tem o voto na cabeça, ou segue a posição de seus líderes.

Mas a defesa é um trabalho exemplar, não só nos argumentos como no texto claro e compreensível. Independentemente de posição política, vale a pena ler.

MEIO CHEIO...

Estranhíssima a decisão da Polícia Federal de incorporar a equipe da Lava Jato à Delecor, Delegacia de Combate à Corrupção e Desvio de Verbas Públicas. A PF informa que a medida fortalece a Lava Jato, pois facilita a participação de mais delegados nas investigações. Por que, então, não fazer o anúncio ao contrário, incorporando a Delecor à Lava Jato?

No clima atual, em que tanta gente tenta melar as investigações, é óbvio que qualquer mexida na Lava Jato, exceto seu reforço, provoca a suspeita de que uma operação tão popular esteja sendo neutralizada pelos investigados.

...MEIO VAZIO

Há quem pense que a divulgação foi deliberadamente alarmista, como protesto pela restrição de verbas à Polícia Federal. É que o caso Lava Jato é uma das três medidas impopulares anunciadas pela PF: a suspensão do fornecimento de passaportes e a redução dos serviços nas rodovias são as outras duas. Os federais suspeitam da restrição de verbas. Acreditam que, a um tempo, serve para vingar-se das investigações e forçar a Polícia Federal a, sem dinheiro, reduzir as atividades que lançam luz sobre a corrupção.

DELATA E PAGA

Surpresa no caso Joesley. O Tribunal de Contas da União decidiu incluí-lo num processo que apura desvios em financiamentos do BNDES à JBS. Acusam o grupo de ter cobrado do BNDES um ágio de R$ 2,50 por ação na compra da Swift - total, cerca de R$ 70 milhões. Em sua delação, Joesley não tocou no assunto. E pode por isso perder os privilégios que teve
Herculano
09/07/2017 05:45
O PODER DAS CORPORAÇõES EMPRESARIAIS, por Samuel Pessoa, economista, no jornal Folha de S. Paulo

No fim de abril, o Executivo enviou ao Legislativo a medida provisória 777, que redesenha o papel do setor público no financiamento do investimento. O objetivo era retirar da concessão de crédito do BNDES o subsídio público.

A TLP (Taxa de Longo Prazo), que balizará o juro da concessão de empréstimos, será, para o mês de liberação do crédito, a remuneração da nota do Tesouro Nacional série B, a famosa NTN-B, de cinco anos. Ou seja, o BNDES cobrará pelo empréstimo o custo de captação do Tesouro.

Isso não significa que não poderá haver subsídio. Somente que o subsídio será definido pelo Congresso Nacional e será custeado diretamente pelo Tesouro, tornando a política de subsídios transparente no Orçamento, como as demais políticas públicas.

Segundo cálculos de Manoel Pires, somente em 2015 os subsídios do BNDES custaram R$ 57 bilhões aos contribuintes! A bagatela de dois programas Bolsa Família.

A TLP trata-se de uma verdadeira revolução nas nossas instituições. O modelo anterior supunha que os elevados juros por aqui justificavam o subsídio público na concessão de crédito ao investimento em capital físico.

Essa conclusão está errada. Os empresários argumentam que precisam competir com países cuja taxa de juros é menor. Se não houver o subsídio público, o negócio não se viabiliza. A suposição desse argumento é que um produtor de fogão, por exemplo, compete com os produtores de fogões do resto do mundo. Muito intuitivo, mas errado.

Se nós somente produzíssemos fogões e, em razão dos juros mais elevados, nosso produto fosse caro no mercado internacional, ocorreria a desvalorização do câmbio, que restituiria a rentabilidade da indústria de fogões.

O produtor nacional de fogões compete com todos os demais produtores aqui localizados em todos os setores. A competitividade média da economia brasileira em comparação ao resto do mundo é ajustada pelo câmbio. E, em um regime de câmbio flexível, esse ajuste é mais simples.

Evidentemente, é natural que os setores mais intensivos em capital apresentem no Brasil menor desenvolvimento em razão do maior custo de capital. Não há justificativa para o subsídio: se algo é mais caro por aqui, tem que ser menos empregado. Qual é a surpresa?

O subsídio somente se justifica para aqueles investimentos que apresentam retorno para a sociedade maior do que o retorno privado. Exemplos: infraestrutura de mobilidade urbana, saneamento básico, investimento em inovação tecnológica, entre outros.

Nelson Barbosa, ex-ministro da presidente Dilma e agora meu colega neste espaço às sextas-feiras alternadas, notou que o atual governo ainda não pautou o tema da elevação da progressividade dos impostos.

Segundo Nelson, o silêncio da equipe econômica sobre o tema da progressividade dos impostos "é revelador de quem ela representa". Dado que, em 13 anos à frente do Executivo nacional, o governo anterior nunca pautou o tema, sou forçado a considerar que o atual governo representa, segundo Nelson, os mesmos interesses que o governo petista representava. De qualquer forma, Nelson poderia ter um pouco mais de paciência antes de tirar suas conclusões: um ano é bem menos tempo do que 13.

Vale lembrar que a MP 777 elimina mecanismo histórico de concentração de renda no Brasil. Surpreende que Nelson Barbosa não a apoie. Que interesses ele representa
Mardição
08/07/2017 22:26
Temer vai sair? Imaginem Rodrigo Maia como presidente. Será um belo par com Kim Jong-Um, até o cabelo é parecido. Bora Brasil! Atacar o Trump.

Já sabem que a melhora na economia é porque o setor produtivo e de serviços se desligou da política. Sai o Temer, então entra o Bolsonaro. Ah! O Bolsonaro não serve?
Então pode colocar o Lula, ou a Dilma, ou o Renan, ou o Cunha, ou o Cabral, ou a Gleisi, ou o Dirceu, ou o Palocci ou qualquer outro. Dá na mesma não?
Herculano
08/07/2017 10:25
LEOPOLDO LóPEZ DEIXA PRISÃO NA VENEZUELA


Conteúdo de O Antagonista. Detido desde 2014, Leopoldo López deixou o cárcere em Ramo Verde, na Venezuela, e passou para prisão domiciliar na madrugada deste sábado.

Em sua página na internet, o Supremo Tribunal de Justiça venezuelano afirmou que decidiu outorgar uma "medida humanitária" ao líder opositor em razão de "informação recebida sobre sua saúde".

Segundo seu advogado Javier Cremades, "a saída de Leopoldo do cárcere fortalece sua liderança. Ela aconteceu após a visita da Chanceler a sua cela. Sem preço por parte de Leo."
Herculano
08/07/2017 10:19
EDITOR CARLOS ANDREAZZA ENTRA NA "TRETA DA DIREITA" E ATACA BOLSONARO, por Rodrigo Constantino

Desde que o deputado Eduardo Bolsonaro fez um ataque absurdo e desnecessário a um importante formador de opinião ligado à direita, a coisa ganhou grandes proporções e foi quase exigindo a tomada de partido por parte de inúmeros ícones do movimento liberal e conservador brasileiro. Eu mesmo não me furtei desta obrigação e condenei duramente a postura da família Bolsonaro e de seus seguidores fanáticos.

Muitos viram a necessidade de sair não em defesa de Alexandre Borges apenas, mas do que significa ser conservador, atentando para o risco de ver toda uma filosofia política antiga sendo monopolizada por uma ala mais reacionária e tacanha da dita direita nacional. Culto à personalidade e endeusamento de "mitos" há décadas na política não combinam com nada que se possa chamar de conservadorismo. Sua essência é o ceticismo para com a política, a desconfiança e a prudência, jamais a postura de uma seita.

Pois bem: agora foi a vez de Carlos Andreazza, ninguém menos do que o "editor da direita", entrar na "treta", e para condenar Bolsonaro. Andreazza é o editor de autores como Olavo de Carvalho, Bruno Garschagen, Flavio Morgenstern, Francisco Razzo, e eu mesmo. Suas credenciais de quem deu voz à direita são inegáveis. E Andreazza fez questão de deixar claro não compactuar com a confusão entre conservadorismo e "bolsonarismo", num post que chamou de "depurador":

ANDREAZZA: "Não acredito ?" nunca acreditei ?" nos Bolsonaro, cuja inconsistência política só não é maior do que o oportunismo para capitalizar sentimentos contra o establishment, e desprezo o bolsonarismo, que considero uma das expressões da doença moral do brasileiro.

Ainda escreverei a respeito, mas a ideia influente de que sejam representantes do conservadorismo é bárbara deturpação conceitual. Eles precisariam de alguma dimensão espiritual para tanto; de alguma noção sobre o belo; francamente, de alguma cultura.

Mas sou um homem construtivo e objetivo em minha crítica: eles precisam ?" urgentemente ?" de um revisor para os textos que publicam".

RODRIGO: Em seguida, e após a previsível reação dos intolerantes "bolsominions", que adotam todos os métodos os petistas, como inverter fatos, difamar adversários, rotular de inimigo mortal aquele que discordar de uma vírgula de sua cartilha e babar de ódio com qualquer mísera crítica, Andreazza se viu obrigado a voltar ao tema, para pedir o fim da histeria:

ANDREAZZA: É também significativo da miséria política brasileira que Bolsonaro seja hoje a bússola a partir da qual se define quem é ou não de direita.

Vocês estariam de brincadeira, não fosse isso grave deturpação.

Outra coisa: eu não me intimido com patrulha. Já trombei com as piores.

Me divirto quando vejo bolsonarista ?" gente que acha que fará uma revolução com militância fanática em rede social - dizendo que eu nunca fiz coisa alguma pela direita. Nunca fiz mesmo. Não é meu papel. Mas: e pelo contraditório? E pela circulação de ideias divergentes? E pela garantia de espaço para que inclusive toupeiras políticas juvenis subissem à tribuna e se sentissem protegidas - lastreadas - para opinar?

Olhem os livros que publiquei e publico; veja onde está uma das principais origens do debate público neste país. E depois me digam qual é a contribuição ?" prática, objetiva ?" dos Bolsonaro para o Brasil. Me digam, por favor, o que ergueram que não tenha sido um castelo em benefício exclusivo deles próprios. Hein?

Chega de histeria".

RODRIGO: Bolsonaro pode ser glorificado por quem está desesperado com a esquerda, com a política nacional, mas aqueles que estudam o conservadorismo não podem se calar diante de tanta manipulação. Bolsonaro, que já pediu o fuzilamento de FHC por ter privatizado estatais, que já ameaçou fechar o Congresso no passado, que parece obcecado com o nióbio, que criou um exército de seguidores fanáticos prontos para gritar "mito", mas incapazes de debater ideias, Bolsonaro não pode ser o representante da direita brasileira, pelo bem dessa direita. E jamais pode ser o único representante, o que seria ainda mais grave.

Mas é a postura dos alienistas bolsominions, que enxergam socialista fabiano em todo lugar, inimigos comunistas por toda parte, e correm o risco de acabarem sozinhos, apontando para os "malucos" ou "perversos" do mundo, enquanto só eles defendem a "verdadeira direita". Vão trancafiar todos na Casa Verde, até descobrirem que, talvez, o local seja mais apropriado a eles mesmos.
Herculano
08/07/2017 08:51
"GENERALATO TUCANO TEM DE APOIAR SUA INFANTARIA", por Josias de Souza

Alheio às críticas que soaram na Alemanha, onde se encontra Michel Temer, o senador tucano Cássio Cunha Lima, vice-presidente do Senado, adotou uma linguagem bélica para traduzir o seu desejo em relação ao governo. "Os generais do PSDB não podem ficar protegidos no quartel enquanto a infantaria do partido leva tiro na Câmara. O generalato tem de apoiar sua infantaria na linha de frente."

Cássio acrescentou: "Como podemos ficar nos ministérios desse governo se nossos deputados votarão na Câmara a favor da denúncia que pede a abertura de ação penal contra o presidente no Supremo Tribunal Federal? Não dá. Precisamos fazer uma opção. Eu prefiro ficar do lado dos deputados, sem os ministérios.''

Mais cedo, o ministro Aloysio Nunes Ferreira (Relações Exteriores), senador licenciado do PSDB, criticara no Twitter a retórica antigovernista adotada por Cássio e Tasso Jereissati, presidente interino do partido. "Do ponto de vista dos interesses do Brasil, não poderia haver ocasião mais inoportuna para os recentes ataques de dirigentes do PSDB ao presidente da República, quando ele representa nosso país na cúpula do G20?, anotou Aloysio. ''Nem Lula nem Dilma tiveram esse tratamento de nossa parte quando éramos oposição."

Cássio não se deu por achado. Quer marcar a data do desembarque. Defende que o PSDB deixe o governo depois da votação da reforma trabalhista no Senado, que deve ocorrer na próxima terça-feira. Na véspera, o relator da denúncia contra Temer, deputado Sergio Zveiter (PMDB-RJ), terá apresentado o seu relatório na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara. A expectativa é a de que Zveiter, embora seja do partido de Temer, apresente um relatório desfavorável ao presidente.
Herculano
08/07/2017 08:46
DEFLAÇÃO, JUROS E REFORMAS, editorial do jornal O Estado de S. Paulo

Mais um ponto luminoso apareceu na economia, com o novo recuo da inflação. Os preços pagos pelo consumidor diminuíram 0,23% em junho, puxados para baixo pelos três maiores componentes do orçamento familiar, os custos da alimentação, da moradia e do transporte. Esse número foi o mais baixo para o mês desde o começo do Plano Real, em 1994, e o primeiro resultado negativo desde junho de 2006, quando o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) recuou 0,21%. Mas há outros detalhes muito favoráveis no relatório divulgado ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O resultado anual foi o mais baixo em pouco mais de dez anos: a taxa de 3% acumulada em 12 meses é a menor desde abril de 2007, quando ficou em 2,96%. Se o País, como disse em tom injustificadamente alarmista o senador Tasso Jereissati (PSDB-CE), estiver no rumo da ingovernabilidade, os brasileiros terão pouco tempo para festejar os sinais positivos acumulados nos últimos meses, como o melhor comportamento dos preços, a reação dos negócios em alguns setores e a incipiente redução do desemprego.

A deflação registrada em junho é mais um bom argumento a favor de uma redução mais ampla de juros na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), no fim deste mês, segundo alguns analistas. Pode ser, mas também se pode argumentar a favor de maior prudência. A deflação é passageira e novas pressões deverão elevar a taxa mensal no segundo semestre. O movimento será provavelmente moderado, se nenhum desastre ocorrer ou se nada tornar o quadro político mais turbulento do que tem sido há pouco mais de um mês. Mas esse segundo risco é relevante, neste momento, e ninguém deve descartá-lo. Enquanto persistir alguma incerteza quanto à Presidência da República, haverá motivos ponderáveis para cautela na política de crédito.

Segundo o presidente do Banco Central (BC) e do Copom, Ilan Goldfajn, as decisões sobre os juros continuarão a depender tanto da evolução dos preços e das condições da economia como das perspectivas da política fiscal e, portanto, da pauta de reformas. O comitê, segundo ele, "tem sido bastante explícito" quanto a esse último ponto. Reformas são uma necessidade, acrescentou Goldfajn. Não são apenas uma opção.

A insistência nessa questão confirma a orientação adotada pelo Copom desde a mudança da diretoria do BC, no ano passado. O compromisso é buscar uma redução sustentável dos juros. Isso dependerá de uma evolução favorável da taxa estrutural de juros, aquela compatível com o funcionamento sustentável da economia.

A redução duradoura desse indicador estará associada, necessariamente, à melhora das condições das finanças públicas e ao funcionamento mais eficiente da economia nacional. Daí a importância da implementação da pauta de reformas. O governo as chama de "estruturantes", porque podem afetar amplamente as condições de operação da economia, facilitando o financiamento das funções governamentais e aumentando a eficiência das atividades produtivas.

Não há como negar o enorme avanço conseguido na contenção da alta de preços em cerca de um ano. Na passagem de 2015 para 2016 o IPCA subia em ritmo superior a 10% em 12 meses. A taxa foi reduzida para 6,29% até o fim do ano passado e continuou em declínio em 2017, atingindo 3% em junho. A ação do Copom foi indispensável para esse resultado, mas a retração dos negócios e o desemprego muito alto contribuíram inegavelmente para a contenção dos preços. É preciso garantir condições para a inflação permanecer moderada quando a economia crescer mais velozmente, o desemprego cair e as famílias voltarem mais tranquilamente ao consumo.

Nada disso ocorrerá enquanto as contas públicas permanecerem como um poderoso fator de desajuste da demanda geral da economia e, portanto, dos preços. Sem isso, até a nova meta de inflação, de 4,25% ao ano a partir de 2019, poderá ser comprometida. O vínculo entre inflação, juros, ajuste fiscal e reformas é claro. Ignorá-lo é condenar o Brasil a mais anos de instabilidade.
Herculano
08/07/2017 08:38
TEMER NÃO ACREDITA EM TRAIÇÃO DE RODRIGO MAIA, por Cláudio Humberto, na coluna que publicou hoje nos jornais brasileiros

O presidente Michel Temer não acredita que o deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ), presidente da Câmara e primeiro na linha sucessória, esteja tramando contra ele. "Confio totalmente no Rodrigo", disse Temer a interlocutores, por telefone. Maia não desmentiu a informação desta coluna de que ele ainda não articula pela admissibilidade da denúncia da Procuradoria-Geral da República, mas torce contra o presidente.

MAIA EM 'CAMPANHA'
Rodrigo Maia tem se reunido com bancos e investidores para tentar demonstrar que está maduro para suceder a Temer, se necessário.

MEIRELLES DENTRO, PAPAI FORA
Aos banqueiros, Maia sinaliza que Henrique Meirelles seria mantido e que seu pai, César Maia, não vai dar palpites na política econômica.

DISTANCIAMENTO
Com a viagem de Temer ao G-20, na Alemanha, Rodrigo Maia saiu do Brasil para não assumir o Planalto e ter de agir em favor do presidente.

DISCRIÇÃO NA TRAIÇÃO
Deputados leais a Temer, que acompanharam Rodrigo Maia na viagem a Buenos Aires, garantem que não há conspiração contra o presidente.

NO G20, AZEVÊDO DEFENDE O COMÉRCIO MUNDIAL
Além do presidente Michel Temer, outro brasileiro teve atuação de destaque no encontro do G20, que reúne os vinte países mais desenvolvidos: o diretor-geral da Organização Mundial do Comércio (OMC), embaixador Roberto Azevêdo, que chegou a Hamburgo, Alemanha, determinado a defender o comércio e a chamar atenção para os riscos do protecionismo xenófobo para o desenvolvimento.

MACRON DEU SHOW
O presidente francês Emmanuel Macron roubou a cena, falando sempre de improviso e cutucando o americano "Donálde" Trump.

CONTRA O LIXO ATôMICO
Trump obtve a solidariedade do G20 à denúncia de risco à paz mundial representado pela Coreia do Norte, do tirano maluco Kim Jong-un.

PYONGYANG É AQUI
Sob aprovação de Michel Temer, o presidente argentino Maurício Macri disse que a Venezuela é uma Coreia do Norte da América do Sul.

CONVITE DE MERKEL
A chanceler Angela Merkel entendeu as razões do presidente Michel Temer para cancelar o encontro bilateral. Rainha da simpatia, convidou-o para voltar à Alemanha após a reeleição dela em setembro.

NEM TE LIGO
Michel Temer reencontrou ontem na Alemanha a primeira-ministra da Noruega, Erna Solberg, que lhe fez um sorriso amarelo tentando ser o que não é, educada. Mas o presidente não lhe deu a mínima.

GRANDE ABRANGÊNCIA
Segundo informações da Polícia Federal, a nova delegacia de combate à corrupção da PF em Curitiba terá 70 policiais. As investigações em curso atualmente compreendem o DF e outros dezesseis estados.

DEMONSTRAÇÃO DE FORÇA
Os deputados "fiéis" ao governo seriam 54, segundo as estimativas, sendo que eram necessários ao menos 51 para validar a sessão extraordinária desta sexta. Mas os presentes passaram de 70.

RECURSO AO TAPETÃO
O PDT mostrou o baixo nível de confiança da oposição, ao recorrer à ministra Cármen Lúcia, no tapetão do Supremo Tribunal Federal (STF), para que impeça o ritmo vapt-vupt de tramitação da denúncia da PGR.

BRASIL NÃO FOI ASSUNTO
A situação econômica no Brasil não foi tema no encontro do G20, em Hamburgo (Alemanha). Chefes de estado estavam preocupados mesmo com a decisão dos EUA de saírem do acordo do clima de Paris.

NOTÍCIA BOA
Passou despercebido, mas a Comissão de Defesa do Consumidor da Câmara aprovou nesta semana o projeto que impede as operadoras de internet banda larga de limitarem o acesso à rede com uso de franquia.

FALTOU GOVERNO
Enquanto resolvia a questão contábil da falta de previsão orçamentária para emitir passaportes, porque o limite de 2017 foi atingido em junho, um governo com autoridade teria ordenado à PF e Casa da Moeda que arrumassem uma solução sem ter que suspender o serviço.

PENSANDO BEM...
...duas forças apoiam Rodrigo Maia contra Michel Temer: o PCI (Partido Comunista de Ipanema) e PSOL (Partido Socialista do Leblon).
Herculano
08/07/2017 08:32
ENGRAÇADO ESSE PMDB, A FEDERAÇÃO DE INTERESSES E GIGOL?" DO PODER

Quando o PMDB governou, foi sempre um desastre. A maior inflação que se conhece na história do Brasil foi produzida por José Sarney... Em Santa Catarina com Paulo Afonso Vieira fez a maior dívida da história que está próxima para ser cobrada de todos os catarinenses. Luiz Henrique da Silveira inventou as Secretarias de Desenvolvimento Regionais, o maior escandaloso sugadouro de dinheiro dos pesados impostos para empregar políticos sem votos e lhe dar sustentação política...

A especialidade do PMDB é ser gigolô do poder e usufruir, ou gozando com o pau dos outros, como foi no caso nos oito anos de Fernando Henrique Cardoso, PSDB, com o Plano Real, ou roubando, quando pulou de galho, com os 13 anos de Lula e Dilma, a quem ajudou a derrubá-la, para ser ele próprio poder com Michel Temer.

E quem é o presidente do Brasil. Nada mais, nada menos, o ex-presidente quase vitalício do PMDB, Michel Temer. Então ele conhece bem o seu partido e comparsas, como bem demonstram as denúncias do Ministério Público Federal das quais se defende poltíca e tecnicamente, pois moralmente, não possui condições.

O PMDB está pedindo fidelidade ao PSDB e ao DEM, para a estabilidade e governabilidade. Faz certo.

Mas, quem está derrubando Temer, o peemedebista histórico, o ex-presidente até há poucos meses para as suas lambanças? Os próprios peemedebistas gigolôs que já perceberam que não poderão mais sugar o que projetaram como poder e parceiro de Temer.

Quem é o presidente da CCJ na Câmara e que trabalha contra Temer? Um do PMDB? Quem é o relator do caso Temer na CCJ da Câmara, um peemedebista. Então, qual é a do PMDB e de Temer pedirem para os outros partidos sustentarem o que o próprio PMDB enlameado e que não controla sequer os seus?

Gente estranha! E você pensa que isso só acontece em Brasília? Olhe bem o cenário de Santa Catarina e Gaspar e Ilhota, por exemplo. Ah! Esquece Blumenau onde O PMDB já foi referência estadual e nacional, mas desapareceu por ser familiar, gigolô, e agora é feita gente que está morrendo de velha e só possui história decadente para contar aos outros. Wake up, Brazil!
Herculano
08/07/2017 08:09
TIO REI BEM QUE ADVERTIU, NÉ? VEJAM LÁ: RODRIGO MAIA SERÁ ALVO DA DELAÇÃO DE CUNHA, por: Reinaldo Azevedo, na Rede TV

Pois é?

Há gente que parece que só aprenderia a machadadas, não é? É uma espécie de avesso de uma narrativa da mitologia grega. Palas Athena nasceu da cabeça de Zeus, que foi aberta, a seu pedido, por Hefesto. E de lá saiu a deusa da sabedoria.

No caso em curso, nem que se abrisse a cabeça dos tolos para enfiar lá um livro, obter-se-ia algum resultado, mitológico que fosse.

Essa gente ainda não percebeu que o Ministério Público Federal tem o controle do que o próprio Rodrigo Janot já chamou de "narrativa". E os bravos rapazes, a despeito do que reza a Constituição, querem "devolver o poder ao povo" para que ele escolha o presidente, a exemplo do que defende o PT.

Havia gente se encantando com a "alternativa Rodrigo Maia". O que foi mesmo que escrevi aqui? Ah, lembrei: "Tomara que Rodrigo Maia tenha a clareza de que não é a cadeira presidencial que o aguarda em caso de queda de Temer. Ele apenas estará entrando na fila da guilhotina do terror global-janotista".

Pois é. Leiam o que vai na VEJA Online, antecipando conteúdo da revista impressa.

Com a palavra, o senador Tasso Jereissati, presidente interino do PSDB e defensor, segundo entendi, da tese de que cabe a Eduardo Cunha, agora, decidir, quando menos, quem não pode governar o Brasil.

Assim funcionam as delações no Brasil: o delator escolhe o tamanho do alvo de acordo com a promessa feita pelo MPF. E ainda tem a chance vinganças pessoais.

Nunca se viu uma República mais moral do que essa. Ainda volto ao tema.

Leiam o que vai na VEJA Online:

Por Daniel Pereira, Thiago Bronzatto, Robson Bonin e Rodrigo Rangel:

Aliados de Michel Temer admitem, em privado, que as revelações contidas na delação premiada do ex-deputado Eduardo Cunha devem agravar ainda mais a situação do presidente no Congresso e ampliar as chances de a Câmara autorizar o Supremo Tribunal Federal a processá-lo. Seria uma injeção extra de ânimo nos que, na surdina, trabalham para que Rodrigo Maia ascenda ao Planalto. O problema é que o horizonte para Maia é igualmente sombrio: assim como Temer, o atual presidente da Câmara também é citado na delação de Eduardo Cunha ?" ele aparece, segundo pessoas próximas ao ex-deputado, como intermediário de interesses empresariais na máquina pública e destinatário de recursos de origem ilícita.

Na semana passada, o próprio Cunha, da cadeia em Curitiba, fez questão de mandar o recado para o ex-colega. Por meio de um interlocutor que foi visitá-lo, Cunha pediu que um amigo em comum dissesse a Maia que ele estrelará um dos capítulos de sua delação. "Avisa que ele [Maia] também será lembrado", pediu Cunha, segundo relatou o interlocutor a VEJA.

Na noite de quarta-feira, enquanto o presidente da Câmara preparava as malas para embarcar na manhã seguinte para uma viagem oficial de dois dias à Argentina, um grupo de advogados escalado por Cunha para auxiliá-lo na negociação da delação dividia a mesa de jantar em Brasília e repassava, um a um, os principais pontos da proposta de colaboração do ex-deputado. Foi durante o encontro que um dos presentes recebeu a incumbência de transmitir o recado. Rodrigo Maia entrou para o caderno de inimigos de Eduardo Cunha durante o processo que resultou na cassação do peemedebista - ele considerou que o colega nada fez para ajudá-lo.
Herculano
08/07/2017 08:04
SOLTO E PEGO PELA DELAÇÃO PREMIADA EM CURSO DO EX-MINISTRO MANTEGA VAI AO ATAQUE PARA SE DEFENDER NO FOGO AMIGO. QUEM REPRESENTAVA OS INTERESSES DO MERCADO ERA PALOCCI, DIZ ELE. NO DISCURSO O PT SEMPRE ACUSOU OS ADVERSÁRIOS DE ATENDEREM OS BANQUEIROS, QUANDO NO GOVERNO, FORAM OS QUE MAIS FIZERAM ISSO E LEVARAM VANTAGENS PESSOAIS. LULA, DILMA, DIRCEU E OUTROS QUE FAZEM DISCURSOS FALSOS, INFLAMADOS E ACUSATóRIOS CADA VE MAIS NÚS

Conteúdo do jornal Folha de S. Paulo. A defesa de Guido Mantega afirma que "causa estranheza" a informação de que Antonio Palocci pretende envolvê-lo em um suposto esquema com os bancos em sua delação premiada.

"Qualquer caixa de agência bancária do país sabe que quem representava os interesses do mercado financeiro era o próprio Palocci" diz o advogado Fábio Tofic Simantob. "Guido Mantega, pelo contrário, assumiu sempre posições que desagradavam os bancos, a ponto de ser demonizado. Não houve pessoa mais execrada pelo mercado do que Mantega. A informação, por isso, não faz nenhum sentido", segue ele.

O advogado faz referência a divergências entre o ex-ministro e os bancos no período em que ele comandou a economia do país, de março de 2006 a janeiro de 2015.

Em 2008, por exemplo, Mantega baixou uma medida provisória elevando de 9% para 15% a alíquota da Contribuição Social Sobre Lucro Líquido (CSLL) devida por instituições financeiras.

Num ensaio para o livro "As Contradições do Lulismo", o cientista político e colunista da Folha André Singer lista uma série de embates entre Mantega e os bancos. Segundo ele, "enquanto Lula foi conciliador", o governo Dilma decidiu "entrar em combate com frações de classe poderosas", tensionando "o pacto estabelecido com o setor financeiro"

Ele relata, por exemplo, que na era Dilma/Guido Mantega o governo pressionou os bancos privados a baixarem os spreads, diferença entre as taxas que eles pagam quando captam dinheiro e as que cobram quando emprestam.

Mantega dizia que os spreads eram "absurdos"

Em outra medida que desagradou o setor, o Banco do Brasil fez uma redução agressiva nos juros em 2012 e elevou os limites de várias linhas de crédito para empresas e consumidores com o objetivo, segundo relatou a Folha na época, "de acirrar a concorrência com Itaú, Bradesco e Santander e estimular a economia".
João Barroso
07/07/2017 20:56
Herculano!

É de morrer de rir ver os PETISTAS no FACE, levando porrada. Tem um ex-vereador que leva PAU direto ao defender os LADRÕES PETISTAS e não toma vergonha na cara. Meu Deus, os caras não se tocam, não ganham uma. Votaram no TEMER e querem jogar a culpa nos outros, são uns doentes mentais. A NASA logo virá ao Brasil estudar os PETISTAS, pois são uns anormais, fazem a cagada e querem culpar os outros. Não cola mais, deu pra eles. Passam vergonha e ainda se acham os bons. Na eleição passada um mês antes do pleito jogaram tubos em várias ruas dizendo que seria asfaltada, só que não, pois sabiam que não seria possível asfaltar, só que ninguém mais é bobo ex-vereador com dor de cotovelo, chora, chora querido, como é bom ver vocês chorarem. Aprendam de uma vez por todas, deu pra vocês.
Herculano
07/07/2017 16:13
TRÊS CENÁRIOS PARA O GOVERNO TEMER, por Antônio Augusto de Queiroz, diretor de documentação do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap), para o Congresso em Foco

A perda acelerada de legitimidade e das reais condições de governabilidade do governo Temer sinalizam para uma enorme dificuldade de o presidente concluir seu mandato, seja em razão da crise ético-moral que atinge seu governo, seja pelas dificuldades fiscais e pela incapacidade de aprovar as reformas que prometeu quando de sua efetivação, e cuja promessa de "delivery" (entrega) contava com uma aceitação quase bovina, pelo Congresso e pela sociedade, de seus conteúdos.

São basicamente três os cenários imaginados: a) renúncia, por exaustão do governo; b) a cassação, por decisão do STF, após autorização da Câmara dos Deputados; e c) a Sarneyzação do governo, ou a imagem do "pato manco", com a equipe econômica e o Congresso fazendo o feijão com arroz, sem qualquer reforma relevante. O primeiro é realista, o segundo pessimista e o terceiro otimista.

O primeiro - de renúncia - poderá vir por exaustão do governo. O agravamento da crise política e ético-moral, com a possível delação de alguns dos aliados presos do presidente ?" como Eduardo Cunha, Geddel Vieira Lima, Rodrigo Rocha Loures e Henrique Alves ?" e o preço das concessões à base para a manutenção do mandato, o custo psicológico e o tempo dedicado à administração da crise poderá levar o presidente a rever sua decisão de não renunciar.

Para tanto, dois tipos de estímulos poderão ser determinantes, positivo ou negativo. O positivo seria um acordo que afastasse o risco de prisão imediata após a renúncia, seja por indulto ou por aprovação de foro privilegiado para ex-presidente, seja por outro tipo de arranjo. O negativo seria por abandono do mercado, da base, da própria equipe econômica ou por pressão popular, mediante grandes manifestações com o mote "Fora Temer". A queda de popularidade do presidente, medida por diferentes institutos de pesquisa, mostra que essa possibilidade não está muito distante de ocorrer.

O segundo - de cassação - poderá vir pela provável saída do PSDB da base, que levaria consigo alguns outros partidos, deixando o governo sem condições de promover reformas, sem sustentação perante o mercado e sem votos para impedir a autorização de abertura do processo por crime comum perante o Supremo Tribuna Federal.

Para um partido com perspectiva de poder, como o PSDB, é um custo insuportável rejeitar na Câmara três denúncias de natureza ético-moral, e com forte suporte fático, propostas pela Procuradoria-Geral da República (PGR) contra o presidente da República. A primeira, já em curso, sobre corrupção passiva. A segunda, a ser proposta, sobre obstrução da Justiça. E a terceira, também a ser proposta, sobre formação de quadrilha.

O eventual desembarque do PSDB certamente seria acompanhado por seus potenciais aliados no pleito de 2018, e isto poderia deixar o presidente Temer sem condições de barrar na Câmara a abertura do processo no STF, senão já na primeira, possivelmente na segunda ou na terceira tentativa.

Outro vetor que poderia contribuir para esse cenário seria o establishment encontrar um nome que reunisse as cinco condições consideradas ideais para substituir Temer e fazer a transição e a posse do novo presidente eleito diretamente: a) ter voto no Congresso (Câmara e Senado) para ser eleito, b) manter a agenda de reformas, c) continuar com a equipe econômica atual, d) não estar sendo investigado por desvio de conduta, e e) ter maturidade e equilíbrio emocional para conduzir o país nesse período delicado de transição.
Esse é o cenário menos provável, até porque o presidente, percebendo esses movimentos, poderia renunciar antes, evitando o vexame de não reunir 172 votos para se manter à frente do governo. Além disto, o presidente sabe que uma vez autorizada a abertura do processo, com seu imediato afastamento por 180 dias, a chance de voltar é praticamente zero.

Por fim, o cenário de Sarneyzação, que seria a continuação, piorada, do que já vem ocorrendo. O governo conseguiria rejeitar os pedidos de cassação na Câmara, mas ficaria sem forças para aprovar reformas e sem condições de impor sua vontade no governo, passando a depender integralmente da equipe econômica e da base fisiológica do Congresso. O natural enfraquecimento do presidente, por já estar em final de mandato, seria agravado pela sua total incapacidade de garantir sustentação a qualquer medida de relevo que pudesse recuperar a sua credibilidade.

Esse cenário, aliás, tende a prevalecer mesmo na hipótese de substituição de Temer, caso o sucessor seja alguém do Congresso. Seria mantido o padrão atual, com sua agonia a cada dia.

O desafio seria manter os fundamentos macroeconômicos a cargo do Banco Central, como o controle da inflação, a redução das taxas de juros, o equilíbrio do câmbio e da política monetária, além da preservação das reservas cambiais.

Atualmente, o governo tem aliviado a situação das finanças públicas e da população com receitas provisórias, mas que não se sustentam sem reformas, sem aumento de tributos ou sem o descongelamento do gasto público.

No caso do governo Temer, o alívio decorre da venda de ativos, de receitas de concessões e eventuais privatizações, do novo REFIS, da repatriação e do contingenciamento do orçamento e agora do resgate de precatórios não retirados pelos titulares. Porém, se até setembro não houver o descontingenciamento, a máquina vai parar. Alguns setores essenciais já estão evidenciando esse colapso, notadamente a Polícia Federal e a Polícia Rodoviária Federal.

No caso da população, o alívio decorre da liberação do FGTS e da devolução do imposto de renda, cujos efeitos são passageiros, e da redução da inflação e do valor dos alugueis que, embora sejam importantes, não compensam as perdas decorrentes da estagnação da economia e do desemprego. Paradoxalmente, voltam ao debate medidas de supressão de direitos, como a extinção do abono salarial, já cogitado em momentos anteriores, e que já foi objeto da redução do valor devido aos trabalhadores, por meio da Medida Provisória 664, em 2015.

A sequência natural disso é que a situação fiscal se deteriora a cada dia, pois o novo regime fiscal não se sustenta sem reformas e sem o aumento de tributos, porque o orçamento congelado em 2016 não dá conta de manter os atuais serviços públicos e programas sociais. A reação popular será apenas uma questão de tempo, caso se mantenha a meta fiscal sem flexibilização, não haja aumento de receita ou não sejam liberados os recursos orçamentários contingenciados.
Herculano
07/07/2017 16:05
LAUDO DA POLÍCIA FEDERAL: LULA É O DONO DO SÍTIO, por Augusto Nunes, de Veja

Em 4 de março de 2016, seis peritos criminais a serviço da Operação Lava Jato, apoiados por investigadores da Polícia Federal, cumpriram um mandado de busca e apreensão no sítio em Atibaia onde a família Lula baixou todo fim de semana depois dos oito anos nos palácios de Brasília. Acompanhados por duas testemunhas e pelo caseiro Élcio Pereira Vieira, os especialistas haviam sido encarregados de "caracterizar a ocupação do Sítio e identificar seus principais frequentadores, além de responder aos quesitos formulados pela autoridade solicitante dos exames".

Tradução: os homens da lei estavam lá à procura de evidências materiais que ajudassem a esclarecer duas interrogações. Primeira: quem era o verdadeiro dono do sítio? Segunda: de onde veio o dinheiro que bancou a reforma do terreno de bom tamanho, complementada por instalações e benefícios milionários? Os fatos berram que tanto a compra como as obras foram patrocinadas por empreiteiras favorecidas pelo governo do chefão. Lula ainda insiste que os donos do lugar são Jonas Suassuna e Fernando Bittar, amigos do notório Lulinha, o Ronaldinho da informática.

Longo e minucioso, o laudo apresentado pelos peritos uma semana depois da inspeção confirma aos gritos que o sítio forma com o triplex do Guarujá a dupla de peças mais valiosas da Imobiliária Lula. A quantidade, a qualidade e a contundência das informações garantem ao documento calibre suficiente para pulverizar a discurseira mambembe dos advogados do ex-presidente. Servem de amostra as respostas, abaixo resumidas, suscitadas por quatro quesitos. Confira:

1. Existem evidências materiais nas dependências do Sítio que possam identificar seus eventuais frequentadores?

Sim. (?) Foram identificados inúmeros objetos pessoais vinculados às pessoas de Luiz Inácio Lula da Silva e de sua esposa Marisa Letícia Lula da Silva. Esses objetos encontravam-se localizados, mormente, na Casa Principal, em especial, na Suíte 01. (?) Também foram localizados objetos pessoais vinculados aos seguranças da Presidência da República.

2. É possível identificar evidências materiais no Sítio que possam indicar o uso do imóvel pelas pessoas de FERNANDO BITTAR ou JONAS LEITE SUASSUNA FILHO?

Não. (?) Não foi identificado qualquer objeto de uso pessoal que pudesse indicar o uso do imóvel por Jonas Leite Suassuna Filho e Fernando Bittar. A única referência ao Sr. Fernando Bittar são alguns croquis localizados no interior de uma pasta rosa, cuja destinatária era a Sra. Marisa Letícia Lula da Silva.

3. Foram implementadas instalações ou realizadas quaisquer obras ou aprimoramentos no Sítio voltadas ao uso do ex-Presidente LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA e de sua família? Caso positivo, descrever.

Sim. (?) Foram identificadas inúmeras melhorias voltadas ao uso do ex-Presidente Luiz Inácio Lula da Silva, tais como uma adega, construída para acomodar centenas de garrafas de bebidas, instalações de sistema de segurança em todo o Sítio, assim como o depósito utilizado para armazenamento de caixas diversas que (?) se relacionavam à mudança do ex-Presidente Lula.
Além dessas melhorias, foram identificados objetos utilizados para usufruto das instalações do Sítio, tais como o barco de fibra contendo a inscrição "LULA & MARISA", bem como itens decorativos, a exemplo da mesa com o brasão "LM". Ademais, foi localizada uma pasta rosa endereçada à ex-Primeira Dama, contendo documentos relacionados à reforma da cozinha e construção da Casa 01, indicando que a Sra. Marisa Letícia teve envolvimento com as adaptações realizadas no Sítio.

4. Existem objetos pessoais pertencentes ao ex-Presidente LUIZ INACIO LULA DA SILVA e de sua família depositadas nas dependências do Sítio? Onde se encontram localizadas?

Sim. Além dos objetos pessoais localizados na Casa Principal, já mencionados, (?) foram identificados inúmeros objetos que podem ser vinculados, explicitamente ou não, ao ex-Presidente Luiz Inácio Lula da Silva e sua esposa. Adicionalmente aos objetos localizados na Casa Principal, também foram encontrados itens pessoais do ex-Presidente Luiz Inácio Lula da Silva e de sua esposa em outras dependências do Sítio, sobretudo no Espaço Gourmet, no Anexo da Casa Principal e no Depósito. Esses itens acham-se relacionados em extensa, mas não exaustiva, lista constante (?) do presente Laudo.

Volto para acrescentar que, mesmo depois do sumiço dos donos que se fantasiavam de hóspedes, os laranjas travestidos de proprietários rurais nunca deram as caras por lá. Bittar e Suassuna são os únicos sitiantes do mundo que jamais visitaram a terra que juram ter comprado. Merecem dividir a mesma cela.
Sidnei Luis Reinert
07/07/2017 12:20
Pau na Lava Jato e mantenha o roubo


Edição do Alerta Total ?" www.alertatotal.net
Por Jorge Serrão - serrao@alertatotal.net

Alguma coisa de anormal no País em que feto leva tiro antes de nascer? Era previsível que o desgoverno peemedebosta, em aliança com os tucanalhas e torcida organizada da petelândia, faria o que pudesse para sabotar a Lava Jato. Por isso, não causa surpresa a clara sabotagem contra a Força Tarefa em Curitiba, remanejando a equipe da Polícia Federal que atuava exclusivamente com a equipe do Deltan Dallagnol.

Nossos políticos canalhas pensam que são mais malandros que outros bandidos. Como era esperado, a Comissão de Ética do Senado perdoou Aécio Neves. Claro, os outros senadores acusados de falcatras desejam o mesmo tratamento. O presidente que perdeu totalmente a governabilidade também fez um comentário muito estranho a amigos e aliados próximos. Michel Temer teria dito que, se eventualmente perder na Câmara que tenta cooptar, terminará vencendo no Supremo Tribunal Federal que não vai condená-lo por corrupção passiva ou por organização criminosa (que vem por aí).

Rodrigo Janot prepara o tiro final contra Temer com base nas delações premiadas de Lúcio Funaro e, principalmente, de Eduardo Cunha. A "colaboração" de Cunha com a Justiça promete detonar Michel Temer e aliados próximos dele, como Moreira Franco e Eliseu Padilha. Quem mais vai tomar no Cunha? Em Brasília, aumentou muito a venda de fralda geriátrica para políticos...

Cunha sabe de tudo. Funaro, também. Não foi à toa que Geddel Vieira Lima fez pressão sobre a mulher do Funaro. O troco veio com uma temporada no Presídio da Papuda, em Brasília. Foi ironicamente comovente ver o chorinho de Geddel, cabelinho cortado como presidiário, ao saber que não teria sua prisão preventiva relaxada.

Hoje, nosso Presidente da República é Eunício de Oliveira. Temer foi para a Alemanha para a reunião do G-20. Rodrigo Maia, o substituto eventual de olho nos 180 dias de Presidência com a eventual queda de Temer, foi dar um passeio de trabalho na Argentina. Aliás, pouco importa com quem seja o titular do Palácio do Planalto. Quem governa de fato o Brasil é o Crime Institucionalizado e sua corrupção sistêmica entranhada no regime Capimunista Rentista.

A próxima jogada da bandidagem é manjada. O plano é investir o dinheiro roubado no Brasil e escondido lá fora para ser esquentado no programa de privatizações no setor elétrico que ontem o desgoverno oficializou. Algumas velhinhas de Taubaté acreditaram que o negócio não vai causar aumentos na conta de energia para os consumidores. A turma inocente ou criminosamente burra acreditou que o prometido fim da Conta de Desenvolvimento Energético ?" subsídio que todos nós pagamos ?" será compensado pelo que for arrecadado com a privatização, sem gerar aumentos de tarifas. Santa ingenuidade, Batman!

Eis o retrato assustador do Brasil. Políticos nos assaltam usando como arma o regramento excessivo estatal que eles manipulam e interpretam conforme as conveniências. Tem alguma diferença entre eles e os criminosos do Rio de Janeiro, que cada vez mais utilizam armas de guerra para roubar e barbarizar? Claro que tem! Os primeiros são bandidos atuam de forma mais refinada e com o respaldo do voto dos assaltados/roubados.

Por isso, é importante, de imediato, aprofundar nas redes sociais a campanha cívica "#reelejaninguém". Não resolve totalmente o problema ?" que só pode ser solucionado com uma Intervenção Institucional. No entanto, já dá um susto na bandidagem de cima, enquanto os marginais do andar de baixo aprimoram o jeitinho de infenizar o cotidiano do brasileiro.

Ainda bem que o quase-caído Presidente Michel Temer declarou, na Alemanha, que "não existe crise econômica no Brasil"... As declarações temerárias dão náusea... Será que os coxinhas que lhe deram sustentação, mesmo sabendo que ele era vice da petelândia, sentem o mesmo? Certamente, não. Imbecis e canalhas têm estômago e fígado de aço...
Cirolando Suzuky
07/07/2017 11:49
Ciro quintino, acaba de estrear o "fantástico" programa na Radio Sentinela, a mais ouvida da cidade.
O programa que segundo o próprio será lider de audiência e tem como objetivo ser o sucessor de Kleber em 2024.
Nome do programa: Ciro na "radia".
Eu morro e não vejo tudo.
Herculano
07/07/2017 11:40
MUDANÇA DE PRESIDENTE PODERIA ATÉ IMPACTAR DE FORMA POSITIVA, DIZ ECONOMISTA CHEFE DO SANTANDER

Conteúdo do jornal O Estado de S. Paulo. Texto de Aline Bronzati (que viajou a convite do Santander)

Uma eventual mudança de presidente pode impactar a atividade do País de forma positiva, neste ano e no próximo, dependendo de como seria feita, acredita o economista chefe do Santander Brasil, Mauricio Molon. Para Molon, se o País passar por essa transição e tiver um governo com apoio ainda maior, o resultado poderia ser positivo para o mercado e para a recuperação da economia.

Temer e líderes no Planalto
O presidente Michel Temer ao lado de seus principais ministros e líderes do PMDB Foto: André Dusek/Estadão
"Se de repente começarmos a criar um consenso, até o segundo semestre, de que tem um Executivo com capacidade, vontade e habilidade para fazer as reformas mais rápido do que se esperava, (a troca de presidente) teria impacto positivo", explicou o economista, durante o último dia do XVI Encontro Santander América Latina, evento organizado pelo banco. "

"Esse tipo de coisa (mudança presidencial) depende de como é feito, qual vai ser o apoio, a diretriz, a fórmula. Então, o que colocamos como mais provável é que seguirá havendo dificuldades para a aprovação de reformas", avaliou ele, durante o último dia do XVI Encontro Santander América Latina, evento organizado pelo banco.

Segundo o economista, o mercado e o Santander apostam em um candidato reformista para as eleições de 2018. Molon afirmou que o mercado precificou a permanência de Temer na Presidência, mas que uma mudança no comando do País não traria "grande instabilidade". "A instabilidade política no Brasil vai atrasar reformas, mas a trabalhista passa esse ano".

De acordo com Molon, a reforma da Previdência deve ficar para após as eleições de 2018. Ele disse que as perspectivas anteriores eram de quem as reformas avançariam de forma rápida, mas que as incertezas políticas pesaram contra.

"A reforma da Previdência é muito difícil e exige muito consenso. Acredito que o mercado precifica o mesmo que nós que, no momento, parece que não há ambiente político para aprovar a reforma da Previdência com rapidez", destacou Molon, que acredita que a reforma fique para depois das eleições de 2018.

O economista acredita que o mercado trabalha com um entendimento semelhante ao do Santander de que o ambiente político atual não permite um otimismo quanto à aprovação das reformas - apenas a trabalhista. Acrescentou que, por ora, o Santander segue mantendo suas projeções para o desempenho da economia brasileira, que deve crescer 0,7% neste ano e 3,0% em 2018.

Sobre o ambiente internacional, Molon disse que está melhor do que o previsto. Porém, há cautela e preocupação com o crescimento da China, que pode afetar commodities e também com o ciclo de normalização da política monetária nos Estados Unidos.
Herculano
07/07/2017 11:37
QUEM DIRIA. LULA E O PT JURARAM VARRER DA FACE DA TERRA O PFL, QUE VIROU O MINGUADO DEM.

AGORA, O DEM, MESMO MINGUADO, PODE SER PRESIDENTE DA REPÚBLICA DO BRASIL E COM APOIO VELADO DO PT, NO PLANO DE DERRUBAR MICHEL TEMER E O PMDB, ACUSADOS (E NA MESMA VALA E LAMA) DE TE-LOS TRAÍDOS (PT, LULA, DIRCEU, VACCARI, GENOINO...) NA ROUBALHEIRA ORGANIZADA E INSTITUCIONALIZADA DOS PESADOS IMPOSTOS DOS BRASILEIROS.
Herculano
07/07/2017 11:31
A CÂMARA ESTÁ DE PÉ OU DE QUATRO PARA JANOT E GLOBO? por Reinaldo Azevedo, na Rede TV

Tudo indica que Sérgio Zveiter (PMDB-RJ), relator da CCJ da denúncia oferecida por Rodrigo Janot contra o presidente Michel Temer, fará um relatório em favor da continuidade do processo. Caberá ao Congresso - no momento, à Câmara ?" ajoelhar-se diante do Grupo Globo e dos métodos totalitários de Rodrigo Janot e de sua trupe de aloprados ou resistir. Há, sim, muitos modos de fazer política. Mas só uma postura é digna: com a planta dos pés do chão e a coluna ereta. Será que defendo a permanência de Temer no cargo a qualquer custo? Responderei também a essa questão. Adiante.

Teria Zveiter se deixado convencer pelos argumentos do procurador-geral? Muito provavelmente, não, uma vez que o próprio chefe do MPF admite, na prática, tratar-se de uma ilação. Quando ele mesmo diz que evidenciar a ligação de Temer com os R$ 500 mil de Rodrigo Loures corresponderia a produzir a "prova diabólica" (impossível), que ele chama "satânica" para posar de engraçadinho, o que se tem é a admissão tácita de que está a pedir a cabeça do chefe do Executivo sem ter de demonstrar por quê.

Assim que Zveiter foi escolhido, saiu batendo no peito, arrotando independência. Perguntei aqui se seria independente também da Globo, com quem sua família tem ligações, digamos, históricas. Tudo indica que não. E, como é escancaradamente notório, o grupo quer a cabeça de Temer com batatas coradas. E foi além: não pretende apenas depor o presidente. Também já decidiu eleger seu sucessor: Rodrigo Maia (DEM-RJ), que comanda a Câmara, ele próprio investigado em dois inquéritos, com a possibilidade de um terceiro. O deputado vai decidir se será o Kerensky tupiniquim (escreverei um posto a respeito). Consta que não pertence à arquitetura golpista. Tomara que não! Na Argentina, no entanto, pronunciou palavras ambíguas demais para o meu gosto. Agradeceu, por exemplo, a defesa que Tasso Jereissati fez de seu nome para a Presidência indireta. A ver.

A Câmara tem a chance histórica de deixar claro ao Ministério Público e ao maior conglomerado de comunicação do país que não se aceitarão métodos que não estejam consagrados pela democracia. "Ah, e o impeachment de Dilma?" Apontem-me uma só ilegalidade naqueles procedimentos. Nos empregados por Janot contra Temer, há uma penca. Mais: observem que o boato sobre a pré-delação de Cunha é empregado para influenciar a votação. Tasso Jereissati, presidente interino do PSDB, o evoca como um argumento a mais contra o governo. O senador Cássio Cunha Lima (PSDB-PB), ele próprio um já cassado, dá o presidente por derrotado.

Essa gente toda está certa de que será beneficiária desse processo. E não será.

Quando alertei, há coisa de seis meses, que a Lava Jato, Janot em particular, e a direita xucra estavam recriando as condições de fortalecimento da esquerda, fui dado como louco, não é? Pois é. A realidade está aí, aos olhos de todos. A eventual queda de Temer significará a absolvição moral do PT, ainda que Lula seja, como é mesmo?, "preso amanhã". Nesse caso, aliás, o tiro poderá sair pela culatra. A prisão do "companheiro" na sequência de uma deposição do presidente compõe a receita ideal para criar um herói.

Temer a qualquer custo?
"Mas você defende a permanência de Temer a qualquer custo, Reinaldo?" É o tipo de pergunta que não se coloca. Nada, a não ser um valor absoluto, se impõe a qualquer custo. Não aceito meios ilícitos de investigação. Repudio que se proponha a queda de um presidente sem que haja provas. Rejeito a forma que as delações tomaram no Brasil. O MPF e setores da Justiça manipulam os instrumentos da delação premiada e até da condenação, tendo como referência não os marcos legais, mas seus objetivos estratégicos.

Querem um exemplo? Os critérios adotados por Sérgio Moro com outros acusados não explicam por que ele absolveu Cláudia Cruz, mulher de Eduardo Cunha. Mas e se Cunha, especulo eu, impôs a absolvição da mulher como precondição para fechar a sua delação premiada? Notaram? Estamos num terreno movediço em que tudo é possível.

Evidenciada a eventual culpa do presidente Michel Temer, dentro de um processo regular, que ele arque com as consequências, ora. A exemplo de qualquer um. O que me causa repulsa é que se recorram a instrumentos de exceção contra qualquer acusado ?" e isso sempre valeu também para os petistas, desde o começo, à diferença do que dizem os esquerdistas, como atesta arquivo do meu blog.

Concluo
Vamos ver se o Congresso - a Câmara em particular - ainda existe. Líderes da base aliada - realmente aliada - têm de se organizar e de promover a eventual substituição de membros da CCJ que estejam dispostos a flertar com as feitiçarias de Janot. É legítimo, regimental e legal. O que é ilegítimo, ilegal e inconstitucional é usar em juízo uma prova ilícita, por exemplo. O que é indecoroso e golpista é impor a um preso que delate o presidente em troca da liberdade. Ou ameaçar com a cadeia quem está libre se não atender a igual propósito.

Tomara que Rodrigo Maia tenha a clareza de que não é a cadeira presidencial que o aguarda em caso de queda de Temer. Ele apenas estará entrando na fila da guilhotina do terror global-janotista.

Quantos deputados ainda há com a coluna ereta?
Herculano
07/07/2017 11:28
QUEDA PRECIFICADA, por Lauro Jardim, em O Globo

De um experiente executivo do mercado financeiro:

- A queda do (Michel) Temer já está precificada pelo mercado. Se cair, não muda nada. Em suma, o (Rodrigo) Maia já foi absorvido.
Herculano
07/07/2017 11:20
"DENTRO DE 15 DIAS HAVERÁ UM NOVO PRESIDENTE"

Conteúdo de O Antagonista. O senador tucano Cássio Cunha Lima, noticia o Painel, disse a investidores que "o governo caiu" e "dentro de 15 dias o país terá um novo presidente".

Também afirmou que, com Michel Temer, as reformas não passarão e que, com Rodrigo Maia na presidência, haverá mais estabilidade.

O governo acabou, só falta ser saído; o PSDB desembarcou, só falta cair fora do navio.

Outra vantagem de Rodrigo Maia no Planalto: ele é do DEM, um partido que não tem a menor chance de fazer um presidente da República em 2018.

Maia não atrai amores nem ódios.

Se Rodrigo Maia mantiver a equipe econômica e conseguir fazer uma reforma mínima da Previdência, ele já terá sido um ótimo presidente.

Não é pedir muito.

Alguns tucanos acham Rodrigo Maia muito limitado para ocupar a Presidência.

Mais do que Dilma Rousseff?
Herculano
07/07/2017 11:16
Ao leitor Daniel

É realmente, nós, os eleitores e eleitoras do Vale do Itajaí somos trouxas, ou achamo-nos os melhores e escolhemos os piores, fracos e dissimulados ou espertos para a nossa representação.

A sua conta, feita por quem entende dela, impugna de pronto qualquer verborragia e contraditório marotos dos políticos que nos tratam como tolos, imbecis, trouxas mas de nós levam os nossos votos, esperanças, pesados impostos sem as devidas e obrigatórias contrapartidas.
Platão
07/07/2017 10:46
Bom dia, Colunista!

Dos 13 Vereadores, poucos se salvam. Uns ainda nem sabem o que vieram fazer, outros se arrependeram amargamente de terem sido eleitos e outros possuem ao menos boa vontade.
Mas a campeã sem dúvidas nenhuma é a Franciele Back. Ela acredita realmente que é Super Star. A mulher maravilha dos cinemas é fichinha perto de Franciele "A temida" Back. Aqueles vídeos que ela posta, só ela é a assessora dela acham bonito.
Sua ex-assessora, Talita Catie, deve agradeça por ter sido demitida por não concordar com várias ações feitas por Franciele, assim fica menos feio.
Daniel
07/07/2017 10:22
Estava lendo um pequeno cálculo desenvolvido pelo professor Nazareno Schmoeller (FURB) sobre a duplicação da BR 470.
Foi levantado que no médio vale, a arrecadação federal é de 10 bilhões por ano, mensal de 833 milhões e diária de 27,4 milhões. Isso mesmo! Repito. A arrecadação FEDERAL, considerando apenas o MÉDIO VALE, é de R$ 27,4 milhões POR DIA. Considerando que o custo total da BR 470 é de R$ 1,5 bilhão, podemos dizer que toda a obra é paga com 79 dias de arrecadação.
Isso prova, definitivamente, a "força" de "políticos" e "líderes" que nos representam.
Em 17 anos, 1.784 pessoas perderam a vida na BR 470.
Esses números casam muito bem com os títulos da coluna de hoje.
N?"S, OS ELEITORES TROUXAS.
Herculano
07/07/2017 08:46
MANCHETE DO JORNAL CRUZEIRO DO VALE DESTA SEXTA-FEIRA: "BLOCO DEMOCRÁTICO SE MANIFESTA CONTRA A REFORMA ADMINISTRATIVA"

Os leitores e leitoras desta coluna já sabiam há duas semanas de que a reforma administrativa marota de Kleber Edson Wan Dall, PMDB, e Luiz Carlos Spengler Filho, PP, articulada por Carlos Roberto Pereira, cria mais despesas e cargos para os seus.

Sabiam, que a reforma administrativa que o PMDB e PP querem fazer agora sobre a que Pedro Celso Zuchi fez há dois anos, só foi aprovada porque o PP de José Hilário Melato, assim permitiu. Junto estava o PSD que está no tal Bloco Democrático. Então...

Ao Bloco Democrático, sem voz, a não ser nesta coluna por ser um pleito justo com o dinheiro do contribuinte, e principalmente sem votos, não consegue fazer vento e nem verão, como no caso da andorinha. Uma pena.

A reforma apesar de ser danosa ao município, vai ser aprovada com o voto do PSDB e que diz não estar no governo. Acorda, Gaspar!
Herculano
07/07/2017 08:34
NÃO TEM TU, VAI TU, MAIA, por Vinicius Torres Freire, no jornal Folha de S. Paulo.

RODRIGO MAIA ainda não é um candidato emergente à Presidência, dizem parlamentares próximos do presidente da Câmara. Michel Temer é que submerge, na verdade afunda.

Maia "joga parado", dizem esses deputados e um senador. Espera um fato consumado, quase uma aclamação, sem se comprometer. Porém, esses parlamentares não sabem dizer como será possível juntar 342 deputados para dizer "Fora, Temer" e afastá-lo do cargo.

Parlamentares outros dizem que a associação com Temer é contagiante feito a peste. Alguns dizem ter pesquisas sobre o efeito eleitoral da aliança com o presidente, que seria devastador, em especial no Nordeste. Note-se que é lá que Lula é mais popular; é a região que ainda mais sofre, de longe, com a recessão.

Não é apenas em Brasília ou na política em geral que Maia se tornou uma hipótese de poder, por exclusão.

Havia um consenso entre donos do dinheiro grosso a respeito da deposição de Temer: melhor não fazer marola. Trocar Temer por Maia seria seis por meia dúzia, com o inconveniente do tumulto. Inventar eleições antecipadas seria pior ainda.

O problema de Temer é que ele se tornou mais do que motivo de marola, mas de ressaca, de mar revolto contínuo. Ouve-se ali e aqui que talvez seja melhor acabar logo com essa agonia. Temer estaria paralisado para se dedicar a sua defesa, bidu. Vai ficar ainda mais acuado quando vierem novas denúncias da Procuradoria-Geral ou quando começar a vazar a delação pesada de Eduardo Cunha.

O estado moribundo de Temer não é, porém, opinião que tenha se espraiado, até porque muita gente na elite econômica não entende o que se passa em Brasília, porque a situação de Temer muda a cada dia e, desde a semana passada, para pior.

Trata-se aqui de representantes de parte dessa elite mais vocal, nas internas ou em público, que se ocupa um pouco mais de política ou, mais frequente, que deixa vazar suas impressões e humores para o universo político, para o PSDB em particular, embora se façam escutar também no DEM e no PMDB.

É gente pesada das finanças, de empresários com afinidades tucanas e com a Rede (sic) e mesmo de associações da indústria, várias ligadas ao PMDB, algumas das quais davam um raro apoio público a Temer ainda na semana passada.

João Doria, tucano prefeito de São Paulo, começou a estudar com será o desembarque. Considerados os seus modos em geral discretos e suaves, o senador Tasso Jereissati, presidente interino do PSDB, grita pelo desembarque, pede o apoio do PMDB e sugere um pacto geral, que inclua oposicionistas, para fazer uma transição.

Tasso deu, enfim, o primeiro passo que muitos parlamentares esperavam, escondidos na esprei- ta, pois temiam ficar na chuva, se queimarem sozinhos, diz gente do Congresso.

Empresários preocupados seriamente com reformas não acreditam que a troca de regente da coalizão reformista possa salvar grande coisa da mudança na Previdência. Mas levantam a hipótese de que Maia no lugar de Temer pode ao menos estabilizar o ambiente político, evitar que um tumulto que dure meses possa continuar a abater demais a confiança de consumidores e provocar uma recaída. Quanto à confiança deles mesmos, dizem que o investimento mínimo projetado vai sofrer.
Herculano
07/07/2017 08:28
JOESLEY OMITIU EM DELAÇÃO NEGóCIO BILIONÁRIO COM AS BENÇÃOS DE PALOCCI

Conteúdo do jornal O Estado de S. Paulo. Texto de Julia Affonso, Luiz Vassallo e Valmar Hupsel Filho, da sucursal de Brasília. A delação premiada do empresário Joesley Batista, pivô da crise que abala o governo Michel Temer, pode ser questionada pela Procuradoria-Geral da República porque o acionista da JBS teria omitido negócio bilionário do grupo realizado sob as bênçãos do ex-ministro Antônio Palocci (Fazenda e Casa Civil/Governos Lula e Dilma).

Segundo revelou o site O Antagonista, Joesley firmou contrato com Palocci, com cláusula de êxito, depois que a JBS adquiriu a empresa americana Pilgrim's, Pride Corporation com aporte bilionário do BNDES. A informação foi confirmada pelo Estado.

A JBS repassou R$ 2,1 milhões à empresa Projeto Consultoria Empresarial e Financeira, de Palocci, entre dezembro de 2008 e junho de 2010.

O empresário que gravou a conversa com Temer no Palácio do Jaburu na noite de 7 de março afirmou à Procuradoria-Geral da República - já no curso da colaboração - que Palocci não facilitou nenhuma transação da JBS no BNDES.

Na época em que firmou contrato com a empresa de Palocci, a JBS comprou a Pilgrim's por US$ 2,8 bilhões, dos quais US$ 2 bilhões saíram dos cofres do BNDES. Palocci exercia mandato de deputado federal pelo PT e detinha forte influência no governo - havia sido ministro da Fazenda de Lula e, depois, ministro-chefe da Casa Civil de Dilma.

O contrato de consultoria previa o pagamento de comissão de êxito no valor equivalente a 0,10% do negócio, até o limite de R$ 2 milhões. Estava previsto adiantamento de honorários de R$ 500 mil.

No dia 21 de junho, Joesley depôs na Polícia Federal em Brasília e teve que explicar os motivos de ter contratado a Projeto Consultoria, a empresa de Palocci.

Como revelou a reportagem do Estado, no depoimento Joesley afirmou que ele e o petista eram 'amigos íntimos'. O empresário declarou que 'não tem qualquer interesse em proteger (Palocci)'.

"Esclarece que eram amigos íntimos, de frequentarem a casa um do outro, com próximo relacionamento familiar, inclusive de suas esposas se conhecerem; que, entretanto, o depoente esclarece que não tem qualquer interesse em protegê-lo", afirmou o empresário.

Segundo Joesley, a Projeto foi contratada 'para consultoria de macroeconomia e política do Brasil no valor mensal de RS 30mil a RS 50 mil'.

"Perguntado sobre o valor do contrato, o depoente não se recorda ao certo, mas acredita que tenha sido no valor de R$ 2 milhões; que o depoente não tem conhecimento de o contrato ter sido assinado em nome da esposa de Palocci", afirmou.

A PF questionou o empresário se ele 'já não tinha conhecimento suficiente a respeito de relacionamentos políticos e partidários em 2009'.

"Respondeu que não tinha a menor ideia das alianças e rivalidades entre políticos; que essas consultorias eram realizadas na sede da JBS durante almoços", declarou. "O depoente afirma não saber que Palocci era deputado federal à época da assinatura do contrato; que perguntado se não acha estranho que Palocci tenha sido contratado para lhe dar aulas de política e que ao mesmo tempo desconheça o fato de que exercia o mandato de deputado à época, o depoente informa que, de fato, não sabia."

Joesley afirmou que o ex-ministro foi contratado também 'para realizar uma extensa pesquisa de mercado da macroeconomia americano'.

A delegada Danielle de Meneses Oliveira Mady confrontou Joesley. Segundo a delegada, em 2009, a empresa americana Pilgrims Pride Corporation foi a última aquisição do Grupo 'e que portanto não haveria razão a justificar um amplo estudo'.

Em setembro daquele ano, JBS Friboi informou ao mercado que havia comprado, por US$ 2,8 bilhões, a Pilgrims Pride Corporation, por meio de sua subsidiária JBS USA Holdings, Inc. A companhia americana era uma das maiores empresas de carne de frango dos Estados Unidos.

Joesley declarou à PF 'que os mercados de frango e came são completamente distintos'.

COM A PALAVRA, O ADVOGADO ALESSANDRO SILVÉRIO, QUE DEFENDE ANTONIO PALOCCI
"Certamente a importância paga e relatada se deve a atividade profissional de consultoria desenvolvida pelo ex-ministro em benefício da empresa capitaneada pelo senhor Joesley Batista. Nesse particular, não há nada de ilícito ou de ilegal em tal contratação."
Herculano
07/07/2017 08:21
FALTOU EXPLICAR

O deputado Aldo Schneider, PMDB, em campanha de reeleição e o seu cabo eleitoral em Gaspar, o vereador Ciro André Quintino, PMDB, tiveram um belo gesto.

Segundo o texto do portal Cruzeiro do Vale, eles se associaram, meteram a mão nos seus próprios bolsos e compraram um Meriva 2004 de segunda mão para a Conferência Vicentina.

Foi isso mesmo? Então quanto custou o Meriva. Quanto cada um contribuiu e qual foi a parte que coube a Conferência Vicentina. Como se vê, a transparência dos políticos continua um problema sem solução, já a propaganda... Acorda, Gaspar!
Herculano
07/07/2017 07:43
da série: a cara de pau do PT e da esquerda do atraso que discursa para analfabetos, ignorantes, desinformados e militância fanática. Quando ministro da Fazenda da ex-presidente Dilma Vana Rousseff, quebrou o Brasil e criou 14 milhões de desempregos, quando militante da cúpula econômica, não foi capaz de realizar o que cobra dos outros quando fora do governo.

SILÊNCIO DO GOVERNO SOBRE COBRAR DE QUEM PODE PAGAR MAIS É REVELADOR, por Nelson Barbosa, economista, no jornal Folha de S. Paulo

Em maio de 2016, dois dias antes do afastamento da presidente Dilma Rousseff, o Ministério da Fazenda publicou o primeiro Relatório Anual de Distribuição de Renda e Riqueza no Brasil.

O objetivo da iniciativa era apresentar dados sobre nossa desigualdade com base nas informações do Imposto de Renda da Pessoa Física (IRPF).

De acordo com a portaria MF 165/16, a Receita Federal deveria divulgar anualmente os dados do IRPF por cada grupo de 1% dos contribuintes (centil).

A mesma portaria determinou que o 1% mais rico deveria ser desagregado por milésimos do total de declarações, para viabilizar uma análise mais detalhada do "andar de cima".

Em março deste ano, sem alarde ou divulgação, o fisco atualizou os dados de 2014 e 2015 em sua página da internet. Os números indicam que, em 2015, os 10% mais ricos da população concentraram 47,4% do total da renda pessoal, isto é, da renda tributável pelo IRPF acrescida de dividendos e rendimentos sujeitos à tributação exclusiva.

A concentração foi ainda maior na riqueza, pois os 10% mais ricos tinham em mãos 56,3% do total de bens e direitos líquidos declarados ao governo em 2015.

No alto da pirâmide dos contribuintes, o 1% mais rico ?"273 mil declarações ou famílias?" concentra 19,4% da renda e 31,1% da riqueza em 2015. A média da renda tributável desse grupo foi de R$ 1,5 milhão em um ano.

E, no topo da pirâmide, o 0,1% mais rico ?"apenas 27,3 mil famílias?" recebeu 9,2% da renda e deteve 16,2% da riqueza declarada no IRPF de 2015. A renda média tributável desses hiper-ricos foi de R$ 7,1 milhões por ano.

O funcionamento do capitalismo gera e requer algum grau de desigualdade. Porém, quando a desigualdade é excessiva, ela acaba por prejudicar o próprio funcionamento da economia e da sociedade, como indicam estudos recentes do Prêmio Nobel de Economia Joseph Stiglitz e até mesmo do FMI (Fundo Monetário Internacional).

Diante da elevada desigualdade da renda e da riqueza no Brasil, aumentar a progressividade de nossos tributos diretos pode ajudar o reequilíbrio fiscal e estimular o crescimento da economia.

Já há várias iniciativas nesse sentido no Congresso Nacional, desde projetos inviáveis, de criar um imposto sobre grandes fortunas, até propostas mais razoáveis, sobre um imposto sobre grandes heranças (definidas como valores acima de R$ 5 milhões).

E existem outras alternativas além de tributar heranças. Os dados do IRPF indicam que as famílias brasileiras receberam R$ 322 bilhões em lucros e dividendos e R$ 251 bilhões em rendimentos sujeitos à tributação exclusiva em 2015.

Uma tributação adicional de apenas dois pontos percentuais sobre essas fontes de renda poderia, portanto, gerar um ganho permanente de arrecadação de R$ 11,4 bilhões a preços de 2015.

Para efeito de comparação, esse valor é quase igual ao que o governo espera arrecadar temporariamente com mais um antecipação de receita neste ano, R$ 13 bilhões do novo Refis.

O silêncio da equipe econômica sobre a aritmética da tributação sobre renda e riqueza é revelador de quem ela representa. O reequilíbrio fiscal requer um ajuste da despesa e da receita do governo. Ao focar somente a despesa, o governo abandonou a alternativa de melhorar suas contas cobrando imposto de quem pode e deve pagar mais.
Herculano
07/07/2017 07:38
MAIA DISSE A TASSO QUE MANTERÁ EQUIPE ECONôMICA SE ASSUMIR VAGA DE TEMER, por Josias de Souza

O deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ), presidente da Câmara, conversou com o senador Tasso Jereissati (CE), comandante interino do PSDB. Foi um diálogo franco. Falaram sobre a hipótese de afastamento do presidente da República. Tasso queria saber o que Maia faria se o trono lhe caísse no colo. E o substituto constitucional de Michel Temer esboçou alguns compromissos. Entre eles o de manter a equipe econômica, retomar a reforma da Previdência e higienizar o gabinete ministerial. Chegou mesmo a dizer que não hesitaria em deslocar do Planalto o seu sogro, Moreira Franco, hoje ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência.

Depois desse encontro, Tasso e outros tucanos, que não suportavam a ideia de ter que chamar Rodrigo Maia de presidente da República, passaram a tratá-lo como um mal menor diante do caos ?"ou de Temer, que avaliam ser a mesma coisa. A cúpula do DEM assegura que não há uma conspiração contra Temer. Não precisa. Quando um presidente escapa ao controle e consome a si mesmo, o primeiro nome da linha sucessória cresce como cipreste à beira do túmulo. Maia não precisou tramar contra Temer. Pelo contrário, mantém um comportamento discreto.

Temer sabe como essas coisas funcionam. Ele era um vice-presidente "decorativo" quando o derretimento de Dilma Rousseff o levou a afirmar que ''ninguém vai resistir três anos e meio com esse índice baixo'' de 7% de aprovação. Ou que o país precisa de alguém que ''tenha a capacidade de reunificar a todos''. Não imaginou que um ano depois, acomodado na poltrona de presidente, entraria num processo de autocombustão capaz de transformar Rodrigo Maia numa opção para o pós-Temer.

Na noite de quarta-feira, às vésperas de voar para a reunião do G-20, na Alemanha, Temer reuniu seus ministros para cobrar lealdade e empenho na obtenção de votos para derrubar na Câmara a denúncia que o acusa de corrupção. Entre os ministros que ouviram o apelo estava, por exemplo, Fernando Bezerra Filho (Minas e Energia). Horas antes, seu pai, o senador homônimo Fernando Bezerra (PSB-PE), conversava sobre o esfarelamento de Temer com o colega Agripino Maia, presidente do DEM, partido do ministro Mendonça Filho (Educação), outro auxiliar a quem Temer dirigiu seus apelos.

A conversa entre Bezerra e Agripino envolveu também os senadores tucanos Tasso Jereissati e Cássio Cunha Lima, correligionários de mais três ministros submetidos às cobranças de Temer: Antonio Imbassahy (Secretaria de Governo), Aloysio Nunes (Relações Exteriores) e Bruno Araújo (Cidades). Os auxiliares do presidente gostariam de ajudá-lo. O tucano Aloysio chegou a veicular um vídeo defendendo Temer. Mas a Esplanada dos Ministérios não controla o Legislativo. Pior: Temer não segura nem as rédeas do seu PMDB.

Pemedebista como Temer, o presidente da Comissão de Constituição e Justiça da Câmara, Rodrigo Pacheco (MG), jacta-se de sua "independência". Atravessou no caminho do presidente um relator duro de roer para a denúncia que lhe pesa sobre os ombros: Sergio Zveiter (RJ), outro peemedegista que tem orgulho de ser "independente."

O Planalto receia ser surpreendido por um relatório de Zveiter a favor da concessão de licença para que o Supremo Tribunal Federal transforme Temer em réu, afastando-o da Presidência por pelo menos 180 dias. ''Se o relator, que é do PMDB, der um voto para afastar o Temer, cai uma pilastra. Aí não tem jeito. Quer coisa mais significativa que isto?'', perguntou o tucano Tasso nesta quinta-feira.

As coisas poderiam estar melhores para Temer. Mas o presidente escolheu o seu próprio caminho para o inferno ao receber no escurinho do Jaburu o delator Joesley Batista, da JBS. Já estava cercado de amigos e auxiliares presos e investigados. E tornou-se o primeiro presidente da história a ser denunciado por corrupção no exercício do cargo. Para complicar, desligou-se da realidade. Diz que a denúncia da Procuradoria é "ficção" e que tudo vai acabar bem porque ''temos um projeto'' e a "crise econômica no Brasil não existe".

Um governo em que o presidente fabrica a partir do nada uma encrenca que pode lhe custar o mandato não precisa de adversários. Sobretudo quando aliados como Eduardo Cunha e operadores como Lúcio Funaro frequentam a cadeia como delações esperando para acontecer. "A crise caminha com suas próprias pernas", disse ao blog um dirigente do DEM, para realçar que Rodrigo Maia "não procurou ninguém, foi procurado."

Diante do assédio, acrescentou o apologista de Maia, ''ele não pode continuar como uma esfinge. Precisa falar sobre o futuro, sob pena de se descredenciar como condutor da transição."

Temer apresentara-se ao país como presidente da salvação nacional. Cercou-se de ministros e aliados mais interessados em salvar a si mesmos. Imune de investigações por crimes praticados antes do mandato de presidente, cuidou de oferecer à Procuradoria crimes novinhos em folha. É como se Temer empurrasse a poltrona de presidente na direção dos glúteos Rodrigo Maia ?"um personagem que seria internado como um louco se dissesse há um ano que estava na bica de assumir a Planalto como representante do DEM, numa vaga do PMDB, com o apoio do PSDB. Temer está prestes a conseguir o impossível.
Herculano
07/07/2017 07:33
CUNHA PõE, CUNHA TIRA?, por Bernardo Mello Franco, no jornal Folha de S. Paulo

"Alguém tem dúvida que se não fosse minha atuação, [não] teria processo de impeachment?". A pergunta foi feita por Eduardo Cunha na sessão em que a Câmara cassaria seu mandato. A resposta era óbvia. Sem a ajuda do correntista suíço, Michel Temer nunca teria chegado à Presidência da República.

Cunha acionou a máquina que instalou o "vice decorativo" no comando do país. Pouco mais de um ano depois, ele pode virar peça-chave em outra derrubada de presidente. Preso em Curitiba, o ex-presidente da Câmara negocia um acordo de delação.

A promessa, informou a colunista Mônica Bergamo, é detonar os velhos parceiros do PMDB da Câmara. No centro da mira, está o presidente Temer. Ao lado dele, os ministros Eliseu Padilha e Moreira Franco.

O correntista suíço está na cadeia há quase nove meses. Ele já se queixava de abandono, mas resistia a entregar os comparsas. Começou a mudar de ideia em março, ao receber a primeira condenação. Pegou 15 anos pelos crimes de corrupção, lavagem de dinheiro e evasão de divisas.

Sem um habeas corpus do Supremo, a paciência do ex-deputado foi acabando. O copo transbordou com a notícia de que o doleiro Lúcio Funaro decidiu falar. Cunha percebeu que o bonde da delação estava passando e agora corre para garantir seu lugar.

Apesar da negativa do advogado presidencial, o governo entrou na UTI com a prisão de Geddel Vieira Lima. Uma delação do correntista suíço equivaleria a desligar os aparelhos e encomendar a alma do paciente.

No século passado, Carlos Lacerda (1914-77) ganhou a alcunha de "derrubador de presidentes". Cunha se candidata a herdar o título, mesmo sem as qualidades do udenista.

A negociação deve fermentar o debate sobre as delações. Um personagem com a folha corrida do ex-deputado, envolvido em escândalos desde o governo Collor, merece ter a pena reduzida em troca de informações à Justiça? Se a lógica for chegar ao topo da quadrilha, é possível que sim
Herculano
07/07/2017 07:29
ASSIM A GUERRA FISCAL CONTINUA, editorial do jornal Folha de S. Paulo

Durante décadas, governos estaduais ofereceram incentivos e até isenções para atrair investimentos

Extinguir a guerra fiscal, uma das maiores aberrações do sistema tributário brasileiro, tem sido um dos objetivos citados em todas as propostas de reforma discutidas no último quarto de século. Durante décadas, governos estaduais ofereceram incentivos e até isenções para atrair investimentos, promover a industrialização e dinamizar as economias locais. Senadores deverão votar na próxima semana um projeto destinado, formalmente, a eliminar dentro de alguns anos esse estado de insegurança geral. O procedimento envolverá, como passo inicial, a convalidação dos incentivos ilegais concedidos pelos poderes estaduais.

Regularizada a situação, começará a contagem do tempo para o armistício fiscal. Mas o projeto poderá produzir um resultado oposto ao prometido, abrindo espaço, de fato, para a prorrogação dos incentivos, então legalizados, e para a perpetuação das condições de guerra. No quadro previsível, as possibilidades formais de controle das políticas estaduais serão muito menores que as de hoje.

A concessão unilateral de estímulos com base no principal tributo recolhido pelos Estados é claramente ilegal desde janeiro de 1975, quando foi promulgada a Lei Complementar n.º 24. A partir desse momento, a concessão de incentivos dependeria de aprovação unânime pelos membros do Conselho Nacional de Política Fazendária (Confaz), composto de representantes de todos os Estados e do Distrito Federal, mas esse princípio foi violado muitas vezes.

Governos estaduais alegaram a preocupação com o desenvolvimento econômico e social para justificar suas políticas. Houve protestos e até recursos à Justiça, mas com pouco ou nenhum efeito. Os processos foram muito demorados. Além disso, governos poderiam, se forçados a cancelar um incentivo, substituí-lo por algo pouco diferente e igualmente ilegal. A guerra facilitou a instalação de polos industriais importantes em alguns Estados e foi mais eficiente, sob alguns aspectos, que as políticas nacionais de desenvolvimento regional. Mas, quando a guerra se generalizou, a concessão de benefícios praticamente se converteu em leilão de ofertas e os custos cresceram para todos os Estados.

Na terça-feira passada foi aprovado na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado o relatório do senador Ricardo Ferraço (PSDB-ES) sobre o projeto de regularização dos benefícios fiscais baseados no Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS). Nascido no Senado em 2014, o Projeto de Lei Complementar n.º 130 havia sido aprovado com mudanças na Câmara dos Deputados. Por isso voltou à origem para reexame. O relator propôs alterações de alguns pontos, mas conservou o essencial do texto recebido da outra Casa.

Dois detalhes, entre outros, evidenciam os perigos do projeto. A ideia de uma redução gradual dos incentivos, até a extinção completa, foi abandonada. Os benefícios fiscais serão integralmente mantidos até o fim do prazo de 15 anos. Não haverá, portanto, estímulo para a adaptação progressiva aos novos encargos tributários. Antes de esgotado o tempo haverá, muito provavelmente, fortes pressões por uma renovação dos incentivos. Os governos estaduais mais interessados nesse lance disporão, com certeza, de apoio considerável no Congresso.

Outro ponto importante é a eliminação da unanimidade nas decisões do Confaz a respeito de incentivos. Ficará mais fácil a articulação de governos interessados em distorcer o sistema tributário.

Mas há um defeito de origem no projeto. Propostas parciais de mudança tributária dificilmente produzirão efeitos seguros e duradouros. Já houve grande número de remendos, com resultados sempre ruins tanto para as finanças públicas como para a economia. O caminho mais aconselhável, embora mais trabalhoso, é tentar uma reforma ampla, voltada para a criação de um sistema adequado a uma economia diversificada, aberta, empenhada na integração global e forçada, portanto, a buscar produtividade e poder de competição. Soluções parciais são compromissos com o passado. O Brasil precisa entrar no século 21.
Herculano
07/07/2017 07:25
JANOT VOMITA UM PRIMADO DO TOTALITARISMO EM ENTREVISTA, por Reinaldo Azevedo, no jornal Folha de S. Paulo

Título chocante? Estaria aí apenas para "causar"? Não! É que eu o alinho com a sofisticação teórica exibida por Rodrigo Janot no programa "Roberto D'Ávila Entrevista", que foi ao ar na noite de quarta, pela GloboNews. Ou setembro chega logo, ou o procurador-geral da República ainda acaba pedindo a própria prisão preventiva. Não que fosse má ideia trancá-lo na Casa Verde de Itaguaí.

Noto de saída: que bom que as circunstâncias sorriram para Janot, e ele não conseguiu viabilizar sua terceira jornada à frente da Procuradoria-Geral da República! Bem que tentou. Mas não teria apoio nem de seus pares. A ser como revelou na tal entrevista, o homem foi desenvolvendo, com o tempo, um estômago fraco. Afirmou, por exemplo, ter ficado "chocado e com náusea" ao ouvir a conversa entre Joesley Batista e Michel Temer. É mesmo? Generoso que sou, cheguei a pensar naquele estado de torpor da personagem de Sartre de "A Náusea".

Janot vem das montanhas de Minas, como Cláudio Manuel da Costa. Ao saber de seu mal-estar, vieram-me a cabeça, de pronto, versos do poeta: "[Oh!, quem cuidara] Que entre penhas tão duras se criara/ Uma alma terna, um peito sem dureza!" Nota a margem: esse é o poema que citei ao telefone naquela conversa com Andrea Neves, vazada por algum criminoso do MPF ou da PF. Pela primeira vez na história da democracia, um jornalista foi convidado a se explicar sobre ter citado um poema ao telefone. Se Janot quiser, é só me ligar que declamo para ele.

Eu me enganei! Que Sartre que nada! Que Cláudio Manuel da Costa o quê! Janot revelou estar mais para um Bukowski! O homem disse ter ficado tão chocado com as acusações envolvendo o procurador Ângelo Goulart que chegou a vomitar quatro vezes no curso da ação! Eta diacho! Então ficamos assim: o nosso procurador tem náusea cívica com presidentes e vômito corporativo com procuradores.

Antes que Janot conclua que está desenvolvendo alguma intolerância à profissão, eu lhe recomendo uma abordagem mais objetiva: verificar a qualidade e a quantidade do que anda ingerindo. Desde que li o livro "Angústia", do grande Graciliano Ramos, ainda pivete, aprendi que essa coisa de a gente se sentir algo sufocado pode ser apenas o nó muito apertado da gravata. Excesso de sensibilidade, às vezes, é só falta de objetividade. Ou de provas.

Podem achar, a esta altura, que abuso "da pena da galhofa e da tinta da melancolia". O que dizer, no entanto, de um procurador-geral da República que vomita a seguinte frase numa entrevista, sem contestação: "Muita gente pergunta até onde o MP vai. Não devem perguntar até onde a gente vai, mas até onde essas pessoas foram."? O que isso quer dizer? Eu traduzo: os indivíduos têm - e acho que devem ter - limites. Mas jamais se pergunte ao agente repressor do Estado quais são as suas balizas. Nessa formulação, todos são culpados até prova em contrário.

Esquece o vomitador-geral da República (ele nos colocou em seu banheiro, é bom lembrar) que ao agente público cumpre fazer apenas o que a lei específica. Nós, os cidadãos, é que podemos praticar tudo o que ela não proíbe.

Querem saber? Eu não esperava coisa muito diferente. Ao pedir a instauração de investigação contra o presidente, o diligente Janot observou ao não menos diligente Edson Fachin: "A peculiaridade do caso (...) não traz (...) fatos criminosos pretéritos à negociação do acordo [de delação] em foco". Vocês entenderam? Não havia evidências de crime anteriores à delação. Então se celebrou o tal acordo, e aí foi preciso fabricar os crimes que o justificassem. Com a devida colaboração dos patriotas da J&F, que aproveitaram para confessar outros 245!!! Antonio Cláudio Mariz de Oliveira chamou a prática de "Direito Penal do Porvir".

E pensam que Janot sentiu enjoo? Nadica! Suponho, para encerrar, que o sensível procurador é muito grato a Joesley por jamais ter gravado uma conversa com Lula. Ou faltaria procurador-geral para tanto vômito.
Herculano
07/07/2017 07:18
RODRIGO MAIA SINALIZA AFASTAMENTO DE TEMER, por Cláudio Humberto, na coluna que publicou hoje nos jornais brasileiros.

O presidente da Câmara, Rodrigo Maia, ainda não conspira contra Michel Temer, mas aquele aliado incondicional de todas as horas já cedeu lugar a um torcedor contra o presidente. Sua decisão de voto ao microfone, como pediu a oposição, sobre o recebimento da denúncia de Rodrigo Janot, foi interpretada como sinal do desembarque de Maia. "Só falta marcar a sessão para um domingo...", ironizou um ministro.

PRINCIPAL BENEFICIADO
Se Temer cair, Rodrigo Maia será presidente no mínimo por 30 dias. Com Temer destituído, poderá ser eleito pela via indireta.

TOQUE DE DESPRESTÍGIO
A visita de Rodrigo Maia à ministra Cármen Lúcia (STF) foi interpretada também como um toque de desprestígio do presidente da República.

VOTO ABERTO, ATO HOSTIL
Um aliado faria votação eletrônica, na denúncia, mas Maia optou pela solução à Eduardo Cunha, que complicou Dilma no impeachment.

TRAIR E COÇAR...
...é só começar: eleito presidente da Câmara pelo baixo clero, Maia será o fiel da balança na decisão sobre a sorte de Michel Temer.

TORQUATO E LIMITE DE GASTOS GERAM 'PROTESTOS' NA PF
O movimento da Polícia Federal de encerrar a força-tarefa da Lava Jato em Curitiba foi recebido em Brasília junto com a explicação inverossímil da suspensão da emissão de passaportes e, agora, anúncio da Polícia Rodoviária Federal de suspender alguns serviços. As iniciativas, todas no âmbito do Ministério da Justiça, são vistas como manifestação de descontentamento com o atual ministro Torquato Jardim, que tem sido leal a Michel Temer e à sua determinação de limitar os gastos públicos.

FALÊNCIA MÚLTIPLA
A paralisação de serviços na PF e na PRF vão inspirar ações semelhantes de categorias, sobretudo as lideradas pela CUT, do PT.

OPERAÇÃO PADRÃO
A paralisação parcial de serviços públicos federais podem ser uma maneira de fazer greve sem a declarar, como "operação padrão".

FALATóRIO DE VOLTA
A suspensão de serviços na PF fez ressurgir em Brasília o falatório sobre a eventual substituição do diretor-geral Leandro Daiello.

TUDO POR DINHEIRO
Distribuidoras brasileiras como Coopersucar e outras nem tanto (Raízen, da americana Shell) já importaram dos Estados Unidos em 2017 mais de 1 milhão e 169 mil metros cúbicos de álcool podre, à base de milho, altamente poluente, para substituir o álcool brasileiro.

GOVERNO TEM PRESSA
O governo faz contas para avaliar o número de deputados "fiéis" na Câmara para poder abrir sessão extraordinária nesta 6ª, para correr o prazo da ação contra Temer. São necessários 51, e o governo tem 54.

ERROU DE BLOCO
O recurso contra a decisão de arquivar a ação contra Aécio Neves no Conselho de Ética teve só 4 votos favoráveis. Acir Gurgacz (PDT-RO), metade do bloco PT-PDT no Conselho, foi a favor do arquivamento.

O LADO DE CIMA DO MURO
Eduardo Amorim (PSDB-SE) votou contra a reforma trabalhista na Comissão de Assuntos Sociais, apesar de integrar a base de apoio do governo. Mas ontem votou por arquivar o processo contra Aécio Neves.

A DERROTA É óRFÃ
O Itamaraty não quer "fulanizar" a saia justa na Noruega, que recebeu mal o presidente do Brasil. O embaixador brasileiro George Prata foi criticado por colegas por não se esforçar o suficiente para o êxito da visita, mas promoveu em Oslo um encontro empresarial de sucesso.

DISTANCIAMENTO
Aliados de Temer se irritaram com a decisão do presidente da Câmara, Rodrigo Maia, após pedido do PSOL, de validar o registro de presença de deputados e abrir o painel a partir das 9h. Tipicamente era 7h30.

LAVA JATO EVOLUIU
A PF explicou o fim do grupo de trabalho da Lava Jato, em Curitiba: já que cada delegado era responsável por mais de 20 inquéritos cada, o grupo da Carne Fraca foi incorporado à Lava Jato e agora formam a nova "Delegacia de combate à corrupção e desvio de verbas públicas".

BRASIL PERDE TEMPO
A organização, qualidade dos serviços, investimentos em educação e o crescimento de Cingapura, país fundado há 57 anos, maravilham quem o visita e faz perceber, como disse de lá o advogado Luiz Piauhylino Filho, que o Brasil apenas perde tempo com suas carnificinas políticas.

PENSANDO BEM...
... após Eike, Sérgio Cabral, Rocha Loures e Geddel, já tem enrolado na Lava Jato com medo não só da cadeia, mas de perder a cabeleira
Herculano
07/07/2017 07:06
EXCLUSÃO, DESESPERANÇA E BODES EXPIATóRIOS,´por Claudia Costin, professora visitante de Harvard. Foi diretora de Educação do Banco Mundial, secretária de Educação do Rio e ministra da Administração, para o jornal Folha de S. Paulo.

Li com surpresa e atenção "Hillbilly Elegy", primeira obra de J. D. Vance. Foi-me recomendado por um amigo que cursa o doutoramento em Harvard, quando falamos dos eleitores do presidente americano.

A obra, de fato, traz elementos que nos permitem entender a cultura dos trabalhadores (e desempregados) brancos de Estados que tiveram importante papel na eleição de Trump.

O autor escreve com conhecimento de causa, ele mesmo nascido numa família que partira de um Kentucky sem oferta de trabalho para se instalar em Ohio, em busca de um futuro melhor.

Mas, com a migração, os avós de Vance trouxeram com eles seus valores, muito centrados em desconfiança de estranhos, resolução direta (e violenta) de conflitos e desconfiança de políticos ou de meios legais de arbitragem. E é nesse ambiente que o autor cresceu, enfrentando um séquito de padrastos e a adição da mãe, até que foi resgatado pela avó, que assumiu sua criação.

A maior parte de seus amigos não concluiu o ensino médio e passou o tempo entre empregos temporários mal pagos e instáveis. Ele, por contra, teve a oportunidade de cursar direito em Yale.

O que mais chama a atenção no livro é o que o psicólogo da Universidade de Pensilvânia Martin Seligman chama de desesperança aprendida: um estado mental em que, dadas as frequentes exposições a adversidades, o indivíduo não consegue mais evitá-las e chega até a inconscientemente procurá-las.

Essa desesperança vem de várias fontes, no caso das histórias narradas no livro, entre elas o desemprego que resulta da automação ou do fechamento de empresas, mas também da exclusão, numa sociedade em que o valor de um indivíduo se relaciona aos bens que ele pode adquirir.

Sem dúvida a desigualdade e a exclusão têm importante papel na construção de sentimentos que afundam ainda mais as atuais vítimas da sociedade, num ciclo em que saídas para a situação são não apenas muito difíceis mas acabam sendo também evitadas, numa certa autoproteção contra sofrimentos previsíveis. E é nesse contexto que bodes expiatórios são buscados: o problema são os imigrantes, os políticos, os judeus ou os muçulmanos.

As soluções apresentadas? Políticos que se dizem não políticos, movimentos de resgate da honra nacional ou guerras que possam nos unir contra inimigos externos. A história é rica de episódios que tentaram mobilizar o ressentimento de excluídos para o alvo errado, sempre com resultados desastrosos para todos.

Nesse contexto, a saída real é uma educação de qualidade, que crie oportunidades para todos e nos ensine a não cometer os mesmos erros do passado.
Herculano
06/07/2017 18:14
JUSTIÇA PROÍBE MULHER DE PAGAR MENOS DO QUE HOMEM NA BALADA. SERÁ QUE PROIBIRÁ TAMBÉM QUE ELAS SE APOSENTEM MAIS CEDO? por Adolfo Sachsida, doutor em Economia (UnB) e Pós-Doutor (University of Alabama) orientado pelo Prof. Walter Enders. Lecionou economia na University of Texas - Pan American e foi consultor short-term do Banco Mundial para Angola. Atualmente é pesquisador do IPEA.

"Uma decisão da Justiça do DF reacendeu a discussão sobre a cobrança de preços menores para mulheres em festas. Uma liminar concedida há duas semanas pela juíza Caroline Santos Lima, do Juizado Especial Cível (JEC), determinou que um estabelecimento cobrasse de um consumidor o mesmo valor do ingresso disponível para clientes do sexo feminino". Por [?]

"Uma decisão da Justiça do DF reacendeu a discussão sobre a cobrança de preços menores para mulheres em festas. Uma liminar concedida há duas semanas pela juíza Caroline Santos Lima, do Juizado Especial Cível (JEC), determinou que um estabelecimento cobrasse de um consumidor o mesmo valor do ingresso disponível para clientes do sexo feminino".

Por analogia, temos então que é igualmente ilegal se exigir do homem mais tempo de trabalho (em relação a mulher) para se aposentar. Sendo assim, aguardo que a justiça declare ilegal que a mulher se aposente mais cedo do que o homem.

Ora, se a justiça pode obrigar um estabelecimento privado a cobrar da mulher o mesmo preço que cobra do homem, então por que o governo teria o direito de cobrar da mulher um tempo menor (para se aposentar) do que cobra do homem?

Repito: a justiça declarou ilegal que a mulher pague um preço menor pelo ingresso a uma balada. Ora, o mesmo argumento se aplica para o ingresso na aposentadoria. Sendo assim igualmente ilegal cobrar da mulher um preço menor pelo ingresso a aposentadoria. Resta óbvio então que se homens e mulheres devem pagar o mesmo preço pelo ingresso isso deve valer a todos os mercados, seja o ingresso da balada seja o ingresso da aposentadoria.

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