17/07/2017
Em Gaspar, com tantos problemas sérios, a discussão do momento é outra. É a de obrigar as farmácias daqui e todas elas particulares, a abrirem as suas portas, na marra, tarde noite e madrugada, todos os dias da semana, incluindo os finais de semana e feriados. Este assunto não é novo. Já foi tentado e sem sucesso no passado. Mas, aprendizado? Zero. Os vereadores da base do governo de Kleber Edson Wan Dall, PMDB, querem que prefeito - o que anda que nem um tonto tentando governar e cumprir o que prometeu, ou pelo menos o que vendeu como capaz e diferente do que estava a aí com Pedro Celso Zuchi e o PT – compre esta ideia das farmácias abertas na marra; querem que ele fique mais vulnerável e exposto do que está, exatamente pela dificuldade de implementá-la.
E quem é o autor da indicação na Câmara? Desta vez, pasmem, nenhum vereador demagogo pré-candidato a prefeito como aconteceu na legislatura passada. Mas, gente de miolo que beira à irresponsabilidade: o segundo suplente do mais longevo dos vereadores de Gaspar, José Hilário Melato, PP, o jovem Pablo Ricardo Fachin, também do PP. Ele, no discurso é apoiado pelo médico e vereador, também novato neste ofício de vereador, mas hábil em usar o poder como ferramenta de transação, no voto de minerva dentro frágil base parlamentar de “apoio” ao governo de Kleber na Câmara, Silvio Cleffi, PSC. Incrível.
E por que é demagogia? Veja qual a justificativa de Pablo: “é muito triste ver um pai, desesperado, com um filho doente, no meio da noite atrás de socorro e remédio e não encontrar uma farmácia aberta por aqui para atende-lo e assim dar uma ‘solução a mais este sofrimento’. Como assim? Ai, ai, ai.
Pior. Ela é compartilhada pelo próprio médico-vereador, o que quer uma UTI no Hospital onde trabalha, num município de saúde pública doente exatamente porque a prefeitura tem que dar conta do buraco feito por esse hospital e seus médicos. Uma saúde pública doente exclui pobres no atendimento básico a qualquer hora do dia, não permite o acesso aos remédios da farmácia popular, inclusive à noite. Autor, parceiro e outros que ficam calados na Câmara diante de uma proposta séria. Apenas olham os votos fáceis da proposta que sabem de difícil execução, apostam no discurso, no constrangimento contra empresários, os malvados dessa história de horror e desonra. Olham para o rabo alheio e se livram das suas próprias culpas, como se isso fosse possível num mundo de transparência.
Primeiro, o pai com um filho doente deve ir ao posto de saúde, à policlínica, ao pronto socorro do hospital à qualquer hora do dia, inclusive no meio da noite e madrugada: é uma obrigação da prefeitura, via SUS e outros mecanismos públicos, atendê-lo emergencialmente, um direito do cidadão expresso inclusive na Constituição de 1988, antes de comprar qualquer remédio sem prescrição médica numa farmácia aberta (não é, dr. Sílvio?). Segundo, o remédio só se (vende) ministra depois de um diagnóstico assertivo de um médico clínico geral, pediatra ou especialista, certo? Então não é a farmácia, o problema, mas o atendimento público médico. Ele vem antes da farmácia.
Atendido de noite ou de madrugada, o paciente (doente), seja ele criança ou não, e o médico sabedor de que Gaspar não possui farmácia aberta de noite e madrugadas, o doente diagnosticado deveria sair do postinho, policlínica ou do pronto socorro do Hospital, no mínimo medicado, para suportar na dose recebida, a proteção mínima até à abertura das farmácias às sete, oito ou nove horas da manhã. Ou não? Se os médicos não fizerem isso, trabalham na irresponsabilidade social, profissional e ética, beiram ao crime, ou de propósito criam discursos políticos, demagógicos e falsos para culpar quem não possui culpa.
O que acontece de verdade, e que o suplente de vereador Pablo tenta escamotear com ajuda do médio-vereador Silvio? O pai desesperado, e eu fui um e já passei por isso, não vai ao posto, à policlínica ou ao pronto-socorro do hospital de Gaspar porque ele sabe que o sistema público, gerido pela prefeitura de Gaspar, que deveria funcionar tarde da noite e de madrugada é um suplício, quando existe. Então, o pai desesperado, prefere cortar o caminho, para perigosa automedicação nas farmácias, que podem nem ter farmacêutico de plantão presente, apesar da exigência legal.
E os vereadores daqui, da base de Kleber e Luiz Carlos Spengler Filho, PP, safam-se, ao abafar o que é obrigação do governo municipal e não funciona: os postinhos, a policlínica, o ambulatório do Hospital de Gaspar e à própria farmácia básica. Preferem culpar as farmácias privadas fechadas e os empresários “desalmados” (e Gaspar possui até uma rede de farmácias espalhada por aí, incluindo Blumenau, onde não abre em lugar nenhum de madrugada). Triste é perceber que um médico valide este incorreto e perigoso caminho, diagnóstico e automedicação para salvar à obrigação do seu governo de atender e medicar emergencialmente os doentes no sistema público. Acorda, Gaspar!
O problema existe? Existe! Está à vista de todos, e em quase todos os municípios na região (menos em Timbó, adverte Pablo e sabedor disso, Sílvio abre mais um discurso a favor da UTI), e bem maiores que Gaspar. E por que ele existe? A ladainha é óbvia, antiga e longa. E tanto o Pablo, mas principalmente o médico Silvio Cleffi sabem a razão disso; não são ingênuos e nem ignorantes, apesar de falarem para os analfabetos, ignorantes e desinformados. A farmácia aberta aqui em Gaspar no meio da noite e da madrugada não ocorre porque não há clientes para sustentá-las economicamente. Ponto final. Ou o vereador e o médico defendem que os outros devem ter prejuízos para que suas ideias sejam executadas?
E para deixá-las às moscas, para se atender um ou outro cliente que vai lá só por falta de alternativa competitiva, alteraria os custos de todos dos remédios vendidos por ela sem competição durante o dia com as demais que não participassem do tal rodízio ou com as de Blumenau, por exemplo, que não estão obrigadas à esta ação demagógica criada por políticos que não metem a mão no próprio bolso para a filantropia e votos, para sustentar seus discursos fora do eixo de competição na livre iniciativa.
Se este assunto é assim tão simples de se resolver como indicam os dois vereadores, por que o Pablo ou o dr. Silvio, eles próprios, não empreendem e montam uma farmácia para atender os seus discursos demagógicos e os pais desesperados na automedicação noturna? Por que não experimentam às agruras de ter um negócio sem sustentabilidade neste tempo de crise econômica, flagrantemente contra a livre iniciativa e fiquem expostos à bandidos que durante a noite e madrugadas estão à procura de dinheiro roubado, drogas lícitas para uso e revenda, e às desventuras dos assaltos e latrocínios em farmácias ou qualquer tipo de comércio formal abertos?
Sim, além do prejuízo de ficar aberta para poucos, os funcionários das farmácias ficarão expostos a permanentes traumas psicológicos graves, ferimentos, sequelas e até morte. A segurança, em Gaspar, onde até a delegacia fecha à noite e finais de semana, e faltam Policiais Militares para o mínimo, contribuem para o desespero dos pais com filhos doentes à procura da automedicação. Além do prejuízo econômico, os vereadores querem das farmácias de Gaspar à exposição da vida de seus funcionários.
Os nossos vereadores precisam de analfabetos, ignorantes e desinformados para sobreviverem nos seus mandados, alimentarem seus discursos e disfarçar à falta de ideias inovadoras. Incrível! Este não é problema do prefeito, dos vereadores, dos malvados empresários donos de farmácias, mas da sociedade. E ela, por seus políticos, instituições pagas com os pesados impostos do povo, não combatem os bandidos do dia, da noite e da madrugada, bem como não cobram ações do poder público para melhorar a saúde e segurança públicas, mas discursam pelos bandidos na Câmara, usando os fragilizados que precisam do sistema público. Meu Deus!
A Reforma Trabalhista finalmente passou na Câmara, no Senado e foi sancionada pelo presidente Michel Temer, PMDB. Mas, não é o final da novela. Deve vir aí uma Medida Provisória ou um Projeto de Lei para complementar o que foi aprovado. Coisa de político. Uma coisa que foi embora, espera-se, foi o rapa que os mais de 15 mil sindicatos (de trabalhadores e patronais) em um dia de salário do trabalhador. O PT, as centrais sindicais, o sindicato e os partidos da esquerda do atraso como PSOL, PCO, PSTU, Rede, PDT, PCdoB, PSB dizem que a reforma tirou direitos. A pergunta que eles não respondem, é quais foram esses direitos retirados ou perdidos pelos trabalhadores. Veja o discurso do relator da matéria na Câmara, Rogério Marinho, PSDB RN, no dia da sanção da lei. Auto-explicativo.
Outra da demagogia. O Sertão Verde, está interditado, por técnicos geólogos, para a expansão e construção dos terrenos de lá. Um prejuízo à expansão e principalmente à especulação imobiliária.
Isto é resultado do desastre e catástrofe natural de novembro 2008 e que mostrou aquela área ter um solo inapropriado para edificação ou ocupações, por ser instável. Agora, por pressão dos proprietários de imóveis de lá, quer-se revogar a interdição.
O movimento para reverter esta interdição começou na Câmara. Vários vereadores vêm sofrendo pressões. Natural. Entre eles, Francisco Solano Anhaia, líder do PMDB. É do jogo jogado. Logo ele ganhou adesão dos demais. Estão olhando os votos do ano que vem, de 2020.
E uma audiência pública, um caminho correto, vai tentar “levantar” esta interdição, mesmo que os laudos geológicos, por gente entendida e não pressionada pelos políticos, recomendem prudência. Ai, ai, ai.
Uma pergunta que não quer calar: se os técnicos, os geólogos e outros profissionais entendidos forem contra a liberação (total ou parcial), mas os políticos baterem o pé para ficarem de bem com os moradores de lá e assim melhorarem a busca de votos?
Que Deus nos livre de um desastre com perda de patrimônio, ferimentos e mortes igual ao de 2008. E se isto acontecer, quem responderá pelos resultados e crime? Os moradores que pressionaram as autoridades? Os técnicos que não cumpriram ou viram desrespeitados os seus laudos? Ou os políticos dependentes de votos fáceis como os vereadores e o prefeito?
Onde está, afinal, o Ministério Público que cuida dos assuntos do meio-ambiente na Comarca? Vai deixar este conluio de interesses agir em causa e suicídio próprio, sem a segurança técnica mínima? Acorda, Gaspar!
Armadilha. Fizeram um discurso escrito para o vice-líder do PT, Dionísio Luiz Bertoldi, ler no espaço da liderança do partido. Ele listou as mazelas do governo de Michel Temer, PMDB, entre elas, as supostas perdas de direito como a Reforma Trabalhista.
Ele concluiu, o óbvio, que o Brasil está mal das pernas e ao final perguntou se o governo e o povo concordavam em levar o país ser uma Venezuela, uma Bolívia... quebrados, empobrecidos, sem acesso aos serviços públicos, com ditadores, altos índices de crimes, povo humilhado...
Espera aí. Quem fez esse discurso para o Dionísio ler levando- ao ridículo? Ele? Se foi tem que mudar de partido. Se for outro, é preciso trocar de assessor ou não confiar em quem fez o discurso. Quem levou o Brasil ao caos de hoje com a mais grave recessão já experimentada, o roubo de bilhões dos pesados impostos desviados para a corrupção, bem como desempregou de 14 milhões de trabalhadores? O PT, Lula, Dilma, o parceiro PMDB e a esquerda do atraso.
Quem quis o Brasil fosse uma Venezuela ou uma Bolívia que acertadamente, o Dionísio condena? O PT, Lula, Dilma, a esquerda do atraso... De quem mesmo o Dionísio está e para quem ele está falando? Para os conservadores? Para o parceiro PMDB dos 13 anos de incompetência e sacanagens? Este discurso preparado e lido pelo Dionísio, mostra a permanente arte de enganar do PT e tratar todos como tolos, analfabetos, ignorantes e desinformados. Acorda, Gaspar!
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