17/04/2021
Como se fosse um foguete em direção à lua, três Projetos de Lei armados pelo prefeito Kleber Edson Wan Dall, MDB, seus “çabios”, a poderosa e pesada coligação no poder de plantão, bem como a mesa diretora da Câmara de Gaspar (Francisco Solano Anhaia, MDB, Franciele Daiane Back, PSDB, Amauri Bornhausen, PDT e Cleverson Ferreira dos Santos, PP) assinaram, tramitaram pelas comissões e votaram na sessão presencial de terça-feira, mudanças no Orçamento municipal. “Criaram” uma verba de R$135 mil para a Câmara contratar um estagiário para cada vereador.
Dionísio Luiz Bertoldi, PT, foi o único a votar contra a matéria. Ele a tratou como escandalosa. Hoje cada vereador já possui um assessor comissionado vaga criada ao tempo em que o presidente era o hoje mais longevo dos vereadores, José Hilário Melato, PP e que também, sob a sua batuta, elevou de 11 para 13 vereadores como é hoje. A lei permitia até esse limite.
Os relatores favoráveis à matéria foram Giovano Borges, PSD, Cleverson e Franciele, todos da Bancada do Amém. A tal “bolsa estágio”, nada mais é do que a instrumentalização nos gabinetes de cabos eleitorais, ou compensações de campanha passada ou futura. Anhaia e Cleverson parabenizaram-se pela criação de empregos, segundo eles, exatamente numa época de escassez deles e de crise econômica – ambos são empresários. Ou seja, para os que não possuem padrinhos políticos, o desemprego campeia e faz sofrer gente precisada. Aos que possuem padrinhos políticos, empregos pagos com os pesados impostos dos desempregados são criados da noite para o dia e para poucos privilegiados na estrutura pública.
Sem defesa, Franciele lembrou que os vereadores só estavam aprovando a verba e não autorização para a contratação dos estagiários. Meu Deus! Então se não é para contratar, por quê se expor e se arriscar publicamente neste momento e num projeto tão desgastante como este? Como se vê, os políticos não se cansam de passar vergonha e insistem em tratar os seus eleitores como tolos, permanentes.
“Até posso concordar [com o estágio], mas não neste momento em que estamos em plena crise sanitária e financeira”, rebateu solitariamente Dionísio. O quase silêncio de todos sobre este assunto, mostrava o quanto errado faziam nesta matéria e principalmente num momento tão inapropriado. Ou seja, gente de coragem que não teme o julgamento público, mesmo com os recentes avisos das urnas. Falta-lhes oposição e vigilância social.
E olha que quando o ex-presidente Silvio Cleffi, PP, e não reeleito, fez temporária dissidência a Kleber em 2018, ele tentou “inchar” a Câmara com “assessores técnicos”. Sua ideia foi – e acertadamente - bombardeada. Anhaia foi o pitbull escalado para tal. Ele até queria economia, inclusive na água servida aos vereadores e visitantes: em bombonas e não mais em garrafas de 500ml. Silvio voltou atrás e amaldiçoou este espaço que deu trela a Anhaia, que questionava o “inchamento”. Agora na presidência, é exatamente Anhaia quem lidera a passagem da boiada e imitando no empreguismo, Kleber, Marcelo Brick, os insaciáveis partidos da poderosa coligação, e a quem ele serve com fidelidade. Ou sej, mais um vez, o tempo é o senhor da razão.
E para encerrar este assunto nesta coluna de hoje. Recentemente, o mesmo Kleber e Anhaia, mudaram a legislação que exigia qualificação mínima para a contratação de estagiários na prefeitura. “Não vinha ninguém”, justificavam quando a matéria transitou pela Câmara. Esta afirmação é um acinte. Na verdade, quem se quer empregar por indicação política é que não possui qualificação. Simples assim! Outra: na mesma sessão de terça-feira passada, um Projeto de Lei ampliou a autorização de empréstimos já aprovados em 2019, ou seja, numa sinalização clara de que está faltando dinheiro para investimentos em Gaspar. E por que? Porque parte do que se arrecada está indo para inchar a máquina pública de empregar. A outra sinalização: Câmara ao invés de construir a sua sede, vem se enrolando nesse assunto. O PL 30/2021, também vai passar a jato e silenciosamente. Ele promete devolver dinheiro a prefeitura previsto para a construção da sede. É para beneficiar o dono do imóvel onde se improvisa o Legislativo. Acorda, Gaspar!
Os bolsonaristas de Gaspar e da ala mais radical, estão entupindo as redes sociais cobrando sobre onde foram aplicadas as verbas que o governo Federal mandou para debelar a pandemia nos estados e municípios.
Fariam melhor para eles e para a sociedade, principalmente, com repercussões políticas favoráveis, se por exemplo, em Gaspar, esse pessoal colocasse a mão na massa e fizesse uma auditoria neste assunto no Fundo Municipal de Saúde e no Hospital de Gaspar. Um pente fino nas licitações de registro de preços e as de inexigibilidade resolveria à possível dúvida. Enquanto não se fizer isso, a propaganda política para analfabetos, ignorantes, desinformados e fanáticos não possui crédito.
A quem interessa ter doentes nas UTIs lotadas, improvisadas, morrendo e sem fiscalização dessas contas? Até dezembro estima-se que o Brasil gastou R$14,5 bilhões com todas as internações pela Covid-19. Com este valor seria possível vacinar (duas doses) 241,5 milhões de pessoas (imunizando todos os brasileiros) com a Astrazeneca (R$30). Zero de corrupção. Foi o próprio Bolsonaro quem abriu esse flanco.
Copyright Jornal Cruzeiro do Vale. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita do Jornal Cruzeiro do Vale (contato@cruzeirodovale.com.br).