10/07/2017
CÂMARA FRACA, CIRO ESPERTO I
Alguns vereadores da base de apoio ao governo do prefeito de Gaspar, Kleber Edson Wan Dall, PMDB, e Luiz Carlos Spengler Filho, PP, estão um tanto, digamos, desconfortáveis. Outros grupos dentro do mesmo PMDB e PP, igualmente. Quando instados, abrem o jogo, mas pedem para este colunista não tocar neste assunto, que já é público nas rodas e nas redes sociais. Impressionante. Não querem colocar fogo numa fogueira que já arde. Ela tende repetir os mesmos erros táticos anteriores de ambos os partidos. O último ensaio notório desse tipo e que não deu certo, foi com o ex-prefeito Adilson Luiz Schmitt na aliança do sapo com a cobra. Lá, depois de eleito tramou-se no PMDB à divisão de poder, à sucessão e o enfraquecimento do eleito tanto que ele saiu do PMDB. Deu no que deu. Aliás, é do ex-primeiro-ministro inglês, Winston Churchill, reconhecido com estadista, esta inflexão: “A diferença entre um demagogo e um estadista é que um decide pensando nas próximas eleições e o outro decide pensando nas próximas gerações”.
CÂMARA FRACA, CIRO ESPERTO II
A dita oposição de hoje, apenas acompanha. Em duas oportunidades com movimentos iguais do PMDB e uma delas, com o mesmo PP que está com Kleber, o PT abocanhou o poder em 2000 e 2004. A verdade é que presidente da Câmara, Ciro André Quintino, PMDB, faz três movimentos distintos e arriscados: primeiro enfraquece o Legislativo como poder autônomo, independente e fiscalizador; segundo, coloca-se como o fiador para Kleber, e sinaliza para o prefeito de plantão, que dobre os joelhos, numa interferência indevida; e em terceiro lugar, tenta, ele Ciro, sair-se como opção populista, e salvador do próprio PMDB que ainda não se achou como governo em Gaspar quase sete meses depois da posse. Até um programa na rádio Sentinela do Vale, Ciro criou: não exatamente para a Câmara, ou para os vereadores, mas para a sua auto-promoção.
CÂMARA FRACA, CIRO ESPERTO III
Quem foi lá e assistiu a sessão da Câmara do dia 20 de junho, pode perceber o quanto Ciro ficou incomodado com a observação clara e objetiva do novato (mas não bobo e cordeiro) vereador Cícero Giovane Amaro, PSD, de que Ciro estava agindo como um autoritário, para amenizar a palavra ditador, dentro da Câmara. Cícero que no dia anterior à sessão enterrou a sua irmã Círia, professora ACT no município e de 37 anos, é membro da mesa diretora da Câmara (segundo secretário), a responsável entre outras, pela gestão administrativa da Casa e as decisões no encaminhamento das prioridades legislativas. No caso do projeto de lei 19/2017 que devolveu R$ 1 milhão do orçamento da Câmara garantido pelo duodécimo, para ser incorporado de volta ao do Executivo, Ciro no discurso que fez da tribuna, no mínimo, mentiu ao agradecer aos pares da mesa diretora pela decisão favorável ao projeto. Não foi isso que tinha acontecido. Cobrado, Ciro ficou irritado e voltou à tribuna “falando grosso” para se explicar, intimidar e se complicar. Falou de autonomia e independência da Casa; falou que não se furtaria em ajudar o município se ele precisasse do dinheiro dos vereadores; fez demagogia com a saúde Pública de Gaspar e que está na UTI por renegar ações técnica e que os políticos a usam para obter vantagens.
CÂMARA FRACA, CIRO ESPERTO IV
Eu poderia ficar aqui escrevendo laudas e laudas sobre a incoerência de Ciro e quanto Cícero, Rui Carlos Deschamps, PT e Roberto Procópio de Souza, PDT, têm razão neste assunto. Contudo, prefiro recordar os passos em falsos que o governo de Kleber, Luiz Carlos, Carlos Roberto Pereira (o que verdadeiramente governa Gaspar) e Ciro deram neste assunto específico, sem misturar com outros parecidos, como foi o caso de tirar a verba das crianças vulneráveis no Fundo da Infância e Adolescência. Primeiro devo explicar que o Orçamento da prefeitura e da Câmara são separados na execução. Não se misturam, nunca. No Orçamento do Município está lá uma parte intocável, repito, intocável para Câmara. É lei. E em todos os municípios. Só a Câmara pode mexer no Orçamento dela. Mas, no final do ano, se a Câmara não gastar tudo, o que sobra, deve devolver ao Município (é lei também), para se incorporar como receita extra à prefeitura. Só, a Câmara, por única decisão (proposta da mesa diretora e com aprovação da maioria dos vereadores no voto formal), a qualquer momento, pode devolver à prefeitura, antes do final do ano, a quantia que julgar possível e não lhe falte. Entendido? Esclarecido? É preciso desenhar? Não é preciso ser contador ou advogado para entender isso.
CÂMARA FRACA, CIRO ESPERTO V
Vamos agora, à sucessão de fatos, erros, espertezas e imposições que demonstram como Ciro usa e enfraquece Câmara para si e os seus planos de poder. Quem enviou um Projeto de Lei requerendo este R$1 milhão da Câmara? O prefeito Kleber, cujo secretário da Fazenda e acumulando com Administração e Gestão, é o advogado e presidente do PMDB, o que de fato orienta a procuradoria geral do município, o dr. Pereira. Tudo pré-combinado com Ciro,que deveria conhecer a legislação, ter antes consultado a equipe técnica da Câmara e até os seus pares. Mas, bancou como se tudo fosse a casa da Mãe Joana. Quando o tal projeto chegou na Câmara, bateu na trave da assessoria jurídica da Câmara. Foi aquela correria, bafafá e o vice-prefeito, ex-vereador, Luiz Carlos Spengler Filho, PP, foi lá desesperado para retirar o tal PL antes dele entrar na Ordem do Dia, antes virasse, como virou, troça, que ele fosse rejeitado e trucidado em plenário. E por que? A prefeitura não pode por lei, fazer o que queria por sua iniciativa. Qual a saída encontrada por Ciro para aquilo que acertou com o PMDB e o prefeito nos bastidores? Um ofício, desta vez, com “humildade”, pedindo à Câmara, que ela tomasse essa iniciativa, oferecesse um projeto, abrindo mão de R$1 milhão do seu Orçamento e destinado à construção da sua sede e devolvesse à prefeitura para pagar as contas da ponte do Vale. Entenderam?
CÂMARA FRACA, CIRO ESPERTO VI
Acho que não. O objetivo não era exatamente o de colocar dinheiro na ponte do Vale, como se demonstrou mais tarde. Mas, sim, o de impedir a construção da nova sede da Câmara, e deixá-la refém de aluguéis permanentes, num ambiente inadequado para o exercício das suas funções e para assim, garantir rendas ao senhorio e que é mentor próprio partido e governo de Kleber. Ou alguém tem dúvidas disso? Ciro fez o que pediu Kleber. Fez o tal projeto. Seria aprovado pela base do governo Kleber. Só por ela. E como viu que encontrava resistência dentro da mesa diretora (Cícero e Rui queriam a constituição de um fundo pró-construção do prédio da Câmara), Ciro agiu rápido com Sílvio Cleffi, PSC, o médico e vice-presidente, integrante da mesa diretoria: apareceu então a emenda modificativa que dava dos R$1 milhão, R$700 mil para o moribundo Hospital e só então R$300 mil para a ponte. Primeiro: quem seria contra dar a maior parte do dinheiro para o Hospital? Ciro, demagogo, jogou bem com Cleffi e todos assinaram a tal emenda para ficar bem na foto. Segundo, se a ponte só precisou de R$300 mil, prova-se que era apenas um jogo para inviabilizar a construção da sede da Câmara ao se pedir R$1 milhão inicialmente. Ou seja, os políticos continuam tratando todos como analfabetos, ignorantes, desinformados e trouxas para servir os seus interesses particulares, corporativos e de poder.
CÂMARA FRACA, CIRO ESPERTO VII
Outra dúvida que ficou no ar e que demonstrou o jogo de força de Ciro a favor dos poderosos e do próprio governo de Kleber, o qual ficou refém e em dívida com as espertezas de Ciro, mais uma vez. A decisão de fazer o projeto 19/2017 não foi da mesa diretora como deveria ser. Dois foram contra. Ciro bancou com Cleffi. E invocou o parecer técnico do assessor jurídico da Câmara, a quem exaltou e pediu respeito de Cícero. Fez certo, mais uma vez. Afinal, o cara é concursado e foi contratado com essa finalidade. Entretanto, vejam só, a incoerência deste jogo duplo do presidente da Câmara de Gaspar. O mesmo Ciro, que pediu ao vereador Cícero que respeitasse a opinião técnica do assessor jurídico da Câmara, no interesse de Kleber, do PMDB e do poder de plantão, jogou no lixo, literalmente, o parecer do mesmo procurador, que recomendou a não aprovação do Projeto de Lei 01/2017 de origem do Executivo, por vício e inconstitucionalidade, e que deu gratificação ao superintendente da Defesa Civil, o bombeiro militar, Rafael Araújo Freitas. Afinal, quem pede o respeito dos outros, deve antes dar o exemplo e Ciro deu, o do desrespeito ao parecer do seu próprio procurador. Entenderam como funciona? Você pensa que isso s[ó acontece em Brasília ou Florianópolis? É que lá a imprensa divulga mais. Aqui, esconde-se. E quando aparece coluna, a líder de acessos, todos ficam incomodados. Mas, com o que mesmo? Acorda, Gaspar!
Francisco Sola Anhaia, foi filiado e PT até debaixo d’água. Hoje é vereador pelo PMDB. Está discursando indignado com o que o PT fez com o Brasil. Tardio arrependimento.
Mas, perguntar não ofende ao Chico Anhaia: e com o assalto comparsa do PMDB nestes 13 anos de sociedade como se demonstra nas várias denúncias de seus figurões, nada a declarar?
Nada como um dia após o outro. O governo de Pedro Celso Zuchi, PT, deixava na geladeira, por meses, os requerimentos, os mais simples até, dos vereadores. Chegou-se até levar o caso ao Ministério Público e se cogitou de ir à Justiça por conta deste desprezo.
E agora, quem está reclamando do mesmo descaso do governo de Kleber Edson Wan Dall, PMDB, e Luiz Carlos Spengler Filho, PP? Dionísio Luiz Bertoldi, PT, que não teve o requerimento de explicações sobre o postinho de Saúde do seu Gasparinho respondido.
Retrato I. O ambiente de atendimento ambulatorial de um hospital deveria ser de acolhimento, aconchego a quem chega lá frágil, doente e com dores, sabendo que deverá esperar muito para ser atendido.
Retrato II. Mas, não é isso o que acontece no Hospital de Gaspar, segundo constatou e reclamou na Câmara, Cícero Giovane Amaro, PSD. Paredes sujas, cartazes mal colocados e até o aparelho de TV quebrado. Se a recepção é assim, imagina-se o interior do Hospital.
Ato falho I. O vereador Francisco Solano Anhaia, PMDB, falou sobre um tal Hospital Nossa Senhora dos Prazeres como se fosse daqui. Corrigiu. Quis dizer Nossa Senhora do Perpétuo Socorro. O dos Prazeres, foi o da sua infância na gaúcha Garibaldi. Hum!
Ato falho II. Como líder do PMDB, Anhaia, estava incomodado e sem sorte. Fez um convite aos vereadores em nome do presidente do partido, “Roberto Procópio”, para o encontro de lideranças estaduais que aconteceria naquela semana em Gaspar.
Ato falho III. Roberto Procópio de Souza, é vereador do PDT e oposição ao seu PMDB. Na verdade, Anhaia se referia a Carlos Roberto Pereira, o presidente do PMDB de Gaspar.
O vereador Evandro Carlos Andrietti, PMDB, é do tipo “gente boa”, o “amigão”. E por isso, descuidado. Sua dita inocência beira ao perigo.
Ele se diz contra a Lei das Licitações, pois atrasa a vida da cidade com a contratação de empresas e empreiteiras pelo menor preço. Segundo ele, elas não dão conta de executarem as obras que ganham nessas disputas.
Discordo frontalmente de Andrietti. Esta situação reflete a falha do Executivo que contrata, não fiscaliza, não pune e até arma entre os seus. Burocratas, em muitos casos, olham como vantagem essas paralisações para nadar em aditivos e ajeitamentos.
Outra. A Lei da Licitação só existe, porque os políticos e os agentes públicos se mostraram e se mostram ainda lenientes, coniventes e até parceiros das sacanagens e compadrio, com os pesados impostos dos contribuintes.
Com a Lei da Licitação em pleno vigor, bilhões dos pesados impostos dos brasileiros foram roubados pelos políticos e empreiteiros, como bem demonstra a Lava Jato, para citar apenas um caso.
Sem ela, Andrietti, estaríamos todos sem calças. Os políticos, agentes públicos e empresários do mal, os tais campeões, os amigos dos amigos, os patrocinadores de campanha, estariam todos mais ricos, livres para roubar, do que estão hoje em dia. Acorda, Gaspar!
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