18/12/2017
Hoje as 15h30min, longe do povo, é dia de sessões extraordinárias na Câmara de Gaspar para aprovar o que chegou tarde, devido a “eficiência” ou esperteza dos gestores públicos municipais de plantão. A última sessão deliberativa foi terça-feira, dia 12. Tecnicamente, então, os vereadores de Gaspar já estão de férias até fevereiro do ano que vem, quando voltam a se reunir ordinariamente. Que beleza! Comno diz o Cláudio Humberto, "o emprego de parlamentar é o céu: trabalho curto, férias longas e todas as despesas pagas pelo empregador[o povo]".
Aliás, há uma só sessão ordinária para ser cumprida ainda este ano. A pauta? Já é conhecida. É amanhã. É para escolher o novo presidente da Casa de “leis”, do “povo”, ou do “puxadinho do Executivo”, para a legislatura do ano que vem.
Quem convocou a primeira sessão extraordinária? O prefeito Kleber Edson Wan Dall, PMDB e o vice, Luiz Carlos Spengler Filho, PP. Casualmente, os dois são ex-vereadores, sendo que Wan Dall foi até presidente da Casa. Com data e horário. E um dia antes da escolha da nova mesa diretora, pois se as coisas não acontecerem como planejou o Executivo, virá o plano B na eleição. Ou o plano B, leia-se Silvio Cleffi, PSC, já está na manga, independente do resultado das votações de hoje?
Essas sessões extraordinárias, por tudo que se fez de afogadilho e contrariando os ritos e prazos, poderiam ter sido feitas na semana passada. Dava no mesmo. Nada vai ser discutido; tudo vai ser votado, para virar lei e pronto. Qualquer relatório ou parecer serve. O que não servir, derruba-se, no voto. E votos para isso, há. Ponto final. Então qual a razão do teatro?
O atual presidente, defensor do governo, Ciro André Quintino, PMDB, faz o jogo casado. E não podia ser diferente. Entretanto, não precisava ser tão obediente e deixar a sua autonomia ser ferida pelo Executivo, como foi escandalosamente neste caso, além de outros que já foram motivos de comentários aqui durante o ano.
Perdeu a Câmara, como poder. Há até projeto de lei que já estava listado para ser discutido hoje, que nem relator geral tinha sido escolhido quando foi feito o ofício do prefeito pedindo para colocá-lo na pauta extraordinária. Ele só entreou na sessão de terça-feira: é o 101/2017.
NÚMEROS CONTROVERSOS
Entre os mais polêmicos, está sem dúvida, o aumento de 40% da Cosip, a taxa de Iluminação. Ela é o retrato da tal “eficiência” do atual governo. Já escrevi isso na coluna da segunda-feira: “Quer um exemplo para que se possa compreender popularmente a tamanha burrice e atraso que o governo Kleber faz no fechar do ano com os gasparenses? Estão aprovando dinheiro para pagar a gasolina consumida por um carro velho que bebe um litro para fazer apenas seis quilômetros, quando hoje no mercado, um automóvel de idêntica potência, maior conforto, segurança e atualidade tecnológica, principalmente, faz 18 quilômetros com o mesmo litro de combustível”.
Kleber sentiu o bafo nas ruas sobre este aumento que pretendia passar no escurinho do final de ano, se não fosse a abordagem feita aqui. Então, o prefeito resolveu ir às redes sociais. “Estão falando muitas mentiras sobre este assunto” queixou-se. Kleber apresentou o seu chefe de gabinete, Pedro Inácio Bornhausen, PP, um engenheiro eletricista, e que já foi até afamado gerente regional da Celesc, onde se aposentou. ficou claro no vídeo que o cargo era uma indicação política e não técnica.
Era para explicar, esclarecer. Como a comunicação da prefeitura é caricata, amadora e lhe falta estratégia, Pedro só confirmou, em áudio comprometido, tudo que se discute por aí: faltou planejamento, transparência e eficiência do governo. Falou, falou, falou sobre números, mas não mostrou os percentuais desses aumentos, os quais dão à dimensão da “facada” no bolso. Escondeu. Falou de valores pequenos, mas não explicou proporcionalmente o impacto do aumento.
Resumindo. Colocaram, mais uma vez, a carroça na frente dos bois. É assim que trabalha a maioria dos políticos. Os tais contribuintes que se danem para cobrir a conta. Ou seja, antes de modernizar, usar melhor os escassos recursos dos pagadores de pesados impostos, empobrecidos pela crise econômica do PT e PMDB, bem como colocar a tal “eficiência” para funcionar a favor da iluminação e dos bolsos dos gasparenses, prefere-se esfolar mais.
E a medida vai passar, porque a dita oposição não tem votos; não está atenta e também não sabe fazer contas.
Primeiro deixou que um Projeto de Lei Complementar, feito num cochilo da Procuradoria do Município, virasse um Projeto de Lei que exige maioria simples para aprovação; segundo, o relator geral, Dionísio Luiz Bertoldi, PT, está perdido nas contas e emprestando daqui, os argumentos óbvios que não tinha até então. Ora, se a arrecadação hoje da Cosip em Gaspar beira a R$200 mil na conta dele, um aumento de 40% não poderá, nunca, numa equação simples de aritmética, beirar a R$1 milhão como ele afirmou na sessão passada.
Outro número apresentado por Dionísio é estarrecedor. Ele mostra, por si só, o quanto é ineficiente este setor; como a gestão pública é uma engolidora dos pesados impostos do povo e não é capaz de retribuir aos contribuintes numa contrapartida razoável. De 2002 até este ano, a Cosip aumentou em Gaspar 218,7%, ou seja, segundo Dionísio numa média de 14,54% ao ano. “Quando tivemos uma inflação dessas neste período?”, questionou o vereador.
Dionísio tem razão, mas por pouco não teve que engolir mais este argumento. A sua companheira Dilma Vana Rousseff, PT, chegou bem perto desses 14,54% no ano passado. Hoje, com a saída do PT do governo é que as coisas entraram nos trilhos e ficaram em torno de 3% ao ano.
Enfim, esta matéria está no saco. Vão votar a favor dela o PMDB, o PP, o PSC e a vereadora Franciele Daiane Back, PSDB. O PSDB em Gaspar já disse que não é a favor desse aumento sem antes buscar projetos e recursos para dar eficiência ao setor, mas ai da Franciele se não votar com o governo de Kleber. Haverá um pezinho para não deixá-la presidente da Câmara no ano que vem como prometeram, por ser fiel a Kleber e ao PMDB e passar tudo, entre elas, matéria como essa. Ao contrário da cartilha tucana, ela defende dinheiro primeiro, eficiência, depois.
Estão na pauta ainda, o projeto de lei que trata da contratação por necessidade temporária de excepcional interesse público e que o Sintraspug diz ser contra; o que autoriza a tomada de empréstimos com o Badesc; o que altera anexo da lei nº 3.724, de 31 de agosto de 2016 para assim poder fechar as contas deste ano; o que altera dispositivos da Lei Complementar nº 11, de 20 de dezembro de 2002 e o que revoga dispositivos da lei nº 1.330, de 13 de dezembro de 1991, que instituiu o Código Tributário de Gaspar.
Desde quinta-feira, o presidente do PMDB de Ilhota, o médico Lucas Gonçalves que atua no Hospital de Luiz Alves, marido da secretária de Saúde, a enfermeira Jocelene da Silveira e candidato derrotado a prefeito nas eleições de 2012 para Daniel Christian Bosi, PSD, tenta consertar os sorrisos desta foto: a eleição do novo presidente da Câmara de Ilhota, Jonatas de Oliveira Jacó, o Joninha Jacó, PSDB. Houve até ameaças de desfiliações no PMDB.
Foi um acordo, costurado há muito e entre poucos, que rachou o PMDB, mediu forças com o ex-prefeito Ademar Felisky, PMDB, reforçou a proteção do atual prefeito Érico de Oliveira, PMDB e alijou da competição o Almir Aníbal de Souza, servidor público que se sentiu preterido no jogo. Foi ele, que num esquema tramado pelo próprio PMDB, deixou exposta por fatos legais, a ex-administração de Daniel, e por isso, impediu a candidatura à reeleição de Daniel e ao mesmo tempo, facilitou a vitória do PMDB com Érico.
Concorreram à presidência Jacó que recebeu sete votos (dele próprio; Arnoldo Adriano, PMDB; do então presidente da Câmara e funcionário público, Francisco Domingos, PMDB; Sidnei Reinert e Juarez Antônio da Cunha, ambos do PSD de Daniel; Luiz Gustavo dos Santos Fidel, DEM; e Cidney Carlos Tomé, PP) Almir Aníbal de Souza, PMDB que votou nele mesmo e Rogério Flor de Souza, PT, que também votou nele mesmo.
Do jeito que foi armada, a eleição da Câmara de Ilhota garante, aparentemente, a maioria a Érico por mais um ano para fazer dela um puxadinho seu. É o que Érico procurava e precisava. Mas, por outro lado, criou num primeiro instante, feridas dentro do próprio PMDB que é liderado por Ademar, de quem Érico é cria, mas quer, por oportunidade, distanciar-se, devido principalmente aos problemas surgidos com os inquéritos e ações públicas decorrentes dos seus oito anos de governo de Ademar. A ala que contesta a armação feita para a estabilidade do atual governo na Câmara, receia a interferência de gente estranha ao processo eleitoral vitorioso, incluindo o PSD, PP e o próprio PSDB. É pagar para ver.
A Tribuna Livre é um canal de expressão democrática criada na Câmara de Gaspar. Para muitos é um avanço. Para os demagogos, um discurso com migalhas. Populismo. Eu, particularmente, vejo nesse instrumento de participação popular, um retrocesso da essência do próprio parlamento, que é constituído exatamente de representantes do povo para ser o canal da expressão proporcional dos cidadãos e da cidade. A Tribuna Livre, no fundo, portanto, é o retrato de que essa representação é falha para os eleitores.
E o gasparense Roque Agenor Schmitt, um dos poucos assíduos frequentador da Câmara, no horário vespertino, no seu improviso e nervosismo, provou isso na última terça-feira.
Três fatos na participação do Roque na Tribuna Livre chamaram a atenção dos que estavam lá, pois era dia de entrega de moções e outras homenagens, pois consideraram a segunda reunião do mês de dezembro, como a última.
Primeiro, é para a migalha que falseia a Tribuna Livre: “só sete minutos por ano para uma pessoa se expressar, senhores vereadores?”, questionou Roque. E mesmo assim, são raros – e contam-se nos dedos de uma só mão - os que se arriscam nestas apenas 43 reuniões ordinárias feitas este ano na Câmara de Gaspar. Afinal esses sete minutos (mais três para eventuais questionamentos dos vereadores) não influenciam nada a vida da Câmara, ainda mais, quando não se dá a devida publicidade.
Segundo: Roque mostrou que a Câmara vai mal e nem bola dá para os e.mails que os cidadãos enviam para ela, apesar do monte de assessores bem pagos que a povoam. E isso, ele nem precisava falar. É notório. Eu já escrevi e provei aqui várias vezes. A comunicação é à moda antiga, serve apenas para a propaganda enganosa e que se perde quando não atende um simples e.mail de um cidadão.
E a terceira é que o governo Kleber Edson Wan Dall, PMDB, vai mal naquilo que também quis imitar o PT. Refiro-me à falsa participação do cidadão nos destinos do “Orçamento” e “Obras comunitárias”. O que o tal Orçamento Participativo aprovou e não fez naquilo que pactuou com a comunidade e prometeu. Apesar das promessas e juras de que recursos haviam, não continuou na tal Gestão Compartilhada de Kleber. Mudou governo, mudou tudo, mas as prioridades da comunidade, segundo o Roque, continuaram as mesmas. Acertadamente, segundo ele, o que se combinou deveria ser terminado e entregue, para depois se pactuar outra prioridade.
Ora se a voz do povo é a determinante para a chamada de Casa do Povo, alguma coisa está falhando nesse processo de representação, fiscalização e transparência.
Se são apenas sete minutos, os de terça-feira passada, todavia incomodaram. E olha que Roque prometeu voltar no ano que vem, ainda mais se não obtiver as respostas ao que pediu.
Em sete minutos, ele mostrou que a Câmara falha, que os vereadores falham e que o Executivo falha. Mais importante do que ele voltar à Tribuna Livre, pois o recado foi claro e dado, é no ano que vem, ele cobrar do vereador dele e que foi eleito exatamente para representá-lo na Câmara, com voz, atividade e salário, este pago pelo povo. Quem está falhando, na verdade, é o vereador dos Roques da vida.
E se nada se consertar, em outubro do ano que vem, quando houver as eleições, e os vereadores cabos eleitorais estiverem nas ruas, Roque terá mais uma oportunidade de dar o troco para quem o desdenha como cidadão esse tempo todo, dá migalhas e fica incomodado com os seus sete minutos por ano na Tribuna Livre da Câmara. A nova escolha pelo voto é a melhor recado e Tribuna Livre para esses políticos. Ingratos! Acorda, Gaspar!
Francisco Solano Anhaia é antes de tudo um batalhador. Sou testemunha; e não é de hoje. Era empregado, virou empreendedor. É um bem-sucedido, diria. Quando ele toma uma causa, sai da frente. Fica até cego. Mas, ser líder do PMDB está lhe fazendo mal. A carga parece ser pesada demais para esse gaúcho bem gasparense.
A política faz parte do seu instinto matador. Não importa o partido onde ele esteja filiado. Vale-se muito do círculo de amizades que ele criou na cidade. Anhaia foi um ferrenho pepista e cabo eleitoral de José Hilário Melato. Foi um ferrenho petista e conseguiu a suplência de vereador no partido, mas o escantearam. Agora, é um ferrenho peemedebista. E como tal, está exposto.
Antigamente, manobrava-se à imprensa. Hoje, as redes sociais cobram, substituem e até zombam da imprensa tradicional quando ela ignora os fatos essenciais da cidade, por preguiça, descuido, julgamentos ou negócios. Manobrar a imprensa era fácil: falava-se com menos de meia dúzia e se revolvia as “diferenças”. Com as redes sociais, tudo é muito diferente. São milhares de observadores. E tudo é público. Tem áudio, vídeo, fotos além dos escritos.
Veja o que aconteceu mais recentemente com o colega de bancada de Anhaia, o Evandro Carlos Andrietti: as redes sociais deixaram-no nú na crueldade de fazer que ele urdiu fazer fora da lei. Veja que aconteceu com aquela lombada eletrônica colocada no meio da calçada na Rua Itajaí (e que ainda voltarei ao tema).
Na semana passada foi a vez de Anhaia, dar a sua bola fora. Não vou me alongar. Vou me deixar na preguiça, no tal “control v”, “control c”. Afinal, o assunto é público. Anhaia, na mesma conta do Facebook que usa para mostrar as suas conquistas, buscar votos, reconhecimento público, aplausos, dar bom-dia, boa noite, recitar frases de auto-ajuda e ser diferencial, usa-na para combater (acertadamente) as críticas, posar de bom político e bom moço, escreveu isto:
“Bom dia, Hércules. Vi que você marcou meu perfil numa publicação sobre lombadas eletrônicas. Respeitando a opinião de todos, cada um tem o direito de manifestar o que pensa no seu perfil do Facebook, mas peço que você não me marque mais em publicações desse tipo, pois não quero que postagem desse tipo apareçam na minha linha do tempo. Eu defendo e acredito no governo do Kleber, se você é contra, respeito. Manifeste a sua opinião no seu perfil e volto a pedir para não me marcar mais, ok. Um abraço”.
Bom! Anhaia armou o circo. O que passaria batido, embolou e se alimentou como álcool no carvão em brasa. Contra, e a favor. Se a intenção era a polêmica, Anhaia acertou. Mas, duvido que este fosse o objetivo dele.
Uma das postagens públicas, de quem se identificou como Suzi Pasqualli, definiu bem o tamanho do erro cometido pelo político Anhaia nesta questão. Anhaia, e muitos outros, ainda não compreenderam à força, à exposição, à pluralidade e as duas faces das redes sociais. Anhaia, parecem querer só uma, logo ele que se adaptou ao tempo e ao poder saindo de um PP, passando pelo PT e estacionando agora no PMDB.
“Que absurdo!!! Eles só querem ouvir parabéns do povo, só querem palmas, na hora da cobrança não responde nada, se fingem de morto... E agora não aceitam ser marcados nas publicações??? Em época de eleições fazem 2, 3 perfis pra adicionar todo mundo e vem dar tapinhas nas costas! Agora quer ficar na moita??? Que vergonha, hein vereador!!! Assuma o seu posicionamento publicamente! Ou isso deixa o senhor em maus lençois?”
Por este posicionamento, pode-se imaginar o tamanho e a qualidade do tiroteio armado por quase dois dias. Precisava isso? Não era mais simples, contestar, esclarecer, expor o ponto de vista diferente ou até ficar calado? Há tons de censura no gesto de Anhaia, algo quase impossível nas redes sociais para um agente público, numa comunidade onde Anhaia possui atuação de destaque. Ah, na sua resposta, Anhaia, marcou todos do PT e PMDB. Então, até o seu conselho aos outros é inválido. Meu Deus!
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