21/08/2017
VEREADOR PAPAGAIO
Depois sou eu o crítico. O proprietário e editor do jornal Cruzeiro do Vale, Gilberto Schmitt, bem registrou na edição de sexta-feira na sua coluna Chumbo, uma das promessas do suplente de vereador, Joaquim Araldi, PRB, da região da Figueira, e que acabou de assumir na Câmara por um mês: “lutar contra as enchentes em Gaspar”, como se isso fosse possível.
Podemos até mitiga-la; podemos agir preventivamente, inclusive com legislação e fiscalização; podemos pressionar o poder público por ações protetivas ao patrimônio e à integridade dos cidadãos... (e não liberar sem estudos técnicos específicos áreas de riscos como querem alguns vereadores). Agora, lutar contra a natureza? Aí, já é outra coisa que nem na política partidária (e religiosa) é possível. O comentário e a charge montagem e publicada na coluna sobre o assunto já são suficientes e auto-explicativas. Não vou continuar no ato de espezinhar sobre o óbvio e o fato do suplente não ter assunto – entre milhares - mais concreto para prometer aos seus eleitores.
Mas, continuo em algo que bem reflete à fraca representatividade para grandes, complexos e difíceis problemas e soluções comunitárias, legislativas ou da gestão administrativa de Gaspar.
Se um vereador, representante do povo, num ambiente de cobras, não sabe se expressar, não sabe ele também, na minha avaliação, agir, como contrapor ou defender estruturadamente o seu ponto de vista a favor das suas ideias e dos eleitores que representa?
E na Câmara de Gaspar, basta assistir uma sessão para constatar que a coisa é crítica em alguns casos, apesar da renovação excepcional ocorrida lá. Não vou nominar ninguém, apenas para não gerar desconforto neste instante, mas há gente que nem ler sabe ou que não é capaz de construir um simples agradecimento, fazer uma saudação, sem ler o que alguém escreveu para ele (e ainda pronuncia ou lê errado).
E não falo da oratória, um dom, que nem eu possuo. Mas, falar, conversar, explicar com clareza e simplicidade é o mínimo que se espera de quem possui a representação pública, à liderança e à necessidade do convencimento.
Incrível.
Mas, há gente na Câmara de Gaspar que começa uma frase e não termina; não liga uma com a outra; não conclui, não tem pensamento e lógica. E olha que estamos em agosto, apesar das férias de janeiro e julho, além de ser apenas uma sessão por semana para se ter a prática e o traquejo ou perder a inibição (o que existe em qualquer um, inclusive os mais esclarecidos em qualquer assunto).
Teve gente na última sessão, por exemplo, e isso é recorrente, o que bem demonstra a falta de esclarecimento e assessoria, que “agradeceu a concessão da palavra ao presidente”, quando apresentou, o que neste caso, é obrigação do vereador, por imposição do rito e regimento interno, e não uma concessão do presidente, o relatório-parecer de um projeto de lei.
E mais. Há vereador que se orgulha, e manda fazer press release, de ter discursado na Câmara de Blumenau. Ele não sabe, ou finge não saber, que foi motivo de piada por lá, quando fez isso. Para alguns, o silêncio vale ouro e ainda não se descobriu o valor desse gesto. Não é à toa que a Câmara fez um curso de oratória para os seus, recentemente. Mas, quem deveria estar lá, não estava. Então...
Volto.
Aí se imagina quem faz e por se faz os pareceres das relatorias dos projetos, muitos deles, técnicos, embaraçosos até e inclusive para entendidos em leis; esperteza do Executivo. São todos embrulhados não pelos assessores, mas por interesses de outrem (Executivo, partidos, terceiros...).
Em uma única pergunta, eu provaria a qualquer um (e não teria o sentido da humilhação), que muitos daqueles pareceres, sofisticados, lidos, e às vezes incompreensíveis pela má leitura, não refletem o mínimo do entendimento do vereador na matéria de quem o lê e se diz autor daquilo. Beira ao ridículo e até ao crime.
Encerro
E eu não perguntaria nenhuma questão de entendimento do que ele leu (o que seria no mínimo plausível, afinal, em tese, ele estaria dando um parecer sobre a matéria mesmo que dela não tenha entendimento técnico e precise de ajuda técnica para embasá-la – eu sempre usei dessa ajuda e não é demérito para as minhas decisões e certezas), mas o significado de uma única palavra lida, entre tantas que proferiu no parecer.
Juro: o vereador leitor, além de não saber pronunciá-la, não sabe o seu significado. E no dicionário teria dificuldade em procurar no lugar certo. Acorda, Gaspar!
Na noite do dia 15, o Roberto Sombrio, do Distrito do Belchior, apareceu na área de comentários da coluna “Olhando a Maré”, a mais acessada do portal Cruzeiro do Vale para dizer: “sempre que critico as lambanças da prefeitura de Gaspar, principalmente na gestão do PT, cobravam para que eu me inscrevesse em um partido e concorresse a um cargo. Primeiro, não sou ladrão; segundo, não minto; terceiro, sou inteligente; logo, não preciso ser político”.
Vinte e quatro horas depois, o empresário Amadeu Paulo Mitterstein, do mesmo Distrito, que já foi vereador e continua ativo no diretório do PSDB daqui, passa-me um whattsapp: “desculpe-me, mas gostaria de questionar o Sr. Roberto Sombrio. Eu lamento que ele alega que todo político é ladrão. Eu gostaria que ele me esclareça onde e quanto, eu Amadeu roubei, pois já fui vereador por dois mandatos, candidato a vice-prefeito e sou filiado a partido político desde os anos 1990”.
Volto. Os dois têm razão, ao seu modo.
Político, hoje, possui um rótulo e faz muito pouco para desmanchar esse rótulo. Parece até proposital. Basta olhar o que acontece ao nosso redor. E não precisamos ir a Brasília ou Florianópolis. Basta ver bem aqui, em Gaspar e Ilhota. É só pegar o baú dos meus comentários. É só pegar os inquéritos abertos e principalmente, as Ações Civis Públicas que rolam na Comarca de origem no Ministério Público.
E Amadeu não é nenhum ingênuo, nas conversas que já tive com ele, reconhece, que há políticos cacos, cacos de políticos e políticos, como como Amadeu, os quais ainda acreditam que a política é um meio modificador da sociedade para melhorá-la.
E é esse rótulo do político caco, da gang, das tetas, do jogo, da organização criminosa, que afasta e contamina, injustamente, gente diferenciada como Amadeu, e até usada para esconder os maus políticos. Se Gaspar tivesse mais Amadeus, certamente o mundo político, Gaspar, seria outra, bem como o rótulo que se cola nos políticos de hoje. Acorda, Gaspar!
“O Brasil transformou a garantia fundamental do Habeas Corpus, na avacalhação geral do “Habeas Corruptus”, por Mário Sabino, de O Antagonista. É dele também: “Revogar a prisão de condenados em segunda instância, para livrar político bandido, é condenar a honestidade à prisão perpétua”.
Poesia. A falta de transparência da comunicação da Câmara de Gaspar – que susbtitui a propaganda deliberada - é assustadora. É assustador porque há uma obrigação judicial e ela é desdenhada a todo momento. Tudo tem truque. Está lá, mas achar... Navegar no seu site é algo para entendidos, quase rackers.
O site é uma peça de propaganda dos vereadores, essencialmente. Isto, sim é simples de acessar. Na hora, na cara. Agora a comunicação virtual da Câmara de Gaspar é muito mais. Veja o que apareceu no Instagram dela. “Ainda que chova, ainda que doa. Ainda que a distância corroa as horas do dia e caia a noite sem estrelas, o mundo brilha um pouquinho mais a cada vez que você sorri” (do chileno Pablo Neruda).
Não tem jeito. O vereador Ciro André Quintino, PMDB, informa que levou ao prefeito Kleber Edson Wan Dall, PMDB, o presidente da Associação dos Moradores do Loteamento das Casinhas de Plástico, que quer um terreno para a Associação.
Dois fatos. Este terreno, em tese, é do município, já existe, pois há uma emissão de posse, tanto que lá, além do loteamento sem infraestrutura, está construída uma escola e se arrasta por anos pela prefeitura, a construção de um simples postinho de saúde. Que terreno a prefeitura vai doar? O destinado à área verde?
A saúde pública de Gaspar está “mudando”. Muda gente, faz-se comissões, mas tudo continua como antes. A fila de crianças para exames diminuiu segundo um press release divulgado recentemente; como mostrei aqui, a fila terminou num lugar e começou noutro.
Agora, a queixa desse tipo de disfarce se abate sobre os exames pedidos pelos médicos nos postinhos. O paciente não leva mais para casa e sai por aí à procura de um lugar ou laboratório para fazê-lo, e retornar com o resultado ao médico no postinho.
O pedido de exame fica no próprio postinho, que se encarrega de marcá-lo numa espécie de regulação. Entretanto, na verdade, descobriu-se que tudo fica parado ou quem tem padrinho político, pode ter chance de levar vantagem. O caso foi parar na Câmara, na voz de Cícero Giovane Amaro, PSD.
Só depois dessa queixa que o pessoal da prefeitura começou a se coçar. E sabe a razão disso, onde uma boa ideia, transforma-se num problema? É que falta dinheiro público para os tais exames (mas não faltam milhões para o buraco do Hospital, que segundo o próprio Cícero, parece ser uma esponja a absorver recursos bons de outras áreas, não só da Saúde; já está raspando o taxo como informei anteriormente, mas de Obras e a de Esportes, por exemplo).
O líder do governo, Francisco Hostins Júnior, advogado, ex-secretário de Saúde do PT, e membro da comissão que se criou para dar um jeito nessa UTI em que está metida – por teimosia, erro e incapacidade - a Saúde Pública do governo de Kleber Edson Wan Dall, PMDB, alega que o governo Federal manda R$43 mil por mês para os exames, gasta-se R$63 mil, mas precisa algo em torno de R$80 mil por mês para colocar tudo em ordem.
Pode ser. Mas, ele como ex-secretário de Saúde sabe que a conta não é bem assim. Numa época de crise econômica, quando as pessoas estão com menos dinheiro, sem emprego e sem planos de saúde, elas correm para o serviço público. E isso, é o que o governo de Kleber não entendeu até agora, muito menos que a cidade é dormitório de Blumenau e Brusque.
Com muito menos dinheiro, os postinhos, policlínica e farmácia atende muito mais gente e eleitoras dos vereadores, do que os milhões que é obrigado a colocar no Hospital, cheio de problemas, com donos e claros interesses e enclaves corporativos.
A cada dia uma novidade para prolongar o problema. Agora, anunciou-se a contratação de um expert, Vilson Santin, que diz ter passado por muitos locais e dado conta do recado, inclusive o Hospital Santa Isabel, de 2005 a 2014, onde a instituição deficitária, passou ser superavitária.
Santin corre o sério risco de fechar o que dizem ser um currículo exemplar, se for co0nduzido por manhas do corpo clínico, vícios administrativos insuperáveis e a insuperável incapacidade de gestão dos políticos de Gaspar para o óbvio e o respeito aos técnicos das suas áreas de conhecimento.
Estão contratando mais um salvador da pátria, mas vão queimá-lo como já fizeram com outros administradores do Hospital de Gaspar. E por que? Porque o Hospital na pindaíba só dá prejuízo para a comunidade e agora com a intervenção, de forma obrigatória, a prefeitura que se sustenta dos pesados impostos dos gasparenses. Mas, tem gente lucrando com isso. E faz tempo.
Mais. Em artigo publicado na coluna de sexta-feira, mostrei que se não houver dinheiro para equilibrar as contas de um passado nebuloso e mal administrado do Hospital, não haverá saneamento financeiro. Um hospital não é um local de lucros, mas não de exageradas displicências como em Gaspar.
O líder do PMDB na Câmara é Francisco Solano Anhaia. Pegou gosto na política como cabo eleitoral de José Hilário Melato, PP. Foi militante fervoroso do PT. Agora, diz que está arrependido.
“Nós não podemos eleger Lula, presidente. Nós não precisamos de ditadura”. A ex-companheira de partido e luta, a ex-vice-prefeita, a vereadora, Mariluce Deschamps Rosa, PT, que antes fez um discurso contra o “golpista” Michel Temer, PMDB, ouviu. Mas, está inconformada. Aliás, quanto mais ela defende PT, Lula (Dilma, providencialmente escondeu) e Décio Neri de Lima, o dono do PT daqui, mais exposta fica não só com Anhaia, mas com Franciele Daiane Back, PSDB.
Giovânia de Sá, é a deputada Federal da vereadora adolescente, Franciele Daiane Back, PSDB.
Depois sou eu, o implicante. Na sexta-feira a coluna trouxe um comentário sob o título “A esmola santifica o doador”. Um chororô danado. Mostrei como os políticos preferem às migalhas permanente, às soluções. Na mesma sexta-feira, na imprensa era possível ler isso envolvendo os mesmos personagens do grupo de políticos do PMDB de Gaspar.
“O deputado Federal e o chefe de gabinete Jerry Comper, representando o deputado Estadual Aldo Schneider, estiveram participando da entrega de um Raio X para o Hospital Dom Bosco de Rio dos Cedros. O valor do equipamento é de R$ 200 mil e trata-se de recursos de emenda parlamentar do Deputado Peninha em reivindicação conjunta com o Deputado Aldo”. O Hospital de Gaspar, ganhou “kits”. Acorda, Gaspar!
Hoje a cobra vai fumar no PP e talvez selar o seu destino em Santa Catarina. Há uma disputa, não muito bem clara, pela presidência do partido: deputado Federal Esperidião Amim Helou Filho e o deputado estadual e presidente da Assembleia, Silvio Devereck.
E qual a razão da briga? O PSD quer Silvio para atrelar desde logo o PP ao projeto do ex-presidente Gelson Merísio, PSD, para ser cabeça de chapa nunca candidatura a governador no ano que vem. Amim, não quer esse atrelamento automático. Ameaça até sair do partido. Difícil vai ir para algum lugar sem causar danos.
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