Por Herculano Domício - Jornal Cruzeiro do Vale

Por Herculano Domício

11/09/2017

O RETRATO DE UM GOVERNO


A edição impressa do jornal Cruzeiro do Vale de sexta-feira fez esta manchete emblemática: “endereço: ponto de ônibus na Rua Itajaí”. Resumindo: contava a história, repetida, onde um jovem fazia de um ponto de ônibus, a sua moradia. No outro lado, revelava que a secretaria de Assistência Social de Gaspar estava tonta, como sempre, na busca de soluções e justificativas.

Metido, e por ser um assunto recorrente, resolvi no sábado na área de comentários da coluna que bomba na internet, meter a minha colher de pau nesse angu; angu que mostra a face mais perversa do governo de Kleber Edson Wan Dall, PMDB, e Luiz Carlos Spengler Filho, PP: enquanto o governo que ora e é “abençoado” por pastores aumenta em quase R$600 mil por ano na estrutura administrativa para acomodar os seus nas tetas da prefeitura, relega às ações para favorecer os vulneráveis via assistência social, a educação, FIA, contraturno, programa esportivos, alimentação suplementar, creches...

Retomo. Fiz este título “ Manchete do jornal Cruzeiro do Vale retrata a secretaria de Desassistência Social de Gaspar”, seguida deste comentário: "Endereço: ponto de ônibus na rua Itajaí". É preciso explicar mais sobre esse lamentável quadro? Os leitores e leitoras deste espaço já conhecem o drama desde o primeiro dia em que o secretário Ernesto Hostin, PSC, foi indicado pelo prefeito Kleber Edson Wan Dall, PMDB.

Ou seja, é um problema diagnosticado e anunciado com muita antecedência.

Ernesto não possui nenhuma qualificação para o cargo, mas está lá porque é amigo do prefeito, porque trabalhou na campanha do prefeito, porque foi assessor do prefeito na Câmara, porque é identificado com uma das denominações das igrejas evangélicas pentecostais de ambos e o partido de Ernesto, o PSC, é apoiador do governo. Nada mais. Então o resultado é este.

E só depois do jornal consultá-lo sobre as providências de algo que é antigo, e repetido o que mostra que já falhou num mesmo problema, é que Ernesto esboça reações, padrões e para satisfazer a reportagem.

Quem é culpado de verdade? Ernesto? Não, Kleber! Acorda, Gaspar!”

E eu não precisava mais me estender em nada. Estava explicadinho, outra vez, como se escolhem e de abençoam pessoas por aqui. Entretanto, a minha alma foi lavada mais tarde no mesmo espaço por este comentário de Roberto Basei, com o título de “Indignado”. E agora Kleber, PMDB, Luiz Carlos Spenlger Filho, PP, Ernesto Hostins e PSC? Na tampa. E depois sou eu quem coloca o dedo na ferida. Como diz o meu leitor, “a verdade não se promete, conta-se”. Leiam:

“Sou professor, na rede municipal e na rede estadual, trabalho com criança desamparada, desassistida, violada. Sei o quanto é triste não ter onde recorrer ou ter que esperar meses por um atendimento e quando consegue, trabalhamos com o descaso dos pais, as instituições desligam a criança pois precisam gerenciar as consultas a outras crianças.

Quando fundei o PSC em Gaspar o fiz por confiar na pessoa do Deputado, ex-presidente estadual do partido, pois se tratava de uma pessoa que tinha como lema o ‘ser humano em primeiro lugar’.

Hoje vendo o partido que criei na cidade cujo lema era trabalhar em prol das pessoas, sendo conivente com tal “absurdo”, isso me causa “náuseas”. E juro me arrependo amargamente de tê-lo feito, mas ainda há tempo de reparar tal erro.

‘Endereço: ponto de ônibus na rua Itajaí’. É preciso explicar mais sobre esse lamentável quadro? Os leitores e leitoras deste espaço já conhecem o drama desde o primeiro dia em que o secretário Ernesto Hostin, PSC, foi indicado pelo prefeito Kleber Edson Wan Dall, PMDB. A verdade não se promete se conta!”, bem arremata Basei.

GASPAR É MESMO DIFERENTE!

Na semana que o Procurador Geral da República, Rodrigo Janot, denunciou, interrogou (foi a equipe do Rio de Janeiro) e mandou pediu para prender temporariamente o seu ex-subordinado Marcelo Miller, por dupla jornada (para o estado e advogando administrativamente para os irmãos-açougueiros Batistas com as vestes do serviço público), em Gaspar, servidores da Ditran desafiam a ética, a lei e quem esclarece os fatos.

Pior. E tudo, aparentemente sob as bênçãos do poder de plantão. Depois reclamam que o Ministério Público, o que cuida da Moralidade é implacável, “mete-se em tudo”. Ainda bem! Ou estão achando que com a saída da Comarca, da promotora Chimelly Louise de Resenes Marcon tudo estará liberado, que tudo vai fluir melhor na esbórnia? Ou estão testando a nova titular Andreza Borinelli? Podem se surpreender ainda mais do que já estavam acostumados com a “dureza” de Chimelly. A prudência recomendaria ao pessoal que está no poder político e administrativo de plantão, conhecer melhor o passado da moça. A caneta da substituta pode ser tão pesada quanto a da substituída.

Na coluna de sexta-feira e feita especialmente para a edição impressa do jornal Cruzeiro do Vale, fiz estas duas notinhas na sessão Trapiche: “Dupla jornada. ‘Levou multa? Recorremos para você’, diz a propaganda nas redes sociais da Brandt Assessoria em Trânsito. E de quem ela é? De Luciano Amaro Brandt, um agente de trânsito da Ditran de Gaspar. Como assim? Ele e os colegas multam e ele oferece, por dinheiro, retirar a multa aplicada pelo órgão aos motoristas e motociclistas? E ninguém na prefeitura viu isso ainda? Ou fechou os olhos. Inacreditável! Esbórnia! Acorda, Gaspar!”

Incrível! E que o que aconteceu, para desafiar à ética, o espaço e à própria ordem natural das coisas? O próprio Luciano apareceu às 13h38min na área de comentários da coluna na internet com o seu comercial. Deboche! Confira:


“Primeiramente boa tarde a todos! A Brandt Assessoria em Trânsito é uma empresa que elabora recursos administrativos referentes a área de trânsito. Desta forma, elaboramos Recursos face a Notificação da Autuação, Recursos de Multas por Infração ao Código de Trânsito Brasileiro, Recurso de Suspensão do Direito de Dirigir, Cassação da Carteira Nacional de Habilitação. Os recursos são elaborados e encaminhados aos Órgãos Autuadores de todo Território Nacional.

A empresa está registrada em nome de Luciano Amaro Brandt, servidor público efetivo desde o ano de 2004.

Nossa propaganda é realizada preferencialmente nas redes sociais, em decorrência de sua abrangência, no entanto, estamos com escritório localizado na Rua Cel. Aristiliano Ramos, 182, sala 3, segundo andar. Contato - 47 99914-1953”.

Volto. Isto é autodefesa ou autoincriminação? Depende do ponto de vista, diriam alguns. Janot não teve dúvidas. E não teria neste caso. Marcelo Miller que está fora do MPF ao menos escapou de ser preso com os irmãos Batistas. Acorda, Gaspar!

TRAPICHE

Pimpolhos. Vários leitores e leitoras passaram para esta coluna, fotos e comentários nas redes sociais dos políticos e servidores comissionados com filhos em palanque (ou calçada), no desfile de Sete de Setembro, em Gaspar.

Todas as crianças fotografadas – e isso foi proposital - estão em creches públicas, onde nelas faltam mais de 850 vagas para trabalhadores e desempregados, ou seja, os eleitores e eleitoras. E sobre as que ainda estão matriculadas, há uma ameaça de cortar o tempo de permanência delas na creche. E para que? Para criar falsas vagas para outras.

Resumindo: para algumas coisas, a administração de Kleber e Luiz Carlos invocam a lei, a que esconderam durante a campanha. As fotos enviadas, que preservo para não expor os pimpolhos (pois não possuem culpa), é na verdade uma advertência e que o poder de plantão se recusa a aceitar, a enxergar. E quando se der conta vai ser tarde demais.

O que a cidade e os cidadãos estão dizendo ao fotografarem os pimpolhos dos políticos que usam as creches? É o de que estão de olhos bem abertos em todos os movimentos do poder político e administrativo de plantão e que, por sua vez, parece, não está nem aí para a cidade e os cidadãos. Contudo, 2018 é ano de eleições e em 2020 está logo aí. Acorda, Gaspar.

A sessão da Câmara de Gaspar é gravada em vídeo e disponibilizada no site oficial. Afinal, a sessão é realizada em horário (15h30min das terças-feiras) impróprio para a maioria dos munícipes, inclusive para serem assistidas pela internet naquele horário. Mas a do dia 29 de agosto não apareceu por semanas.

Cobrada, a assessoria de imprensa da Câmara (tem dois no ofício: um concursado e um pendurado num cargo comissionado) justificou que houve um problema técnico na gravação. Sim! Isso é possível. E daí? Por que por meio de ação profissional e da transparência imediata não se informou isso ao distinto público? Qual a razão do disfarce, do adiamento?

Mas, não! Precisou a Câmara ser cobrada. Menos mal. Agora, pelo menos o áudio da sessão está disponível aos interessados. É assim que funciona o serviço público. Antes precisa ser cobrado, empurrado naquilo que é o óbvio para a cidade e à cidadania. Acorda, Gaspar!

Em causa própria? Vejam como funcionam as coisas no PMDB e na Câmara de Gaspar. O prefeito Kleber Edson Wan Dall, PMDB, mandou para o Legislativo o projeto de lei 47/2017, em regime de urgência. É algo corriqueiro depois que o Registro de Imóveis de Gaspar enquadrou todos por aqui e nos salvou da esbórnia imobiliária.

O referido PL “autoriza o município receber em doação imóveis localizados no bairro Barracão e dá outras providências”. O projeto é para regularizar a implantação da Rua Fortunato Gabriel Melato, já criada, vejam só, por lei anterior, a que deveria ter solvido esta pendência.

Até aí, apesar de ser uma correção ao que nasceu torto, tudo normal. E quem foi o relator do PL, escolhido por sorteio? O vereador Evandro Carlos Andrietti, PMDB, que ao concluir a leitura do relatório técnico na última sessão de agosto, acrescentou em tom de ufanismo, que ele próprio é morador da rua.

Ora, o vereador não é um direto interessado no assunto? O que diz o Regimento Interno para esses casos? O próprio vereador deveria se declarar impedido. O presidente da Câmara, Ciro André Quintino, PMDB, e os assessores técnicos não podem negar desconhecimento com a auto-declaração de interesse posterior do vereador interessado.

Simples, a Lei se e quando sancionada pelo prefeito, por esta auto-declaração, está com vício e de compadres. E depois sou eu quem implico. Em Gaspar, a lei só serve aos adversários, inimigos e aos outros. Acorda, Gaspar!

Quer outra? E aí tem! O projeto de lei 32/2017 “mudou” o perímetro urbano de Gaspar. E o Alto Gasparinho voltou a ser área rural. Justificativas? Preservação cultural, que não tem água encanada, tratamento de esgoto (que não tem em nenhum lugar de Gaspar) etc e tal.

Quando um PL aparece na Câmara, com justificativa que junta apenas palavras ou citações de números de leis e não propriamente defesas do projeto em si, pode ir adiante que alguma coisa se esconde. E quem foi o relator? Dionísio Luiz Bertoldi, PT, do mesmo partido que em 23 de novembro de 2015 sancionou a lei 3.677 tornou o Alto Gasparinho área urbana. Acorda, Gaspar!

A Torre Forte, que tinha o engenheiro Nelson Wan Dall Júnior – irmão do prefeito Kleber Edson Wan Dal – como um dos responsáveis técnicos e agora ele está no cabideiro de empregos da Agência de Desenvolvimento Regional, acaba de rescindir unilateralmente o contrato de duas obras super-atrasadas: o posto de Saúde da Margem Esquerda e a Escola Olímpio Moreto.

Num processo semelhante, a prefeitura rompeu e conseguiu afastar Construtora Tertel da drenagem e pavimentação da rua Amádio Beduschi.

Ilhota em chamas I. Agora vai. A prefeitura vai fazer um leilão de bens inservíveis. E entre eles está o mais valioso. Ela quer R$150 mil pela balsa e o barco reboque. Ambos já foram a pique várias por descuido de guarda e manutenção.

Ilhota em chamas II. Vão a leilão também por mixaria, um Fiesta, três ônibus e um caminhão de lixo, esse por R$500, mais as dívidas em impostos e licenciamento atrasados: R$ 7.568.24. Vergonheira.

Privilégios. No estacionamento ao lado do prédio da prefeitura de Gaspar onde situa-se o RH e secretaria da Educação entre outras, o portão dele está sempre fechado e escrito: lotado. Mas, nele há vagas para portadores de deficiência.

O cadeirante tem que sair do carro e abrir o portão para estacionar? É isso? Funcionários denunciam que essa desculpa é para guardar vagas a “espertos”. Incrível.

As lombadas eletrônicas sumiram em Gaspar. Há casos onde isso ameaça a segurança de crianças como é o caso da escola Ervino Venturi, na Frei Godofredo.

História. Onde você estava no dia 11 de setembro de 2001?

 

Edição 1818

Comentários

Miguel José Teixeira
12/09/2017 14:39
Senhores,

"A universidade vem cometendo o erro de se conformar em ser uma escada social para seus alunos sem se preocupar em ser uma alavanca para o progresso do país e da humanidade". . .

Pecados da universidade

CRISTOVAM BUARQUE
Senador pelo PPS-DF e professor emérito da Universidade de Brasília (UnB), hoje no CB


Cortar verbas para universidade é como interromper transfusão de sangue para o país. A Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ) é talvez o maior exemplo dessa tragédia. Mas as federais também vêm perdendo recursos desde 2015. Entretanto, seria um grave erro limitar a responsabilidade dessa crise apenas a Dilma e Temer. A universidade precisa entender que, há décadas, seus próprios pecados estão preparando o terreno para a crise atual do ensino superior brasileiro.

Basta lembrar que a universidade brasileira gasta anualmente, por aluno, mais do que outras boas instituições de ensino superior internacionais: US$ 13,5 mil. Já Portugal gasta US$ 11 mil; Espanha, US$ 12,1 mil; os ricos países da OCDE, com algumas das melhores do mundo, US$ 15,8 mil.

A universidade precisa saber reconhecer seu grave pecado de não ter alertado e denunciado o perigo da irresponsabilidade fiscal que estava sendo cometida pelos governos. A UERJ, que paga hoje o preço da falência do governo do Rio de Janeiro, não fez movimentos contra o excesso de gastos, com a Copa de 2014 e as Olimpíadas de 2016 nem contra a óbvia corrupção que drenava recursos do estado.

Ter ficado alheia à péssima qualidade da educação de base e complacente com o descuido dos governos em relação aos ensinos fundamental e médio é um pecado imperdoável da universidade. Sem bons alunos não há boa universidade, mas ela não se manifesta, não se envolve politicamente em defesa da educação de base, nem cuida de formar os professores para essa fase do ensino

A universidade vem cometendo o erro de se conformar em ser uma escada social para seus alunos sem se preocupar em ser uma alavanca para o progresso do país e da humanidade. Concentrada em ser escada por meio de diploma, sem compromisso com a qualidade, ficou presa ao pecado da isonomia, desprezando o reconhecimento do mérito diferenciado de seus professores e alunos.

Ao longo das décadas de democracia, a universidade vem cometendo o também o grave pecado do corporativismo. Passou a achar que os direitos de sua comunidade são superiores às suas responsabilidades com a comunidade nacional. Defende suas reivindicações sem um pacto de conduta com a sociedade que a financia. Comete assim outro grave pecado: o do isolamento, confundido com autonomia, e se recusa a participar como auxiliar do setor produtivo da economia.

Ignorando o pacto de conduta, passou a abusar de greves a tal ponto que a atual paralisação da UERJ, por falta de recursos, é vista como se fosse apenas mais uma greve determinada por sua comunidade, e não como a falência por falta de pagamento dos salários a seus professores e servidores por parte do governo.

A universidade vem cometendo o pecado de não refletir e se manifestar sobre o fato de que gratuidade não é grátis, esquecendo que os recursos que recebe são retirados de alguma outra prioridade. Confunde ser público ?" servir ao público ?" com ser estatal ?" pertencer ao Estado. Quando não vê suas universidades entre as melhores do mundo, o povo se sente no direito de perguntar por que tirar dinheiro dos aposentados, dos pobres, da saúde, da infraestrutura, para colocar em suas universidades.

Não entender que o processo de geração e transmissão de conhecimento se internalizou tem sido um dos maiores pecados da universidade, que comete o erro de não se avaliar nem se comparar internacionalmente. A universidade não tinha o direito de cometer o pecado de ignorar o esgotamento que se anuncia há décadas: fiscal, ecológico, econômico, e de não antever a crise que vai se agravar ao longo dos próximos anos e décadas.
Preferiu acreditar que bastariam greves para conseguir os recursos que reivindicavam. Não percebe que agora terá de disputar recursos públicos com a educação de base, com a saúde, com as Forças Armadas, com a infraestrutura, com os subsídios à indústria. Terá de se opor a privilégios a parlamentares e juízes e se opor à corrupção, mesmo por políticos de seu partido.

Para isso, não pode cometer o pecado de não buscar mais eficiência nos seus gastos e encontrar novas fontes de recursos. Muitas universidades do mundo são financiadas por suas pesquisas e patentes e por serviços que prestam. Não buscar eficiência e fontes alternativas é uma das provas do pecado da arrogância aristocrática das universidades estatais brasileiras, que exigem recursos do povo sem se preocupar em mostrar o serviço que presta ao país.

Nossos governos, por irresponsabilidade na gestão de seus gastos e suas receitas, por populismo, eleitoralismo e corrupção, são os grandes culpados pela asfixia de nossas universidades e do futuro do Brasil. Mas as universidades também são culpadas por seus próprios pecados de isolamento, desprezo à qualidade e aristocratismo antipopular.
Miguel José Teixeira
12/09/2017 14:27
Senhores,

Para a série "vale uma moldura":

"A esquerda naufragou no Kaos Marx."

(Eduardo Pereira, Jardim Botânico, hoje em "Desabafo" do Correio Braziliense
Herculano
12/09/2017 14:19
LIBERDADE DE EXPRESSÃO NÃO É UM CHEQUE EM BRANCO, por Ana Paula Henkel (Ana Paula do Vôlei) no jornal O Estado de S. Paulo

Os últimos dias não foram fáceis por aqui, mas o Brasil também tem seus furacões. Se não bastasse a dupla Janot e Joesley, meu coração de mãe foi alvejado pela notícia de um grande banco patrocinando, com renúncia fiscal de quase R$ 1 milhão, uma mostra com desenhos pornográficos para crianças em idade escolar. Nota zero.

Um movimento espontâneo da sociedade civil surgiu nas redes sociais, provando que a cidadania ainda pulsa no país e a democracia vive. Poucos dias depois da comemoração do Dia da Independência, já podeis, da Pátria Filhos, ver contente a mãe gentil. Tudo levava a crer que teríamos um final feliz, mas no Brasil o que não falta é plot twist.

O que parecia uma vitória da brava gente brasileira, desrespeitada duplamente pela corporação e pelo Estado, contra a exposição de imagens sexualmente explícitas, de uma vulgaridade fora do comum e com direito até a zoofilia, foi transformada num debate sobre "liberdade de expressão". Oi?

Com todas as suas imperfeições e defeitos, acredito que a América tem o que falar sobre liberdade de expressão, o que até seus inimigos mais ferrenhos admitem. Desde a apresentação da Primeira Emenda à Constituição em 1789, promulgada dois anos depois, a "land of the free" é a referência quando se fala em liberdade e não é por acaso.

Enquanto os franceses cortavam cabeças na carnificina jacobina, algumas das mentes mais brilhantes da história estavam reunidas desenhando a Declaração dos Direitos dos Estados Unidos (Bill of Rights), garantindo a liberdade de expressão, de associação pacífica, de imprensa, o livre exercício da religião e a separação entre Igreja e Estado. Deus salve a América.

A Primeira Emenda, mais citada que lida, foi muitas vezes confundida, de boa ou má fé, com um salvo conduto para a publicação de qualquer tipo de conteúdo. Ser liberal não é liberar geral, como os pais fundadores sempre deixaram claro. Mesmo na liberdade de expressão, como em qualquer tipo de liberdade, há limites. Quando o assunto é pornografia, ainda mais envolvendo crianças, a lei por aqui é muito mais rígida do que se supõe.

No julgamento que ficou conhecido como "Miller versus California" (1973), a Suprema Corte criou um filtro para julgar se um conteúdo acusado de obsceno está ou não protegido pela Primeira Emenda e, evidentemente, nem todos estão. Como cantou há tempos Renato Russo, "disciplina é liberdade".

O "teste Miller" possui três critérios: se o conteúdo pode ser considerado obsceno pelos padrões morais do cidadão médio daquela época, se expõe algo sexualmente ofensivo ou escatológico e se, no geral, carece de valor artístico, cultural ou científico relevante. Se o conteúdo atender aos três critérios, perde a proteção da Primeira Emenda. Bom senso puro e simples.

As imagens que recebi da tal exposição de Porto Alegre não passariam no "teste Miller" e não teriam a proteção da Primeira Emenda, por isso misturar "liberdade de expressão" num debate sobre conteúdo pornográfico para crianças é apostar na confusão. E ainda há renúncia fiscal para uma ação de um banco privado com mais de R$ 7 bilhões de lucro no ano passado, o que torna tudo ainda mais obsceno.

A mostra, que estava sendo visitada por crianças desde que estreou em 18 de agosto, não tinha sequer uma classificação indicativa de idade mínima, o que é o básico do básico. O objetivo declarado dos organizadores era levar grupos escolares com professores que recebiam catálogos específicos com orientações sobre como tratar os temas com seus alunos.

Dizer que tudo isso é "arte" e rotular quem se revoltou de "fascista" é tão imoral quanto o desenho com uma cena de uma orgia com dois homens e uma cabra ao lado de um ménage à trois. Espero que meus amigos americanos, mesmo na ultraliberal Califórnia onde moro, sequer sonhem com o que aconteceu.

Sei da importância das verbas publicitárias dos bancos para os veículos de comunicação, artistas, celebridades, esportistas e intelectuais, mas uma sociedade que faz excursão de colégio para mostrar imagens de sexo explícito para crianças já estourou o limite do cartão e não merece mais crédito.

Se parte da elite cultural, política e empresarial do país já perdeu qualquer senso moral ou ético, que o povo exerça sua cidadania e mostre a santa indignação que levou o banco a recuar e cancelar a exposição. Mesmo com tantos problemas, o brasileiro ainda é capaz de mostrar que seus filhos não fogem à luta. Salve, salve!
Herculano
12/09/2017 14:05
AGRESSIVO, TEMER ATACA: "BANDIDOS CONSTROEM VERSÕES POR OUVIR DIZER", DIZ PLANALTO

Conteúdo do jornal O Estado de S. Paulo. Texto de Carla Araújo, da sucursal de Brasília. Sem citar diretamente o relatório da Polícia Federal sobre o chamado "quadrilhão" do PMDB na Câmara dos Deputados e nem o imbróglio envolvendo a delação dos executivos da JBS, o Palácio do Planalto soltou no final desta manhã de terça-feira, 12, uma dura nota à imprensa para rechaçar as acusações contra o presidente Michel Temer. O texto, entretanto, não é assinado por Temer e sim pela Secretaria Especial de Comunicação Social da Presidência da República.

Sem citar nominalmente Joesley Batista, preso no domingo, 10, após indícios de que mentiu na delação em que implicou Temer, a nota afirma que "facínoras roubam do país a verdade". "Bandidos constroem versões por ouvir dizer a lhes assegurar a impunidade ou alcançar um perdão, mesmo que parcial, por seus inúmeros crimes. Reputações são destroçadas em conversas embebidas em ações clandestinas", diz o texto.

A nota destaca ainda que o estado democrático de Direito existe para preservar a integridade do cidadão, para coibir a barbárie da punição sem provas e para evitar toda forma de injustiça. "Nas últimas semanas, o Brasil vem assistindo exatamente o contrário. Garantias individuais estão sendo violentadas, diuturnamente, sem que haja a mínima reação", afirma.

"Chega-se ao ponto de se tentar condenar pessoas sem sequer ouvi-las. Portanto, sem se concluir investigação, sem se apurar a verdade, sem verificar a existência de provas reais. E, quando há testemunhos, ignora-se toda a coerência de fatos e das histórias narradas por criminosos renitentes e persistentes", completa o texto.

Na segunda-feira, 11, relatório da Polícia Federal sobre o chamado "quadrilhão" do PMDB na Câmara dos Deputados aponta indícios de que o presidente Michel Temer e os ministros Moreira Franco (Secretaria-Geral) e Eliseu Padilha (Casa Civil) cometeram crime de corrupção. O documento indica também que Temer recebeu R$ 31,5 milhões de vantagens por participar de suposta organização criminosa, formada por políticos, que atuou na Petrobrás e nos governos petistas.

As conclusões da polícia foram encaminhadas ao Supremo Tribunal Federal (STF). O relatório da investigação, iniciada em 2015, era aguardado pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, para finalizar uma eventual segunda denúncia contra Temer, por organização criminosa e obstrução da Justiça.

O Planalto critica ainda vazamentos e diz que "muda-se o passado sob a força de falsos testemunhos". "Vazamentos apresentam conclusões que transformam em crimes ações que foram respaldas em lei: o sistema de contribuição empresarial a campanhas políticas era perfeitamente legal, fiscalizado e sob instrumentos de controle da Justiça Eleitoral. Desvios devem ser condenados, mas não se podem criminalizar aquelas ações corretas protegidas pelas garantias constitucionais", finaliza o texto.

Confira a Íntegra da nota:

Nota à imprensa

O Estado Democrático de Direito existe para preservar a integridade do cidadão, para coibir a barbárie da punição sem provas e para evitar toda forma de injustiça. Nas últimas semanas, o Brasil vem assistindo exatamente o contrário.

Garantias individuais estão sendo violentadas, diuturnamente, sem que haja a mínima reação. Chega-se ao ponto de se tentar condenar pessoas sem sequer ouvi-las. Portanto, sem se concluir investigação, sem se apurar a verdade, sem verificar a existência de provas reais. E, quando há testemunhos, ignora-se toda a coerência de fatos e das histórias narradas por criminosos renitentes e persistentes. Facínoras roubam do país a verdade. Bandidos constroem versões "por ouvir dizer" a lhes assegurar a impunidade ou alcançar um perdão, mesmo que parcial, por seus inúmeros crimes. Reputações são destroçadas em conversas embebidas em ações clandestinas.

Muda-se o passado sob a força de falsos testemunhos. Vazamentos apresentam conclusões que transformam em crimes ações que foram respaldas em lei: o sistema de contribuição empresarial a campanhas políticas era perfeitamente legal, fiscalizado e sob instrumentos de controle da Justiça Eleitoral. Desvios devem ser condenados, mas não se podem criminalizar aquelas ações corretas protegidas pelas garantias constitucionais.
Herculano
12/09/2017 12:00
O ORÇAMENTO DAS FEDERAIS, editorial do jornal O Estado de S. Paulo

Os governos Lula e Dilma converteram o ensino superior em bandeira eleitoral

Dirigentes de universidades federais, alguns dos quais escolhidos por governos lulopetistas, estão reclamando do corte de recursos orçamentários para investimentos e despesas de custeio determinado pelo atual governo. Entre 2014 e 2017, o orçamento para investimento e pagamento de salários e manutenção das 63 instituições de ensino superior mantidas pela União caiu de R$ 10,72 bilhões para R$ 7,34 bilhões.

Essa diminuição de R$ 3,38 bilhões comprometerá o desempenho dos cursos de graduação e pós-graduação das universidades federais, afirmam seus dirigentes, depois de lembrar que o número de seus alunos dobrou, passando de 589 mil, em 2006, para 1,1 milhão em 2015. Também alegam que a diminuição dos recursos porá em risco o andamento de pesquisas científicas, prejudicando com isso o desenvolvimento do País.

"Não teríamos o sucesso que temos na produção de alimentos, na exploração de petróleo em áreas profundas e em outras áreas sem pesquisa", diz Emmanuel Zagury, reitor da Universidade Federal do Pará e presidente da Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior.

Esses argumentos precisam ser bem ponderados. A começar pelo fato de que os números apresentados pelos reitores padecem de enviesamento político. Como 2006 e 2014 foram anos eleitorais, os governos Lula e Dilma converteram o ensino superior em bandeira para suas respectivas reeleições, o que os levou a aumentar significativamente os gastos com o ensino superior público. "Foi uma orgia orçamentária", diz o ministro da Educação, Mendonça Filho. Já em 2017 o cenário é outro ?" há uma crise decorrente da recessão econômica e da subsequente queda da receita fiscal, frutos dos graves equívocos cometidos pelo lulopetismo em matéria de política econômica e finanças públicas, e o governo foi obrigado a elaborar um orçamento bem mais realista.

O quadro é agravado pelo modo irresponsável como os governos Lula e Dilma trataram o ensino superior público em suas gestões. Deixando-se levar mais pelo marketing político do que por levantamentos técnicos bem fundamentados em matéria de custos, eles criaram novas universidades federais onde não havia demanda. Sem planejamento, expandiram as universidades já existentes, matriculando alunos antes que existissem edifícios e instalações adequadas.

Sem um mínimo de racionalidade, pressionaram as universidades públicas a fazer concursos para contratar mais docentes, sem avaliar se havia, ou não, candidatos qualificados, à época. Também ampliaram o sistema de cotas, o que obrigou as universidades federais a investir em bolsas-auxílio, restaurantes universitários e alojamentos estudantis, desviando recursos da atividade-fim para a atividade-meio. E ainda cederam às pressões de docentes e servidores, concedendo-lhes generosos reajustes salariais.

Desse modo, com gastos perdulários e uma expansão maior do que as universidades federais poderiam suportar, seus custos explodiram. E, quando sobrevieram as dificuldades econômicas, seus gestores não se revelaram capazes de se adaptar às novas condições, estabelecendo prioridades e identificando fontes de receitas extraordinárias. Acostumados ao dinheiro fácil, entoam o mantra de que o realismo orçamentário do atual governo não passa de um expediente para promover "um retrocesso sem precedentes na história da educação" ?" o que é uma falácia.

"A crise das federais tem a ver com o comportamento da economia e com os cortes do orçamento. Mas certamente é consequência de uma falta de previsibilidade e cuidado na expansão do sistema educacional dois ou três anos atrás, quando havia uma ideia de que o dinheiro ia crescer, que a receita ia aumentar para sempre", afirma Renato Pedrosa, coordenador do Laboratório de Estudos em Educação Superior da Unicamp. No que tem toda razão.
Herculano
12/09/2017 11:59
AMANHÃ É DIA DE COLUNA OLHANDO A MARÉ INÉDITA, PARA DESESPERO DOS POLÍTICOS NO PODER DE PLANTÃO, PARA OS QUE JÁ FORAM OU QUEREM O PODER, BEM COMO OS GESTORES PÚBLICOS DE DUVIDOSA CAPACIDADE E PARA AS COLUNAS QUE ESCONDEM A REALIDADE LOCAL
Herculano
12/09/2017 11:57
EU AVISEI: JANOT TENTA CONTER A PRóPRIA DANAÇÃO, por Carlos Andreazza, no jornal O Globo

Janot insiste em agir como se a PGR fosse acabar ao fim de seu mandato, típico de indivíduo cuja ascensão tem como escada o rebaixamento da instituição que representa

É inacreditável que ainda seja procurador-geral da República; que não tenha renunciado depois daquela que escolheu como grife para sua gestão à frente do Ministério Público Federal, o acordo de colaboração do bando da J&F, ter ruído por obra de sua - sou generoso - incompetência. Mas o Janot que se aferra à réstia de seu mandato, que dispara denúncias ineptas para se defender e que ?" neste momento - bebe cerveja com o advogado de Joesley Batista é representação mais próxima do que ele verdadeiramente seja do que aquele arqueiro corajoso libertado pelo impeachment de Dilma Rousseff, em junho de 2016.

Convém lembrar, pois, a conduta do valente à época em que ainda não fora obrigado a surfar a onda da Lava-Jato imposta desde Curitiba. Em dezembro de 2014, por exemplo, a revista "IstoÉ" informava que havia sete meses Janot mantinha excêntricos encontros com prepostos das empreiteiras agentes no esquema de corrupção na Petrobras então incipientemente investigado pela operação.

Àquela altura, o procurador-geral, empossado em setembro 2013, parecia simpático à tese formulada pelo ex-ministro lulista Márcio Thomaz Bastos segundo a qual as empreiteiras deveriam se antecipar: assumir que formavam um cartel ?" para superfaturar contratos com a petroleira ?" e propor um acordo que lhes permitisse continuar disputando obras públicas e encerrasse as investigações em troca do pagamento de multa. E ?" digo eu ?" antes que a devassa chegasse ao governo petista.

Essa proposta de conchavo embutia um presente ao PT: porque, ao admitir a cartelização na pilhagem à estatal, as empresas reduziriam o papel do governo ao de vítima do petrolão, protagonizado por empresários, burocratas e políticos desgarrados. "Se arrecadar R$ 1 bilhão para fazer dez penitenciárias, estou satisfeito" ?" teria dito Janot a Bastos a propósito do acordo, segundo relato do advogado José Francisco Grossi e conforme publicado por este O GLOBO em março de 2016.

Seria provavelmente o fim da Lava Jato ?" e certamente sem que qualquer político relevante fosse pego. O arranjo, porém, não prosperou; porque logo viria a delação de Paulo Roberto Costa, que fez enfim pipocar nomes de políticos, e a pressão vinda da força-tarefa curitibana ?" vigorosa, mas nem sempre virtuosa ?" sobrepôs-se à acomodação de Brasília.

Naquele tempo, Janot, conciliador-geral, tinha margem de adaptação ?" inclusive para se tornar herói de feitos alheios. Hoje, sob desconfiança, não mais. É à luz dessa condição ?" a de um homem acuado ?" que suas recentes flechadas devem ser compreendidas. Ou alguém acha que viria a público tratar dos novos áudios encontrados no gravador de Joesley se tivesse opção?

Que nos lembremos: ele não queria que a geringonça fosse periciada; Fachin tampouco considerara importante. A dupla quase derrubou um presidente sem que o aparelho tivesse sido examinado. Mas a Polícia Federal o fez; e conseguiu recuperar o material apagado. O resto é Joesley, com medo, correndo para entregar as gravações que ocultara. O resto é Janot, com medo, correndo para tentar conter a própria danação.

Ah, sim: ele pediu a prisão (atenção) temporária de Joesley e de Ricardo Saud, o que, aceito por Fachin, suspendeu a imunidade prevista no acordo que firmaram com o MPF. Estão já presos. (A prisão do ex-procurador Marcelo Miller não foi decretada.) Muito bem. É notícia velha. Mas há quem ainda veja decência na ação de Janot. No entanto, pergunto: tinha alternativa? Poderia nada fazer sobre a cambada da J&F, o que significaria deixar que sua sucessora tomasse as providências ?" todas, desde o início ?" a respeito?

Que não nos esqueçamos: ele passará o comando da PGR, na próxima segunda, a Raquel Dodge ?" que não é sua aliada. Daí por que indago: poderia arriscar que ela desse encaminhamento mais severo à apuração sobre a bizarria em que consiste o contrato de colaboração dos Batista etc.? Poderia arriscar ver sua substituta dar à investigação sobre as origens e a cronologia do acordo ?" sobre as relações entre Janot e Miller, e deste com Joesley e Saud ?" o mesmo peso dado ao pedido de prisão dos açougueiros? A resposta é não. Ainda assim, insiste em se comportar como se a PGR fosse acabar ao fim de seu mandato ?" modo típico de indivíduo cuja ascensão tem como escada o rebaixamento da instituição que representa. Objetivamente, entretanto, desde que se ouviu o conteúdo da gravação em que Joesley e Saud se referem ao trato com o MPF como instrumento para a realização de negócios, tudo quanto Janot fizesse estaria sob suspeita, seria enfraquecido e só teria algum efeito se para a narrativa desesperada com a qual tenta não ser incriminado - o que resultaria em impacto deletério sobre os interesses do Brasil.

Isso serve - acima de tudo - para as denúncias que apresentou a partir de então. Ou haverá outra forma de se encarar, por exemplo, a que lançou contra os petistas ?" e por que só agora? ?" senão como um favor a Lula, Dilma etc.?

Esse é o lugar ao qual seu - sou generoso - projeto de poder levou a PGR. A novidade é que, antes do que se imaginava, ele também encontrou seu lugar, sua nota de rodapé, na história ?" a forma como o maior inimigo da Lava-Jato será lembrado ainda em 2017: Janot do Joesley.
Miguel José Teixeira
12/09/2017 11:38
Senhores,

Na mídia:

"Facínoras roubam do país a verdade" e transformam em crimes ações legais", diz Presidência...

E eu emendo:

"Homens públicos roubam do país o erário e transformam os contribuintes em otários". . .
Miguel José Teixeira
12/09/2017 11:09
Senhores,

De todos os meliantes que existem à solta no Brasil, o mais perigoso é, indubitavelmente, o maldito sapo-barbudo. Pois como ele próprio já afirmou é "capaz de fazer o diabo". . .
Não duvidem.
Ele já transformou nossa Nação no inferno.
E anda à tiracolo com o "coroinha do belzebú", que juntos, segundo a "Zelotes" venderam medidas provisórias, em troca de 30 moedas de prata. . .
Herculano
12/09/2017 08:01
CONVERSA DE BOTEQUIM, editorial do jornal Folha de S. Paulo

Uma mera coincidência, segundo os personagens, reuniu neste sábado (9) o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, e Pierpaolo Bottini, advogado do delator Joesley Batista, da JBS, numa mesa de bar em Brasília.

Flagrados pela câmera de um frequentador do local, os dois disseram nada terem conversado sobre temas profissionais - muito menos, presume-se, acerca do pedido de prisão, apresentado no dia anterior pelo primeiro, do empresário cliente do segundo.

"Apenas amenidades", segundo a nota emitida pela Procuradoria, "entre duas pessoas que se conhecem por atuarem na área jurídica".

Consumado no domingo, o encarceramento de Joesley Batista e Ricardo Saud, também executivo da JBS, teve origem em diálogo gravado entre ambos, este de teor etílico mais elevado, e nos esclarecimentos que prestaram a esse respeito na semana passada.

Em depoimento, Saud disse ter recebido orientação de um então procurador, Marcello Miller, durante as tratativas para o acordo de delação premiada da JBS. Miller, ex-auxiliar direto de Janot, deixaria depois o cargo público para ingressar em um escritório de advocacia contratado pelo grupo controlador do frigorífico.

Joesley Batista, por sua vez, afirmou que dispõe de outros áudios capazes de incriminar terceiros, incluindo conversa com o ex-ministro José Eduardo Cardozo (Justiça).

Devido aos indícios de omissão anterior de informações como essas, Janot pediu ?"e o ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal, determinou?" a suspensão do bombástico acordo fechado em maio com os delatores.

A providência se mostra correta no momento; decisão definitiva sobre o futuro da delação, porém, demanda análise mais cuidadosa.

Não apenas por isso, a tarefa não deve ficar a cargo de Janot, que, em sua derradeira semana no posto, há muito não exibe o necessário distanciamento diante do caso.

Primeiro, a injustificável imunidade penal concedida a Joesley Batista, no aparente afã de produzir acusação contra o presidente Michel Temer (PMDB); agora, sua proximidade com Marcello Miller.

A futura procuradora-geral, Raquel Dodge, decerto disporá de tempo e elementos para definir se propõe o cancelamento ou a renegociação do acordo com a JBS. O maior risco é o de a Justiça invalidar, por eventual ação ilícita, provas entregues pelos delatores.

São gravíssimos os indícios coletados sobre as condutas de Temer e aliados. Investigações precisam prosseguir, mesmo que só após o término do mandato do presidente ?"dado que este ganhou fôlego político com o descrédito de Janot.
Herculano
12/09/2017 07:59
O JOGO VIROU, editorial do jornal O Estado de S. Paulo

Até sábado, Joesley Batista se achava capaz de dar as cartas. Pouco antes de ser preso, o empresário havia partido para a chantagem explícita. Começa a perceber que o jogo virou

Até sábado, Joesley Batista se achava capaz de dar as cartas. Pouco antes de ser preso ?" depois que veio a público gravação de edificante diálogo no qual fica clara sua intenção de manipular autoridades para atingir seu grande objetivo, que era obter imunidade total para não ter de responder pelos inúmeros crimes que confessou ter cometido ?", o empresário havia partido para a chantagem explícita. Mandara dizer que, ou bem o obsceno acordo que o tornou livre como um passarinho continuava de pé, ou então ele se recusaria a continuar sua colaboração com a Justiça ?" e isso incluía até mesmo deixar de entregar gravações inéditas que o empresário dizia ter em seu poder.

O certo a fazer seria deixar bem claro a Joesley Batista que, nesse caso, ele passaria muito tempo na cadeia ?" exatamente como aconteceu com o empreiteiro Marcelo Odebrecht, que também se julgava capaz de constranger a Justiça a aceitar seus termos, mas desde junho de 2015 enfrenta os rigores da carceragem da Polícia Federal em Curitiba, onde chegou a dividir a cela com um traficante de drogas.

Mas Joesley, ao contrário de Marcelo Odebrecht, tinha razoáveis motivos para acreditar que não seria abandonado, embora sua situação não fosse nada confortável. Desde o início do imbróglio que protagoniza, o empresário inspirou confiança no procurador-geral da República, Rodrigo Janot, que teve incomum disposição para acreditar nas intenções do bem-sucedido açougueiro goiano e dar a ele tudo o que pediu, sem titubear.

A tabelinha entre Joesley e Janot produziu uma das maiores crises políticas da história do País e quase derrubou o presidente Michel Temer, ao impingir-lhe grossas acusações de corrupção ?" baseadas em flagrantes armados pelo empresário, munido de seu já célebre gravador. Com o passar do tempo, contudo, avolumaram-se suspeitas de que a delação de Joesley fora feita sob medida para que o empresário pudesse se proteger da Justiça e para que Janot conseguisse denunciar Michel Temer como o chefe da "maior e mais perigosa organização criminosa deste país".

Deveria ser um jogo de ganha-ganha: Joesley, depois de ter comprado políticos e expandido seus negócios à custa de relações camaradas com os governos lulopetistas, poderia tocar a vida em liberdade, manter o filé de seus negócios e ainda jactar-se de ser "intransigente com a corrupção"; Janot, por sua vez, passaria à história como o herói da luta contra a corrupção e desinfetador da política nacional.

Mas então surgiu a famosa gravação em que Joesley e um executivo da JBS, Ricardo Saud, revelam de que maneira se deu a articulação entre eles e o time de Janot na Procuradoria-Geral para a realização da delação. Ficou claro, ali, que Joesley pretendia usar a delação como forma de se safar da Justiça. Para isso, bastava "falar a língua" dos procuradores, conforme ele mesmo diz na gravação. Tudo isso, aparentemente, sob as instruções de um dos principais assessores de Janot, então procurador Marcelo Miller, que mais tarde viria a integrar a banca de advogados da JBS.

A divulgação da gravação obrigou um constrangido Janot a vir a público para dizer que ali havia fatos "gravíssimos" ?" como se os anteriores, nessa história toda, já não fossem ?" e a pedir a prisão de Joesley, do executivo Ricardo Saud e do ex-procurador Marcelo Miller. Mas o procurador-geral foi compreensivo com seu colaborador premiadíssimo e pediu apenas prisão temporária, que pode se estender por dez dias, no máximo. Não teve o mesmo tratamento, por exemplo, o senador Aécio Neves (PSDB-MG), igualmente grampeado por Joesley. Contra o parlamentar tucano, Janot pediu prisão preventiva ?" isto é, sem prazo determinado ?" sob o patético argumento de que o senador estava articulando a aprovação de projetos de lei para minar as investigações contra a corrupção.

É perfeitamente natural, portanto, que Joesley tenha mantido a atitude de quem acha que está no controle da situação, até a véspera de sua prisão. Afinal, o esperto empresário habituou-se à complacência geral. Começará a perceber que o jogo virou.
Herculano
12/09/2017 07:56
PIOROU DE VEZ, por Augusto Nunes, de Veja.

Gleisi insinua que Palocci é um agente da CIA a serviço do imperialismo americano e, claro, de FHC

"Lula representa hoje a esperança do povo brasileiro. (?) Aqueles que deram o golpe se assustaram muito com a mobilização do povo e tentam desviar a atenção dos escândalos em que estão envolvidos. (?) Por isso, os golpistas retomaram as campanhas de mentiras e difamação contra Lula e o PT. E desta vez contaram com alguém que militou nas fileiras do partido. Nós lamentamos muito que Antonio Palocci tenha se prestado esse papel". (Gleisi Hoffmann, presidente do PT, num vídeo publicado no Facebook, insinuando que Antonio Palocci, ex-braço direito de Lula e Dilma Rousseff, só disse o que disse sobre os antigos comparsas por ser, assim como Sergio Moro, um agente da CIA escalado para destruir o partido mais temido por Donald Trump e, claro, Fernando Henrique Cardoso)
Herculano
12/09/2017 07:52
TEMER ATINGE O VÁCUO MORAL AO DAR CADE AO PP, por Josias de Souza

O governo de Michel Temer revela-se intelectualmente lento e moralmente ligeiro. E essas duas velocidades são insultuosas. A lentidão intelectual impede o presidente e seus operadores de notar que há uma fome de limpeza no ar. A ligeireza moral leva-os a governar como crianças que brincam no barro depois do banho. Em sua penúltima temeridade, o Planalto acomodou Alexandre Cordeiro Macedo na poltrona de superintendente-geral do Conselho Administrativo de Defesa Econômica, o Cade.

Conselheiro do Cade há dois anos, Alexandre traz na testa a marca do Zorro da indicação política. É apadrinhado do Partido Progressista, campeão no ranking de encrencados no petrolão. Conta com o aval do deputado Aguinaldo Ribeiro (PB), um investigado a quem Temer confiou a liderança do governo na Câmara. Dispõe também do apoio de Ciro Nogueira, presidente do PP, outro investigado da Lava Jato que acaba de ser jogado no ventilador da JBS como suposto beneficiário de uma joeslyana de R$ 500 mil.

Alega-se no Planalto e no PP que Alexandre Cordeiro é tecnicamente preparado. Ainda que fosse, o problema é outro. Temer já havia confiado a presidência da Caixa Econômica Federal ao PP. Admita-se que Temer pode conviver com o PP por obrigação protocolar. Qualquer imbecil entenderia isso. Mas ir atrás do PP, cortejar o PP, entregar o Cade ao PP depois de já ter sacrificado a Caixa? Parece demasiado.

Temer ainda não se deu conta. Mas seu governo já tocou o vácuo moral. Nesse estágio, todas as decisões tendem a se converter em matreirice política rasteira, sem qualquer compromisso com o interesse público. A impopularidade do governo é um tributo à sua mediocridade.
Herculano
12/09/2017 07:50
GILMAR MENDES DIZ ESTAR CONVICTO DE QUE FOI GRAVADO POR JOESLEY, por Mônica Bérgamo, no jornal Folha de S. Paulo

Os executivos da J&F nunca desmentiram, de forma cabal, que gravaram o ministro Gilmar Mendes, do STF (Supremo Tribunal Federal), no período em que negociavam delação premiada com o Ministério Público Federal.

AVESSO
Questionados por mais de um interlocutor nos últimos meses, os delatores da empresa sempre deixaram a questão no ar. Não desmentiam e no máximo afirmavam que isso não teria maior importância já que no diálogo não haveria crime. Nenhuma fita com o magistrado tinha vindo a público até o começo da noite de segunda (11).

AGORA EU SEI
Mendes está seguro de que foi gravado pelo empresário Joesley Batista. "Eu hoje estou convicto disso", diz. Ele se encontrou com Francisco de Assis, advogado da J&F, em abril, a pedido do profissional, e sem saber que eles já negociavam acordo de delação. No meio da conversa, Joesley apareceu, de surpresa. Na época, o magistrado não deu importância ao fato.

COLEIRA
"O grave é que eles estavam sendo pilotados pela PGR [Procuradoria-Geral da República], mais especificamente pelo [ex-procurador] Marcello Miller, que não era o braço direito e sim o cérebro do [procurador-geral] Rodrigo Janot", diz Mendes. "Os próprios delatores dizem em suas conversas que tinham a tarefa de destruir o STF. Eles não investigavam mas sim tinham um projeto de poder."

CÍRCULO
Nos meios jurídicos circulam informações de que também profissionais do IDP (Instituto de Direito Público), do qual Mendes é sócio, podem ter sido grampeados.

IRREAL
O ex-procurador Marcello Miller nega ter orientado a J&F na negociação de delação premiada com o Ministério Público Federal e diz que jamais cometeu qualquer crime. Janot, que pediu a prisão do ex-auxiliar, diz que nunca soube que ele estava orientando a empresa antes de deixar o cargo.
Herculano
12/09/2017 07:48
IRMÃO DE GEDDEL DIZIA NÃO USAR CARTÕES, Só DINHEIRO, por Cláudio Humberto, na coluna que publicou hoje nos jornais brasileiros

O deputado Lúcio Vieira Lima (PMDB-BA), que é irmão do ex-ministro Geddel Vieira Lima, não usa cartões ou cheques, em seu dia-a-dia: ele tem o hábito de carregar maços de dinheiro vivo no bolso. Ele próprio o confirmou a jornalistas em abril de 2015, quando ouviu brincadeiras de colegas deputados sobre esse hábito. Na época, era candidato a líder do PMDB na Câmara, e brincou: "Não gosto de liderar com o plástico".

RECIBO COMO PROVA
No imóvel onde foram apreendidas malas de dinheiro, a Polícia Federal achou recibo salarial de uma empregada de Lúcio Vieira Lima.

DAVA PARA IR A PÉ
O tesouro dos R$51 milhões apreendidos fica a menos de 1km da residência de Geddel, no bairro do Chame-Chame, em Salvador.

LÚCIO NEGA
Lúcio Vieira Lima nega tudo, diz que foi brincadeira de jornalista e não de deputados. E jura que usa cartões Bradesco e Hipercard.

APITO TORTURANTE
O irmão de Geddel volta a brincar com a situação: "O pior são os dependentes, gastam muito. Cada apito no iPhone é uma compra!"

CONFISSÃO DE SAUD AJUDA PGR A PEDIR PREVENTIVA
A tentativa de obstruir a Justiça, admitida por Ricardo Saud, lobista do grupo J&F/JBS, será uma das alegações da Procuradoria Geral da República junto ao Supremo Tribunal Federal para que sua prisão temporária e a do seu patrão Joesley Batista mudem para preventiva, sem prazo para acabar. Saud confessou haver gravado o ex-ministro da Justiça José Eduardo Cardozo e escondido a gravação no exterior.

SOLTOS SÃO PERIGOSOS
No MPF, a convicção é a de que, soltos, Joesley e Saud usarão o poder do dinheiro para tentar manipular e até obstruir as investigações.

GRAVOU E VAZOU
Saud revelou detalhes da gravação de conversa com José Eduardo Cardozo em depoimento ao Ministério Público Federal.

ENTREGANDO MILLER
O lobista Saud disse que o ex-procurador Marcelo Miller sabia da gravação de Cardozo, piorando a situação do ex-braço direito de Janot.

IN VINO, MENTIRAS
José Dirceu brinca com fogo. Ele não recusa convites para rodadas de vinhos em casa de amigos, em Brasília. Quando se anima, pergunta: "Onde erramos?". Só ouve elogios da petelhada, claro, que atribui a derrocada do PT à "falta de controle da mídia", jamais à corrupção.

DELATOR MENTE
Críticos de Antônio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, lembram que em 4 de setembro o criminalista proclamou que "todo delator mente e omite" e, seis dias depois, já advogado de Joesley e do lobista Saud, da JBS, ele mudou de ideia: "Meus clientes não mentiram na delação".

À CAÇA DE AMENIDADES
Importante criminalista de Brasília escreve à coluna para dizer que procura algum boteco onde possa ter encontro casual com alguns ministros de tribunais superiores: "Preciso conversar amenidades..."

MARCO AURÉLIO
O advogado Marco Aurélio Carvalho, parceiro do ex-ministro da Justiça José Eduardo Cardozo, é o "Marco Aurélio" gravado pelo lobista da JBS, conforme a conversa pornográfica gravada pelo patrão Joesley.

OPS, FOI MAL
A Procuradoria-Geral da República pediu o arquivamento da denúncia que fez o senador Romero Jucá (PMDB-RR) se demitir do Ministério do Planejamento, no início do governo Michel Temer.

INCOMPETÊNCIA
Pegou mal para o banco Santander cancelar a mostra "Queermuseu", em Porto Alegre, que, a pretexto de "celebrar a diversidade", acabou acusado de apologia à pedofilia e zoofilia. E, para piorar, recuou.

PROVA DE INUTILIDADE
O Instituto de Pesquisa Econômica e Aplicada (Ipea), órgão de pesquisa econômica do governo federal, contratou uma empresa chamada InterB Consultoria para realizar... pesquisa econômica. Não haverá prova maior da inutilidade de uma das duas partes.

DESEMBARQUE
Após o ex-ministro Antonio Palocci simbolicamente tatuar "ladrão" na testa de Lula, os petistas andam muito desanimados com a passagem do ex-presidente por Curitiba, nesta 4ª, para ser interrogado como réu.

PERGUNTA NA PAPUDA
O ricaço Joesley e o lobista Saud, tratados com tantas gentilezas, também não terão as cabeças raspadas, como os demais presos?
Herculano
12/09/2017 07:43
PARA PRÉ-ADOLESCENTES E PRÉ-UNIVERSITÁRIOS, Só EXISTE A PóS-VERDADE, por João Pereira Coutinho, sociólogo e escritor português, no jornal Folha de S. Paulo.

Um amigo contava-me há tempos que tivera uma conversa séria com o filho pré-adolescente. Sobre a internet. Sobre os perigos da internet.

Não, o problema não estava em sites pouco frequentáveis. Estava na informação "inofensiva" de sites igualmente "inofensivos". O filho acreditava em tudo que lia na tela. Se estava na rede e se alguém tivera o poder de entrar nessa rede, os fatos só podiam ser verdadeiros.

O pai explicou-lhe que não. As falsidades abundam. Era preciso confirmar ?"uma vez, duas, três?" aquilo que lemos. Os livros são mais fiáveis do que a internet, disse ele. E, mesmo na internet, há sites "oficiais" (de organizações, mídia etc.) que não podem ser confundidos com blogs. A maioria, pelo menos.

O filho escutou e não queria acreditar. Nem a Wikipédia era de confiança?

Falamos de um pré-adolescente, repito. Nos pré-universitários, a questão é outra: leio no "Washington Post" que um dos esforços do Newseum de Washington ?"instituto que defende a liberdade de expressão?" tem sido ensinar que nem tudo são "fake news".

Os pré-universitários cresceram com essa perversa expressão. Moral da história? Se tudo é "fake", não há nada em que acreditar. Ou, pior, é possível acreditar em qualquer coisa, consoante o gosto e o momento: a verdade não passa de uma quimera.

O filho do meu amigo tinha excesso de credulidade. Os americanos pré-universitários têm excesso de incredulidade. Mas os extremos, como sempre, tocam-se: para pré-adolescentes e pré-universitários, só existe a pós-verdade.

Confesso que o paradoxo não me espanta. Digo mais: a história do conhecimento humano sempre se fez contra o dogma, por um lado, e a falsidade, por outro.

O melhor dos exemplos está em Sócrates, o filósofo da Atenas gloriosa do século 5 a.C.. Acabei de ler uma breve biografia do bicho escrita por Paul Johnson. Sempre gostei de ler Johnson: não tanto pela originalidade do que diz mas, antes, pela originalidade de como diz. Recomendo o seu "Modern Times", por exemplo, ou "Art: A New History", que tenho como companhia permanente.

O seu "Socrates" (Viking, 208 págs.) não tem o fôlego das grandes obras. E, sobre a questão arcana de separar o verdadeiro Sócrates da versão que nos chegou via Platão, os estudos de Gregory Vlastos são inultrapassáveis ?"e Johnson sabe disso.

Mas o historiador ilumina, com a elegância de estilo habitual, que os inimigos de Sócrates são os mesmos que hoje enfrentamos.

De um lado, a opinião estabelecida, o fato inquestionado, o rumor doutoral ?"sombras de conhecimento que encontramos disseminadas pela internet e que conferem às multidões uma intolerância que não teria espantado o filósofo.

Do outro, o relativismo cognitivo, a descrença na verdade, a conduta amoral de quem pensa que tudo é "construção" e "manipulação" ?"em suma, a cartilha dos sofistas que enxameavam Atenas, ensinando a retórica e a arte da persuasão a jovens ricos e politicamente ambiciosos.

Perante esses dois inimigos, Sócrates era, nas palavras de Johnson, um "conservador radical" ?"e não um "radical conservador", como Platão. Segundo Johnson, uma das formas de distinguir ambos reside precisamente aqui: Platão diz-nos sempre o que pensar; Sócrates indica-nos como pensar.

E, nesse processo dialético, a certeza dogmática ou o niilismo epistemológico são demolidos com ceticismo e ironia. Sócrates acreditava no conhecimento, sim, mas não na arrogância dos presumidos conhecedores.

E hoje? Onde mora a verdade para pré-adolescentes e pré-universitários?

A pergunta deve ser respondida pelas universidades (aquelas que não são centros de doutrinação), pela mídia (aquela que não trocou a independência pela cartilha ideológica) e por qualquer pensador livre (desde que seja realmente livre). Mas o exemplo de Sócrates é uma boa herança.

Difícil? Fato. E Sócrates, convém lembrar, não teve um final feliz: foi condenado à morte por corromper a juventude de Atenas e desrespeitar os deuses da cidade ?"duas acusações que são a medida da sua grandeza perante o fanatismo dos seus carrascos.

Mas, se ainda hoje lemos o filósofo, é porque a defesa das causas perdidas, no fim de contas, é a defesa das causas vencedoras.
Herculano
12/09/2017 07:39
CASO JUCÁ-RENAN-SARNEY PROVA QUE JANOT É UM FANFARRÃO: ELE IN VENTOU A "DENÚNCIA PREVENTIVA", por Reinaldo Azevedo, na Rede TV.

Ah, deixem-me ver qual escândalo, entre os fabricados pela Força Tarefa, consegue mobilizar mais os nossos ódios, ainda que depois não venham as provas. Ah, que tal a conclusão do inquérito do quadrilhão do PMDB? Olhem, querem implicar o presidente Michel Temer naquele rolo. Quem está surpreso? Ou, então, vamos nos indignar com a denúncia de Rodrigo Janot - contra Temer, é claro! ?", feita com base nas acusações de Lúcio Funaro? O bandido diz que nunca falou com o presidente, mas que Eduardo Cunha fazia acusações contra o chefe do Executivo? E assim seguimos.

Janot, ainda procurador-geral da República, é um fanfarrão como nunca houve na história da República. Lembram-se de quando ele pediu nada menos do que a prisão dos senadores Romero Jucá (PMDb-RR) e Renan Calheiros (PMDB-AL) e do ex-presidente José Sarney? Qual a acusação? Bem, gravados por Sérgio Machado, o primeiro "Joesley Batista" da carreira de Marcelo Miller, o trio era acusado de ter tentado obstruir a Lava Jato.

E o que havia de concreto contra eles? Resposta: nada! Janot apenas interpretava conversas. Numa delas, Machado diz que é preciso fazer alguma coisa sobre a crise política. E Jucá dá uma resposta genérica: "É preciso estancar essa sangria".

Muito bem! Isso custou o cargo a Jucá, então ministro do Planejamento. Bem, afirmei aqui à época que não havia como ele ficar ?" a questão era política ?", mas que a fala, em si, não trazia crime nenhum.

Pois bem: a Polícia Federal investigou. Não encontrou sinal de que os três tenham tentando obstruir investigação nenhuma. E o próprio Janot pediu ao ministro Edson Fachin que o caso seja simplesmente arquivado.

A explicação do procurador-geral ao pedir o arquivamento é realmente insólita. Prestem atenção:
"A vinda à tona da gravação e dos depoimentos de Sérgio Machado revelou publicamente toda a estratégia então planejada. Em decorrência dele, sabe-se que os eventuais projetos de lei apresentados por vezes sob a roupagem de aperfeiçoamento da legislação terão verdadeiramente por fim interromper as investigações de atos praticados por organização criminosa. Certamente, se n?o fosse a revelação, os investigados tentariam levar adiante seu plano".

É um absurdo completo!

Janot, que já usa a prisão preventiva como lhe dá na telha, agora inventou a denúncia preventiva. Consiste no seguinte: acuse alguém de um crime que a pessoa ainda não cometeu porque, assim, assustada pela acusação, ela deixará de cometê-lo, entendem?

Isso dá conta da loucura que tomou conta da Procuradoria-Geral da República nestes dias. Quando, à época, afirmei que se tratava de uma acusação sem fundamento, tomei pancada de todo lado. E, no entanto, a coisa está aí.

E o que é mais fabuloso nisso tudo? Essa acusação compunha, vamos dizer assim, a menina dos olhos da "delação premiada" de Sérgio Machado. Como se nota, a dita-cuja não se comprovou. Ao contrário: feita a investigação, aquilo que o mais premiado dos delatores, depois de Joesley, denunciou simplesmente não havia acontecido nem aconteceu depois.

Mais: se fizesse sentido o que diz Janot, então ele teria celebrado com Sérgio Machado um acordo de delação premiada sobre crimes que poderiam vir a acontecer. Estamos diante de um caso flagrante de falta de vergonha na cara mesmo.

Eis um caso em que fica patente, sim, senhores!, o abuso de autoridade. E só por isso Janot não quer mudar a lei que pune tais abusos, que é velha, de 1965.

Eis aí, meus caros! Nem o terror francês inventou a acusação falsa como remédio preventivo para o cometimento de crimes.

A coisa mais próxima de que se tem notícia são os Processos de Moscou, a série de ações judiciais movidos pelo Estado Soviético, sob o comando de Stálin, entre 1936 e 1938. Os acusados tinham duas alternativas: admitir a conspiração e morrer; não admitir e? morrer. O Brasil ainda é uma democracia, e o nosso Stálin que visita espeluncas e se esgueira atrás de caixas de cerveja vai encontrando o seu ocaso.

Janot foi o pior flagelo que sofreu o Estado de Direito no país desde a redemocratização.
Herculano
12/09/2017 07:29
LULA, O MALUF DA ESQUERDA, por Hélio Schwartsman, no jornal Folha de S. Paulo

A confissão de Antonio Palocci acaba com Lula? Bem, acho que dá para dizer que ela não ajuda o ex-presidente, mas me parece precipitado afirmar que encerre a carreira política do líder petista, que já conseguiu livrar-se de situações que pareciam impossíveis.

O primeiro ponto a considerar é que a bomba lançada por Palocci ainda está no terreno das declarações. O que ele diz tem peso por vir de quem vem, mas não chega a ser um "batom na cueca" como o vídeo de Rocha Loures com a mala de dinheiro.

Mais importante, a narrativa que Lula vinha usando para explicar seu envolvimento na Lava Jato ?""tudo não passa de perseguição política promovida pelas elites que não querem ver a vida dos pobres melhorar"?" pode, sem grandes malabarismos, acomodar a transformação de Palocci: depois de sofrer meses de "tortura psicológica" ao ser mantido injustamente na cadeia, ele desabou e agora acusa o ex-presidente apenas para deixar o cárcere.

Isso basta para que os petistas convictos, determinados a absolver o ex-presidente de qualquer pecado, continuem a crer na inocência de seu líder. A ideologia não precisa de mais do que um fiapinho de verossimilhança para nele agarrar-se até o fim.

A questão é que nem todo o mundo é igualmente ideológico. O grau com que as pessoas se prendem ao discurso de partidos (e religiões) segue uma distribuição normal, sendo que só uma minoria se mostra invulnerável a evidências empíricas contrárias a suas inclinações.

A multiplicação dos delatores que entregam o ex-presidente e das situações que ele próprio não consegue explicar a contento, um processo que teve início em 2005, tende a tornar Lula cada vez mais dependente de uma militância ideológica ?"exatamente o contrário da guinada para o centro que o elegeu em 2003. Minha impressão é que ele vai se transformando numa espécie de Maluf da esquerda
Vamos nos mexer.
12/09/2017 06:43
Não da mais para nos calar,é mal atendimento no Hospital,nos Postos de Saúde falta de vagas nas creches retirada das Lombadas Eletrônicas várias Ruas iníciadas no governo passado ainda inácabadas,Postos de Saúde e Escolas também sem contar com os problemas do Samae.Temos desvio de função,inchaço da maquina almento de despesas entre outras coisas,e tem vereador fazendo homenagens até para cavalos e outros.....
Desasistencia Social
11/09/2017 17:26
Da competência do Hernesto Hostin tem que se duvidar mesmo. Desde que assumiu a assistência social só vem fazendo cagada. Lembro-me que em várias ocasiões, ele próprio verbalizou que havia se dado um prazo de 3 meses pra resolver a situação dos moradores de rua de Gaspar. E que quem nao consegue cumprir prazos é demosntra não rer competência para tal. Pronto. Ta ai comprovado. O "ome" depois de ter passado 8 meses de gestão ainda não deu jeito na situação. Onde está Gaspar eficiência?
Herculano
11/09/2017 16:58
NÃO TEM JEITO. NOVAMENTE O MAIS HONESTO HOMEM VIVO SOBRE A FACE DA TERRA ESCORREGA.LULA DENUNCIADO NA ZELOTES POR CORRUPÇÃO

Conteúdo do jornal O Estado de S. Paulo. Texto de Fábio Fabrini, da sucursal de Brasília. O Ministério Público Federal (MPF) em Brasília denunciou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o ex-ministro Gilberto Carvalho e mais cinco pessoas por "venda" de uma medida provisória de 2009 ao setor automotivo. Os envolvidos são acusados de corrupção na elaboração e edição da MP 471, que prorrogou incentivos fiscais a montadoras instaladas no Norte, no Nordeste e no Centro-Oeste. O caso foi revelado pelo Estado em outubro de 2015 e investigado na Operação Zelotes.

Na denúncia, enviada à 10ª Vara da Justiça Federal em Brasília, os procuradores da República Frederico Paiva e Hebert Mesquita sustentam que representantes das montadoras prometeram o pagamento de "vantagens indevidas" a intermediários do esquema e a agentes políticos, entre eles Lula e Carvalho.

A Marcondes e Mautoni Empreendimentos - empresa do lobista Mauro Marcondes Machado, que representava a CAOA (Hyundai) e a MMC Automotores (Mitsubishi do Brasil) ?" teria ofertado R$ 6 milhões a Lula e Carvalho. O destino do dinheiro, segundo o MPF, seria o custeio de campanhas eleitorais do PT.

"Diante de tal promessa, os agentes públicos, infringindo dever funcional, favoreceram às montadoras de veículo MMC e CAOA ao editarem, em celeridade e procedimento atípicos, a Medida Provisória n° 471, em 23/11/2009, exatamente nos termos encomendados, franqueando aos corruptores, inclusive, conhecimento do texto dela antes de ser publicada e sequer numerada, depois de feitos os ajustes encomendados", pontua em um dos trechos da denúncia.

Também estão entre os denunciados Mauro Marcondes, o lobista Alexandre Paes dos Santos, o ex-conselheiro do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf) José Ricardo da Silva e os executivos de montadoras Carlos Alberto de Oliveira Andrade e Paulo Arantes Ferraz. O MPF pede que os acusados paguem R$ 12 milhões a título de ressarcimento ao erário e multa por danos morais coletivos.

Além de garantir a edição e aprovação da MP no Congresso, os procuradores alegam que as propinas foram pagas também para comprar o cancelamento de um débito de R$ 265 milhões que era objeto de um recurso no Carf. Este caso, no entanto, é objeto de outra ação penal em tramitação na 10ª vara da Justiça Federal em Brasília.

De acordo com o MPF, a investida do grupo criminoso junto ao governo começou em junho de 2009, quando José Ricardo Silva recebeu do diretor jurídico da Marcondes e Mautoni duas cartas endereçadas ao então presidente da República com os pedidos de alteração legislativa.

Os documentos foram elaborados pelo diretor jurídico da empresa, Ricardo Rett, e chegaram a sugerir que a mudança fosse efetivada por meio de MP, o que acabou ocorrendo.

Os procuradores destacam uma mensagem em que Alexandre Paes dos Santos afirma que "colaboradores" de Mauro Marcondes teriam exigindo R$ 10 milhões e que o valor foi reduzido para R$ 6 milhões após "esforço de sensibilização de Mauro (Marcondes)". Para o MPF, "colaboradores" seriam o ex-presidente Lula e de Gilberto Carvalho.

Segundo o MPF, a mensagem endereçada aos responsáveis pela empresa SGR Assessoria, de propriedade de José Ricardo, foi elaborada após a empresa Caoa ter desistido de pagar a sua parte no combinado. A negociação inicial previa o pagamento de R$ 33 milhões. No entanto, recebeu só a metade, o que teria dificultado o pagamento das propinas.

Na denúncia, os procuradores enfatizam que documentos e depoimentos mostram que a MP teve um andamento atípico, passando por três ministérios em um único dia: 19 de novembro, quatro antes da publicação da norma no Diário Oficial. As negociações parea a MP teriam sido feitas diretamente entre o Ministério da Fazenda e a Presidência da República, tendo as demais pastas apenas referendado as tratativas.

O MPF explica que, por falta de provas de que participaram das negociações e dos atos ilegais, o ex-ministro da Fazenda, Guido Mantega, e a empresária Cristina Mautoni, mulher de Mauro Marcondes, não foram denunciados.

O Estado ainda não conseguiu contato com os acusados.
Herculano
11/09/2017 16:48
SAUD E ESCRITóTRIO DEIXAM CLARO QUE MILLER PARTICIPOU DE FORMA INDEVIDA DE ELABORAÇÃO DO ACORDO, por Reinaldo Azevedo, na Rede TV

A casa caiu de um jeito irremediável. E é um escândalo adicional que Edson Fachin, ministro do Supremo, não tenha decretado nem mesmo a prisão provisória de Marcelo Miller, o ex-procurador. O próprio Ricardo Saud, em depoimento à Procuradoria Geral da República, admite que o grupo J&F estava recebendo orientação de Marcelo Miller. Eis trecho referente ao depoimento de Saud:

"[Saud afirmou] que disse a Marcello Miller que gravaria o [senador] Ciro Nogueira (?); que disse a Marcello Miller que gravou José Eduardo Cardozo; (?) que Marcello Miller disse que aquilo daria cadeia, que iriam para cima dele, depoente, e José Eduardo Cardozo; que depois dessa conversa Marcello Miller saiu da sala e estava mandando mensagens no celular; que achou isso estranho, o fato de mandar mensagens logo após essa conversa; que não mostrou a gravação de José Eduardo Cardozo a Marcello Miller, apenas mostrou um pen drive".

Ou por outra: o sr. Miller participava de toda a patuscada.

Mas a coisa não acaba por aí. O próprio escritório Trench Rossi Watanabe enviou documentos à Procuradoria. Segundo o próprio Rodrigo Janot:

"Entre os documentos apresentados constam elementos de que, antes de março do corrente ano, Marcello Miller já auxiliava o grupo J&F no que toca o acordo de leniência firmado pela empresa com o Ministério Público Federal. Há, por exemplo, trocas de e-mails entre Marcello Miller e advogada do mencionado escritório, em época em que [ele] ainda ocupava o cargo de procurador da República, com marcações de voos para reuniões, referências a orientações à empresa J&F e indícios de tratativas em benefícios à mencionada empresa".

Pois é? Janot disse ver aí exploração de prestígio, quem sabe a participação em organização criminosa. Ora, ora, ora? Conversa mole, não? O nome do crime é outro: obstrução da investigação.

Por que Marcelo Miller ainda esta solto?

De resto, é a lei, segundo já a expôs o próprio Janot: a atuação de Miller anula toda a operação
Herculano
11/09/2017 11:33
VOCÊ ESTÁ SENDO ENGANADO! JANOT E FACHIN ATUAM PARA LIMPAR A BARRA DOS CRIMINOSOS, por Reinaldo Azevedo, na Rede TV

Não faz o menor sentido pedir e decretar prisão temporária. A única medida razoável é a prisão preventiva. Procurador-geral e ministro do STF dão truque nos brasileiros

É uma vergonha o que está em curso, e os brasileiros, infelizmente, estão sendo engabelados. Por quem? Por Rodrigo Janot, procurador-geral da República, e por Edson Fachin, relator da Lava Jato no Supremo. Qual é o ponto?

Diante das evidências de que Joesley Batista, Ricardo Saud e Marcelo Miller usaram a delação premiada para esconder crimes ?" em vez de colaborar para a sua elucidação ?", Janot tinha apenas um caminho decente: pedir a suspensão dos benefícios decorrentes da colaboração malsucedida e a prisão preventiva do trio. Em vez disso, optou pela prisão temporária.

Fachin, por sua vez, não se fez de rogado e, com rigor apenas aparente, cedeu ao pedido do procurador-geral, aquele que se encontra informalmente em boteco com o advogado de um dos criminosos. E Fachin, vejam que maravilha!, decidiu ser mais generoso do que Janot.

O ministro decretou a prisão temporária de Joesley e Saud ?" máximo de cinco dias, renováveis por mais cinco ?", mas não viu razão para prender Miller. Por que não? Ao tentar se explicar, o ministro produziu certamente um dos momentos memoráveis da Corte. Prestem atenção a este trecho do seu despacho:


-"No que diz respeito a Marcello Paranhos Miller, ainda que sejam consistentes os indícios de que pode ter praticado o delito de exploração de prestígio e até mesmo de obstrução às investigações, não há, por ora, elemento indiciário com a consistência necessária à decretação da prisão temporária, de que tenha, tal qual sustentado pelo Procurador-Geral da República, sido cooptado pela organização criminosa."-


Se você não entendeu nada, não se preocupe. Fachin também não entendeu o que redigiu. Ele precisava engrolar alguma desculpa para não prender Miller. Então afirmou haver "indícios consistentes de que pode ter praticado o delito de exploração de prestígio e até mesmo de obstrução às investigações", mas isso não se traduz, ele sustenta, em "elemento indiciário com a consistência necessária"? Ah, entendi? Janot acaba de fundar o indício não-indiciário; é o indicio que nega a si mesmo.

Há algo mais do que mera confusão aí, segundo os bastidores sórdidos de Brasília.

E Fachin segue dando um truque retórico em todo o mundo jurídico e, em particular, no Supremo ao afirmar o seguinte:


-"O crime do art. 288 do Código Penal (associação criminosa que substituiu o delito de quadrilha ou bando), para sua configuração, exige estabilidade e permanência, elementos que, por ora, diante do que trouxe a este pedido o MPF, não se mostram presentes, para o fim de qualificar o auxílio prestado pelo então Procurador da República Marcello Miller aos colaboradores como pertinência a organização criminosa."-


Com a devida vênia, é um despacho asqueroso de Fachin, respondendo a uma petição não menos asquerosa de Janot. Ora, pedir a prisão do procurador, acusando-o de integrar organização criminosa, corresponde a uma manipulação porque é o mesmo que pedir que não seja preso. É evidente que não se trata de um caso de "organização criminosa". Estamos falando é de obstrução da investigação. E o mesmo se diga de Joesley Batista e Ricardo Saud.

Escolher a prisão temporária, que pode se estender por, no máximo, 10 dias, corresponde a ignorar que Joesley, Saud e Miller representam, segundo o Artigo 312 do Código Processo Penal, uma ameaça à ordem pública e à instrução criminal, certo? A propósito: seus advogados agora anunciam que eles dizem dispor de novas provas. É mesmo? E as estavam omitindo, então, por quê? E, segundo se entendem, não se constrangem em chantagear o país: só as entregam se os benefícios forem mantidos.

Os demais ministros do Supremo terão de se manifestar. Alguns tiveram seus respectivos nomes jogados no chiqueiro moral em que se tramou isso tudo. Vão permitir que Fachin e Janot continuem a desafiar a lei e o bom senso?
Herculano
11/09/2017 11:31
O ESTRAGO CAUSADO PELO PT, editorial do jornal O Estado de S. Paulo

Desvios na Petrobrás são muito maiores que os detectados em auditorias anteriores; documentos mostraram o custo real de alguns equipamentos específicos da indústria de petróleo

A partir das provas obtidas pela Operação Lava Jato, auditores do Tribunal de Contas da União (TCU) constataram que os desvios na Petrobrás são muito maiores que os detectados em auditorias anteriores. Em algumas obras, o prejuízo chega a ser 70% acima do cálculo anterior, revelou o Estado. É mais um passo na difícil tarefa de avaliar, em sua real dimensão, os danos causados ao País pela empreitada petista de tomar o Estado para seus fins particulares.

A revisão do valor dos danos baseia-se em informações obtidas com a quebra de sigilo de algumas empreiteiras investigadas. O TCU recebeu da 13.ª Vara Federal Criminal de Curitiba, do juiz Sérgio Moro, notas fiscais emitidas por fornecedores de materiais usados pelas empreiteiras nas obras da Petrobrás. Os documentos mostraram o custo real de alguns equipamentos específicos da indústria de petróleo, que antes não constava dos sistemas oficiais de pesquisa de preços consultados pelo tribunal. A comparação dos valores praticados no mercado com os previstos nos contratos deixou patente que o rombo era ainda maior.

O TCU reavaliou um contrato relativo ao Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj) e três da Refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco. Segundo os auditores do tribunal, a Petrobrás perdeu, apenas nesses quatro contratos, R$ 3,7 bilhões, em valores atualizados.

No contrato da Petrobrás com o consórcio integrado pela Odebrecht e a UTC Engenharia para a construção da Central de Desenvolvimento de Plantas de Utilidades (CDPU), uma das estruturas mais importantes do Comperj, houve um superfaturamento 70% maior do que o apontado pela auditoria anterior. As perdas saltaram de R$ 295 milhões para R$ 505 milhões. Em valores atualizados até outubro de 2016, os prejuízos chegam a R$ 686 milhões. A fiscalização mostrou que, a cada R$ 10 pagos pela Petrobrás ao consórcio, R$ 4 eram indevidos.

Também se constatou que a própria realização do contrato com o consórcio foi irregular, com dispensa de licitação. "Essa contratação ocorreu por meio de pagamento de propinas a gestores da Petrobrás e apresentação à Diretoria Executiva de 'emergência fabricada', com premissas falhas e justificativas insubsistentes", afirma o relatório. Os auditores do TCU propõem o bloqueio dos bens de seis pessoas, entre executivos da estatal e das empreiteiras, e de sete empresas dos grupos integrantes dos consórcios, incluindo UTC e Odebrecht, para garantir o ressarcimento dos prejuízos.

Na Refinaria Abreu e Lima, a reavaliação do TCU apontou um prejuízo 32% maior na Unidade de Destilação Atmosférica (UDA) e de 15% na Unidade de Hidrotratamento de Diesel (UHDT), em contratos envolvendo a Odebrecht e a OAS. Notas fiscais de 2009 permitiram descobrir um sobrepreço de R$ 1,36 bilhão nos dois empreendimentos. Antes, estimava-se um prejuízo de R$ 1 bilhão. Em valores do ano passado, o desvio chega a R$ 2,1 bilhões.

Os técnicos do TCU também revisaram as contas relativas às obras de implementação das "tubovias", o complexo de 60 mil toneladas de dutos da Refinaria Abreu e Lima, empreendido pela Queiroz Galvão, em consórcio com a Iesa. O sobrepreço inicial, de R$ 605 milhões, foi reavaliado em R$ 689 milhões. Corrigido, o valor alcança R$ 1 bilhão.

O resultado impressiona: quatro contratos geraram um prejuízo à Petrobrás de R$ 3,7 bilhões. No momento, o TCU refaz as contas de, pelo menos, mais nove contratos da Abreu e Lima, da Refinaria Presidente Getúlio Vargas (Repar), no Paraná, e também da Usina de Angra 3, gerida pela Eletronuclear. Não é novidade o estrago causado pelo PT, mas é bem-vinda uma avaliação de suas reais proporções, seja para cobrar as reparações, seja para evidenciar o custo que representou ao País a passagem do sr. Lula da Silva e de sua pupila Dilma Rousseff pela Presidência da República. Não é possível que, depois de tão amarga experiência, os embustes do populismo lulista ainda possam enganar algum incauto eleitor.
Herculano
11/09/2017 11:30
APóS NOVA REVIRAVOLTA, CENTRO-DIREITA RECUPERA PARA 2018, por Vinicius Mota, secretário de redação do jornal Folha de S. Paulo

Dilma Rousseff começou a corrigir o rumo de seu navio avariado logo após ter sido reeleita por um triz.

No papel a estratégia fazia sentido. Convoquem-se técnicos com credibilidade no mercado, aplique-se uma terapia de choque nos dois primeiros anos do mandato e depois colham-se os frutos eleitorais de um novo ciclo de melhora do bem-estar.

O petismo contava com a vantagem de possuir um candidato competitivo, o ex-presidente Lula, para pleitear a extensão da sua estadia no poder para duas décadas.

O chão, porém, logo começou a tremer sob os pés da segunda Rousseff. Derrubou-a um misto de incompetência política e incapacidade de entender para onde o vento soprava, em meio à impopularidade crescente, a mobilizações maciças da oposição e ao avanço da Lava Jato na direção da presidente e do seu padrinho.

No final de 2016, o PT parecia dizimado. Perdera o poder federal e fora destroçado nas eleições municipais. Sobressaía a inteligência adaptativa do PMDB, que se livrou do parceiro declinante, organizou uma nova maioria de centro-direita e adotou, com a paixão dos convertidos, uma agenda ambiciosa de reformas liberais.

Prolongavam-se, entretanto, a recessão e as investigações anticorrupção. As cabeças da nova coalizão, inclusive a do presidente, foram atingidas por escândalos. No segundo trimestre de 2017, Michel Temer parecia à beira da degola. Lula voltara a fortalecer-se e despontava como favorito nas pesquisas para 2018.

A roda girou novamente. O delator que encurralou Temer, Joesley Batista, foi desmoralizado e preso. Palocci endossou a acusação da Procuradoria contra Lula. A economia entrou em recuperação, com a perspectiva de que inflação e juros continuem baixos por longo período. A centro-direita voltou a dar as cartas de 2018.

Quem, no entanto, se arrisca a declarar encerradas as reviravoltas dessa história?
Herculano
11/09/2017 11:26
JÁ SE FALA EM DELAÇÃO PREMIADA DO EX-PROCURADOR, por Cláudio Humberto, na coluna que ele publicou hoje nos jornais brasileiros

Circulou como uma bomba, entre ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), a informação de que o ex-procurador Marcelo Miller, que foi braço direito do procurador-geral Rodrigo Janot, estaria inclinado a propor um acordo de delação premiada. A informação começou a circular após a notícia de que seria iminente a sua prisão, com o escândalo provocado pela nova gravação de Joesley Batista.

JOESLEY NO SAL
Não está claro qual seria o alvo de eventual delação de Marcelo Miller, mas em princípio seu depoimento agravaria a situação de Joesley.

VIRANDO A CASACA
A suspeita no MPF é que Marcelo Miller ainda era procurador quando se integrou informalmente à defesa da turma da JBS.

ELES ENTREGARAM
Suposto acerto com Marcelo Miller foi descrito na gravação que Joesley fez de sua conversa com Ricardo Saud, lobista da J&F/JBS.

DOMÍNIO DO FATO
Um ministro do STF ironizou ontem à tarde: "Se for confirmada a delação do Miller, o MPF levará em conta a teoria do domínio do fato?"

SENADORES RECEBERAM R$ 40,2 MILHÕES EM 2017
Entre janeiro e agosto deste ano, com dois períodos de recesso no meio, os 81 senadores já custaram ao contribuinte mais de R$40,2 milhões. Nesse total, consideram-se oito salários de R$33.763 até agosto, mais a primeira parcela do 13º, além de gastos reembolsados pela cota parlamentar, de até R$44,2 mil por mês, e gastos como diárias de viagens oficiais e, em plena era digital, envio de cartas.

EQUIPE DE FORA
O custo dos senadores não inclui os 3.376 funcionários que pagamos para eles, nos gabinetes e nos escritórios estaduais.

CUSTO DE FUNCIONÁRIOS
O gabinete do ex-suplente Hélio José (PMDB-DF) tem 84 assessores, todos eles recebendo salários invejáveis.

INVESTIMENTO MELHOR
O custo do serviço prestado pelos 81 senadores seria suficiente para contratar 5 mil desempregados, pagando-lhes o salário mínimo.

LÍNGUA DE TRAPO
No papo de botequim gravado, Joesley faz referência grosseira a outra mulher, sua advogada Fernanda Tortima. Filha de ex-preso político, foi casada com procurador e seu marido atual é desembargador do TJ-RJ.

SEGURE O BOLSO
A Câmara deve votar nesta terça a PEC 77, que pretende criar o fundo eleitoral de R$3,6 bilhões para bancar campanhas. O contribuinte terá de pagar ainda mais R$ 900 milhões/ano a título de "fundo partidário".

DIZ QUE NÃO ESTOU
Ciro Gomes pediu reunião com a executiva do PSB para falar de campanha presidencial de 2018. Os socialistas aceitaram para serem educados. Não querem papo, a não ser com o PSDB de Geraldo Alckmin, para prestigiar o vice Márcio França, ou Marina Silva (Rede).

PREFEITO CELEBRIDADE
Em visita a Brasília, Wellington Muniz, o comediante "Ceará", que faz imitações muito engraçadas, disse que já iniciou o processo para imitar o prefeito de São Paulo, João Dória. Por enquanto "só observa", diz.

INVESTIGAR É PRECISO
Os números não são divulgados, para não tornar ainda mais suspeita a decisão da Anac criando a cobrança pela bagagem, mas há empresas aéreas faturando com malas mais de 30% da receita de passagens.

MESMO BARRO
As gravações mostram um Joesley incapaz de articular uma só frase sem ofender o vernáculo. Não admira que tenham encontrado, ele e o ex-presidente Lula, tantos pontos em comum. Ficaram muito amigos.

PETRóPOLIS NO PODER
Petrópolis chega ao poder no Conselho Nacional de Justiça amanhã: o ministro Aloysio Corrêa da Veiga, botafoguense ilustre, vai representar o TST de Lélio Bentes, fluminense de Niterói. E de coração.

'REFIS' DOS AEROPORTOS
O Senado analisa esta semana a MP 779 que "estabelece critérios de aditivos contratuais das outorgas nas parcerias do setor aeroportuário". Ou seja: é uma MP que facilita a vida de aeroportos privatizados.

PENSANDO BEM...
...Joesley deveria saber que, como diz a sabedoria popular, bêbado só mente quando está sóbrio
Herculano
11/09/2017 11:21
GENEROSIDADE É TERMO DESCONHECIDO NO MUNDO EM QUE OS JOVENS HABITAM, por Luiz Felipe Pondé, filósofo, no jornal Folha de S. Paulo

Uma pergunta que ouço com frequência é: "Você acha que os jovens estão prontos para fazer um mundo melhor?". Ou "um Brasil melhor?" Detesto quando me perguntam isso.

Convivo diariamente com jovens há 20 anos. Tenho discutido isso com eles há algum tempo desde que passei a sentir esse estranhamento quando muita gente insiste em me fazer essa pergunta, na maioria da vezes, usando daquele tom de "assunto sério" cheio de suposta preocupação com "um mundo melhor".

Já disse antes, e reitero, que não confio em quem diz querer construir um mundo melhor, mas aqui a coisa vai mais longe.

Vou responder para você diretamente se os jovens estão prontos para fazer um mundo melhor. E, adianto que a suspeita de que minha "amostra" é viciada é uma suspeita, ela sim, viciada. O universo de jovens com quem converso hoje vai além da sala de aula imediata, devido às redes sociais, principalmente. Várias classes sociais. E mais: não precisa ser um gênio para saber o que ocupa as mentes dos mais jovens nesse mundo sem Deus em que vivemos.

Não, os jovens não estão preparados para fazer um mundo melhor. Nenhum jovem nunca esteve. Essa ideia é um fetiche vagabundo de alguns poucos jovens dos anos 1960 e adjacências. Ou de artistas que fazem desse fetiche seu mercado de consumo.

Os jovens estão com medo, e com razão. Querem estágios, mas, cada vez mais as empresas querem que eles trabalhem de graça ou, as mais "descoladas", que eles (quase) paguem para estagiar nelas. A ideia é que eles estariam ganhando experiência e a chance, divina, de conviver com profissionais superbacanas.

Os jovens estão com medo, e com razão. Olham para o mercado de trabalho e sabem o que os espera, à medida que o capitalismo se faz chinês. Salários miseráveis, competição avassaladora (esse papo de economia colaborativa é para gente bacana feita de silício), incerteza como substancia essencial do futuro. Hoje você tem emprego, amanhã quem sabe. Os horários são flexíveis. Que legal! Trabalhe o tempo todo, 24/7 (24 horas por dia), via WhatsApp, Facebook, o diabo a quatro.

Os jovens estão com medo, e com razão. Não se pode confiar em vínculos afetivos duradouros. O egoísmo é a grande revolução moral moderna. Quase todo mundo é instrumental (termo chique para interesseiro). As pessoas não confiam uma nas outras porque estão mais "críticas" (isto é, mais chatas). Todo mundo quer serviços e direitos. Generosidade é um termo desconhecido no mundo em que os jovens habitam.

O elemento natural desse mundo é a demanda, a exigência, o ressentimento e a raiva. Além, claro, da intolerância para qualquer coisa fora da "cartilha do bem" que enfiam goela abaixo deles nas escolas que são mais igrejas do que qualquer outra coisa.

Os jovens estão com medo, e com razão. Olham para os mais velhos e veem um bando de gente imatura fingindo que tem 25 anos mentais. O culto do retardamento mental como forma de autonomia. Professores que mais parecem mendigos em busca de autoestima.

E quem adora atormentar esses coitados, cobrando deles o que é impossível entregar?

Gente chata que acha que fracassou na vida e, por isso, vive sonhando com um mundo melhor, em que ele ou ela pudesse ter a felicidade que não conseguiu ter na sua vida que já passou em alguma medida.

Falam coisas como "ensinar aos jovens amar e respeitar a todos", como se todo mundo de fato "merecesse" ser amado no mundo.

O ódio, o desencanto, a desesperança têm seu lugar no panteão de reações possíveis na vida. E você não é, necessariamente, um fracassado porque se ressente de ter sido derrotado pela máquina do mundo. A máquina do mundo tritura esperanças, projetos e corpos a cada dia mais e de modo mais veloz.

Essa velocidade é, exatamente, o que os jovens sentem na pele. Correm como podem atrás de uma promessa que jamais acontecerá: a realização da tal vida equilibrada entre "valores" que transcendem o mundo material e as escandalosas provas evidentes de que serão julgados pelos critérios mais cruéis que regem qualquer alma de um banqueiro.
Herculano
11/09/2017 11:19
JANOT VAI À BERLINDA NO CONGRESSO E NO SUPREMO, por Josias de Souza

Na última semana do seu mandato, que termina no próximo domingo, o procurador-geral da República Rodrigo Janot enfrentará dois testes de prestígio. Num, a CPI Mista do Congresso sobre a JBS votará nesta terça-feira requerimento que pede sua convocação para prestar depoimento. Noutro, o plenário do Supremo Tribunal Federal julgará dois pedidos da defesa de Michel Temer contra Janot.

Na primeira petição, os advogados pedem que Janot seja considerado suspeito para atuar nos processos contra Temer. Na segunda, pedem a suspensão da nova denúncia que o procurador-geral cogita apresentar contra o presidente, acusando-o de obstrução de Justiça e formação de organização crominosa. Alega-se que é preciso aguardar o término da investigação sobre o acordo de delação da JBS.

Não são negligenciáveis as chances de Janot amargar uma derrota na CPI. O presidente da comissão, senador Ataídes Oliveira (PSDB-TO), esteve no Palácio do Jaburu, para acertar o passo com Temer. Aberta com o pretexto de investigar os negócios da JBS com o BNDES, a CPI decidiu alvejar também o acordo de colaboração judicial firmado por Janot com sócios e executivos da empresa.

Além de Janot, pretende-se convocar os irmãos Joesley e Wesley Batista, o executivo Ricardo Saud e o ex-procurador da República Marcelo Miler, suspeito de ter assessorado os delatores quando ainda era membro do Ministério Público Federal. Há também na fila da CPI requerimentos de convocação de dois ex-presidentes do BNDES: Luciano Coutinho e Demian Fiocca.

Embora não esteja alheio à movimentação de seus desafetos no Legislativo, é com o Supremo que Janot está mais preocupado. Ali, o procurador-geral espera prevalecer. A hipótese de ser considerado suspeito para atuar em processos contra Temer, por impensável, grudaria na testa de Janot o selo de acusador parcial.

O eventual bloqueio de uma segunda denúncia contra o presidente, por inimaginável, amputaria os poderes de Janot, condenando-o a um final de gestão melancólico. O curto-circuito no acordo de delação da JBS elevou o nível das críticas ao procurador-geral no Supremo. Mas avalia-se na Procuradoria que pelo menos seis dos 11 ministros da Suprema Corte prestigiarão Janot: Edson Fachin, Luís Roberto Barroso, Rosa Weber, Luiz Fux, Celso de Mello e Cármen Lúcia.

O pano de fundo das decisões do Supremo é o debate sobre a validade das provas obtidas por meio da colaboração judicial da JBS. A suspeita de que os delatores sonegaram dados e contaram com o assessoramento de um ex-auxiliar do próprio Janot, o ex-procurador Marcelo Miler, levou à suspensão do acordo e à prisão temporária de Joesley Batista e do seu funcionário Ricardo Saud.

Pela lei, as provas continuariam válidas em caso de rescisão do acordo. Entretanto, conforme já noticiado aqui, a eventual confirmação de que Marcelo Miler orientou os delatores quando ainda era membro da Procuradoria, poderia levar à anulação pontual de algumas provas.
Herculano
11/09/2017 11:17
INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL SABE QUE VOCÊ É GAY, por Ronaldo Lemos, aÉ advogado, diretor do Instituto de Tecnologia e Sociedade do Rio de Janeiro (ITSrio.org), para o jornal Folha de S. Paulo

Na semana passada, ganhou repercussão um estudo sobre inteligência artificial que tem como um dos autores Michal Kosinski. Só lembrando, Kosinski ficou famoso por escrever em Cambridge um trabalho que vem sendo utilizado por empresas como a Cambridge Analytica para prever o comportamento de eleitores. Muita gente atribui parte da vitória de Donald Trump às campanhas de manipulação que se utilizam do modelo criado por ele.

Em seu novo trabalho, escrito em Stanford, Kosinski demonstra que uma inteligência artificial é capaz de determinar se uma pessoa é gay apenas com a análise de uma foto na internet. A chance de acerto é de 81% para homens e 74% para mulheres. Se forem analisadas cinco fotos, a chance de acerto pula para 91% para homens e 83% para mulheres. A taxa de acerto de seres humanos não ultrapassa 61% para homens e 54% para mulheres.

Kosinski utilizou-se para isso de uma das vertentes da inteligência artificial chamada de "Deep Neural Networks". Para isso, aplicou a técnica sobre uma amostra com 35.326 imagens de homens e mulheres publicadas em um site de relacionamentos dos Estados Unidos, no qual as pessoas autodeclaravam sua orientação sexual. Vale notar que o estudo considerou apenas fotos de pessoas brancas. Também não considerou imagens de transexuais nem bissexualidade.

O impacto desses resultados está sendo avassalador, especialmente em razão de sua dimensão ética. O próprio estudo alerta para a possibilidade de governos autoritários usarem esse tipo de análise para expor gays onde há perseguição. Ao mesmo tempo, uma das conclusões aponta no sentido de que a orientação sexual é determinada anteriormente ao nascimento, não sendo uma "opção" do indivíduo.

O estudo também afirma que a mesma metodologia pode ser utilizada para prever o posicionamento político de uma pessoa, seu estado psicológico (por exemplo, se sofre de depressão ou neurose) e até mesmo sua personalidade, bastando para isso a análise de imagens da pessoa postadas na internet.

No século 19, o higienista italiano Cesare Lombroso decidiu estudar nas prisões as características físicas de criminosos, na expectativa de que pudesse prever o comportamento de pessoas que apresentassem os mesmos traços.

Decidiu que criminosos seriam mais altos que a média, teriam orelhas de abano, maxilar largo e assim por diante. A obra de Lombroso é hoje considerada inaceitável e revoltante.

Hoje, a inteligência artificial e a ciência dos dados têm a capacidade de gerar tipos de análise com as quais Lombroso jamais sonharia.

A pergunta que precisamos fazer é se e como queremos que isso aconteça. Mais do que isso, quais as condições e controles éticos para a experimentação com seres humanos? É desejável que a sociedade como um todo se converta em um gigantesco laboratório em que somos todos cobaias? Quanto antes enfrentarmos esses desafios, maiores serão as chances de evitarmos injustiças ou mesmo tragédias.

*

READER

JÁ ERA - Facebook como a rede social preferida dos adolescentes

JÁ É - Snapchat como a rede social preferida dos adolescentes

JÁ VEM - Jodel como a rede social preferida dos adolescentes
Maria Pureza Schnaider
11/09/2017 11:16
Senhor Herculano

O senhor tem conhecimento de que a Secretaria de Assistência Social acaba de fechar o Centro Educacional Maria Haedchen no Sete de Setembro?
Se for verdade Parabéns ao secretário e prefeito. Tá feia coisa.
Herculano
11/09/2017 11:11
VOCÊ JÁ REPAROU QUE O GOVERNO DE KLEBER EDSON WAN DALL, PMDB E LUIZ CARLOS SPENGLER FILHO, PP ESTÁ SEMPRE CORRENDO ATRÁS DO PROBLEMA, DO PRóPRIO RABO? PLANEJAMENTO E PREVISIBILIDADE? ZERO

A coluna já tinha registrado o fato. O portal do Cruzeiro do Vale acaba de fazer esta manchete esclarecedora: "Lombadas eletrônicas de Gaspar são desativadas por falta de renovação contratual".

A população está estarrecida e já se manifesta aqui e nas redes sociais. É uma atrás da outra. A prioridade foi criar tetas, até o momento. Acorda, Gaspar!
Herculano
11/09/2017 11:05
MILLER AVISOU: NÃO CAI SOZINHO; SE FOR PARA CADEIA, DÁ-SE COMO CERTO QUE JANOT VIRA ALVO, por Reinaldo Azevedo, para a Rede TV

A pergunta que não quer calar: por que o ministro Edson Fachin resolveu livrar a cara de Marcelo Miller? Pois é? Não dá para ignorar o que diz o ex-procurador a certos interlocutores: não cairá sozinho! O que isso quer dizer? Acho que significa um convite a Janot para partilhar uma temporada no inferno.

Vamos pôr um pouco de memória.

Num dado momento da conversa entre Joesley e Saud, o açougueiro de casaca diz que Janot sabe de tudo. Ele se refere à tramoia que está sendo armada para atingir o presidente Michel Temer. O interlocutor pergunta, então, se é o próprio Miller a fazer o leva-e-traz. Responde Joesley:

"Não, não é o Marcelo. Nós falamos pro Anselmo. O Anselmo que falou pro Pelella, que falou pra não sei quem lá, que falou pro Janot. O Janot está sabendo. Aí o Janot, espertão, o que o Janot falou? Bota pra foder. Bota pra foder. Põe pressão neles para eles entregam tudo".

O tal "Anselmo" é o procurador Anselmo Lopes, da Operação Greenfield. Eduardo Pelella, chefe de gabinete do procurador-geral e seu real estafeta, também estaria sabendo do rolo.

Notem: ainda que não fosse Miller a informar Janot, Joesley deixa claro que há outros que estão sabendo da lambança.

Miller fez saber a quantos quiseram ouvir que não aceitaria calado à humilhação de uma prisão. Essa gente sabe bem o que isso significa, não é? Afinal, Miller colaborou para mandar muita gente par ao xilindró com o objetivo de lhes quebrar o moral. E foi, no mais das vezes, bem-sucedido.

Miller longe da cadeia serve para proteger uma única pessoa: Rodrigo Janot.
JEAN M. LEANDRO
11/09/2017 11:04
VENHO A UTILIZAR ESTE ESPAÇO BEM CONCEITUADO,PARA EXPOR MINHA PREOCUPAÇÃO. QUANDO A DESATIVAÇÃO DAS LOMBADAS ELETR?"NICAS DE GASPAR. TINHA UMA LOMBADA ELETR?"NICA NA RUA ANFIL?"QUIO NUNES PIRES,NA FRENTE DO RESTAURANTE BLUMENAU.QUE FOI COLOCADA A PEDIDO DA COMUNIDADE PARA TER MAIS SEGURANÇA.UMA VEZ QUE AQUELE TRECHO DA RUA ANFIL?"QUIO N. PIRES.PERTO DA ENTRADA DA RUA OLGA BONH TEM UM HIST?"RICO DE MUITO ACIDENTES GRAVES.SEI QUE JÁ ESTÃO TRABALHANDO PARA FAZER UMA NOVA LICITAÇÃO.MAIS TALVEZ O DITRAN PODERIA REALIZAR UM ESTUDO PARA COLOCAR UMA LOMBADA FÍSICA PARA RESOLVER DE UMA VEZ O PROBLEMA .
Herculano
11/09/2017 10:54
PRISÃO DE DELATORES DA JBS É A MAIOR CRISE DE CREDIBILIDADE DA LAVA JATO, por Leandro Colon, diretor da sucursal de Brasília do jornal Folha de S. Paulo.

O falastrão Joesley Batista passou a noite na cadeia. A primeira das pelo menos cinco previstas na prisão temporária decretada pelo ministro Edson Fachin (STF).

No áudio que o levou para atrás das grades, Joesley debocha das instituições e diz ao parceiro (agora de cela) Ricardo Saud que não serão presos. "No final, a realidade é essa. Nós não 'vai' ser preso. Nenhuma chance disso acontecer", disse o empresário. Aconteceu e a realidade é outra.

Criminoso confesso, o empresário das carnes, badalado pelo mercado nos últimos anos, se aproximou de um procurador da República e dublê de advogado para fechar um acordo de delação premiada com a própria Procuradoria-Geral da República.

Quis se livrar da cadeia em troca de entregar políticos, entre eles o presidente Michel Temer. Para tanto, apresentou à PGR a gravação de péssima qualidade, tosca e inconclusiva do encontro que tivera com o presidente no Palácio do Jaburu.

A prisão de Joesley Batista carrega um enredo tragicômico que expõe as fragilidades do instituto da delação premiada e joga a Lava Jato na sua maior crise de credibilidade até aqui.

Mesmo que Joesley e sua turma tenham enganado o procurador-geral, Rodrigo Janot, como o chefe da PGR argumenta ao pedir as prisões, o episódio decerto lança dúvidas sobre outras colaborações celebradas nos últimos três anos. Quem garante que não houve omissão de informações em delações da Odebrecht, de ex-diretores da Petrobras, e de demais políticos, empreiteiros e empresários?

Qual o grau de confiabilidade no que os delatores contaram? Revelaram 100% do que sabiam? Não fosse o áudio do "nós não 'vai' ser preso" ?"que, segundo a versão oficial, foi gravado acidentalmente?", Joesley estaria ainda por aí, tomando todas e tirando onda de suas traquinagens.

A delação da JBS virou um mico. A da Odebrecht emperrou. Ou a Lava Jato, que prestou serviço inestimável ao país, corrige essa rota ou o que temos agora é o início do seu velório.

Deixe seu comentário


Seu e-mail não será divulgado.

Seu telefone não será divulgado.