Por Herculano Domício - Jornal Cruzeiro do Vale

Por Herculano Domício

18/09/2017

O RETRATO DE UM GOVERNO. AFINAL QUEM O LIDERA?

Depois sou eu, o implicante. O que estava sob o título “Quem é o pai?” na coluna Chumbo, da edição impressa de sexta-feira, do jornal Cruzeiro do Vale, e assinada pelo editor Gilberto Schmitt, proprietário do mais antigo e acreditado, jornal de Gaspar e Ilhota? Isto:

“O Coreto Municipal está passando por reformas, fato que chamou a atenção da equipe de redação do Cruzeiro do Vale e também de quem transita pelo centro de Gaspar. O mais curioso é que o Executivo parece não ter conhecimento do que está sendo feito no local. Ninguém sabe de nada, ou quem sabe está escondido. Ligamos para a Secretaria de Planejamento, ninguém sabia sobre a obra. Contatamos o setor de Administração, nada. Procuramos pela Educação, mas estavam em reunião e quem atendeu não sabia de nada também. No final da tarde, pediram para que fossemos até a Câmara de Vereadores, onde o pessoal da Educação estava em uma reunião, para que alguém pudesse dar uma resposta sobre o que procurávamos. Que rolo... Meu Deus. Agora, ficam as perguntas: quem autorizou essa obra? Qual o setor responsável? Quanto vai custar? E que venha a resposta o mais rápido possível”.

Nem para se fazer uma reportagem a favor - e a quem tem feito a promoção com frequência - esse pessoal do poder de plantão se presta para dar informações, do e sobre o atual governo de Kleber Edson Wan Dall, PMDB. E olha que Kleber, o eleito, possui um prefeito de fato do seu lado, o super-secretário de Fazenda e Gestão Administrativa, o que coordenou a campanha de Kleber, a reforma administrativa que elevou o custo da folha em quase R$600 mil por ano, o presidente do partido e advogado, o que não tinha votos, Carlos Roberto Pereira.

E por que não se sabe quem é o pai dessa “obra” (fico imaginando sobre às dezenas de outras)? Porque não possui essas informações? Porque está desorganizado e resiste à organização mínima? Porque falta liderança? Ou está querendo esconder alguma coisa, tão podre quanto o telhado do coreto que está sendo substituído e que não se tornou público? Ai, ai, ai. Depois reclama! Os leitores e as leitoras da minha coluna já sabiam, ao menos, que a “obrinha” vai custar R$41.700,30 dos pesados impostos dos gasparenses. A tomada de preços foi a 05/2017. Acorda, Gaspar!

A SAÚDE PÚBLICA DE GASPAR ESTÁ UM CAOS. SÓ KLEBER NÃO ENXERGA

Eu desde o primeiro dia do atual governo de Kleber Edson Wan Dall, PMDB, e Luiz Carlos Spengler Filho, PP, venho escrevendo que ele tomou o pior caminho e ficou refém de uma armadilha, bem armada pela administração de Pedro Celso Zuchi e Mariluci Deschamps Rosa, ambos do PT, que foi a intervenção do Hospital de Gaspar, que ninguém sabe de quem é, mas todos tiram uma casquinha.

A secretaria da Saúde ao invés de comprar serviços específicos de que necessita na área da saúde, como e principalmente o atendimento ambulatorial noturno, feriados e finais de semana, obriga-se a tampar os milionários buracos da má gestão atual e a do passado além de sustentar uma estrutura (incluindo os impostos de toda a sorte e obrigações trabalhistas) que não é sua, com o orçamento próprio da Saúde e que deveria estar atendendo os mais pobres, a massa eleitora (do prefeito, vice e vereadores da base eleitos), nos postinhos, policlínica e farmácia básica.

Então não é só o dinheiro da Saúde que o Hospital de Gaspar está “comendo brutalmente”. Já levou recursos rubricados na Câmara, na secretaria de Obras, na Fundação Municipal de Esportes... E não é e não será suficiente. A necessidade e gula são maiores que se possa medir, estancar, controlar e gerenciar.

Saúde e Hospital não são locais de lucros, mas não são sugadouros descontrolados de verbas vindas dos pesados impostos, para anteder curiosos, interesses corporativos e políticos partidários e pior do que isso, deixar gente doente sem o atendimento mínimo e técnico, como acontece em Gaspar,

A atual administração de Gaspar preferiu demitir a secretária de Saúde, Dilene Jahn dos Santos, uma técnica indicada por um patrocinador de campanha (até nisso fingiram) e fazer daí arranjos com o improviso, com os médicos que fazem do Hospital a alavanca de seus ganhos, os políticos de sempre que precisam do Hospital para tê-lo como mercadoria de seus votos. Lobby.

Preferiu adiar um problema grave ao invés de resolvê-lo nos primeiros meses de governo. Preferiu não mudar. Preferiu não se desgastar por causa dessa mudança. Preferiu não enfrentar o antigo e o atraso. Agora, vai se complicar, pois o tempo da mudança parece ter passado.

Enquanto isso, o povo sofre aos olhos de todos. E a imprensa, a exceção desta coluna, escondendo os fatos. Mas há uma hora que a coisa não é possível mais abafar. Veja o que escreveu sob o título “Cada dia pior”, o editor e proprietário do jornal Cruzeiro do Vale, o mais antigo e acreditado de Gaspar e Ilhota, solidário do governo Kleber, e que conhece essa história há anos como eu, Gilberto Schmitt, na sua coluna Chumbo:

“Uma chuva de granizo aportou na redação do Cruzeiro do Vale sobre as reclamações de falta de médico em postos de saúde, como também no Hospital de Gaspar. Além disso falta muito remédio na Farmácia Básica. Entra ano, sai ano, e parece que a coisa cada vez piora mais. Os enfermos não sabem mais para qual santo apelar. Isso é uma vergonha. A saúde de Gaspar é um poço sem fundo, quando mais se investe, pior fica. A solução é investir no Plano da DLCor Convênios, para, ao menos se ter um funeral digno. Ui, ui, ui.”

E pode ficar pior. O médico vereador, Silvio Cleffi, PSC, que faz refém o governo de Kleber e Luiz Carlos, um dos articuladores da derrubada da ex-secretária-técnica, o que quer montar uma UTI para gerar mais prejuízos sem antes de tirar a própria Saúde pública de Gaspar da UTI, finalmente foi levado ao olho desse furacão. Ele integrou uma “comissão” para encontrar uma solução, vejam só, naquilo que não se tinha até então como um problema.

E na Câmara, o dr. Silvio, anunciou, depois de 65 dias de “estudos” com o diretor técnico do Hospital, o médico Ricardo de Freitas, o vereador, e ex-secretário de Saúde de parte da administração do PT, o advogado Francisco Hostins Júnior, PMDB e o próprio super-secretário de Fazenda e Gestão Administrativa, o advogado Carlos Roberto Pereira, que uma das medidas é a reciclagem do pessoal de Saúde, criando-se padrões no protocolo de atendimento. É pracabar.

Então quer dizer que os médicos e os técnicos estavam atendendo de forma inadequada? E isso é o que gerou o prejuízo? Estratégia, gestão e foco não contam? É isso, a implantação de protocolos, que finalmente vai solucionar todo o caos construídos por interesses, num passe de mágica e com isso se pagará todas as contas, vai ter controle dos gastos e vai se atender os que estão sem esperanças nas filas? Afinal, onde está a tal vocação do Hospital? Por enquanto só a vocação dos médicos. Onde está o dinheiro que deveria estar prioritariamente nos postinhos e policlínica? Conta outra!

Tratam os pobres, doentes, desamparados como beócios e deles ainda pedem votos para permanecer no poder e se protegerem corporativamente. O Hospital está falido, mendigando. Os que vivem dele, ou usam ele, estão muito bem, obrigado. Os que precisam dele se contorcem de dores. Acabar com o sugadouro de verbas públicas, nada! Mudar para melhorar e garantir atendimento aos mais fracos, nada! Acorda, Gaspar!

O QUE MUDOU DE ONTEM PARA HOJE?

Aos jovens (e aos velhos. sem vergonha na cara). Este vídeo é dos Titãs. No final dos anos 1980 ele foi censurado. Mesmo depois de 37 anos, parece que o vídeo foi feito para o que se descobriu nas últimas semanas em Brasília, Curitiba, Rio de Janeiro, Florianópolis, Salvador, Natal...

O que mudou de ontem para hoje? Nada! Ele prova que não aprendemos a votar, escolher, fiscalizar e mudar. Há uma chance no ano que vem. Afinal quem sustenta isso? Nós com os votos livres e os pesados impostos, os quais não retornam para a sociedade, aos fracos, como benefício em nome do que ele é cobrado compulsoriamente e criado pelos próprios políticos que elegemos. Wake up, Brazil!

TRAPICHE

Começou a campanha política e os políticos não se deram conta que precisam mudar os discursos, as desculpas e as promessas. O deputado Federal Mauro Mariani, presidente PMDB de Santa Catarina, foi a Chapecó neste final de semana. E lá “reforçou à necessidade de buscar eficiência na Saúde e outras áreas’, pois segundo ele, “o uso dos recursos exige gestão de resultados”.

Blablabá de pré-candidato a governador. Se a “receita” de Mariani é viável, antes dela ser óbvia, qual a razão para não aplicá-la com Eduardo Pinho Moreira, vice atuante do PMDB no governo de Raimundo Colombo, PSD, onde ambos são sócios do mesmo desastre?

A Saúde Pública catarinense está um caos. E só ficou exposta depois que a RBS foi embora de Santa Catarina. Nem o controle do Orçamento, o governo Colombo-Pinho Moreira foi capaz de fazê-lo. Anunciou um rombo. Agora, sabe-se que ele é simplesmente o dobro (perto de R$600 milhões) do apurado anteriormente.

Mauro Mariani se mal orienta, pois é um político afeito a não aceitar observações dos entendidos. E como um político à moda antiga, continua achando que os eleitores são analfabetos, ignorantes e desinformados aos seus discursos distantes da realidade. Tudo isso na era das redes sociais, onde a imprensa tem papel secundário para esconder as mazelas administrativas dos políticos. E se o PMDB possui a solução, por que erra em Gaspar?

Depois do coreto, vem aí a reforma da cobertura e implantação da marquise do prédio da prefeitura de Gaspar. Já notaram que todo governo que entra lá, a primeira coisa que faz é reformar o telhado?

Será por que ele é de “vidro”? Agora inventaram outra: marquise! A licitação será no dia 11 de outubro. No dia seguinte é feriado e dia de Senhora Aparecida. Ela que nos proteja! Acorda, Gaspar!

A caneta do prefeito Kleber Edson Wan Dall continua firme para alcançar a meta de gastar a mais novos R$600 mil por ano cargos comissionados e funções gratificadas. A servidora efetiva Jussara da Costa Miranda saiu de Encarregado-Geral de Contratos, Nível II, para Supervisora de Compras, Nível I.

Já Luísa Tenfen Ferreira, deixa de ser Encarregada de Controle Interno, Nível III, para ser para exercício de função gratificada de Encarregada de Serviços Administrativos, Nível III da secretaria da Fazenda e Gestão administrativa.

No mesmo instante em que anuncia a continuidade do improviso do transporte coletivo em Gaspar, Barbara Soares foi nomeada comissionada como Diretora de Transporte Coletivo, da Secretaria da Fazenda e Gestão Administrativa. Então...

Enquanto isso Raquel Marshall Gadea, foi nomeada para o cargo em comissão de Assessora de Gestão Pública, da Secretaria da Fazenda e Gestão Administrativa e o servidor efetivo Carlos Francisco Bornhausen, agora é comissionado como Superintendente de Planejamento Territorial, da Secretaria de Planejamento Territorial.

A sede e o descontrole são tão grandes, que se descobriu depois de um mês que Rubiana Azambuja Proença Becker foi nomeada Diretora-Geral de Atenção em Saúde Especial e Programas Estratégicos” quando na verdade devia ser, onde está, “Diretora-Geral de Controle, Avaliação, Regulação e Auditoria”. Ai, ai, ai.

Depenada. Foi instaurada sindicância para apurar a responsabilidade por suposto furto de peças da motocicleta (Twister CBX 250, placa MCR 0934) de propriedade da prefeitura de Gaspar, que de acordo com a Superintendência de Trânsito, a Ditran, estava na Secretaria de Obras aguardando a efetivação do procedimento de leilão. Meu Deus!

Como funciona e demora. Uma portaria diz que se prorrogou por mais 60 dias, a partir de dia quatro de setembro, o prazo do afastamento cautelar de um servidor em relação ao Processo Administrativo Disciplinar que ele responde perante uma comissão.

Ele está afastado preventivamente, mas está ganhando enquanto se coletam provas, dão prazos para o contraditório e não chegam à conclusão nenhuma naquela comissão. Aliás, esses eventos se arrastam por meses e até por anos. Impressionante.

Ilhota em chamas I. Na coluna de sexta-feira, mostrei o inchamento da estrutura formal da prefeitura de Ilhota, como se não houvesse crise econômica, ética e de gestão no ambiente público como um todo, ou que não fosse necessário apertar os cintos no uso dos pesados impostos dos ilhotenses.

Ilhota em chamas II. Do outro lado, a administração de Érico de Oliveira, PMDB, autorizada pela Câmara, está parcelando dívidas com fornecedores de serviços, naquilo que contratou e deveria pagá-los de uma só vez. Um fornecedor me telefonou assustado.

A NSC tenta esconder que colocou à negociação, o que já foi ícone catarinense da vanguarda técnica e do jornalismo catarinense e hoje, o frágil editorialmente, sem foco e um poço de prejuízos, Jornal de Santa Catarina, de Blumenau. Este é mais um retrato da destrambelhada administração da RBS SC que sugou e enganou a sociedade barriga-verde.

Não há, de verdade, interessados.

Esse é o grande problema que tenta se esconder. Um ex-empresário da área de Educação chegou até realizar um “due delligence”, mas ao ver os números e saber por amigos de que se incomodaria com os que se acham donos da imprensa, mas não a tem como um veículo de comunicação para seus produtos e serviços, desistiu. Nem mais, nem menos.

 

Edição 1819

Comentários

Herculano
19/09/2017 19:48
AMANHÃ É DIA DE LER UMA COLUNA QUE NÃO DESMENTE A SI MESMA E NÃO SE DOBRA ÀS MENTIRAS E INTERESSES DOS PODEROSOS
Herculano
19/09/2017 19:47
CNT/MDA: SIMULAÇÃO DE 2º TURNO SÃO APAVORANTES, COM LULA OU SEM ELE; TUDO É POSSÍVEL, por Reinaldo Azevedo, na Rede TV

As simulações de segundo turno dariam a vitória fácil a Lula, contra qualquer um dos seus adversários. Vamos ver?

CENÁRIO 1
Lula 41,8%, Aécio Neves 14,8%, Branco/Nulo: 39,6%, Indecisos: 3,8%.

CENÁRIO 2
Lula 40,6%, Geraldo Alckmin 23,2%, Branco/Nulo: 31,9%, Indecisos: 4,3%.

CENÁRIO 3
Lula 41,6%, João Doria 25,2%, Branco/Nulo: 28,8%, Indecisos: 4,4%.

CENÁRIO 4
Lula 40,5%, Jair Bolsonaro 28,5%, Branco/Nulo: 27,0%, Indecisos: 4,0%.

CENÁRIO 5
Lula 39,8%, Marina Silva 25,8%, Branco/Nulo: 31,3%, Indecisos: 3,1%.

CENÁRIO 6
Jair Bolsonaro 28,0%, Geraldo Alckmin 23,8%, Branco/Nulo: 40,6%, Indecisos: 7,6%.

CENÁRIO 7
Marina Silva 28,4%, Geraldo Alckmin 23,6%, Branco/Nulo: 41,5%, Indecisos: 6,5%.

CENÁRIO 8
Jair Bolsonaro 32,0%, Aécio Neves 13,9%, Branco/Nulo: 46,4%, Indecisos: 7,7%.

CENÁRIO 9
Marina Silva 33,6%, Aécio Neves 13,0%, Branco/Nulo: 47,3%, Indecisos: 6,1%.

CENÁRIO 10
Jair Bolsonaro 28,5%, João Doria 23,9%, Branco/Nulo: 39,2%, Indecisos: 8,4%.

CENÁRIO 11
Marina Silva 30,5%, João Doria 22,7%, Branco/Nulo: 39,9%, Indecisos: 6,9%.

CENÁRIO 12
Marina Silva 29,2%, Jair Bolsonaro 27,9%, Branco/Nulo: 36,7%, Indecisos: 6,2%.

É claro que se trata de um sinal apavorante.

Aí, empanturrado de alfafa, o direitista xucro, com aqueles coices sempre certeiros, diz: "Ah, a campanha ainda não começou!" Não??? Vocês acham que a campanha eleitoral consegue falar contra Lula coisas mais duras do que estão sendo faladas na 13ª Vara Federal de Curitiba, com ampla cobertura da imprensa e com as redes sociais a ferver? Vocês acham que a campanha eleitoral consegue ser mais agressiva com o petista do que o juiz Sérgio Moro?

Vejam ali: Com o pé nas costas, Lula bateria qualquer um dos seus adversários. Quando ele não disputa, aí o que se tem é o mar da incerteza. A adesão ao primeiro e ao segundo lugares é tão baixa, que isso está a indicar que qualquer aventureiro pode entrar com chances na disputa.

Uma chance para a esperança: pode ser também que o "bom candidato", o que pode devolver a esperança ao país, ainda não esteja nessa lista.
Herculano
19/09/2017 19:42
TEMER NA ONU É A INSUSTENTÁVEL LEVEZA DO NADA, por Josias de Souza

O Nada escalou a tribuna da Assembleia Geral da ONU na manhã desta terça-feira. Chama-se Michel Temer. Alguns dos presentes talvez tenham tentado enxergá-lo. Perceberam que era inútil. O olhar atravessava o Nada e ia bater no mármore ao fundo. Discursos como o que foi lido pelo presidente são redigidos no Itamaraty. O ghost writer escalado pela diplomacia esforçou-se para dar a Temer a aparência de um orador invisível, que não causasse problemas a si mesmo. Exagerou.

Cenho imponente, o Nada soou taxativo sobre temas em relação aos quais sua opinião não tem a mais remota relevância: "Os recentes testes nucleares e missilísticos na Península Coreana constituem grave ameaça?". E silenciou sobre uma questão que, por intrigante, os brasileiros e os líderes mundiais gostariam de ver respondida: por que diabos o Brasil abdicou do progresso para se consolidar como uma cleptocracia clássica?

Desdobando-se para realçar a inutilidade da fala que o redator-fantasma do Itamaraty acomodou-lhe nos lábios, Temer discorreu sobre armas nucleares ?""Reiteramos nosso chamado a que as potências assumam compromissos adicionais de desarmamento"?", falou sobre Oriente Médio ?""Amigo de palestinos e israelenses, o Brasil segue favorecendo a solução de dois Estados convivendo em paz e segurança"?", realçou a encrenca da Síria ?""A solução que se deve buscar é essencialmente política" ?", sem esquecer todos os demais conflitos que inquietam o planeta ?""No Afeganistão, na Líbia, no Iêmen, no Mali ou na República Centro-Africana, as guerras causam sofrimentos intoleráveis."

O Nada sugeriu à plateia um passeio incômodo: "Percorramos os campos de refugiados e deslocados no Iraque, na Jordânia, no Líbano, no Quênia. Ouçamos as histórias dos que perderam pais, mães, filhos, filhas. São famílias que foram tragadas pela irracionalidade de disputas que não parecem conhecer limites. De disputas que, com frequência inaceitável, se materializam ao arrepio do direito humanitário."

O "mal do terrorismo", o "crime transnacional", as "violações dos direitos humanos em todo o mundo", o "racismo, a xenofobia e todas as formas de discriminação", os "refugiados da Venezuela"? O redator do Itamaraty fez do Nada um personagem capaz de falar de tudo, exceto da moralidade e da ética que seu governo sonega aos brasileiros. Sobre o Brasil, a propósito, Temer realçou dois temas: ecologia e economia. Disse meias-verdades sobre ambos, privilegiando a metade que é mentirosa.

"O Brasil orgulha-se de ter a maior cobertura de florestas tropicais do planeta", realçou o redator do Itamaraty, antes de anunciar "a boa notícia de que os primeiros dados disponíveis para o último ano já indicam diminuição de mais de 20% do desmatamento naquela região." Nenhuma palavra sobre o decreto que Temer editou, reescreveu, revogou e planeja reeditar para assegurar a exploração mineral numa área de reserva na Amazônia, a Renca. O vaivém sobre a matéria provocou gritaria local e internacional. Só por isso o lero-lero ambiental frequentou as preocupações do redator do Itamaraty.

"O Brasil atravessa momento de transformações decisivas", declarou, de repente, o Nada. "Com reformas estruturais, estamos superando uma crise econômica sem precedentes. Estamos resgatando o equilíbrio fiscal", acrescentou, alheio à recentíssima conversão da meta fiscal brasileira de rombo em cratera. "O novo Brasil que está surgindo das reformas é um país mais aberto ao mundo", prosseguiu o Nada, sem se dar conta de que, voltando a Brasília, terá de negligenciar novamente a reforma da Previdência para priorizar a recompra na Câmara dos votos que garantirão o enterro da nova denúncia da Procuradoria.

Tomado pela densidade, o discurso de Temer na ONU pode ser definido como a insustentável leveza do nada. Observada pela utilidade, a fala do presidente brasileiro foi dinheiro do contribuinte desperdiçado numa viagem dispensável. Considerando-se a importância que o mundo atribuiu às palavras do redator do Itamaraty, o Nada conseguiu, finalmente, unir os brasileiros. Ateou em todos o mais profundo sentimento de vergonha. O vexame só não é insuperável porque Temer deve retornar à ONU em 2018.
Herculano
19/09/2017 19:39
VOCÊ QUER UMA COLUNA OPINATIVA DE VERDADE SOBRE GASPAR E ILHOTA?

AMANHÃ, É DIA DE COLUNA OLHANDO A MARÉ INÉDITA, A LÍDER, A MAIS ACESSADA, PARA OS INTERNAUTAS DO PORTAL CRUZEIRO DO VALE
Anônimo disse:
19/09/2017 13:07
Herculano, segundo o blog do Políbio;

"O operador e compadre de Lula, Roberto Teixeira, está sendo interrogado pelo juiz Sergio Moro desde as 10 horas."

LuLLa é galinha morta, só serve pra despacho.

Violeiro de Codó
19/09/2017 12:57
Sr. Herculano;

"O RETRATO DE UM GOVERNO"

Já que o prefeito de Gaspar é o secretário dr.Carlos Roberto Pereira, que assuma de vez o posto e manda o Kleber e Lu fundar uma dupla sertaneja.
Renato
19/09/2017 11:33
Dr. Herculano,
A pauta da Câmara de hoje está interessante, o que você acha?
Herculano
19/09/2017 10:43
A BANDA PODRE ESTÁ VENCENDO A GUERRA

Conteúdo de O Antagonista. Josias de Souza comentou a posse de Raquel Dodge:

"Quem assistiu ficou com a impressão de que a banda podre da política está vencendo a guerra. A quantidade absurda de escândalos indica que o Brasil não é mais um país onde pipocam casos de corrupção. Virou um país, em si, corrupto.

A nova procuradora-geral pregou a harmonia entre as instituições. ?"timo. Mas não se deve confundir as instituições com os investigados que as dirigem. A restauração da harmonia depende da punição de todos os que estão em desarmonia com a moralidade."

QUANDO A UNIÃO GANHA, A UNIÃO TAMBÉM PERDE

Você sabia que os advogados da AGU recebem, além do salário, honorários nas causas ganhas pela União?

Em 2016, já foram distribuídos 286 milh?es em honorários pelos vinte mil advogados da União, registra o Radar.

Façamos as contas: cada um ganhou 14.300 reais a mais.

Quando a União ganha, a União também perde.

GLEISI DIZ QUE HADDAD E WAGNER PERDEM EM 2018

Gleisi Hoffmann disse à BBC Brasil que, sem Lula, o PT não tem a menor chance em 2018:

"Não temos plano B. Plano B para quê? Haddad? Jaques Wagner? Plano B é para perder a eleição? Nosso nome competitivo é o Lula e é com ele que vamos para a eleição"
Sidnei Luis Reinert
19/09/2017 09:57
A razão do General Mourão e do Zezé de Camargo


Edição do Alerta Total ?" www.alertatotal.net
Por Jorge Serrão - serrao@alertatotal.net
O General de Exército na ativa Antônio Hamilton Martins Mourão tem todo direito de exercer sua liberdade de expressão e manifestar a defesa da Intervenção Constitucional, se o Judiciário fracassar na tarefa de livrar as instituições do domínio do crime. O militar não pode ser punido por ter dito uma verdade que apavora corruptos e a pretensa intelectualidade esquerdista que não sabe que a Democracia é a Segurança do Direito, através do exercício da razão republicana.
O General Mourão, em nenhum momento, pregou "golpe militar" ?" como alguns idiotas inúteis e canalhas confessos o vêm acusando. Na palestra fechada, restrita aos membros de uma loja maçônica em Brasília, em nenhum momento o membro do Alto Comando do Exército pregou o "retorno de um governo dos militares". O Diretor de Economia e Finanças da Força Terrestre apenas admitiu que a Intervenção Constitucional é uma hipótese concreta e estudada pelos militares, caso o Judiciário não consiga resolver "o problema político".
É ilegal, ilegítimo e imprevidente que Mourão sofra qualquer punição. O ministro da Defesa, Raul Jungman, soltou ontem uma nota esquisita, falando que foram discutidas "medidas cabíveis a serem tomadas". O Comandante do Exército, Eduardo Villas-Bôas, ainda não emitiu qualquer comentário público sobre a delicada situação. Em tese, pela legislação em vigor, Mourão só poderia fazer uma manifestação com autorização expressa do Comando da Força. Se Mourão, que é maçom, fez a palestra e falou o que tinha de ser dito é porque, subliminarmente, a opinião dele reflete a do Alto Comando militar.
Uma "crise militar" é tudo que o Presidente Michel Temer menos deseja. Ainda mais mexendo com Mourão que é um dos comandantes militares mais populares nas redes sociais. O General ganhou fama ao ser punido, em 2015, quando "ordens superiores" lhe tiraram do Comando Militar do Sul por ter criticado a classe política corrupta e defendido uma "luta patriótica" a favor do Brasil. Mourão também havia dado autorização a um quartel gaúcho para homenagear o falecido Coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra ?" a quem Mourão foi subordinado e do qual era grande amigo pessoal.
Ao ter respondido a uma pergunta sobre "Intervenção Militar" na palestra dada na Maçonaria, Mourão pode ter refletido apenas sua opinião pessoal e não a da maioria do Alto Comando do Exército. No entanto, a sinceridade, a coragem e a honestidade intelectual dele ganharam repercussão com a divulgação, nas redes sociais, do vídeo do evento. Uma eventual punição a Mourão só vai reverberar a visão de Mourão nos meios militares e na sociedade civil organizada que defende o que é chamado imprecisamente, no popular, de "Intervenção Militar".
A regra é clara! Militares não farão qualquer intervenção, por iniciativa deles próprios, a não ser que o Brasil mergulhe em uma guerra civil declarada que os obrigue a agir em conformidade no que está previsto no artigo 142 da Constituição. O máximo que pode acontecer, na realidade, é que o Poder Militar, convocado por algum dos outros poderes, o Executivo, o Legislativo e o Judiciário, promova alguma ação pontual. Ou, então, que os militares dêem total respaldo a uma ação legítima do povo em uma legítima, legal e inédita "Intervenção Constitucional".
Os militares não têm projeto de governar o Brasil ?" conforme ocorreu entre 1964 e 1985. No entanto, já cansaram de afirmar publicamente que não abrem mão do papel estratégico de colaborar na formulação de um Projeto Estratégico para a Nação. O problema é que a maioria dos políticos não deseja isto. A politicagem está mais focada em se locupletar com o dinheiro e as vantagens públicas, defendendo-se das tsunâmicas acusações de corrupção.
Se Mourão for punido agora, estará criado o "mártir" político perfeito para influenciar na sucessão presidencial de 2018 e catalizar o desejo de muitos brasileiros favoráveis às intervenções: a Militar (improvável, por alguma "quartelada") e a Institucional/Constitucional (em maturação, um processo irreversível, a partir da mobilização e vontade dos setores organizados da sociedade).
Antes de ferrar o General, uma perguntinha: Será que algum "intelectual" terá coragem (ou cara de pau) de pedir punição para Zezé de Camargo? O ex-cabo eleitoral da campanha de Lula em 2002 é um defensor da intervenção militar. Em recente entrevista à jornalista Leda Nagle, na revista Quem, Camargo detonou: "Nós não vivíamos uma ditadura". Vivíamos um militarismo vigiado".
Correta ou não tão exata, a visão do ídolo sertanejo reflete o senso comum que vai se tornando hegemônico na maioria da sociedade brasileira que se considera vítima da insegurança, gerada pela combinação da corrupção com a violência que consagra a impunidade.
Resumindo: O General Mourão e o cantor sertanejo apenas reproduziram o senso comum, com o peso da autoridade de um militar do Alto do Exército. A maioria das pessoas não aguanta mais tanta roubalheira que acaba impune por falha do sistema judiciário (incluindo o Ministério Público).
Só a galera que afana e deixa roubar milhões não quer ver o tsunami em andamento. Ninguém suporta mais o domínio do crime sobre a vida das pessoas no Brasil. Só uma inédita Intervenção Constitucional pode promover profundas mudanças estruturais no Estado-Ladrão brasileiro. E os militares, dizendo ou não, querendo ou não, terão de ajudar neste trabalho, ou acabarão derrotados pelo Poder Criminoso.
Assim, antes de punir o General, cabe uma outra perguntinha indefensável ao Ministro da Defesa: Por que você não cuida da "guerra civil" na favela da Rocinha, em vez de ficar perdendo tempo com o que o Mourão falou no (inexistente) segredo de uma Loja maçônica?
Mourão, Zezé de Camargo e tantos outros brasileiros que desejam uma "intervenção" contra o Crime Institucionalizado estão absolutamente com a razão...
Miguel José Teixeira
19/09/2017 08:30
Senhores,

Na mídia:

"PT estuda boicotar eleições de 2018 se Lula não puder ser candidato..."

Ufa. . .que alívio. . .

A vaca já estava no brejo. Agora vão o boi, os bezerros e os carraPaTos. . .
Herculano
19/09/2017 07:24
SEM ESPERANÇA DE QUE SUPREMO BARRE A DENÚNCIA DE JANOT, TEMER SE REARTICULA, por Josias de Souza

O Planalto obteve no Supremo Tribunal Federal indicativos de que não será acolhido na sessão plenária desta quarta-feira o pedido da defesa de Michel Temer para que a nova denúncia contra o presidente seja suspensa. Diante disso, Temer intensificou desde o último final de semana os preparativos para enterrar na Câmara a peça em que o ex-procurador-geral Rodrigo Janot o acusa de formação de organização criminosa e obstrução à Justiça

Não há no Planalto nenhuma dúvida de que a denúncia de Janot descerá à cova, para ser exumada pela Justiça apenas depois que Temer deixar a Presidência. Vive-se uma cena repetida - um flashback com direito a balcão fisiológico, chantagens dos deputados e um festival de cargos e verbas.

Na votação que sepultou a primeira denúncia, por corrupção passiva, Temer prevaleceu com 263 votos, muito mais do que os 172 que precisava. A oposição cravou 227 votos, bem menos do que os 342 exigidos para autorizar o Supremo a tocar uma investigação contra o presidente da República.

Temer tenta agora melhorar o seu desempenho. É improvável que consiga. Ficará novamente claro que o governo tem maioria para barrar investigações, mas não dispõe de 308 votos para aprovar reformas constitucionais como a da Previdência. Seja como for, Temer avalia que nem a eventual delação do amigo preso Geddel Vieira Lima, por demorada, teria o condão de transformar em derrota sua perspectiva de vitória.

A denúncia de Janot, protocolada no Supremo há cinco dias, já deveria ter seguido para a Câmara. Mas o relator da Lava Jato, ministro Edson Fachin, achou mais prudente dividir sua decisão com os outros dez ministros da Suprema Corte. Teve receio de ser descortês com os colegas, já que o recurso de Temer pede que a denúncia seja barrada. Os advogados alegam que convém esperar o resultado da investigação sobre o áudio que virou do avesso a colaboração premiada da JBS, estimulando dúvidas sobre a validade das provas fornecidas pelos delatores. .

A perspectiva dos auxiliares de Temer é a de que a maioria dos ministros do Supremo considere que, nesta fase, não cabe ao tribunal sustar a denúncia. Antes, a Câmara precisa decidir se vai ou não autorizar a Suprema Corte a julgar se a denúncia de Janot merece o arquivo ou a abertura de uma ação penal.
Herculano
19/09/2017 07:10
OS RATOS PARIRAM UMA MONTANHA

Conteúdo de O Antagonista. Em seu último dia de trabalho, Rodrigo Janot enviou a Edson Fachin "uma montanha de processos", segundo O Globo.

Entre eles, a delação premiada da Queiroz Galvão, uma das maiores empreiteiras do petrolão, alvo de duas operações da Lava Jato.
Herculano
19/09/2017 07:05
A AFRONTA DO GENERAL, por Bernardo Mello Franco, no jornal Folha de S. Paulo

Um general critica a Constituição e admite a hipótese de uma "intervenção militar" para resolver os problemas do país. Parece boato de internet, mas aconteceu na última sexta, quando o general Antonio Hamilton Mourão discursou num encontro de maçons.

Envergando sua farda, o oficial pisoteou o Regulamento Disciplinar do Exército, que proíbe militares da ativa de opinar sobre assuntos políticos. Também afrontou a autoridade do comandante Eduardo Villas Bôas, que é conhecido por pregar o respeito às leis e à ordem democrática.

Na sexta, o general Mourão chamou de "excelente" uma pergunta que propôs o fechamento do Congresso. "Ou as instituições solucionam o problema político pela ação do Judiciário, retirando da vida pública esses elementos envolvidos em todos os ilícitos, ou então nós teremos que impor isso", declarou.

O combate à corrupção foi usado como pretexto pelos militares que deram o golpe em 1964. Eles prometiam devolver o poder aos civis, mas deixaram os brasileiros 25 anos sem votar para presidente.

O general Mourão é reincidente. Em 2015, foi rebaixado por criticar o governo. Perdeu o cargo de comando, mas passou a ser cultuado em atos pró-impeachment. Chegou a ser homenageado com um boneco inflável de farda e faixa presidencial.

Passados quatro dias, o falante ministro Raul Jungmann ainda não usou os microfones para comentar o episódio. O comandante Villas Boâs disse que "o problema está superado", mas não anunciou nenhuma medida efetiva. Se não houver punição ao general, sua afronta arrisca virar exemplo para a tropa.

*
Henrique Meirelles está exagerando na pré-campanha ao Planalto. Em busca do voto evangélico, o ministro da Fazenda pediu orações pela economia. Daqui a pouco, alguém pode sugerir trocá-lo pelo bispo Macedo ou pelo pastor Malafaia.
Herculano
19/09/2017 07:01
SEGUNDA DENÚNCIA TERÁ MENOS VOTOS QUE A PRIMEIRA, por Cláudio Humberto, na coluna que publicou nos jornais brasileiros

Líderes na Câmara avaliam que a segunda denúncia de Rodrigo Janot contra o presidente Michel Temer, bem mais fraca, será rejeitada com margem maior de votos. É o caso do secretário-geral do PSDB, deputado Silvio Torres (SP), experiente vice-líder do partido, e já no sexto mandato parlamentar. Para Torres, que falou na primeira pessoa, a impressão geral é a que a denuncia foi feita de maneira açodada.

CONEXÃO
Parlamentares apontam como maior problema a tentativa de Janot de misturar supostos fatos do passado com a presidência Temer.

BLINDAGEM
A 2ª denúncia, dizem os deputados, parece ignorar que a Constituição protege o presidente de processos sobre fatos pretéritos ao mandato.

RACHA MENOR
Na primeira denúncia, o PSDB rachou ao meio. Desta vez, deverá se unir mais. E a tendência dos tucanos é rejeitar a nova acusação.

NO MURO
Os tucanos poderão definir uma posição partidária após o julgamento de recurso da defesa de Temer, nesta quarta-feira.

CONVITES DE JANOT À POSSE IGNORARAM LISTA DE DODGE
A ausência de Rodrigo Janot na posse de Raquel Dodge na Procuradoria Geral da República ilustra a animosidade existente entre eles. Segundo fontes ligadas ao episódio, o pretexto para a ausência foi a disputa sobre a emissão de convites para a solenidade. Janot os expediu ignorando a lista de convidados de Dodge. Em contrapartida, ela orientou seu cerimonial a enviar os convites mesmo por e-mail.

PROTOCOLAR
Antes de alegar "motivos protocolares" para não ir à posse, Janot deixou vazar que achou "descortesia" receber o convite por e-mail.

ANIMOSIDADE
Em grupo de colegas no Telegram, Janot se referia a nova PGR como "Bruxa", segundo revelou à Folha o procurador Ângelo Goulart Villela.

DESAFETA PESSOAL
Villela, que esteve preso por 76 dias, diz que Janot quis usar JBS para "derrubar" Temer e impedir a indicação da "desafeta pessoal" ao cargo.

PRISÃO, NADA
As delações de uma centena de executivos da Odebrecht e OAS ainda não renderam a prisão do ex-presidente Lula. Já a delação de Joesley e seus cúmplices quase derrubaram o presidente Michel Temer.

LULA = SEIS GEDDÉIS
Na sua delação, Marcelo Odebrecht confirmou que Antonio Palocci fez pedidos de dinheiro vivo à Odebrecht, que era retirado da conta "Amigo", de Lula. Os R$300 milhões correspondem a seis Geddéis.

CADEIA INEVITÁVEL
As regras de asilo, em voga em todo o mundo, não beneficiam foragidos. Se Lula pedir asilo em embaixada "amiga", como defendem petistas, essas regras impedem salvo-conduto para ele deixar o Brasil.

ENTULHO AUTORITÁRIO
A unidade do IBGE no DF tem enviado cartas ameaçando multar em quase R$10 mil empresas que não respondam imediatamente a uma Pesquisa Anual de Serviços. Pior: a ameaça se baseia em uma lei de 1968, auge da ditadura, assinada pelo general Costa e Silva.

PERDEU, CANDIDATO
Dos cinco conselheiros do Tribunal de Contas de MT acusados de dividir propina de R$53 milhões, Antonio Joaquim, o presidente, planejava se aposentar para disputar o governo, em 2018. Planejava.

OLHA A MALANDRAGEM
As propostas de reforma política, uma do PSDB (282/16) e outra do PT (77/03), voltam à pauta da Câmara terça (19) e quarta (20). Deputados têm até 7 de outubro para sancionar a lei para que ela valha em 2018.

DESRESPEITO
A Copa Airlines deu show de desrespeito, ontem, no Panamá. Com o aeroporto sem energia e voos cancelados, deixou centenas de pessoas na mão. "A funcionária se irritou e foi embora", relatou um passageiro.

ESSES SUÍÇOS...
O Ministério Público da Suíça investiga a origem ?" e se houve crime ?" do entupimento dos banheiros de uma agência do banco UBS e de três restaurantes próximos, com dezenas de milhares de euros em dinheiro.

PENSANDO BEM...
...já tem torcedor do Palmeiras pedindo que o próximo jogo contra o Corinthians seja apitado pelo juiz Sérgio Moro.
Herculano
19/09/2017 06:54
STF PODE ENVIAR DENÚNCIA CONTRA TEMER DE VOLTA Á PGR, por Mônica Bérgamo, no jornal Folha de S. Paulo

Ministros do STF (Supremo Tribunal Federal) já aceitam discutir a possibilidade de enviar a denúncia contra Michel Temer, assinada por Rodrigo Janot, de volta à PGR (Procuradoria-Geral da República). Se isso ocorrer, caberá à nova procuradora-geral, Raquel Dodge, revisar o trabalho do antecessor -e adversário.

DEBATE
Pelo menos quatro magistrados já conversaram sobre o assunto internamente.

Só DEPOIS
Na sexta (15), Antonio Cláudio Mariz de Oliveira, advogado de Temer, apresentou petição defendendo que a denúncia seja devolvida. Ele alega que a maior parte dos fatos elencados teriam ocorrido antes de o peemedebista assumir o mandato. E a lei diz que o presidente da República não pode responder por supostos crimes anteriores ao cargo -somente depois que sair dele.

LEIA COM ATENÇÃO
A Secom (Secretaria de Comunicação) do governo Temer distribuiu na segunda (14), por e-mail, a íntegra da entrevista do procurador da República Ângelo Goulart Villela, com severas críticas a Janot, publicada na Folha. Segundo ele, o ex-procurador queria derrubar o presidente para evitar que Raquel Dodge fosse nomeada para o comando do órgão.
Herculano
19/09/2017 06:50
JANOT SE ACHA HAMELET. É... E DE COMO, DIZ LULA, O DOUTOR TERIA TOMADO NO COBRE SE FORMAL FOSSE, por Reinaldo Azevedo.

Rodrigo Janot não compareceu à posse de Raquel Dodge. Teria considerado uma descortesia ter sido convidado apenas por e-mail. Bem, tanto ele fez para que ela não chegasse lá que o convite eletrônico já é expressão de uma generosidade da nova titular. Por que não sirvo para ser homem público? Por coisas assim: em lugar de Raquel, nem essa tal mensagem eu teria enviado. E, se querem saber, foi muito bom o doutor ter-se ausentado porque isso o levou a emitir a nota mais patética jamais saída daquela incansável lavra de impropriedades. Vocês podem ler a íntegra neste blog.

Não fossem as articulações malévolas de Janot para derrubar um presidente da República; não fosse a clara admissão de que faz política - e sua nota reflete isso de maneira berrante e aberrante; não fosse a escolha deliberada pela demagogia politiqueira, e eu seria condescendente com ele, destacando, sim, a sua ignorância, mas sem supor que há algo de podre no quintal de seu cérebro.

Só um misto de ignorância arrogante e populismo vulgar explica que tenha aberto a mensagem a seus pares citando Hamlet, a personagem mais intensamente idiota que Shakespeare construiu ?" vá lá: ele tinha uma diferença em relação a Janot; o tonto era mesmo sincero nos seus desejos homicidas de Justiça e seu, digamos, solipsismo, seu extremo subjetivismo, derivava do excesso de imaginação, não da falta dela. A síntese de Polônio sobre o príncipe, tantas vezes citada, explica esse estado: "Loucura, sim, mas tem método". A propósito: coitado do Polônio! Foi um dos homens reais (na peça) que acabaram morrendo porque o jovem porra-louca falava com um espectro.

Tudo o que um procurador-geral da República não pode fazer é ter em Hamlet um herói. Terá o ex-procurador percebido que não há circunstância objetiva que evidencie que Cláudio, seu tio, era mesmo o assassino de seu pai. Terá Janot percebido em algum momento que era o espectro, o fantasma - vale dizer: as projeções mentais do próprio Hamlet, seus rancores, sua impotência para entender o mundo real, seu inconformismo, seu ressentimento - que o levava não só a ser judicioso sobre a morte do pai, mas também a provocar desastres entre os vivos? O fantasma do próprio também lhe indicava o caminho de uma narrativa que, - a exemplo do que ocorre com boa arte dos alienados - tinha lógica interna.

E é a alguém como Hamlet que Janot pretende se associar, simbolizando, então, o seu amor incansável pela Justiça. Será que Janot assistiu alguma vez a uma representação? Terá tido o cuidado de ler o texto ao menos? Não creio! Na nova denúncia contra Temer, ele não conseguiu acertar nem o nome de um ex-presidente de Furnas, que teria sido condescendente com desmandos do PMDB. O sobrenome do homem é "Conde", grafado corretamente apenas uma vez, para nada menos do que sete "Conte(s)".

Então era isto? Então era mesmo um banho sangue o que queria Janot? Ele deve ter se esquecido de que, ao fim da tragédia, sobram muitos corpos pelo caminho, inclusive o do próprio príncipe, e chega ao fim o reinado dos Hamlet. Como Janot, o maluquete também achava que havia um excesso de "larápios egoístas e escroques ousados" na Dinamarca. Na hipótese de ser verdade, poderia ter seguido as regras do jogo, vencendo-os. Não! O rapazola lá e o coroa aqui preferiram o salseiro, o espalhafato, a intriga, as ações insidiosas. E, não sei, não, tudo indica que, se todos falarem o que sabem, mesmo menos esbelto, mesmo mais velho, mesmo mais sem graça, mesmo mais sem imaginação, Janot também termina varado pela espada ?" no caso, da lei. Até as pedras sabem que ele está hoje nas mãos de Marcelo Miller, que já pediu o seu testemunho em ação judicial.

Janot não se envergonhou nem mesmo de deixar gravado, em sua última manifestação como procurador-geral, o mais rasgado auto-elogio. Ele está mesmo convencido de que nunca houve um procurador-geral da República como ele. Sobre seu próprio trabalho, considera:
"O MPF de 2017 é diferente do MPF de 2013. Mas o norte e os desafios são os mesmos: a luta pelo Direito e pela Justiça, de forma incansável, de olhos abertos e prontidão constante".

Evidenciando que pode ainda não ter desistido de uma candidatura ao governo de Minas, escreve:
"O Brasil é nosso! Precisamos acreditar nessa ideia e trabalhar incessantemente para retomar os rumos deste país, colocando-o a serviço de todos os brasileiros, e não apenas da parcela de larápios egoístas e escroques ousados que, infelizmente, ainda ocupam vistosos cargos em nossa República."

Cumpre perguntar: quem são os proprietários do Brasil por trás desse "nosso"? Quem fez de Janot, que foi indicado procurador-geral por Lula e depois renovado no cargo por Dilma, um representante do povo? Em nome de qual coletividade ele fala?

Mas convenham também: sua carta mixuruca não é muito melhor do que suas denúncias, a não ser num aspecto: em sua mensagem, ele acusa crimes, morais ao menos, sem apontar os autores. Em suas denúncias, costuma apontar os autores, sem deixar claro que crime cometeram.

De resto, Janot é soberbo e deselegante. Lembra ter ficado em primeiro na eleição promovido pela ANPR (Associação Nacional de Procuradores da República). Raquel Dodge, sua sucessora, como se sabe, ficou em segundo. Dizer o quê? Com um pouco de vergonha em sua cara institucional, este senhor nem mesmo citaria tal escrutínio, que é uma usurpação. A eleição nem prevista na Constituição está. De resto, Janot pode se livrar de tudo, mas não de uma fala histórica de Lula, numa conversa com o advogado Sigmaringa Seixas. O chefão petista cobrava então que Sigmaringa fizesse alguma gestão junto ao procurador-geral, que ele julgava estar perseguindo o PT e a ele próprio. O interlocutor diz ao ex-presidente que não pode abordar Janot na forma sugerida; seria preciso ser mais formal. E Lula fala, então, para a história, sem saber que estava sendo gravado ?" conversa que Sérgio Moro tornou pública:

"Esse cara, se fosse formal, não seria procurador-geral da República; teria tomado no cu; teria ficado em terceiro lugar (?). Quando eles precisam, não tem formalidade; quando a gente precisa; é cheio de formalidade".

Havia, sem dúvida, algo de podre na Dinamarca do nosso Hamlet de cabelos encanecido
Herculano
19/09/2017 06:41
INSULTAR TRUMP É UMA FORMA DE ONANISMO: SATISFAZ MAS NÃO CONVENCE, por João Pereira Coutinho, escritor e sociólogo português, no jornal Folha de S. Paulo

Comecei e não acabei o último livro de Hillary Clinton. Razões de saúde. Como aguentar as explicações de Hillary para a sua derrota contidas em "What Happened"?

Verdade que não tinha esperanças: honestidade é palavra que não combina com a senhora. Mas o livro só pode ser produto de uma mente enlouquecida.

Segundo Hillary, a derrota não é culpa sua. É culpa de Barack Obama, James Comey, Bernie Sanders, Vladimir Putin. E ainda dos "deploráveis" de Donald Trump, do machismo reinante, da mídia (palavra de honra: da mídia!). Será que a esquerda americana acredita nessa farsa?

Não acredita e Mark Lilla é a prova viva. Sei que tenho falado muito de Lilla. Inevitável. A grande distinção que existe não é entre esquerda ou direita, ao contrário do que pensam os débeis. É entre inteligência ou falta dela. Lilla é um dos mais brilhantes ensaístas da sua geração. Ser liberal de esquerda é um pormenor.

Mas não em "The Once and Future Liberal: After Identity Politics". O ano ainda não acabou. Mas arrisco dizer que é o melhor texto político que li em 2017.

Lilla não tem a covardia e a mendacidade de Hillary. Sim, a "nova esquerda" está em crise e insultar Trump (e os "deploráveis") é uma forma de onanismo: satisfaz, mas não convence. Os problemas da esquerda estão na própria esquerda.

Tese do autor: quando olhamos para o século 20, encontramos dois grandes momentos. O primeiro pertence a Franklin Roosevelt. O segundo a Ronald Reagan.

Roosevelt surgiu no meio do colapso econômico e da ascensão dos fascismos. Que fez ele? Deu um propósito comum aos americanos na luta por igualdade econômica, emancipação civil - e na derrota do totalitarismo.

O "New Deal", sob diferentes máscaras, prolongou-se até a década de 1970. Quando mostrou os seus limites: despesa incontrolável, carga fiscal idem, burocracia e regulação sufocantes.

Reagan ofereceu a segunda grande narrativa: o governo não era a solução para os problemas do país; o governo era parte do problema. Solução? Libertar a economia americana e a iniciativa individual rumo a uma América rica e confiante.

Perante esse segundo momento, que fizeram os "liberais" de esquerda? Um pouco de história: até a década de 1960, a base do Partido Democrata estava no "proletariado" (para usar a expressão do tio Karl) e nos trabalhadores rurais. Mas a contracultura submergiu essa tradição com seu romantismo libertário.

A principal consequência desse movimento foi a emergência de uma "política de identidade" que derrotou, digamos, a "identidade dual" que sempre definiu os nativos. Por um lado, eles eram americanos; por outro, e em decorrência do primeiro axioma, eles podiam ser o que quisessem (a situação dos negros é um caso à parte, claro).

A "política de identidade" apagou essa dupla dimensão: o indivíduo não é parte do todo. Ele passou a ser separado do todo pelo "narcisismo das pequenas diferenças". Ele é negro, gay, mulher, índio, anão ?" e não vai além do seu estreito horizonte. Isso significa que a política, para ele, é um assunto estritamente pessoal (e não republicano, no sentido cívico da palavra).

Essa cartilha foi promovida pelas universidades -e, em especial, pelos antigos alunos românticos da década de 1960, que, frustrados com a "realidade" da década de 1980, regressaram à base na qualidade de professores. E com duas mensagens letais: os partidos não são de confiança (melhor criar "movimentos") e as únicas causas políticas que valem a pena são aquelas que realizam nossas aspirações identitárias.

Por outras palavras: os liberais "balcanizaram-se" em tribos que não contam para nada. E o Partido Democrata foi arrastado para essa armadilha. Azar. A política, lembra Lilla, não é uma sessão contínua de terapia; é uma luta para conquistar e exercer o poder. Aliás, sem poder, os "direitos das minorias" são conversa de Facebook.

Só que a conquista e o exercício do poder implicam olhar para o mundo que existe "lá fora": para o "proletariado" e os trabalhadores rurais que não desapareceram com o arco-íris. Como o autor afirma, em imagem brilhante, é um mundo onde o wi-fi não existe, o café é fraco e os jantares não rendem boas fotos no Instagram.

Hillary Clinton perdeu porque ignorou e insultou os problemas e as aspirações desse mundo. Trump venceu pela razão oposta.

Se a "nova esquerda" não aprende a lição com a "velha esquerda", paz à sua alma.
Ilhota em Chamas
18/09/2017 21:24
Herculano,
O fato é grave, a Prefeitura de Ilhota tirou a Casan para assumir e distribuir água INSALUBRE aos cidadãos. Isso mesmo, água INSALUBRE, é impossível beber água da torneira porque o gosto é horrível.
Há informação que diversos chuveiros estão queimando por causa da água.
Cadê os vereadores que não enxergam isso? Cadê o Prefeito?
Ana Amélia que não é Lemos
18/09/2017 20:01
Sr. Herculano:

Cláudio Humberto, na coluna que publicou hoje nos jornais brasileiros.
"DELAÇÃO DE PALOCCI É CHAVE DE CADEIA PARA LULA",

E música para meus ouvidos.
Belchior do Meio
18/09/2017 19:48
Sr. Herculano:

Saindo da rua Vidal Flávio Dias para acessar a BR470, sabe quem vejo no acostamento?
O sr. Roberto Sombrio, estava esperando o plantão da noite para consertar o cano de água que vai para sua residência.
Falei que também tive problemas, mas ele me disse que ficou sem água 6ªfeira, sábado chegou no fim da tarde (18hs), e hoje de manhã já não tinha água novamente.
Sugeri que registrasse um BO, já que o macaco véio é imexível, quem sabe com a Polícia na cola dele, ele se mexe.
Maria de Fátima
18/09/2017 19:40
Senhor Herculano;

Concordo com o comentário de Sidnei Luis Reinert, a sogra de Carlos Bornhausen (DªFrida) esperou por onze meses por um exame, foi liberado semana passada.
Sidnei Luis Reinert
18/09/2017 17:52
Dr. Herculano, reclamações não faltam na área da saúde no Belchior, por exemplo, minha esposa e meu vizinho já estão à quase 4 meses esperando por um exame de sangue pelo posto de saúde do Belchior, e a desculpa são sempre as "cotas"(falta de dinheiro?), do jeito que vai, teremos "cotas para partidos corruptos" também nas eleições seguintes, estamos de saco cheio com essa vagabundagem!
Herculano
18/09/2017 11:21
O 'DECORO' DO PT, editorial do jornal O Estado de S. Paulo

O visível nervosismo de Lula em seu mais recente depoimento ao juiz federal Sérgio Moro mostra que o ex-presidente parece saber que as inconfidências de Antonio Palocci podem ser decisivas para mandá-lo para a cadeia

O visível nervosismo de Lula da Silva em seu mais recente depoimento ao juiz federal Sérgio Moro mostra que o ex-presidente parece saber que as inconfidências de Antonio Palocci, que foi seu ministro e braço direito, podem ser decisivas para mandá-lo para a cadeia. Palocci não foi o primeiro petista a apontar o dedo para Lula e acusá-lo de corrupção da grossa, mas, em todas as outras ocasiões, as denúncias haviam sido feitas no âmbito interno do PT - e lá quem manda, desde sempre, é o demiurgo de Garanhuns. Pela primeira vez, Lula está sendo acusado por um petista de alto coturno fora daquela instância de araque, que só existe para condenar os que ousam contrariar o chefão. Desta vez, o juiz não é um sabujo de Lula, e sim um magistrado com disposição para levar em conta as provas que constam nos autos. Eis por que Lula, sempre muito confiante, não consegue esconder o desconforto.

A presidente do PT, Gleisi Hoffmann, disse que Palocci quebrou o "decoro" do partido, mas esse "decoro" nunca existiu quando se tratou de Lula. É preciso lembrar, por exemplo, do caso de Paulo de Tarso Venceslau, ex-secretário de Finanças das administrações petistas de Campinas e São José dos Campos nos anos 90. Paulo de Tarso, um dos fundadores do PT, denunciou em 1997 um esquema de corrupção engendrado por um compadre de Lula. O tal esquema, segundo se informou à época, usava contratos fajutos entre prefeituras petistas e uma consultoria para financiar, com dinheiro público desviado, as atividades do PT ?" uma espécie de avant-première do petrolão.

Diante da denúncia, o PT instalou uma comissão para investigar o caso, um procedimento meramente cosmético, já que, para Lula, as acusações de Paulo de Tarso eram uma "chuva de insinuações" e "apenas ilações". Lula chegou a sugerir que seu colega de fundação do PT era um desequilibrado mental. Portanto, se o chefão petista já havia chegado a essas conclusões sem a necessidade de investigar as denúncias, a tal comissão nem precisaria ter se reunido. E, no entanto, os petistas designados para apurar o caso, acreditando que seu papel era mesmo o de investigar a sério e defender a lisura no partido, concluíram que o compadre de Lula talvez fosse mesmo tudo o que Paulo de Tarso dizia que ele era e recomendaram que o PT abrisse processo disciplinar contra ele, por suspeita de "grave violação ética".

O diretório nacional do PT, é claro, mandou engavetar o relatório da comissão, cujos membros foram acusados de agir por "interesses partidários individuais". Mais do que isso: Paulo de Tarso foi expulso do partido, deixando claro que a única ética em vigor no PT é a que preserva Lula e seus parceiros.

Outro fundador do PT, o jornalista César Benjamin, preferiu deixar o partido, em 1995, depois que começou a ver "coisas muito estranhas", conforme contou ao jornalista Zuenir Ventura em livro publicado em 2008. Na entrevista, Benjamin contou que Lula e José Dirceu viraram o PT do avesso para torná-lo competitivo. Para isso, segundo disse, "foram dissolvendo o PT em um banho de dinheiro, cooptando todos os que podiam cooptar". Incomodado com a situação, Benjamin contou que tentou falar com Lula a respeito, mas "ele disse para eu não me meter".

O jornalista decidiu então denunciar a situação em um encontro nacional do partido, em 1995, mas não conseguiu: quando fazia o pronunciamento foi "interrompido de maneira violentíssima" por militantes que "partiram para a porrada", supostamente orientados por José Dirceu. Foi o bastante para perceber que não havia possibilidade de debate no PT quando se tratava de Lula.

Esses são casos conhecidos, mas é possível imaginar quantos petistas já testemunharam "coisas muito estranhas" no partido de Lula e, sem coragem para enfrentar o Grande Líder ou simplesmente incapazes de aceitar que seu ídolo não é "a viva alma mais honesta deste país", preferem o silêncio. Palocci é uma exceção que pode, finalmente, fazer Lula responder pelo que fez.
Herculano
18/09/2017 11:19
da série: os intocáveis

PROPOSTA DE LEI PREVÊ APAGAR CRÍTICAS POLÍTICAS NA WEB, por Ronaldo Lemos, advogado, diretor do Instituto de Tecnologia e Sociedade do Rio de Janeiro, para o jornal Folha de S. Paulo.

Dá para dizer que surgiu um gênero dentre as muitas propostas legislativas que vêm aparecendo no Congresso Nacional recentemente. Esse gênero consiste no "projeto de lei para impedir que cidadãos possam criticar políticos na internet".

Em outras palavras, tentativas de se criar leis no país para que críticas feitas a políticos levem à penalização de usuários, ao apagamento de conteúdos publicados e até mesmo ao bloqueio de sites e serviços.

O mais recente exemplo desse gênero legislativo é o projeto de lei 8.443 de 2017, apresentado pelo deputado Luiz Lauro Fillho (PSB-SP).

O projeto busca criar no Brasil o chamado "direito ao esquecimento".

Nas palavras do próprio texto, a lei permitiria a "retirada de dados pessoais que sejam considerados indevidos ou prejudiciais" à "imagem, honra e nome". A retirada poderá ser feita "de qualquer veículo de comunicação em massa".

Ganha o prêmio Eremildo quem conseguir definir o que seria "indevido" ou mesmo "prejudicial à imagem, honra e nome".

São conceitos totalmente subjetivos, que teriam por consequência prática promover um "limpa" em informações publicadas na internet ou até mesmo nos arquivos de jornais, TVs e outros veículos de imprensa.

Vale notar que mesmo na Europa, onde o controverso "direito ao esquecimento" surgiu, ele não permite o apagamento de qualquer dado ou informação.

Já na versão brasileira que está sendo proposta, fica concedida autorização para revisar a história, ou ainda, para apagar pura e simplesmente qualquer crítica que alguém possa fazer a políticos na internet, de forma imediata.

O projeto chega a prever que as ações para remoção e apagamento de conteúdos poderão ser propostas nos juizados especiais cíveis ("pequenas causas"), onde são gratuitas, têm procedimento simplificado e não requerem advogado.

A justificativa do deputado é que o projeto seria feito "para proteger o cidadão".

Se é esse o caso, por que não incluir artigo dizendo que "o disposto nesse projeto não se aplica a nenhum ocupante de cargo público no país"?

A inclusão de um artigo como esse seria suficiente para enterrar o projeto, por falta de apoio.

Afinal, a maioria absoluta das ações judiciais em defesa "da honra" são propostas por personalidades públicas, em especial políticos.

Isso é especialmente problemático porque políticos não possuem a mesma proteção à honra do que cidadãos comuns. Por exercerem cargos públicos, sua vida privada se confunde com o interesse público.

Não é coincidência que essa lei esteja sendo proposta justamente nas vésperas de um dos anos eleitorais mais importantes e desafiadores da história recente do país.

São muitos os políticos e partidos que gostariam de uma "vida nova" e de começar "do zero". Não custa lembrar que o autor do primeiro projeto sobre "direito ao esquecimento" foi o então deputado Eduardo Cunha.

Ao que tudo indica, a prisão em Curitiba não derrotou totalmente Cunha. Suas ideias continuam livres e influentes em Brasília.

*

READER

JÁ ERA Filmar na horizontal como padrão

JÁ É Filmar na vertical (94% dos vídeos de celular são feitos assim)

JÁ VEM Cada vez mais festivais de vídeo vertical
Herculano
18/09/2017 11:15
NÃO ESTAR ABAIXO É ESTAR ACIMA

Conteúdo de O Antagonista.Raquel Dodge citou o papa Francisco, ao dizer que a corrupção não é um ato, mas uma condição na qual os corruptos estão acostumados a viver. E repetiu que ninguém está acima da lei nem abaixo da lei.

Em Brasília, interpreta-se que não estar abaixo é estar acima.

Michel Temer, no seu discurso na posse da PGR, elogia "essa figura do mundo jurídico chamada Raquel Dodge", chama a atenção ao fato de mulheres agora estarem à frente da PGR, STF, STJ e AGU e dá a sua flechada, ao criticar o "abuso de autoridade".

Raquel Dodge disse em seu discurso de posse:

"O Brasil vive momentos de depuração".

Em seguida, ela tranquilizou os membros da ORCRIM presentes na sala:

"A harmonia entre poderes é requisito para estabilidade da nação".

"Toda vez que há um ultrapasse dos limites da Constituição, há abuso de autoridade", disse Temer.
Herculano
18/09/2017 11:09
COM PODER DE DECIDIR O QUE É JUSTO, 'NOBLESSE DE ROBE' SE SENTE INTOCÁVEL, por Luiz Felipe Pondé, filósofo, no jornal Folha de S. Paulo

Você não lembra o que é "noblesse de robe"? As aulas sobre o Antigo Regime, anterior à Revolução Francesa de 1789 estão distantes na memória? É importante lembrarmos dessa "classe social" pra entendermos parte do problema da máquina estatal brasileira e de suas estrelas de grande ou pequeno porte.

Vamos traduzir esta expressão: "noblesse de robe" é nobreza togada em português. A diferença, no Antigo Regime francês, é que a "noblesse de robe" se diferenciava da "noblesse d'épée" (nobreza da espada) por ser esta a nobreza de fato, associada à condição guerreira da nobreza histórica, de ascendência sanguínea.

A nobreza togada eram aquelas pessoas de alta função burocrática no sistema, como funcionários jurídicos, administrativos, fiscais, enfim, toda a gama de funções que fazia a máquina do Estado absolutista funcionar. Eram "feitos" nobres por aqueles que de fato eram nobres.

Nobreza togada era uma nobreza "fake", mas nem por isso menos poderosa, na medida em que detinha nas mãos todo o trânsito burocrático e efetivo do poder do Estado francês de então.

Sabemos o fim da nobreza "da espada" na Revolução Francesa, no primeiro momento. Mas a nobreza sobreviveu, principalmente, a togada -ainda que sem o caráter "nobre". A máquina burocrática do poder permaneceu, em grande parte, na mão de uma classe togada. Em alguns casos, manteve-se o caráter vitalício do poder -ainda que não hereditário.

A nobreza togada é a alta burocracia do Estado e, principalmente, o Poder Judiciário -dentro deste, juízes e procuradores no topo da carreira. Na máquina cotidiana do poder, esses são os seres mais poderosos do país. Decidem seu futuro com um clique ou uma canetada.

Poder é uma coisa sedutora e, às vezes, invisível. O caráter vitalício de um cargo tende a dar bastante poder a quem o detém, porque essa pessoa fica protegida dos males da contingência da vida dos mortais comuns -conhecida como "mercado".

A nobreza togada é muito poderosa no mundo contemporâneo. Ela é mais bem representada por grande parte do corpo do Poder Judiciário. O Poder Judiciário é o poder "mais poderoso" do país. E nem precisam ser reeleitos. Não me refiro aos advogados enquanto tal, mas aos cargos judiciários públicos. Advogados estão submetidos à "violência" do mercado. Os cargos judiciários públicos, na maioria da vezes, detêm a única forma legítima de violência no Estado moderno. Logo, seu poder é legítimo e quase inquestionável. O poder de processar alguém ou algo é, no limite do humano, no mundo contemporâneo, como assemelhar-se a Zeus.

Um poder vitalício facilmente produz certos desdobramentos cognitivos (podemos discutir os morais, mas não é o caso aqui).

Quando sua condição no mundo é protegida das vicissitudes e instabilidades do mercado, a tendência é que você acabe por se sentir, de fato, na condição de quem tem o poder absoluto, uma vez que representa a lei na sua força coercitiva, e o que você "pensar sobre aquilo" é lei.

Depois do café da manhã, você decide o destino de pessoas, empresas, famílias, futuros, passados, enfim. Após o almoço, você cria mundos ordenados ou desordenados, "simplesmente" a partir do modo como você lê e aplica a lei. Cria vidas ou as destrói. Faz as pessoas sentirem que a vida delas está, literalmente, nas mãos de alguém.

Diferentemente do policial, a nobreza togada é protegida da gritaria do mundo. Ela decide o que é "justo" e o que é "injusto" e, com isso, num mundo que tende à judicialização de tudo como o nosso, ela faz "o destino do seres", como as Moiras na tragédia grega.

O poder de decidir vidas entre as refeições dá a você a sensação de ser quase intocável.

Uma certa tranquilidade que quase o eleva acima dos mortais comuns. Quem pode dizer para onde o dinheiro de X deve ir? Quem pode decidir que sua casa não é mais sua? Ou que não verá seu filho? Ou que o que você disse é passível de punição e, quem sabe, criar uma dívida enorme como fruto de uma frase que você colocou numa música ou num livro? Ou arruinar sua reputação num clique?
Herculano
18/09/2017 11:05
POR QUE MILHõES GRITARAM "FORA DILMA" MAS NÃO GRITAM "FORA TEMER"?, por João Cesar de Melo, publicado pelo Instituto Liberal

Eis uma dúvida frequente: por que milhões de pessoas gritaram "fora Dilma" em protestos, mas não gritam "fora Temer"?

1 - Não precisa. Ninguém defende Temer. A justiça está agindo contra ele.
2 ?" Para não se juntar a sindicatos, partidos e movimentos que pedem a saída de Temer e? a volta de Lula e o fim da Lava Jato.

A principal função do movimento pelo impeachment de Dilma foi se contrapor aos movimentos que iam às ruas ou se utilizavam da imprensa para defender o governo mais corrupto e incompetente da história brasileira. O país estava sendo levado para o mesmo brejo onde se encontra hoje a Venezuela por causa do apoio dessas pessoas. Era urgente se levantar contra isso.

Temer conta com um índice de rejeição semelhante ao de Dilma. Porém, não vemos artistas, sindicatos, professores universitários, movimentos disso e daquilo nem rapazinhos e mocinhas de classe média gritando o tempo todo que ele é lindo e maravilhoso. Temer é o que é, CORRUPTO, e só está no poder porque o PT o colocou lá. Se ele fosse honesto, não teria sido acolhido pelo PT para ser vice de Dilma, duas vezes.

Temer na presidência não foi uma escolha. Foi apenas resultado de uma circunstância por demais dramática ?" a necessidade de tirar do poder uma presidente comprometida com o que há de pior no mundo, o socialismo.

Mais: Michel Temer foi denunciado, pela 2° vez, porque foi flagrado dando continuidade aos esquemas de corrupção criados e alimentados por Lula e Dilma. Tentar dissociar Temer do PT é, no mínimo, uma cretinice.

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Se Lula e Dilma tivessem administrado o Brasil de forma competente, o país não teria entrado em recessão.

Se Lula e Dilma fossem honestos, a Lava Jato não existiria.

Se os petistas fossem coerentes com o que eles mesmos dizem nos palanques, não teriam convidado o PMDB para ser seu aliado, não teria dado Furnas à Aécio, não teria dado a Caixa para Eduardo Cunha, não teria loteado ministérios e estatais entre políticos corruptos, não teria enchido os cofres das maiores empresas do país com dinheiro público. Ou seja: Essa merda toda foi criada pelos petistas, não por aqueles que pediram a saída de Dilma.

Eu, particularmente, sou a favor para a saída de Temer. Mas respeito quem não se sente motivado a ir às ruas como fizeram contra Dilma.

E outra coisa: por pior que seja, é mil vezes melhor estarmos com Temer do que com qualquer outro petista. A economia está melhorando. A Lava Jato continua. Tomamos um caminho diferente do da Venezuela
Herculano
18/09/2017 11:02
DESEQUILÍBRIO NAS INVESTIGAÇÕES MERECEM ATENÇÃO, por Vinicius Mota, secretário de redação do jornal Folha de S. Paulo

O escândalo em torno do ex-procurador Marcello Miller, cuja atuação nos dois lados do balcão no caso JBS é cada vez mais difícil de refutar, sugere avanço do mal degenerativo que acometeu a colaboração premiada no Brasil.

O poder que acusa não deveria interferir na produção de provas judiciais pelo candidato a delator. Autorizar que se cruze essa linha vermelha é expor o cidadão ao arbítrio dos flagrantes armados, típicos de regimes autoritários e aparelhos investigativos indolentes e descontrolados.

Mauro Pimentel - 8.set.2017/Folhapress
O ex-procurador Marcello Miller, ao chegar para depoimento na Procuradoria Regional no Rio
O ex-procurador Marcello Miller, ao chegar para depoimento na Procuradoria Regional no Rio
Deixar de punir com a anulação das provas esse desvio, uma vez comprovado, seria favorecer a disseminação pelo país dos conluios entre investigadores estatais e réus desesperados. Se o estímulo a pular a cerca é sedutor o suficiente para atingir a Procuradoria-Geral da República, essa tentação não será menor nos 27 órgãos acusadores estaduais.

A lambança na PGR compõe um quadro mais amplo de desequilíbrios. Permite-se no Brasil que se agreguem delatores indefinidamente a um mesmo tronco de acusações.

O ex-ministro Palocci, enrascado na Lava Jato, curvou-se ao poder gravitacional da "narrativa" da Procuradoria. Contará o que os investigadores querem sobre Lula, mesmo que isso não se enquadre bem no conjunto de evidências de que dispõe.

Adesões consecutivas criam uma inércia avassaladora contra quem, como o ex-presidente, não tem a quem delatar. Faz-se troça da linha de defesa de Lula, que atribui a outros ao seu redor a responsabilidade por ações suspeitas, mas essa parece ser sua melhor opção nesse quadro.

Talvez a liga a unir nas tramoias políticos poderosos a empresários próximos do Estado fosse tão resistente que apenas órgãos de controle dotados de superpoderes seriam capazes de rompê-la. Abalado o conúbio e exposta a chaga, é preciso agora cuidar um pouco mais das cautelas que, numa democracia, refreiam no Leviatã o seu instinto devorador.
Herculano
18/09/2017 10:59
DELAÇÃO DE PALOCCI É CHAVE DE CADEIA PARA LULA, por Cláudio Humberto, na coluna que publicou hoje nos jornais brasileiros.

Em sua proposta de acordo de delação premiada, o ex-ministro Antonio Palocci oferece ao Ministério Público Federal, sem explicitá-la, a oportunidade de finalmente provar que doações ao Instituto Lula não passaram de propina para o ex-presidente. A força-tarefa já comprovou que empreiteiras investigadas na Lava Jato fizeram depósitos de ao menos R$30 milhões ao Instituto, enquanto roubavam a Petrobras.

AGRAVANTES
Deve agravar dramaticamente a situação penal do ex-presidente Lula a comprovação do pagamento de propinas, inclusive em dinheiro vivo.

ACUSAÇÃO CORROBORADA
Palocci é o primeiro a denunciar propina paga em dinheiro para Lula. A delação de Marcelo Odebrecht deve corroborar a acusação.

REFERÊNCIA
Na sua delação premiada, o empreiteiro Marcelo Odebrecht revela que a "referência" de pagamentos ao Instituto Lula era o Instituto FHC.

PADRÃO EX-PRESIDENTE
"A gente tinha doado, não me recordo bem, acho que R$40 milhões [a FHC]", disse Odebrecht. Lula levou os mesmos R$40 milhões, diz.

CAI APOIO NA CÂMARA, MAS GOVERNO AINDA VENCE
A situação do governo Michel Temer na Câmara não é tão confortável quanto dizem os aliados. Nas 24 votações nominais e abertas na Câmara, em agosto, o apoio ao governo foi de 43,8%, o mais baixo desde dezembro do ano passado (42,5%). No PSDB, o apoio caiu 11,56%, de julho para agosto. No PMDB, partido do chefe do governo, a queda foi de 13,38%. Mas o governo venceu as principais votações.

APROVAÇõES IMPORTANTES
O governo Temer teve vitórias como a medida provisória 777, que criou a Taxa de Longo Prazo (TLP), e ao fixar novas metas fiscais até 2018.

GOVERNO ENFRAQUECIDO
O presidente da Câmara, Rodrigo Maia, achava que o governo se enfraqueceu com a primeira denúncia de Janot. Mudou de ideia.

O TESOURO VAI SOFRER
Na equipe econômica, a preocupação agora é o tamanho do custo, para o governo, da rejeição da segunda denuncia de Janot.

LUCROS VOLTARAM
Alheio à crise, o Ministério do Planejamento divulga que em 2015, último ano de Dilma, as 154 empresas públicas deram prejuízo de R$32 bilhões. Em 2016, essas empresas deram lucro de R$4,6 bilhões.

VAI UMA PALESTRA AÊ?
A última "palestra" de Lula foi realizada em 2015, quando fez apenas três. Cada uma delas rendia ao petista ao menos US$150 mil (R$450 mil), segundo ele mesmo. Ninguém jamais acreditou nessa lorota.

PALESTRAS DE LOROTEIROS
Até Lula desmoraliza a invenção de "palestra" para justificar propina. Diante do juiz Sérgio Moro, o ex-presidente ironizou: "Palocci tem o direito de ficar com um pouco do dinheiro que ganhou com palestras..."

A ÁGUA ACABOU
Se os brasilienses reclamam do racionamento que os atormenta desde dezembro, não viram nada. Os reservatórios já atingem o volume morto. Se não chover em quinze dias, o colapso poderá ser total.

BYE, BYE, GRANA
Coisas estranhas acontecem no Banco do Brasil. A partir de 1º de outubro, fechará sua agência Estilo na exclusiva Avenida Paulista, em São Paulo. Simplesmente o maior centro financeiro do hemisfério sul.

SOBRE CONCUBINATO
O desembargador Claudio de Mello Tavares, um dos magistrados mais admirados do Rio de Janeiro, vai lançar nesta terça (19) o livro "Da União Livre à União Estável - Aspectos do Concubinato" (editora GZ). Será às 19h no foyer do Tribunal de Justiça.

CAMPANHA Só NO PAPO
O PT quer aprovar projeto que dá aos políticos o direito de incomodar eleitores em seus celulares, com mensagens tipo telemarketing. Mas não obriga o candidato a informar seu número ao eleitor incomodado.

SEM OLHAR A QUEM
A republicana Lava Jato atingiu até quem investiga: na conta do MPF, há um procurador preso e outro investigado, suspeitos de cooptação pela organização criminosa cujo líder foi preso no fim de semana.

PENSANDO BEM...
...após dizer que delatores mentem, provas são falsas e investigadores o "perseguem", só falta Lula jurar que nem sequer foi presidente.
Herculano
18/09/2017 10:55
GUERRA NA PROCURADORIA PREJUDICA O PAÍS E FAVORECE OS CORRUPTOS, Leandro Colon, diretor da sucursal de Brasília, do jornal Folha de S. Paulo

A Procuradoria-Geral da República amanhece sob novo comando. Assume Raquel Dodge, indicada pelo presidente Michel Temer, sai Rodrigo Janot, algoz do peemedebista nos últimos meses.

Janot avisou que não iria à posse porque não fora convidado. Dodge diz que o chamou por e-mail, assim como fez com todos os procuradores.

A Folha desta segunda-feira (18) mostra que o tiroteio dentro da PGR deve continuar: depois de ficar preso por 76 dias, a pedido de Janot, o procurador Ângelo Villela quebra o silêncio e, em entrevista à repórter Camila Mattoso [abaixo], afirma que o colega construiu a delação da JBS para derrubar Temer com o objetivo de impedir a nomeação de Dodge, espécie de líder de grupo político antagônico.

As palavras de Villela, acusado por Janot de ter agido como um infiltrado da JBS dentro do Ministério Público, devem ser lidas com cautela, afinal é um denunciado atacando seu acusador. Porém, é uma versão de quem até pouco tempo atrás frequentava a casa de Janot. Eram amigos (o próprio Janot diz isso). Villela contou, por exemplo, que integrou um grupo reservado do gabinete da PGR para troca de mensagens onde o chefe chamava Dodge de "bruxa"

A lambança no caso JBS manchou um mandato que cometeu equívocos, mas que ao mesmo tempo deixou um legado para a Lava Jato. Se Eduardo Cunha hoje está na cadeia, deve-se ao esforço da equipe do ex-PGR. O imenso acordo de delação da Odebrecht teve uma participação fundamental de Janot. O saldo é de uma gestão turbulenta, com altos e baixos e métodos discutíveis. Uma gestão que como nunca jogou luz sobre a atuação do Ministério Público.

A entrevista de Villela é reveladora sobre as entranhas políticas de uma instituição dividida e da qual se depende tanto para combater os malfeitos com o dinheiro público. Não se espera que o grupo de Janot colabore com o de Dodge. A guerra está conflagrada na PGR. Perde o país com o racha. Bom para os corruptos
Herculano
18/09/2017 10:51
EXÉRCITO SOFRE PANE HIERÁRQUICA E NADA ACONTECE, por Josias de Souza

Era só o que faltava! O general Eduardo Dias da Costa Villas Bôas, comandante do Exército, costuma dizer que a saída para a crise ética, seja qual for, passa pela Constituição. Na última sexta-feira, porém, outro general da ativa, Antonio Hamilton Mourão, disse coisa bem diferente numa palestra para maçons, em Brasília

Sem meias palavras, Mourão admitiu a hipótese de uma "intervenção militar" se o Judiciário não conseguir deter a corrupção. Mais: insinuou que ecoava uma opinião dominante no Alto Comando do Exército. Pior: declarou que a força militar realizou ''planejamentos muito bem feitos'' sobre a matéria.

Responsável pelas finanças do Exército, o general Mourão estava fardado quando afirmou que pode chegar a hora de os militares terem de "impor" uma intervenção. Explicou que "a imposição não será fácil". Enfatizou: "?Ou as instituições solucionam o problema político, pela ação do Judiciário, retirando da vida pública esses elementos envolvidos em todos os ilícitos, ou então nós teremos que impor isso."

Ninguém disse ainda, talvez pelo inusitado da situação, mas estabeleceu-se no Exército algo muito parecido com uma pane hierárquica. Um general apregoou, em timbre golpista, a hipótese de ocorrer no Brasil uma nova intervenção militar. E o comandante Vilas Bôas, que se dizia acorrentado à Constituição, não deu ordem de prisão ao subordinado.

Decorridos três dias do acinte, não se ouviu, por ora, uma mísera manifestação pública do ministro da Defesa, Raul Jungmann. Suposto comandante supremo das Forças Armadas, Michel Temer amarelou. O presidente foi citado como parte do problema da corrupção na pergunta que levou o general Mourão a flertar com o inadmissível. E preferiu lidar com o problema à moda do avestruz, enfiando a cabeça na sua insignificância.

Insubordinações militares costumam ser resolvidas com voz de comando e punição. O silêncio, nesses casos, não é remédio, mas veneno. Como diria Renato Russo: "Que país é esse?"
Herculano
18/09/2017 10:48
HOJE O PRESIDENTE MICHEL TEMER, PMDB, FEZ OS POLÍTICOS, FUNCIONÁRIOS PÚBLICOS DE ALTO ESCALÃO, AUTORIDADES E JORNALISTAS ACORDAREM CEDO EM BRASÍLIA. UM PONTO A MENOS PARA A SUA BAIXA POPULARIDADE, MESMO NA CORTE DE PUXA-SACOS
Herculano
18/09/2017 10:45
da série: as feridas antidemocráticas, anti-republicanas e anti-constitucionais do Ministério Público

JANOT TINHA PRESSA PARA TIRAR TEMER E BARRAR DODGE, AFIRMA PROCURADOR

Conteúdo do jornal Folha de S. Paulo. Texto e entrevista de Camila Mattoso, da sucursal de Brasília

O procurador da República Ângelo Goulart Villela, 36, afirma que Rodrigo Janot fez o acordo de delação com a JBS com o objetivo de derrubar o presidente Michel Temer e impedir a nomeação de Raquel Dodge para substituí-lo no comando da Procuradoria-Geral da República.

Ele contou que presenciou uma conversa em que Janot (a quem chama pelo primeiro nome, Rodrigo) afirmou: "A minha caneta pode não fazer meu sucessor, mas ainda tem tinta suficiente para que eu consiga vetar um nome". "Ele tinha pressa e precisava derrubar o presidente", diz. "O Rodrigo tinha certeza que derrubaria", afirma.

Villela concedeu à Folha no sábado (16) sua primeira entrevista após deixar a prisão, no dia 1º de agosto, onde ficou por 76 dias sob suspeita de vazar à JBS informações do Ministério Público. "A desonra dói muito mais que o cárcere", disse.

Alvo da Operação Patmos, de 18 de maio, ele foi denunciado por corrupção passiva, violação de sigilo funcional e obstrução de Justiça.

Em sua delação, Joesley Batista, da JBS, disse que Villela teria recebido uma "ajuda de custo" de R$ 50 mil por mês para vazar informações. Depois, porém, afirmou não saber se o dinheiro chegava ao procurador.

O advogado Willer Tomaz seria o intermediário. A Polícia Federal monitorou em maio um encontro de ambos com Francisco Assis e Silva, advogado e delator da empresa.

Villela integrava a força-tarefa da Operação Greenfield, que investiga um suposto esquema de uso irregular de recursos de fundos de pensão.

Na entrevista, ele nega ter recebido propina e diz que se aproximou da JBS para negociar uma delação. Relata sua amizade com Janot e afirma que o ex-procurador-geral chamava Dodge de "bruxa" em conversas reservadas.

*

Folha - Por que o sr. ficou esse tempo todo em silêncio?
Ângelo Goulart Villela - A prudência, diante de tudo que estava acontecendo comigo, o procedimento heterodoxo de apuração que eu estava sendo submetido pelo meu acusador, recomendava que ficasse quieto até que acabassem as flechas ou os bambus.

Folha -O sr. recebeu propina da JBS?
Villela -Jamais. Nunca estive com Joesley, com Wesley, nem por telefone. Com Francisco Assis e Silva [diretor jurídico do grupo] tive dois contatos. Nunca recebi valor nem promessa de vantagem. O meu interesse era de liderar um acordo da maior empresa que a gente estava investigando. Os dividendos que receberia seriam profissionais, de reconhecimento.

Folha - Qual a relação que o sr. tinha com o Janot?
Villela - De amizade íntima durante um tempo, frequentava a casa dele, tinha como grande amigo. Mas foi se enfraquecendo com o passar do tempo. A partir do rompimento dele com Eugênio Aragão [ex-procurador e ex-ministro da Justiça], fiquei distante porque nutro amizade e carinho enorme por ele [Aragão]. Eu nutria também pelo Rodrigo, mas me mantive distante. E aí eu vi que o Rodrigo mudou o tratamento comigo e com a minha família.

Folha - Qual foi a última vez que esteve na casa de Janot?
Villela - No final do ano passado. Era uma segunda-feira, o achei muito cansado, perguntei se estava bem de saúde, e ele disse que sim, mas que estava ansioso para terminar o mandato.

Folha - Janot declarou que vomitou quatro vezes ao saber de sua prisão.
Villela - Acho que é "media training" [treinamento para lidar com a imprensa], não só essa frase mas outras de efeito que ele anda falando. Não pretendo desqualificar o meu acusador, mas essa frase infeliz demonstra que ele quis mostrar um lado humano que no meu caso ele não teve.

No dia em que pede a minha prisão, ele me pediu um favor no TSE, numa questão de multas, algo que não tinha nada a ver com minhas atribuições. Na verdade, eu já estava grampeado, ele pede para uma pessoa me ligar em nome dele para agradecer "a força". Então, não acredito que vomitou quatro vezes.

Folha - Na sua opinião, o que motivou o Janot na Operação Patmos?
Villela - Isso tem uma motivação bem clara. Janot interpretou que eu havia mudado de lado também para apoiar a Raquel Dodge, a principal e mais importante adversária política dele.

No Encontro Nacional de Procuradores da República, em outubro do ano passado, início de novembro, o Janot soltou uma frase que me chamou a atenção. Estavam eu e mais alguns colegas, poucos, e ele falou: "A minha caneta pode não fazer meu sucessor, mas ainda tem tinta suficiente para que eu consiga vetar um nome". E ele falava de Raquel, todo mundo sabia.

Folha - E qual a relação disso com a JBS?
Villela - A JBS abriu duas frentes de colaboração, uma mais tímida, comigo e Willer. Depois, eles batem na porta do Anselmo Lopes [procurador que atua na Greenfield] para uma reunião com a PGR e conseguem. Isso tudo em fevereiro. O áudio da gravação do Temer foi em 7 de março e do Aécio Neves, no fim do mês.

O que me chamou a atenção são os personagens ocultos dessa história, o que vem sendo revelado agora. Uma advogada [Fernanda Tórtima], um ex-colega [Marcelo Miller] e um modus operandi idêntico ao de outras delações. Cito os casos de Nestor Cerveró, Sérgio Machado e Delcídio do Amaral. Todos eles com vazamentos antes das homologações.

O Rodrigo quis usar uma flecha para obter duas vitórias. A gente sabia que Raquel seria a pessoa indicada. Eu fui tachado por Rodrigo como se tivesse me bandeado para o lado dela. Esse era um alvo da flecha. O outro era que, derrubando o presidente, e até o nome da operação era nesse sentido ?"Patmos, prenúncio do apocalipse?", ele impediria que Temer indicasse Raquel. Não tenho dúvida alguma que houve motivação para me atingir porque, assim, ele [Janot] lança uma cortina de fumaça, para mascarar essa celeridade de como foi conduzida, celebrada e homologada uma delação tão complexa, em tempo recorde.

Ele tinha pressa e precisava derrubar o presidente. Ele tinha mais cinco meses de mandato, e faz, então, um acordo extremamente vantajoso ao Joesley, de imunidade, diante de um material que levaria à queda do presidente. Essa pressa, para ficar mascarada, vem com um discurso de que a atuação imparcial de que estava cortando da própria carne. Ele me coloca ali como bode expiatório e me rifa. Nem quis me ouvir. Fui preso com base em declarações contraditórias de dois delatores, em uma pseudoação controlada.

Folha - Na sua opinião, foi uma questão política, então?
Villela - Considero que Rodrigo, valendo-se da informação que estava no Congresso no sentido de que a indicação de Raquel era dada como certa, viu na JBS a oportunidade de ouro para, em curto espaço de tempo, derrubar o presidente da República e assim evitar que sua principal desafeta política viesse a ocupar a sua cadeira.

Não quero aqui entrar no mérito das acusações, mas apenas destacar que a motivação de Rodrigo, neste caso, conforme cada vez mais vem sendo relevado, foi eminentemente política. O Rodrigo tinha certeza que derrubaria o presidente.

Folha - Qual outro elemento o sr. tem para sustentar a sua versão?
Villela - A divergência política entre o grupo do Rodrigo e o da Raquel é fato público e notório. Não é apenas uma opinião.

Folha - Isso se demonstrava como no dia a dia?
Villela - Nós tínhamos um grupo de Telegram que se chamava "Gabinete PGR", com poucas pessoas, alguns assessores. Rodrigo falava pouco. E vez ou outra alguém tecia comentário sobre a Raquel. Tudo no campo político. Mas o Rodrigo se referia à Raquel com uma alcunha depreciativa para demonstrar que estavam em lados totalmente opostos na política interna.

Folha - Que alcunha?
Villela - Bruxa. Está no meu celular, que foi apreendido.

Folha - É possível esperar que Raquel Dodge diminua o ritmo da Lava Jato?
Villela - Não. Qualquer um que entrasse não teria como mudar a Lava Jato. O que se espera é que continue apurando, mas com responsabilidade e profissionalismo, evitando vazamento seletivos, evitando assassinato de reputações. Hoje, prende-se para investigar. O ônus da prova é do investigado, eu que tenho que demonstrar que sou inocente.

Folha - Janot diz, em relação ao sr., que há 'prováveis desvios no exercício da função e utilização desta para fins espúrios'.
Villela - O Rodrigo, durante todo esse momento, não se preocupou com os esclarecimentos dos fatos. Fiquei 76 dias preso e até agora não fui ouvido na ação penal e na de improbidade. O Rodrigo só se preocupou com o que era conveniente para manter a versão dele, que hoje os fatos revelam ser meras fantasias. Fui uma pessoa útil. Seja porque ele se sentiu traído, seja porque seria importante ele demonstrar que estava sendo imparcial.

Folha - A PGR usa como elemento para lhe atribuir os crimes uma reunião que o sr. teve no escritório de Willer Tomaz com a presença de Francisco Assis e Silva (JBS). Por que o sr. foi a essa reunião?
Villela - O Willer pediu um almoço para me apresentar a um advogado do caso da Greenfield. Perguntei se não poderia ser na PGR e ele disse que havia receio. Tivemos uma conversa rápida, fui apresentado como procurador que estava entrando na força-tarefa da Greenfield e poderia ajudar.

O Francisco falou da relação que tinha com o Anselmo Lopes [procurador que investigava a JBS na Greenfield], mas que ele era muito difícil de convencimento. Eu disse que precisava me inteirar. Ele me perguntou: "Caso a gente opte pela delação, que tipo de benefício vocês poderiam me oferecer?" Eu respondi que não tinha como tratar disso, primeiro porque eu não sabia o que ele tinha a oferecer de informações, e segundo que isso tinha de ser levado para a força-tarefa para essa avaliação.

Folha - Depois vem um jantar que o sr. vai na casa do Willer com a presença do Francisco [esse encontro foi monitorado pela PF].
Villela - Só tive dois encontros com o Francisco. Em fevereiro e em maio, na pseudoação controlada. Nesse meio, aconteceram coisas que são verdadeiras, mas que foram contadas de forma fantasiosa na delação da JBS. O primeiro, sobre a reunião informal com o Anselmo, o ex-sócio da Eldorado, Mário Celso [adversário de Joesley Batista], o filho dele e eu. Era uma conversa técnica, eu já estava formalmente na Greenfield.

Peguei meu gravador [celular] e liguei para que pudesse ouvir e entender. No final da reunião, surpreendentemente, o Anselmo passa a adotar um comportamento mais duro, pressionando para delação. O Mário Celso tinha sofrido a segunda fase da Greenfield e os bens estavam todos bloqueados. Num dado momento, o Anselmo fala: "Quanto você quer que eu desbloqueie do seu dinheiro para você falar e fazer a colaboração?" E o Mário negava. Dizia que era Joesley que tinha que delatar. Anselmo ofereceu desbloquear uma fazenda. Fiquei surpreso com essa atitude mais ríspida.

Folha - O sr. passou essa gravação para o advogado da JBS, o que a PGR entende como tentativa de obstrução de Justiça e vazamento de dados.
Villela - Não foi isso. Não gravei com o intuito de favorecer a JBS. Resolvi utilizar a gravação como elemento de pressão para a JBS fazer a colaboração. O que eu estava dizendo é que o cliente dele [a JBS] poderia passar de candidato a delator a delatado. Eu perguntei ao Anselmo por que ele não jogou a pressão igual na JBS, afinal era muito mais interessante do ponto de vista investigativo do que o Mário Celso.

Folha - Mas não foi antiético ter mandado esse áudio para um advogado de um suposto inimigo de Mário Celso?
Villela - Não. Até porque se nós começarmos a colocar uma lupa do padrão de conduta do Ministério Público, e da polícia como um todo, para obter colaboração premiada, nós temos de ter a seguinte ideia em mente: você está negociando com pessoas que cometeram crime. É um trabalho de negociação, de pressão, blefe e estratégia.

Folha - O sr. já viu coisas parecidas com essa?
Villela - Já e já soube de coisas muito piores. Aliás, os fatos que estamos vendo atualmente no noticiário já até extrapolam o tipo de padrão que era do meu conhecimento. Não quero generalizar o MPF, mas estou falando da cúpula da PGR.

Folha - Mas por que que o sr. foi ao jantar na casa do Willer?
Villela - Eu tinha o interesse profissional em capitanear essa colaboração e comecei a sentir que estavam me cozinhando. Foi quando ele [Willer] me pediu o jantar. Achei que estava em início de tratativa de colaboração. O Francisco agiu como provocador na tentativa de conseguir coisas comprometedoras minhas para a delação que negociavam em paralelo.

Folha - O sr. chegou a conhecer o ex-procurador Marcelo Miller, pivô da crise da delação da JBS?
Villela - Sim, claro. Era uma das cabeças mais pensantes, responsável pela negociação de delações, sobretudo na parte internacional. Foi na gestão do Rodrigo que a gente deu um salto muito importante na técnica de "follow the money", de seguir o dinheiro. O Rodrigo tinha no Miller um verdadeiro escudeiro. Tanto é que o Miller era enviado para as missões em nome da PGR, o que demonstrava uma relação de confiança plena.

Folha - O sr. acha que é possível que Janot não soubesse da participação dele a favor da JBS?
Villela - Há duas hipóteses. A primeira, que o Rodrigo tivesse conhecimento, talvez não tão profundo, da participação de Miller com os delatores. A segunda seria que Rodrigo não soubesse de nada, teria sido ludibriado.

Mas não quero crer que o PGR fosse uma rainha da Inglaterra na condução dessa investigação. É evidente que ele tem assessores de extrema confiança e esperava que eles fizessem o "report". Não acredito que o Miller teria feito tudo isso sem conhecimento, ainda que parcial, de pelo menos algum membro da equipe de Rodrigo.

Folha - Qual a diferença que o sr. vê do seu caso com o do Miller?
Villela - Não quero fazer juízo de valor, mas são casos totalmente diferentes. No meu, não há sugestão de captação de voz nem direcionamento de delação nem orientação de o que fazer. Tampouco tive proximidade com delatores.

Folha - A delação da JBS deve ser anulada, na sua opinião?
Villela - Sinceramente, não me preocupo se haverá anulação ou não das provas. E digo isso por uma razão simples: não cometi crime algum. Logo, não há prova [contra ele] porque não existiu crime. Fui tachado de corrupto, de ter recebido R$ 50 mil, de ser alguém que tentava obstruir à Justiça e vazar documentos. Foram na minha casa e não encontraram nada. Meu patrimônio é compatível com a renda familiar e vivo no limite do razoável.

Folha - O sr. pretende fazer uma delação premiada?
Villela - Isso seria impossível. Por um único motivo: não cometi crimes nem tenho acesso a quem tenha cometido. Passei 76 dias preso, sem ser ouvido, se eu tivesse que delatar, já estaria delatando há muito tempo.

Folha - Qual foi o pior momentos dos 76 dias na prisão?
Villela - Foram muitos [começa a chorar]. O primeiro dia, talvez. Porque eu não sabia de nada que estava acontecendo, nem a dimensão. E vi meu nome misturado com corrupção. A desonra dói muito mais que o cárcere.

Folha - O sr. pretende voltar ao Ministério Público?
Villela - Pretendo voltar pela porta da frente, só admito voltar por essa porta. Hoje há um desapontamento com algumas pessoas que lá estão e vão continuar quando eu voltar. Pessoas que você tinha como irmãos viraram as costas sem saber da minha versão.
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A CRONOLOGIA DO CASO

> Início de fevereiro
O procurador Ângelo G. Villela se encontra no escritório de Willer Tomaz com o advogado da JBS Francisco de Assis e Silva, que pedia ajuda para tratativas no Ministério Público

> 20.fev
Primeira conversa da JBS com o grupo de trabalho de Janot para falar sobre delação

> 20.mar
Villela é oficializado na força-tarefa da Greenfield

> 28.mar
Executivos da JBS assinam termo de confidencialidade com a PGR

> 7.abr
Executivos assinam pré-acordo de delação

> 4.mai
Com autorização judicial, o delator e advogado da JBS Francisco de Assis e Silva grava jantar na casa do advogado Willer Tomaz com a presença do procurador

> 17.mai
Delação da JBS, com suspeitas sobre Michel Temer, são divulgadas na imprensa

> 18.mai
Polícia Federal realiza a Operação Patmos, com a prisão de 8 pessoas, entre elas Villela

> 6.jun
Procuradoria denuncia Villela por corrupção passiva, violação de sigilo e obstrução de investigação

> 1º.ago
STF concede liberdade ao procurador

> 4.set
Janot diz que encontrou 'indícios graves' da participação de ex-procurador Marcello Miller na delação da JBS e ameaça cancelar benefícios

> 10.set
Ministro Edson Fachin manda prender Joesley Batista e Ricardo Saud (outro delator da JBS) e suspende benefícios de ambos

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