Por Herculano Domício - Jornal Cruzeiro do Vale

Por Herculano Domício

23/11/2017

ILHOTA EM CHAMAS – ADEMAR É RÉU I
O ex-prefeito de Ilhota, Ademar Felisky, PMDB (2005 a 2012), certamente, desta vez, não fará churrasco com foguetório para comemorar com os “do nosso velho PMDB de guerra”. Ele acaba de ser demandado em três ações civis públicas do Ministério Público da Comarca de Gaspar e que cuida da Moralidade Pública e num deles já teve, com outros, a indisponibilidade dos seus bens decretado pelo juiz Renato Mastella. Os assuntos são antigos e todos já relatados parcialmente aqui. E não é a primeira Ação desse tipo ou a decretação da indisponibilidade. Os inquéritos foram feitos com muito cuidado, reúnem provas robustas e depoimentos um tanto assustadores. Eles mais parecem um conto de ficção de Dias Gomes, à moda de Sucupira, mas tão comuns nos dias de hoje de Lava Jato, Cui Bono, Cadeia Velha... O MP de Gaspar teve até ajuda com laudos do Centro de Apoio Técnico do MP e do Tribunal de Contas. Eles demonstram a configuração dos atos de improbidade e a continuidade delituosa na relação com fornecedores e parceiros. Em duas das ações a promotora Andreza Borinelli, que substituiu Chimlelly Louise de Resenes Marcon, pediu à Justiça, em liminar, indisponibilidade de partes dos bens de Ademar e de outros envolvidos, respectivamente, R$ 575.104,56 (já concedido) e R$88.930,24 (aguardando o despacho).

ILHOTA EM CHAMAS – ADEMAR É RÉU II
Uma das ações diz respeito à compra de material elétrico, por sistema de convites com Silvio Januário ME, um indailaense, amigo de Ademar. Ele veio morar Ilhota e passou a intermediar esse tipo de material sem conhece-lo direito. Depois que Ademar saiu, a empresa dele passou lidar com roupas e deixou de fornecer para a prefeitura. Conforme depoimentos, não havia controle algum na prefeitura e no fornecedor, que era até uma espécie de almoxarifado da própria prefeitura. Havia apenas notas que eram cobradas. Era tudo no fio do bigode e comprovou-se no Laudo Técnico do MP de Florianópolis, que houve em R$ 371.958,31 (79% das licitações analisadas), R$ 88.930,24 de sobrepreço. Em outra ação, a promotora Andreza mostra que Ademar fez dois contratos com o morador da Barra de Luiz Alves, Idelfonso Schneider para ter 400m2 de suas terras à beira da Rodovia Jorge Lacerda. Um de cessão gratuita por 20 anos como queria a Caixa para dar dinheiro e construir lá um pórtico. Ademar fez outro contrato de gaveta, remunerando em um salário mínimo da época como negociou e enrolou o proprietário Idelfonso, um ingênuo agricultor. Pagou-se R$ 4.976,00 a Idelfonso até Ademar sair do governo e nada se construiu. O MP quer o ressarcimento disso.

ILHOTA EM CHAMAS – ADEMAR É RÉU III
O caso mais representativo e que mostra o modo operacional articulado do ex-prefeito Ademar foram as licitações viciadas que culminaram em diversas contratações ilegais entre 2006 e 2012 da empresa Tives Consultoria E Assessoria Pública Ltda. Ela em 2008 virou SC Planej Consultoria E Assessoria Pública Ltda. Segundo o MP, foram os “inúmeros elementos concretos e irrefutáveis de direcionamento dos certames. Patente burla à licitação. Atos ímprobos que causaram prejuízo ao erário e atentaram contra os princípios da Administração Pública”. Os “concorrentes” eram laranjas. Tudo para dar ar de legalidade. E sempre perdiam; até a mulher do dono da Tives/SCPlaneje foi contratada para atuar na contabilidade e controladoria da prefeitura e assim “facilitar os procedimentos”. Até o responsável pela área de licitação, Almir Aníbal de Souza, PMDB, hoje vereador e que já foi presidente da Câmara, acoitava tudo. Impressionante trama. Custo disso para os cofres do município, até então sem voz, sem imprensa investigativa e o olho do MP? R$575.104,56.

ILHOTA EM CHAMAS – ADEMAR É RÉU IV
O MP não quer apenas o bloqueio dos bens do ex-prefeito Ademar – que tinha o habito de “pregar” atos na porta prefeitura ou mandava publicá-los bem longe daqui, em Joinville, no jornal A Notícia, sem circulação alguma na cidade -, e dos envolvidos nos atos licitatórios de suposta irregularidade, para garantir e buscar o ressarcimento, quer que a Justiça reconheça e decrete também, a perda da função pública aos que ainda a possuem; suspensão dos direitos políticos de oito a dez anos dos envolvidos; pagamento de multa civil de até três vezes o valor do acréscimo patrimonial de cada um; a proibição de contratar com o Poder Público ou receber benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios, direta ou indiretamente, e ainda que por intermédio de pessoa jurídica da qual seja sócio majoritário, pelo prazo de dez anos. Não é a primeira vez que o ex-prefeito Ademar tem seus bens bloqueados e não são esses seus únicos processos que recaem sobre a sua administração.

TRAPICHE

Deu zebra. O Tribunal de Contas mandou a prefeitura de Gaspar parar o processo de contratação da empresa de tickets refeição/alimentação para os servidores e que substituiu o polêmico “auxilio alimentação” disfarçado de salário e que vinha sendo pago aos servidores há 23 anos.

A licitação foi realizada no dia nove de novembro e no valor de R$ 8.059.535,87. Coisa grande, então! Por isso, também suscita brigas grandes e com gente especializada nisso.

É que uma das participantes da licitação, a Trivale Administração Ltda., achou-se prejudicada. Ela foi eliminada da concorrência por não atender um dos itens do edital: o que trata da exigência de que os índices de endividamento sejam menores ou iguais a 0,50 e de liquidez corrente, igual ou superior a 1,5, para as participantes daquela licitação.

Agora o prefeito Kleber Edson Wan Dall, e o que assinou o edital, o secretário de Fazenda e Gestão Administrativa, Carlos Roberto Pereira, ambos do PMDB, terão 30 dias para se explicarem no TCE a razão dessa exigência no edital, para ser analisada no “possível excesso” da exigência, bem como todos os termos do processo licitatório. A decisão é monocrática e do conselheiro relator, Luiz Roberto Herbert. Ou seja, vai longe, apesar da suposta preocupação em contratar uma empresa saudável.

Enquadrados. Agora, todos os aditamentos dos contratos que impliquem no acréscimo de despesa deverão ser autorizados mediante aprovação prévia do Grupo Gestor de Redução de Despesas de Gaspar.

Estão na lista os secretários Municipais, a Fundação Municipal de Esportes e Lazer e o Samae. Eles previamente terão que encaminhar ao tal Grupo Gestor (Carlos Roberto Pereira, Pedro Inácio Bornhausen e Felipe Juliano Braz) todos os Termos Aditivos Contratuais.

Coisas de Gaspar. A administração se orgulha na implantação de campus de várias faculdades. Na verdade, está atrás de impostos. Mas, naquilo que é obrigação, vagas públicas nas creches, à falta delas só crescem e para diminuir as filas, inventaram até o meio período, como se os pais tivessem direito apenas a meio emprego. Nenhum político ofereceu a vaga de seu filho para um desempregado procurar emprego.

Outra. Sem resolver esse grave problema que implica no futuro das crianças e a sustentabilidade de seus pais, querem implantar, à custa do município, a tal “Faculdade da Maturidade?” Faltam prioridade e visão. Sobra demagogia e propaganda política enganosa. É proposital e para disfarçar os verdadeiros e graves problemas. Acorda, Gaspar!

 

Edição 1828

Comentários

Miguel José Teixeira
27/11/2017 09:20
Senhores,

Saiu o "Ranking dos Políticos":
http://www.politicos.org.br/

A zona de rebaixamento, é liderada pelo Tucano Marcos Tebaldi (-406).

Em seguida o Petralha deciolino (-282) e

o também PeTralha, "Uquezai" (-278) aquele do retrograduação em esquerdismo. . .

Vale a pena dar uma olhada. . .
Herculano
26/11/2017 20:38
A APATIA E A DESPOLITIZAÇÃO NO RIO DE JANEIRO

Conteúdo de O Antagonista. Em matéria sobre a crise ética no Rio de Janeiro, ancorada na descrição do estado por Raquel Dodge como "terra sem lei", O Globo ouviu especialistas, entre os quais O Antagonista destaca o cientista social Marcelo Burgos, professor da PUC-Rio:

"O Rio não conseguiu desenvolver partidos com relação orgânica com a sociedade. Em São Paulo, fortaleceram-se partidos com mais lastro com a sociedade civil, como o PT, junto à classe operária, o PSDB, à classe média. Aqui, tivemos o que se diria um populismo de esquerda, nos tempos de Brizola, um arranjo pragmático-clientelista (Garotinho) até chegar à máquina política super blindada de Cabral e Picciani.

Seja pela névoa produzida pelos grandes eventos, ou pelo efeito anestésico das UPPs, fechou-se o ciclo perfeito: bênção, e investimentos, do governo federal do PT, uma Alerj transformada em extensão do Executivo, TCE e agências reguladoras sem desempenhar seu papel, Ministério Público impotente, mesmo a imprensa? Cabral e companhia são frutos deste cenário.

Acho que teremos abstenção enorme em 2018. Deve aumentar a apatia e despolitização da população, que é uma das causas deste quadro."

Como comentamos em Reunião de Pauta, a apatia e a despolitização da população são - em todos os sentidos - crônicas no Rio.

Com raras exceções, a imprensa tende a continuar deslumbrada com efeitos anestésicos como as UPPs e os grandes eventos; os pobres tendem a continuar querendo mais Estado; e os ricos tendem a continuar querendo apenas mais praias, festas e viagens.
Herculano
26/11/2017 19:56
O TEMPO PERDIDO, por Gustavo Franco, ex-presidente do Banco Central, nos jornais O Estado de S. Paulo e O Globo

O papel-moeda está em vias de extinção e o Rio se dedica a criar empregos de cobrador

Há algo de podre no modo como o Brasil trata o desperdício de tempo.

Pouca gente se dá conta que, quando se mede a prosperidade nacional através do PIB, estamos falando de um fluxo de valor adicionado durante determinado período de tempo, geralmente um ano.

Sabemos que a renda per capita do brasileiro foi de R$ 30,4 mil no ano de 2016, o que equivale a cerca de 25% da renda per capita americana. Isso é o mesmo que dizer que, em média, um americano produz quatro vezes mais que um brasileiro durante um ano. O Brasil parece não se preocupar muito com o tempo perdido ou com a produtividade, a julgar pelo noticiário recente.

No município do Rio de Janeiro, por exemplo, a Assembleia aprovou o fim da dupla função do motorista de ônibus, com isso revivendo a figura do cobrador (isso foi aprovado com 40 votos a favor e um solitário voto contrário do vereador Leandro Lyra, do Partido Novo). Os autores do projeto estimam que 5 mil empregos serão criados pela medida.

O papel-moeda está em vias de extinção e o Rio de Janeiro se dedica a criar empregos de cobrador, o que é mais ou menos como proibir o Uber para atender aos taxistas, ou proteger indústrias que eram "nascentes" cinquenta anos atrás.

A lógica torta dessas medidas é semelhante à de uma ideia antiga e errada, pela qual a redução da jornada de trabalho faz aumentar o emprego (ou elevar o salário, via remuneração de horas extras). Na verdade, a redução na jornada funciona exatamente como uma redução de produtividade (um ano passa a ter menos horas trabalhadas, portanto, menos produção, como se tivéssemos mais feriados). E, se as horas são mantidas e apenas se tornam mais caras, é como se o governo criasse um imposto sobre o emprego, o que obviamente diminui a produção.

Nossa legislação trabalhista não tem como foco a produtividade, e por isso cria muitas distorções, que é preciso urgentemente rever. O tempo está passando, a China e a Coreia estão crescendo, e o Brasil está ficando para trás.

O tempo perdido também tomou conta da legislação tributária de forma devastadora. No ranking de ambiente de negócios feito pelo Banco Mundial, o Brasil ocupa a posição 125 em 190 países, um vexame. Pior ainda: em um dos quesitos dessa avaliação, o dos impostos, o Brasil está na posição 184 em 190 países e não é por que a carga tributária seja tão alta, mas por que uma empresa de 60 empregados gasta em média 1.958 horas (81,5 dias) anuais para pagar os tributos e cumprir as obrigações acessórias.

Não há nada parecido com isso em nenhuma parte do planeta. É a Copa do Mundo em matéria de tempo desperdiçado.

Para completar o quadro, o Banco Mundial publicou dias atrás um relatório histórico sobre um assunto que interessa a todos: o gasto público.

O relatório identifica inúmeras "ineficiências", que alguns descreveriam como "absurdos", a soma das quais ultrapassando 7% do PIB, podendo chegar a 8,5%. Em dinheiro de hoje estamos falando de R$ 400 bilhões de potenciais economias decorrentes de cortes e reformas associadas a essas ineficiências.

A cifra é assustadora, mas não surpreendente, pois é da mesma ordem de grandeza da deterioração no superávit primário ocorrida na vigência da "Nova Matriz". O que me preocupa é o conselho do Banco Mundial, cauteloso como sói acontecer com organizações multilaterais, pelo qual essas economias devam ser buscadas gradualmente até 2026.

Da parte deles, esta exasperante falta de pressa, na verdade, é pura delicadeza. Nós é que devemos nos perguntar por que, afinal, devemos tomar 10 anos para acabar com R$ 400 bilhões mal gastos?

Os sentimentos nacionais com relação aos taxistas e cobradores, bem como para os detentores de privilégios e sinecuras identificados pelo Banco Mundial são muito confusos, incluindo o medo e a compaixão. Mas a principal razão de nossa apatia diante das dores do progresso parece mesmo ter a ver com um traço do caráter nacional que Machado de Assis atribuiu ao Conselheiro Aires: "Tinha o coração disposto a aceitar tudo, não por inclinação à harmonia, senão por tédio à controvérsia"
Herculano
26/11/2017 19:54
A LIGA DA JUSTIÇA A JATO, por Guilherme Fiúza, na revista Época

O novo despertar ético está operando o milagre de reabilitar eleitoralmente o PT

O novo despertar da ética no Brasil virou festa com a Operação Cadeia Velha, que prendeu o presidente da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro. A captura de Jorge Picciani e mais uma penca de aliados pela Polícia Federal espalhou o grito de Carnaval: estão atacando a corrupção do PMDB, esse antro de raposas velhas! Mas os éticos deram uma moderada no grito ?" para não acordar José Dirceu, que tinha sambado até de madrugada.

O Brasil é uma novela. Ou melhor: nem uma novela o Brasil é. Novelas têm complexidade, por mais novelesca que seja ela. O Brasil é um borrão unidimensional, cabe numa marchinha de Carnaval. Foi assim que os abutres de ontem ?" aqueles fantasiados com adereços politicamente corretos e purpurina roubada ?" simplesmente sumiram da cena. Quem foi Palocci mesmo? Ué, não era esse que outro dia estava contando tudo a Sergio Moro? Ou esse foi o Santana? Espera aí: que Santana? Não era Mantega?

Do Dirceu parece que todo mundo lembra. Não por ter montado o maior assalto governamental da história, mas porque apareceu outro dia sambando no pé. Uma graça.

O novo despertar ético está operando o milagre de reabilitar eleitoralmente o PT. Do PT você lembra? Isso, esse mesmo ?" o da senhora Rousseff, a regente do petrolão que hoje viaja o mundo contando história triste à custa do contribuinte. E que lidera pesquisas de intenção de voto para o Senado! O Brasil é uma mãe ?" e não é a mãe do PAC. Dessa você lembra? A que operou a negociata de Pasadena, isso. Que Pasadena? Ah, deixa para lá. Vamos falar do Picciani. Morte ao PMDB!

O governo Itamar Franco era do PMDB, mas não era. Foi sob um presidente fraco e cheio de compromissos fisiológicos que o Plano Real foi implantado. O governo Temer é do PMDB, mas não é. Assim como na era Itamar, foi nessa gestão pós-impeachmentque se abriu o espaço para a entrada de gente séria, técnica e não partidária disposta a retomar o Estado das mãos dos parasitas da política. É isso o que está acontecendo no Brasil após quase década e meia de pilhagem ?" e todos os indicadores confirmam o fato. Mas o brasileiro prefere a lenda.

A lenda quer dizer que todos os políticos são igualmente corruptos e agora você vai jogar tudo isso fora para votar numa Liga da Justiça Lava Jato. Se fosse a Lava Jato do Moro até poderia ser uma utopia interessante ?" mas o Moro já renunciou à candidatura a super-herói de gibi e declarou que pretende ficar onde está, isto é, apenas fazendo seu trabalho direito. Ou seja: é um exemplar de uma espécie em extinção no Brasil ?" essa dos que acham que o mais nobre objetivo pessoal é cumprir seu papel com integridade até o fim. As espécies que se multiplicam em abundância e sem risco são as dos que põem a cabeça de fora do anonimato e já querem cobri-la com um chapéu de Napoleão carnavalesco. Essa é a Liga da Justiça 2018 ?" a Lava Jato fake de Rodrigo Janot e seus conspiradores de botequim.

Personagens como o mosqueteiro Dartagnol Foratemer ?" um desses que após o cumprimento do dever foi à luta do seu chapéu de Napoleão ?" saíram por aí detonando os políticos para virar políticos. Dartagnol hoje é visto puxando o saco de celebridade petista e fazendo panfletagem digital desonesta ?" tipo "alertar" que o bando do PMDB capturado no Rio revela o modus operandi que domina Brasília, isto é, o governo federal. Mentira. Os técnicos de alto gabarito que estão trabalhando duro no Banco Central, no Tesouro, na Fazenda, na Petrobras e em outros postos-chaves do Estado nacional deveriam processar esse oportunista, mas estão ocupados demais consertando o desastre do PT ?" isto é, dos novos camaradas de Dartagnol.

A grita contra a Assembleia Legislativa do Rio quando ela chegou a revogar a prisão de Picciani e sua turma jamais foi ouvida, desta forma retumbante e justiceira, contra a Assembleia Legislativa de Minas Gerais. Esta protege da prisão, há mais de ano, ninguém menos que o governador do estado, Fernando Pimentel, um dos principais investigados da Operação Lava Jato (a verdadeira).

Olhe para os últimos 15 anos, prezado leitor, e identifique quais foram os grandes protagonistas da vilania que empobreceu a todos nós. Pense bem, porque o Super-Homem é um fracasso de bilheteria e não vai te socorrer.
Herculano
26/11/2017 16:41
FACÇÕES POLÍTICAS REVOLUCIONAM SISTEMA PRISIONAL, por Josias de Souza

A presença de líderes de facções políticas na cadeia deflagrou um movimento com potencial para revolucionar o sistema prisional brasileiro. Os sinais mais eloquentes são percebidos no Rio de Janeiro. Cérebro do Primeiro Comando do PMDB, Sérgio Cabral dedica-se a um projeto-piloto de introdução da cozinha gourmet no xadrez. Cabeça da Facção Molequinha, Anthony Garotinho inaugurou, por assim dizer, um núcleo teatral que pode ser o embrião de um programa de ressocialização de presos viciados em cinismo.

Gilmar Mendes foi premonitório ao revogar a transferência de Cabral. Se o ex-governador tivesse migrado para o presídio federal do Mato Grosso, como queria o juiz Marcelo Bretas, o Ministério Público do Rio não teria flagrado na última sexta-feira a notável evolução no cardápio da cadeia carioca de Benfica.

Cabral e seus comparsas do bando pemedebista evoluíram das velhas quentinhas para novos pratos, ingredientes e iguarias que denunciam a qualificação do paladar da população carcerária: camarão, bacalhau, queijo de cabra, presunto de parma, castanhas, iogurtes? Pode-se prever, para um futuro próximo, a introdução no presídio de uma boa carta de vinhos.

Acomodado numa ala vazia de Benfica, Garotinho aproveitou a solidão para esboçar um script fabuloso. Nele, um desconhecido invade sua cela de madrugada, critica-o por falar demais, golpeia seu joelho com um porrete, esmaga-lhe um par de dedos do pé, balbucia uma ameaça e evapora. Não vai render o Oscar de melhor roteiro original, pois as câmeras do circuito interno não captaram a ação. Mas, com pequenos ajustes, a peça pode ser encenada por presos-atores de todo país. Transferido para Bangui 8, o próprio Garotinho pode iniciar a difusão de sua arte.

Considerando-se que a Lava Jato vem encarcerando também alguns corruptores, pode-se imaginar que os empreiteiros terão interesse em construir penitenciárias mais confortáveis. Prestes a deixar o complexo penal paranaense, Marcelo Odebrecht conheceu o flagelo por dentro.

O príncipe da Odebrecht passará um bom tempo arrastando uma tornozeleira eletrônica na sua mansão no bairro paulistano do Morumbi. Olhando ao redor, ele pode encontrar inspiração para desenvolver projetos de condomínios prisionais elegantes ?"com piscinas, saunas e salas de cinema.

As construtoras se esmerariam na execução dos projetos, erguendo complexos dignos de receber seus próprios executivos. Se tudo correr bem, haverá um novo ciclo de delações no país. Corruptos e corruptores confessarão seus crimes não para escapar, mas para assegurar suas vagas nas filas que se formarão defronte dos condomínios prisionais. Neles, larápios de elite viverão o ideal de segregação: muros altos, policiamento 24 horas e convívio seleto.

Previdente, Michel Temer talvez se anime a injetar verbas federais na construção dos paraísos carcerários. A Câmara, como se sabe, congelou as denúncias em que a Procuradoria acusou o presidente de corrupção. Mas Temer continua sendo uma ação penal esperando para acontecer depois que ele deixar o Planalto. Ao se dar conta da revolução iniciada pelas facções políticas no Rio de Janeiro, o presidente decerto ordenará aos seus ministros investigados: "Tem que manter isso, viu?"
Herculano
26/11/2017 16:35
THE BLACK MASK DA LADOREIRA, por Carlos Brickmann

Já que falar estrangeiro no dia a dia parece estar no rigor da moda, tratemos em inglês da Black Week: que roubada, de ponta a ponta! A Black Week do Brasil foi copiada dos gringos. Só se esqueceram dos descontos.

A ideia, os objetivos (de vender mais entre o Dia da Criança e o Natal), a propaganda, é tudo igual. Mas, nos Estados Unidos e Europa, liquida-se de verdade; aqui, como mostraram a Folha e O Globo, os preços sobem antes para dar a impressão de que houve desconto. Em outras palavras, os preços da Black Week são a metade do dobro. Há ocasiões em que o preço parece ter caído; mas confira o frete, que subiu e muito.

E aí surge a segunda roubada, a dos cartões, que supostamente parcelam o valor da compra. Só que não é bem assim: o cliente só tem a compra aprovada se dispuser no cartão do valor somado de todas as parcelas. O cartão pode parcelar uma bicicleta em duzentas prestações, sem risco: se o cliente não tiver no cartão o suficiente para pagá-las todas, a compra não é aprovada. Não é muito diferente de pagar a vista, em cheque ou dinheiro: só que, em vez de seu dinheiro liquidar a conta na hora, e de o caro leitor trocar seu saldo por um produto, o dinheiro fica bloqueado no cartão e não pode ser usado até que a conta inteira seja paga com seus próprios recursos.

E não acredite em "sem juros". Os juros estão embutidos no preço. Banco não é entidade de benemerência. Sem jurinho não tem negócio.

NO FRESHNESS

Alguém poderia nos dizer por que Black Week, e não Semana Negra? A ideia é evitar conotações de discriminação? Nesse caso, usa-se o inglês por achar que o cliente, sem conhecê-lo, não entende o significado do nome. Pode ser; mas por que Liquidação é chamada de "Sale", ou "Off"?

O RIO, QUEBRANDO MAIS

Os dirigentes cariocas ainda não acham que o Rio já esteja sufocado: a Câmara de Vereadores (antigamente conhecida como "Gaiola de Ouro") aprovou, por 40 votos a 1, o retorno dos cobradores aos ônibus da cidade. A proposta foi de dois vereadores, do PT e PTB. Só que o cobrador tem salário, que aumenta as despesas dos ônibus; e não têm serviço. Em São Paulo, só 7% dos passageiros pagam a passagem em dinheiro. Cobrador hoje dorme, ou mexe no celular. Sua atividade é tão essencial quanto a de ascensorista. Mas quem paga o ascensorista, quando há, é o condomínio, não uma cidade com economia quebrada, capital de um Estado quebrado.

QUEM É QUEM

Dos sete governadores eleitos do Rio desde 1982, três estão presos, todos por corrupção: Anthony Garotinho, Rosinha Garotinho, Sérgio Cabral (dois mandatos). O governador atual, Pezão (suspeito de receber doações irregulares da Odebrecht) e Moreira Franco (Quadrilhão do PMDB), eleito entre os dois mandatos de Brizola, têm problemas com a Justiça. Moreira virou ministro para ter foro especial ?"a manobra que Dilma tentou com Lula e não deu certo. Brizola e Marcelo Alencar morreram. Qual Estado aguenta vinte e tantos anos sendo sugado?

FORA, KÁTIA

A senadora Kátia Abreu, Tocantins, foi expulsa do PMDB por infidelidade partidária. Kátia é do ramo: dirigia a Confederação Nacional da Agricultura, ferozmente antipetista, e era do DEM. Saiu do DEM para o PSD de Kassab; e, logo em seguida, saiu do PSD para o PMDB. De repente, virou ministra de Dilma e sua amiga de infância, e aliada do PT. Contra a posição do partido a que pertencia, rejeitou o impeachment e vota sistematicamente contra as reformas propostas pelo Governo do PMDB.

DAQUI A POUCO, FORA REQUIÃO

O senador paranaense Roberto Requião deve ser o próximo alvo do Conselho de Ética do PMDB (sim, "existe" e ainda bem, que Requião, como Kátia, está aliado ao PT para votar contra as propostas de Temer). Requião ameaça "soltar os cachorros" contra Romero Jucá, presidente do PMDB. Bobagem: Jucá está habituado a alimentar-se de cães ferozes.

PODE SER... MAS RENAN?

Há quem aposte que Renan Calheiros, que vem liderando a oposição a Temer, pode entrar na lista dos expulsos. Este colunista não acredita: Renan vem há anos fazendo o que quer e escapando de punições.

E MARUN?

Pior que os que foram e serão afastados do PMDB é um peemedebista do Mato Grosso do Sul, Carlos Marun, ex-Eduardo Cunha, hoje Temer. Marun diz que as denúncias contra Temer deixaram os deputados "um pouco fatigados", e que não vê disposição para votar a reforma da Previdência. O que ele não diz é como ligar esses parlamentares: nomeá-lo para o Ministério do Governo, no lugar do tucano Antônio Imbassahy. Ali nunca faltam mimos para distribuir a aliados pouco dispostos a trabalha
Sidnei Luis Reinert
26/11/2017 14:13
Ineleja bandido! Voto nulo é arakiri!


Edição do Alerta Total ?" www.alertatotal.net
Por Jorge Serrão - serrao@alertatotal.net

Embora, por definição, seja um jogo eletrônico no cassino do Al Capone, a eleição de 2018 tem um significado simbólico: o pleito representará e luta dos honestos contra os bandidos sistêmicos. Além disso, vai representar a indignação da maioria esmagadora dos brasileiros contra o modelo de Estado-Ladrão e os aparelhos repressivos de sua máquina ?" geradores e mantenedores de uma violência e insegurança sem limites.

Nesse cenário, não há espaço para comportamentos emocionais ou irracionais do revoltado eleitorado. Temos algumas prioridades táticas em 2018: 1) Não eleja nem reeleja nenhum ficha suja em 2018! Também é imperdoável cometer a ingenuidade de que seu voto vai mudar o sistema: não vai! No entanto, tudo pode ficar ainda pior se o eleitor cometer o erro de anular o voto. A omissão só beneficia os infratores.

Todo ano viraliza a mentira de que, se houver mais de 50% de votos nulos, a eleição fica automaticamente anulada. Isto é Mentira! Não existe qualquer regra sobre esta anulação. O voto nulo apenas fortalece a máquina de fraude. O mesmo ocorre com o voto em branco. Quem garante que, na maracutaia sem direito a conferência da votação eletrônica, o tal "voto de protesto" (nulo ou branco) não termine transferido para eleger algum político mafioso?

Já que você é obrigado a votar (uma verdadeira corrupção da liberdade do cidadão), não cometa o erro fatal de eleger ou reeleger bandidos. Procure votar em candidatos novos, com ficha limpa ao máximo. Não é fácil encontrar o político com tal perfil, porém ele existe. Só não se permita o direito à ilusão. O grande problema persiste: a ditadura dos partidos. Eles são os grandes promotores da corrupção eleitoreira. Quem consegue se eleger, mesmo sendo honesto, corre alto risco de ser cooptado pelo sistema.

Mesmo sabendo disso, é fundamental não renovar o emprego do profissional da roubalheira pública. Não reeleger o bandido já ajuda muito, embora não resolva, completamente, o problema. A única saída para o Brasil é uma inédita Intervenção Institucional ?" um processo já em andamento. Precisamos tornar saudável a legítima atividade Política (com "P" maiúsculo). Afinal, o pleno exercício do bem-comum jamais pode ser corrompido ?" do jeito que vem acontecendo há muito tempo no Brasil.

Aqui precisamos do Voto Distrital. Barateia a eleição e fortalece o poder local. O eleitor tem mais condições de fazer pressão direta sobre quem ele elege como representante. Além disso, é preciso acabar com a ditadura dos partidos-cartórios. As agremiações partidárias podem e devem existir. No entanto, não devem ser o único meio para indicar candidatos. As candidaturas livres, independentes dos partidos, combinam perfeitamente com o regime de voto distrital.

A Intervenção Institucional também vai implantar o sistema de recall. O político pode ser destituído se o eleitorado ficar insatisfeito com ele ou se cometer algum crime ou falta grave. A reeleição também deve ficar restrita a apenas um mandato. Cargo de senador, deputado e vereador não deve ser emprego público, com direito à aposentadoria "polpuda" ?" conforme acontece atualmente. A remuneração dos eleitos deve ser a mínima possível. O legislativo tem de funcionar de maneira enxuta.

Tendo em mente algumas dessas mudanças estruturais, tenha cuidado redobrado na eleição de 2018. Faça de tudo para não desperdiçar o voto compulsório (novamente: que aberração!). Jamais cometa o "arakiri" de anular o voto. Também não vote em branco, porque sua suposta "revolta" é um risco inútil. Vote em quem tem ou demonstra compromisso com mudanças estruturais. Vale repetir: políticos assim são raríssimos, porém existem.

Novamente, vale repetir por 13 x 13: seu voto faz pouquíssima diferença na ditadura do Crime Institucionalizado. Não banque o otário: o máximo que você pode fazer é provocar uma pequena sabotagem no sistema, votando em algum indivíduo honesto (achá-lo é a missão quase impossível do eleitorado tupiniquim). Não anule o voto e nem vote nos bandidos de sempre!
Herculano
26/11/2017 07:42
FALEI HÁ POUCO COM TEMER NO SÍRIO-LIBANÊS: "FOUR MORE YEARS". E A "ORAÇÃO AOS MOÇOS", DE RUI, por Reinaldo Azevedo, na Rede TV


Presidente Michel Temer: intervenção bem sucedida e bom humor. Eis uma boa mistura
- Presidente?
- Oi, Reinaldo, como vai?
- "Four more years", só pra recomeçar?
- [risos] Pois é? A gente não é dono do futuro. Mas você sabe que me disseram que o coração, agora, ficou muito bom!
- Foi o Kalil quem disse?
- Foi, sim!
- Ele é um craque.
- O senhor está se sentindo bem?
- Muito bem!
- A voz está firme, sem nenhum sinal de que o senhor passou por um procedimento delicado.
- Sabe que já me falaram isso?
- Estou aqui torcendo para que o senhor se recupere logo.
- Estou com dois stents. Li que são feitos de uma mistura de aço e cobalto.
- Então? Nós dois agora pertencemos aos reinos animal e mineral. Tenho molas de platina e tungstênio no cérebro.
- Isso deve ser bom. Seu cérebro parece ir muito bem?
- Os críticos dizem que não; que arrancaram o cérebro e só deixaram o aneurisma [risos].
- Essas coisas são assim mesmo? Você se lembra daquela passagem da "Oração aos Moços", do Rui Barbosa, em que ele fala da dívida que temos com os inimigos? Segundo o Rui, por mais mal que nos façam, o bem será sempre maior porque, em razão do que nos fazem, a gente se depura.
- Lembro, sim. Nem sempre é fácil a gente exercitar aquela lição, mas ele estava certo.
- É verdade!
- Liguei para expressar os votos de pronto restabelecimento. Fico feliz e tranquilo ao perceber que o senhor está tão bem!
- Muito obrigado, Reinaldo!

Essa foi a conversa que mantive há pouco, ao telefone, com o presidente Michel Temer, que está internado no hospital Sírio-Libanês, em São Paulo. Ele passou nesta sexta por um cateterismo para desobstrução de três artérias do coração - duas delas receberam stents, microtubos expansíveis que impedem futuras obstruções. A equipe que o atendeu é chefiada pelo cardiologista Roberto Kalil Filho, que cuida, com a competência habitual, também do meu coração de manteiga.

Sendo o procedimento bem-sucedido, e o de Temer foi, o portador de tal, digamos, "artefato" não corre risco adicional nenhum na comparação com pessoas que tenham o coração saudável. Ah, o mesmo vale para as tais "molas" empregadas na embolização de aneurismas.

Sempre a calma
Ao longo desses meses, desde a crise deflagrada pelo vazamento da conversa que não existiu entre Temer e Joesley Batista - não nos termos anunciados -, falei, sei lá, umas dez vezes com o presidente. Em duas delas, ele estava internado: o papo de há pouco e o da internação anterior. Nunca o vi alterado, bilioso, com ódio. Mas essa constatação poderia retratar apenas, digamos, interiores, sendo mera cena privada, sem consequências na vida pública.

Mas isso não é verdade. Nesse tempo, a agenda avançou, e o presidente se saiu vitorioso em todas as matérias que foram votadas pelo Congresso; atuou, a despeito das dificuldades, em parceria com o Poder Legislativo.

Impressiona-me a dificuldade que tem a imprensa de reconhecer esses avanços. Ou porque está atrelada a pressupostos ideológicos que vêm de longe ou porque é refém de uma doxa, imposta pelo Ministério Público Federal e pelo rancor disfarçado de moral elevada, que a impede de ver o óbvio.

Poucos políticos, em circunstâncias normais - isto é, sem suceder a um presidente deposto e sem ser assediado por duas denúncias escandalosamente ilegais -, teriam ido tão longe. Acho que eu mesmo preciso refazer a frase: nenhum dos que o antecederam, ainda que em condições absurdamente mais favoráveis, foram tão longe. A reforma trabalhista que o diga. As intervenções cirúrgicas na economia (sem trocadilho com o momento) repuseram o Brasil na trilha do crescimento.

Se o país fizer a coisa certa - as reformas - e se os brasileiros fizerem a escolha certa, teremos um longo período de crescimento pela frente. E o crescimento é sempre o melhor motor da justiça social, da elevação de renda da população, da autonomia dos indivíduos.

Temer já é o presidente mais injustiçado da história do país.

E torço, pois, para que o tempo se encarregue de corrigir essa distorção
Herculano
26/11/2017 07:33
MINISTROS DO STF FAZEM VOTOS MAIORES PARA "APARECER MAIS TEMPO NA TV"

Conteúdo de O Antagonista. Os ministros do STF passaram a escrever votos maiores desde que as sessões começaram a ser transmitidas ao vivo pela TV, em 2002.

"Os acórdãos ficaram com 26 páginas a mais, em média, o que aumenta o tempo de leitura e prejudica a eficiência do tribunal", disse ao Estadão o economista Felipe de Mendonça Lopes, da FGV, com base em pesquisa feita para sua tese de doutorado. "O motivo do aumento não é a dificuldade técnico-jurídica da questão, mas tão somente aparecer mais tempo na TV."

A pesquisa usou todos os casos de controle abstrato de constitucionalidade julgados pelo STF entre 1988 e 2015, a maior parte Ações Diretas de Inconstitucionalidade (as ADIs).

Foram 1.680 acórdãos, ou 15 mil votos, pesquisados no site do Supremo.

Nem precisava tanto para convencer O Antagonista.
Herculano
26/11/2017 07:32
FANTASMAS PASSADOS IMPULSIONARAM A LAVA JATO, por Frederico Vasconcelos, no jornal Folha de S. Paulo

Há várias formas de avaliar a importância da Operação Lava Jato. Uma delas é compará-la com a italiana "Mani Pulite" (Mãos Limpas).

A mais eficaz, talvez, seja pesquisar os arquivos do caso Banestado, mega lavagem de dinheiro nos anos 90 que foi o laboratório para a maior investigação anticorrupção do país.

O caso Banestado foi julgado pelo juiz federal Sergio Moro. Participaram das investigações cinco procuradores da República depois reunidos na Lava Jato: Carlos Fernando dos Santos Lima, Januário Paludo, Orlando Martelo, Deltan Dallagnol e Vladimir Aras.

Em 2003, uma força-tarefa investigou no Paraná remessas bilionárias fraudulentas para paraísos fiscais. Dinheiro da corrupção e do tráfico de drogas era transferido por meio de depósitos de doleiros em contas de laranjas e nas chamadas CC5 (criadas para permitir transferências legais para o exterior).

O mercado de dólar clandestino sofreu abalo, com a condenação de alguns dos maiores doleiros do país. Emergiriam na Lava Jato personagens de antigas operações, como Alberto Youssef, Nelma Kodama, Toninho da Barcelona e Lúcio Funaro.

O caso Banestado talvez explique o inconformismo da força-tarefa de Curitiba e sua pregação contra a corrupção e a impunidade. A experiência mostrou que processos por crimes de colarinho branco, inclusive contra o sistema financeiro, dificilmente chegavam ao fim.

Uma ação penal, tendo como réus ex-diretores e gerentes do Banestado, responsáveis pela evasão fraudulenta de mais de R$ 2 bilhões, foi julgada por Moro no prazo de um ano. O processo tramitou durante cinco anos no TRF-4 e ficou mais de um ano na Procuradoria-Geral da República. Em 2013, o STJ extinguiu a punição de 7 dos 14 réus.

O caso Banestado estava praticamente morto em Foz do Iguaçu, em 1996 e 1997, quando houve a especialização das varas de lavagem. O mentor dessas varas especializadas foi Gilson Dipp, do Superior Tribunal de Justiça.

Ele foi o guru de um grupo de juízes que atuaram em casos relevantes, entre eles, Sergio Moro (Banestado, Farol da Colina, Lava Jato), Fausto De Sanctis (Castelo de Areia, Satiagraha, Banco Santos) e Jorge Costa (mensalão).

O caso Banestado foi o laboratório de práticas empregadas no caso Petrobras, como os acordos penais de cunho reparatório.

Foram celebrados 17 acordos de colaboração premiada, antes que houvesse a previsão legislativa para crimes de organizações criminosas. O doleiro Youssef fez o seu enquanto estava preso.

Em 2014, Dipp criticou os advogados que alegavam motivos éticos para renunciar à defesa de réus colaboradores: "Existe ética em organizações criminosas? A delação premiada está na lei", disse.

Dipp também fez ressalvas a "advogados que criticavam a interceptação telefônica como a grande prova".

Na operação Hurricane, deflagrada em 2007, a Polícia Federal instalou escuta ambiental no escritório do advogado Virgílio Medina, irmão do ministro do STJ Paulo Medina, acusado de vender sentença para beneficiar empresas de bingos.

A diligência foi autorizada pelos ministros Cezar Peluso e Ellen Gracie, longe de serem tidos como justiceiros. As provas foram consideradas legais pelo STF. Paulo Medina foi afastado do cargo por Dipp, então corregedor nacional de Justiça.

Como advogado, Dipp surpreendeu quando ofereceu parecer, a pedido da defesa de empresário da Galvão Engenharia, considerando "imprestável" uma delação de Youssef.

ABAIXO-ASSINADOS

Depois da condenação e prisão de seus clientes no mensalão, a grande banca retomou o expediente inócuo dos abaixo-assinados em defesa do Estado democrático de direito, inaugurado na Operação Anaconda ?"ora liderados pelo atuante advogado Antônio Cláudio Mariz de Oliveira, ora pelo exuberante Antônio Carlos de Almeida Castro, Kakay.

Enquanto os advogados contrários à delação premiada continuaram a apostar em defesas técnicas e a apontar eventuais vícios e nulidades, novas leis abriram o leque de tipos penais e outros mecanismos de apuração criminal.

Os órgãos de investigação aprimoraram a tecnologia de interceptação e cruzamento de dados sobre movimentações financeiras.

MENSALÃO

Entre o caso Banestado e a Lava Jato, a ação penal do mensalão pavimentou o caminho para grandes operações conjuntas de Ministério Público Federal, Polícia Federal e Judiciário, ao mostrar que um processo com muitos réus pode ter começo, meio e fim.

A Lava Jato herdou a expectativa frustrada de que o então presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, também deveria ter sido investigado naquele processo, divisor de águas da impunidade brasileira.

Durante o julgamento, conduzido pelo relator, Joaquim Barbosa ?"com apoio do então presidente do STF, Ayres Britto?", havia o temor de que "a República cairia" se Lula fosse denunciado. Lula sempre esteve na mira.

Na Lava Jato, Sergio Moro se expôs, e foi muito criticado, ao determinar a condução coercitiva de Lula e divulgar o teor de conversa da então presidente Dilma Rousseff. Mas a República não caiu.

No mensalão, o então procurador-geral da República, Antonio Fernando de Souza, descontentou alguns colegas ao não denunciar Lula.

"Apesar de todas as evidências de que Lula tinha conhecimento e, portanto, participara da trapaça, o MPF deixou-o de fora", escreveu, na ocasião, Aloísio de Toledo César, desembargador aposentado e ex-secretário de Justiça de São Paulo. "Foi um tapa na cara de cada um de nós", afirmou.

Antonio Fernando atuou como advogado do ex-presidente da Câmara Federal Eduardo Cunha, condenado e preso na Lava Jato ?"o que é um direito de ambos, e há precedentes. O ex-procurador-geral Aristides Junqueira, por exemplo, foi defensor de um ex-diretor do Banestado.

JABURU

Como a Lava Jato chegou ao Palácio do Jaburu, aumentaram as pressões para que o STF volte a condicionar a execução da pena quando não cabe mais recurso.

Em 2009, quando o STF manteve esse entendimento, Sergio Moro manifestou desânimo: "O melhor é investigar e abrir processos somente em relação ao tráfico de drogas, para os quais o sistema ainda é eficiente, pois o resto não vale a pena"
Herculano
26/11/2017 07:27
da série: um ano de falecimento de Fidel

EU, UMA EX-APAIXONADA POR CHE, FUI A CUBA. ESSA É A VISÃO QUE TIVE POR LÁ, por Giuliana Bergamo, no Instituto Liberal de São Paulo

Fui a Cuba com meu marido, o cara que eu amo, que eu escolhi para, junto comigo, fazer, parir e criar duas pessoas. Meu marido é um dos caras mais sérios, justos e comprometidos com a verdade dos fatos que já conheci na vida. O mais comprometido provavelmente. Tanto que, às vezes, acho que ele tem dificuldade de sonhar. E, talvez por isso, não mede esforços para realizar os meus sonhos. Ir à Cuba era um deles.

Eu devia estar na sétima ou oitava série quando ouvi falar pela primeira vez de um lugar "onde todos eram iguais", mas as crianças pediam bala e canetas Bic aos turistas na rua. Lembro bem de uma professora que hoje, se estiver viva, deve ter uns 80 e tantos anos, dizendo que, quando menina, sonhava com Fidel fardado chegando em um cavalo branco para levá-la. Eu não entendia bem aquela paixão, era mais da turma das amigas da minha professora, as quais, dizia ela, eram apaixonadas por Che.

Aos 15, ganhei dos meus amigos um pôster do revolucionário argentino clicado por Alberto Korda. Preguei na parte interna do meu armário, onde ficou até eu deixar a casa da minha mãe, aos 24 anos. Na época em que ganhei o souvenir, nossa curtição era usar boina, fumar charuto e discutir sobre a revolução e o absurdo do capitalismo. De lá para cá, já perdi a conta da quantidade de vezes em que participei de discussões acaloradas entre a turma contra e a favor do (socialismo de) Cuba. Em todas elas, sempre havia um sujeito que tentava calar o opositor com o argumento: "Você nunca foi para Cuba, não sabe o que está falando!"

Eu precisava ir a Cuba para saber do que estava falando. Então fomos, um casal de jornalistas, passar nossa nova lua de mel em Cuba. Lá, vi gente cantando e dançando ?" muito bem ?" a cada esquina. Ouvir música e dançar em Cuba é comer macarrão com vinho na Itália, amar em Paris, escalar no Himalaia. Em Cuba, vi turistas por todos os lados, carros antigos (custam cerca de 18 mil dólares e são passados de pai para filho), casas de pé direito alto onde os andares são divididos em dois para caber mais gente, casas que desmoronaram de tão velhas, esgoto a céu aberto, mercados só para cubanos onde a maior transgressão é vender amendoim sem passar pelo governo. Vi crianças com uniformes impecáveis e escolas cheias com quadras poliesportivas e prédios não muito diferentes das nossas escolas públicas. Vi pouca gente doente na rua e banheiros públicos limpos, mesmo que não saísse água da torneira ou da descarga (no banheiro do Museu da Revolução, uma senhora abastecia baldes que os visitantes enojados usavam para mandar embora suas necessidades).

Fiz questão de entrar no hospital central de Havana para ver a tal fantástica medicina cubana. Dei de cara com um arremedo de pronto socorro público muito parecido com os que topei em minhas apurações no Brasil. Gente se desmilinguindo na sala de espera, chão limpo, mas todo detonado, salas vazias com paredes caindo aos pedaços e um médico-bedel nervoso com a minha presença. Enfiei a cara dentro do laboratório e fui imediatamente transportada para a década de 1980, quando visitava minha mãe no laboratório de análises clínicas onde ela trabalhava. Nostálgico, mas sei bem o quanto a medicina andou de lá para cá graças aos novos equipamentos tecnológicos. Na rua, conversei com pessoas que têm esperança no governo de Trump. Para eles, Obama nada fez pelos cubanos. A retomada das relações foi apenas cosmética.

Fiz também o roteiro de turismo "oficial" e fui aos museus. Circulando pelas centenas de fotos de Fidel, Che e outros combatentes, suas fardas e pijamas ensanguentados, restos de equipamentos e pôsteres com palavras de ordem e frases de louvor, não conseguia parar de pensar nos trechos do texto que lera dias antes de viagem, do livro "A Verdade das Mentiras", de Mario Vargas Llosa: "Numa sociedade fechada, o poder não se arregra apenas o privilégio de controlar as ações dos homens, o que fazem e o que dizem: aspira também governar suas fantasias, seus sonhos e, evidentemente, suas memórias." Lembrei do mesmo texto quando entrei nas livrarias, onde os poucos livros exibidos nas estantes quase vazias eram de autores aliados ao governo cubano.

Não satisfeita, quis ter uma conversa franca com um cidadão, digamos, mais antenado. Na manhã de nosso último dia de viagem, W. (a conversa foi absolutamente informal, não me sinto à vontade de publicar o nome dele aqui), um jornalista cubano que resolveu desafiar o poder e contar a verdade e, por isso, paga com a própria liberdade, veio nos encontrar. Dias atrás, depois de cobrir um ato pró-Trump (sim, houve um ato pró-Trump em Cuba), W. foi preso por uma semana. Para proteger a mulher e a filha de 4 anos, W. não vive na mesma casa que elas. Vê a família apenas aos finais de semana.

Quando foi nos encontrar na manhã do último domingo (20), W. estava tenso. Ele não temia estar sendo seguido. Já desistiu de se proteger. Sua aflição era pela prima, que estava em trabalho de parto desde o dia anterior. Eu, que já passei horas parindo por duas vezes, pensei: "coisa de homem, parto é assim mesmo". Aí ele explicou melhor. Em Cuba, praticamente não há parto cesáreo. "Tentam o parto normal até o fim." Cesária é algo raro mesmo quando é necessária. Por isso, uma outra prima de W. perdeu um bebê que, por complicações de parto, morreu cinco dias depois de nascer. Só que o priminho de W. foi registrado como natimorto, uma estratégia safada para camuflar os dados sobre mortalidade infantil. E lembrei de Llosa novamente: "Em uma sociedade fechada, a história se impregna de ficção, pois se inventa e reinventa em virtude da ortodoxia religiosa e da política contemporânea ou, mais grosseiramente, de acordo com os caprichos do poder."

Ao longo de nossa conversa e do passeio que fizemos pela periferia de Havana, W. criticou a miséria, a insegurança (a maior parte das casas tem grades), a censura e o povo que não promove a mudança, ficando à espera de um salvador. Questionei W. sobre a educação, uma das bandeiras do governo e um dos argumentos mais utilizados pela turma pró-Fidel nas discussões dos bares da Vila Madalena, onde os protagonistas costumam pagar fortunas por escolas onde seus filhos aprendam "a pensar". W.: "Sim, tem escola para todo mundo. Mas não há educação. Há doutrinação. Educação, para mim, é ensinar a descobrir, a questionar, a fazer perguntas. Não é isso o que se ensina às crianças cubanas."

Naquele ponto da conversa ?" e da viagem ?" já estava tristíssima, mas ainda não havia perdido a esperança de encontrar aquela partícula animadora dos meus amigos tão encantados pelo país. Queria ver algo de realmente bom, algo esperançoso. Queria achar o samba e o futebol dos cubanos. Então perguntei: "W., os cubanos, pelo menos, são felizes de alguma maneira?" W. deu um sorriso irônico e contou uma história para responder minha pergunta.

Há pouco tempo, W. foi contratado por uma agência de notícias para fazer um documentário com o tema "Projeto de Vida". A ideia era entrevistar conterrâneos para saber quais eram os planos para o futuro deles. "Todos deram a mesma resposta: 'meu projeto de vida é sair daqui, quero deixar Cuba'. Não, os cubanos não são felizes", disse W.

Terminamos aquela manhã com tristeza e um buraco no peito. Eu e meu marido continuamos rodando a cidade a pé (quase não usamos carro ou outro tipo de transporte), enfrentamos a fila da chocolataria onde cubanos e turistas esperam um tempão para comer o chocolate mais doce que eu já provei na minha vida, demos de cara com a loja da Benetton em Cuba (!!!) e dissemos "não" às crianças que, na rua, pediam "caramelos" (balas, em português). Voltamos ao hotel, jantamos no único lugar onde encontramos uma comida dessas que acolhem o estômago e a alma, o Paladar Los Amigos, uma espécie de restaurante que funciona dentro de uma casa. Depois, não tivemos mais disposição emocional para fazer nada. E fomos dormir para enfrentar a viagem de volta.

No dia seguinte, na fileira atrás de nós no avião, uma brasileira chorava copiosamente. Aflitos, os passageiros ao lado tentavam confortá-la. Parei a leitura que acabara de começar, "A Insustentável Leveza do Ser", de Milan Kundera, para ouvir o que ela contava. Chorava porque o "marido" tinha ficado em Cuba. Meses antes, os dois se conheceram no Brasil. Médico, ele viera trabalhar no Programa Mais Médicos. Apaixonaram-se, tentaram fazer com que ele ficasse aqui, mas não teve jeito. Por determinação do governo, ele precisou voltar. Ainda assim, tinha a esperança de ser enviado para uma nova missão, o que lhe foi negado. A moça voltava de uma temporada de um mês com seu amor, seu "marido", ela dizia aos companheiros de voo.

Ouvi a história, abracei meu marido, trocamos carinhos e retomei minha leitura com o coração apertado. Logo cheguei à parte do livro em que a Checoslováquia é invadida pelos russos e Tomas, um dos protagonistas, tem a possibilidade de emigrar para a Suíça. No início, pensa em ficar. Afinal, Tereza, sua mulher, estava no auge da carreira de fotojornalista. Surpreendentemente, ela diz que está disposta a se mudar, apesar de saber que, na Suíça, vivia uma das amantes de Tomas. Sobre isso, Kundera escreve: "aquele que quer deixar o lugar onde vive não está feliz." E eu completo: seja ele um personagem de ficção, um venezuelano, um cubano ou eu mesma, quando, em viagem a trabalho, quero voltar para perto dos meus amores.
Herculano
26/11/2017 07:23
da série: como a esquerda do atraso precisa da desistência de concorrentes para escolher um fraco e ela ter chances. Por que este título e conteúdo não poderia ser: "a desistência seria um gesto de maior sabedoria de Lula"? País destroçado é para gente destroçada eticamente. Até nisso a esquerda do atraso combina. Vive do e no lixo. é uma questão de sobrevivência. Se o país der certo, for esclarecido, ela sumirá

A DESISTÊNCIA SERIA UM GESTO DE MAIOR SABEDORIA DE HUCK, por Jânio de Freitas, no jornal Folha de S. Paulo.

As duas desistências saíram quase juntas, mas nada têm em comum. João Doria confirmou a sua, pouco depois da antecipação feita por Thais Bilenky na Folha. Luciano Huck nem precisaria confirmar a desistência de uma pretensão eleitoral que não saíra da indecisão.

Doria faz uma retirada melancólica, mesmo que se mostre como encenação efêmera, por exprimir um fracasso e nada influir na perspectiva da disputa pela Presidência. Para Huck, a desistência é ou seria o gesto de maior sabedoria no seu projeto de candidatura presidencial. Paradoxo com reflexos, sim, no quadro das pretendidas disputas de candidatos e de partidos.

Por mais motivos que Doria apresente para reduzir sua ambição presidencial à de sucessor de Alckmin, não há dúvida de que o potencial de Huck, demonstrado nas pesquisas, pesou muito.

Seriam duas candidaturas a disputar o mesmo eleitorado, uma precisando conquistar o que a TV já deu à outra. E a diferença de retaguardas, no apoio de TV e imprensa, só seria maior se Huck disputasse com Lula.

Mas a razão primeira do insucesso de Doria está nele, que não entende o que lhe aconteceu. Pensa que se tornou prefeito por ser quem e como é, e não por uma conjunção de fatores, locais e nacionais, que pouco ou nada lhe deveram. Por isso a sua precipitação: pressa e queda.

Quem não está ambientado com a vida política e administrativa não imagina o que é ser presidente. Vida pessoal insípida, com alegrias só para quem goste de honrarias efêmeras e bajulações falsas. Mais solenidades inúteis como obrigação do que tempo para as obrigações bem-resultantes.

Quem chegue à Presidência com mais do que ambição pessoal não sairá sem frustrações. E se faltar o gosto por disputa política minuto a minuto, um perde-e-ganha obsessivo, a vida presidencial só pode ser uma exasperação sem fim. Cá entre nós, desejar ser presidente é um sintoma.

A relação de Luciano Huck com tais exigências é desconhecida. Com a vida que tem, a meu ver, e contrariamente a muito do que se ouve, é positivo que tenha pensado em governar um país destroçado, sejam quais forem suas ideias de corrigi-lo. Para Doria, o que é exigido de um presidente e o que dele se esperaria não importam.

O açodamento com que se lançou à autopropaganda país afora, dando as costas aos eleitores, aos compromissos e à cidade que lhe davam a oportunidade de governá-los, é de quem está submetido ao carreirismo de suas ambições. Um tipo de político que não falta.

O PODEROSO

Só agora, nas prisões mais recentes de companheiros de Sérgio Cabral, inclui-se o chefe da Casa Civil do último governo fluminense. O recebimento que lhe foi atribuído, para justificar a prisão, é inexpressivo no grupo: R$ 1,6 milhão. Régis Fichtner, no entanto, era considerado o mais poderoso abaixo do governador, não só pela autoridade ampla que lhe foi dada, como pela comum sujeição de Cabral às suas opiniões.

É tudo estranho na prisão do advogado e procurador Fichtner: a ocorrência mais de um ano depois da prisão de Cabral e de secretários, o valor invocado, a medida extrema sem fato novo a justificá-la. Só pode haver novidades guardadas. Bem, testas-de-ferro, ou laranjas, ainda não foram incomodados. No caso de Cabral como no de Aécio. E de São Paulo ?"ih, cala-te boca.
Herculano
26/11/2017 07:08
VERBA PARA CASAS PODE TER PAGO 'MORTADELAS', por Cláudio Humberto, na coluna que publicou neste domingo nos jornais brasileiros

Houve flagrantes de pagamentos em dinheiro para que pessoas muito simples, chamados "mortadelas", engrossassem manifestações lideradas por entidades como CUT e MST. A suspeita agora é que, além de dinheiro fácil do imposto sindical, pode ter sido usado verbas da modalidade "Entidades" do programa Minha Casa Minha Vida, que nos governos do PT rendeu R$1,03 bilhão a essas organizações.

NA MAIOR MOITA
Meio secreto, o Minha Casa Minha Vida "Entidades" foi descoberto quando Bruno Araújo assumiu Cidades no início do governo Temer.

DINHEIRODUTO
O ex-ministro Bruno Araújo havia revogado o Minha Casa Minha Vida "Entidades" em maio, mas depois recuou e reativou o dinheiroduto.

SANGRIA CONTINUA
Mantida, a versão "entidades" do Minha Casa Minha Vida já custou ao País, só este ano, quase R$800 milhões (exatos R$797 milhões)

COMO FUNCIONA?
Se uma "entidade" obtiver desapropriação de área invadida, a Caixa financia obras no local. Isso pode estar estimulando novas invasões.

BOLSA FAMÍLIA JÁ CUSTOU R$21,7 BILHõES Só ESTE ANO
O programa Bolsa Família custou ao País só este ano, até o fim de outubro, R$21,6 bilhões. O maior valor ainda é transferido para a Bahia: R$2,88 bilhões são distribuídos entre 6 milhões de beneficiados. São Paulo é 2º que mais recebe, R$ 2,08 bilhões. O governo Temer já lançou o "Progredir", porta de saída, mas não tem pressa: o Bolsa Família é, afinal, "o maior programa de compra de votos do mundo", conforme já o definiu o deputado Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE).

MUITA CALMA NESTA HORA
O Bolsa Família não pode parar de repente: além dos beneficiados, há toda uma economia, sobretudo no comércio, que depende dos valores.

ZONA DE CONFORTO
O "Progredir" prevê requalificação profissional com garantia de emprego, para estimular a saída da zona de conforto do Bolsa Família.

METADE NA BAHIA
São mais de 13,4 milhões de famílias que têm no Bolsa Família, na maioria dos casos, a única renda mensal. Quase metade é da Bahia.

MINAS SEM FORO
Minas Gerais é, do ponto de vista proporcional e absoluto, o Estado que menos concede o foro privilegiado a autoridades. Apesar de seus mais de 850 municípios, apenas 26 autoridades têm a regalia.

NOSSOS BOLSOS A SALVO
Entidades sindicais quase não arrecadam de trabalhadores rurais. A contribuição deles representa apenas 0,44% de toda a arrecadação dos sindicatos. A grana preta (que embolsavam) é dos cofres públicos.

ARTÍFICE DO ENTENDIMENTO
Será realizado no próximo dia 5, às 18h30, na biblioteca do Senado, o lançamento da biografia de Marco Maciel ex-senador e vice-presidente. O título é "Marco Maciel: Um Artífice do Entendimento" (Ed. Cepe).

SENADOR MURCHOU
Ministro do PMDB muito ligado ao presidente Michel Temer desdenha da sugestão de correligionários para expulsar também o senador alagoano: "Renan perdeu importância, virou um 'não problema'", diz.

LESA PÁTRIA
Assumindo o Terminal de Álcool de Maceió, as distribuidoras do Sudeste liquidariam a produção nordestina de álcool de cana, como sempre quiseram, inundando a região com álcool podre, de milho, importado dos Estados Unidos sem pagar impostos.

É PARA SEMPRE
Ao desistir do ex-deputado João Henrique na Secretaria de Governo, Michel Temer sabia que isso não mudaria a relação com ele. São velhos amigos. E até as respectivas viraram as melhores amigas.

GRANDES BRASILEIROS
Teotônio Vilela, o Menestrel das Alagoas, morreu há 34 anos e continua fazendo muita falta ao Brasil, tanto quanto o engaçadíssimo jornalista Apparício Torelly, o Barão de Itararé, falecido há 46 anos.

DINHEIRO É VENDAVAL
Parlamentares têm R$4,5 bilhões no orçamento de 2018 em emendas de bancada. Antes, toda a grana era destinada a obras nos estados. Agora, R$1,35 bilhão (30%) serão gastos na campanhas eleitorais.

PERGUNTA NA PAPUDA
Quem raios misturou com todos os outros aquele queijo apreendido na cueca do deputado?
Herculano
26/11/2017 07:05
BANCOS PARECEM VIVER NO PICO DA CRISE, por Vinicius Torres Freire, no jornal Folha de S. Paulo

No retrato que o Banco Central faz da situação do crédito todos os meses, os bancos ainda parecem quase tão estressados quanto nos piores momentos da recessão, em 2016.

Os bancos privados reservam um monte de dinheiro para cobrir possíveis calotes, monte quase da mesma altura daquele que guardavam na fase mais aguda da crise, o maior nível em 20 anos. E daí? Quanto maiores essas provisões, maiores as taxas de juros e menor a quantidade de crédito, em geral.

A inanição de crédito ajuda a emperrar esta minúscula recuperação econômica. O desastre na construção civil é outro motivo da lerdeza. Até mesmo a despesa em máquinas e equipamentos saiu do vermelho desde setembro, segundo contas do Ipea. Mas, na construção civil, o recuo é de 7% nos últimos 12 meses. Ainda é um colapso depressivo, devido ao encalhe de imóveis, ao corte brutal do investimento do governo e a danos colaterais da Lava Jato.

Em suma, a economia ainda purga excessos de dívidas públicas e privadas, de investimentos em imóveis e de investimentos ruins em infraestrutura e estatais. Ainda não foi bem contada a história dessa catástrofe, que começou com um colapso até súbito em crédito e investimento, entre abril e junho de 2014. Seja como for, a situação é ainda tão assustadora para justificar a posição dos bancos?

O caso não é apenas com os bancos, claro. Difícil dizer quanto do retranca se deve ao medo e ao endividamento ainda altos dos consumidores. De qualquer modo, o total de empréstimos bancários ainda encolhe ao ritmo anual de 4%, em termos reais. As concessões de empréstimos novos estão no ritmo horrível do início de 2016, apesar da discreta melhora recente nos empréstimos para pessoas físicas. As taxas de juros não estão
em nível muito diferente.

Ainda em março deste 2017, taxas de juros, spreads e provisões bancários estavam no nível mais alto da crise. No entanto, a taxa de inadimplência havia se estabilizado em meados de 2016 e baixa desde maio.

Desde o segundo trimestre, juros e spreads começaram a cair, mui lentamente, decerto. Mas as provisões continuam nas alturas desde março de 2016, o equivalente a pelo menos 8% da carteira de crédito dos bancos privados. Em duração e tamanho, é coisa que não se via desde que passaram as crises bancárias do Real, em 1997, crises que eram de outra espécie.

Os bancos são obrigados a se proteger com reservas contra calotes, mas podem ser mais conservadores ainda do que o necessário, embora tal atitude reduza o potencial de lucro. Sem análise especializada caso a caso, é fácil reclamar dessa prudência, digamos. Tanto quanto criticar bancos por serem irresponsáveis, quebrarem e causarem ruína ainda mais grave.

Ainda assim, os bancos ou seu nível de provisões parecem se comportar como no começo de 2016, quando se esperava recessão longa, os juros do BC estavam na lua, o desemprego explodia e a confiança econômica
estava em um buraco no chão.

Essa retranca emperra a baixa dos juros e o aumento de concessões de crédito, ressalte-se. Além da montanha da ruína do governo e desse Congresso indizível, crédito e construção civil são pedras no caminho da retomada.
Herculano
26/11/2017 07:02
KÁTIA DEBOCHA DE PLANO ELEITORAL DE TEMER, por Josias de Souza

Expulsa do PMDB por criticar Michel Temer e seu governo, a senadora Kátia Abreu, de Tocantins, debochou no Twitter de uma notícia sobre os planos eleitorais do presidente. Nela, informou-se que Temer pode disputar a reeleição ou apoiar um presidenciável que se disponha a defender o seu legado. "Só rindo", escreveu a senadora. "Nem os pífios reflexos positivos da economia o Temer consegue colar nele. É o efeito teflon ao contrário. Só rindo."

Kátia farejou na notícia as digitais de um investigado com acesso irrestrito à maçaneta do gabinete presidencial: "O conteúdo desta matéria fede a Moreira Franco", ela anotou, referindo-se ao scretário-geral da Presidência. "Beira o ridículo", prosseguiu a senadora, antes colocar em dúvida o interesse dos candidatos em associar a própria imagem a um presidente cuja popularidade encontra-se na "margem de erro" das pesquisas.

Para Kátia, a notícia denuncia "o isolamento do governo." A senadora arrematou sua manifestação com uma sugestão ao líder do governo no Senado e presidente do PMDB federal: "Quem sabe [Romero] Jucá leva Temer no seu palanque em Roraima pra dar exemplo."
Herculano
26/11/2017 06:58
A DIREÇÃO DO PEDRO 2º OFENDEU O COLÉGIO, por Elio Gaspari, nos jornais O Globo e Folha de S. Paulo

A juíza Vanessa Cavalieri, da Vara da Infância e da Juventude do Rio, ouviu o professor Bernardino Matos, diretor de uma unidade do sacrossanto colégio Pedro 2º, dizer que nunca ouvira falar de um caso de abuso sexual de uma estudante de 12 anos, ocorrido em 2015. Vapt-vupt, deu-lhe voz de prisão por falso testemunho e remeteu-o à 15ª Delegacia de Polícia. Ele se retratou e a juíza informou que o doutor mentiu para tentar preservar a instituição.

Se ele disse isso, foi um delírio irresponsável e megalomaníaco. A conduta do professor e da hierarquia do colégio empulharam o público ao longo de dois anos e atentaram contra o bom nome do Imperial Colégio Pedro 2º, fundado em 1837. Ele é tão especial que a Constituição garante sua permanência na órbita do governo federal. (Art. 242 § 2º.) Lá lecionaram Gonçalves Dias e Heitor Villa-Lobos e estudaram o Barão do Rio Branco e Rodrigues Alves. Como ninguém pode saber o que a vida fará da garotada, estudou também o deputado Jorge Picciani.

Desde 2015 a hierarquia do colégio varreu para baixo do tapete o caso da menina abusada sexualmente em três ocasiões, com a existência de um vídeo colocado na internet e com ameaças às colegas cuja famílias denunciavam o episódio. Em nota oficial, chegaram a acusar os pais por afirmações "difamatórias e inconsequentes". A direção da escola limitou-se a determinar que os três delinquentes juvenis, de 15 a 17 anos, concluíssem o ano letivo e fossem embora. Afirmar que eles foram expulsos é uma falsidade. Apesar dos pedidos de oito mães, os çábios não encaminharam o caso ao Conselho Tutelar. As mães o fizeram.

Segundo os doutores, tratava-se de preservar os menores. É difícil entender. Fica mais fácil louvar a juíza, que pôs um fim a uma conduta insensível, autoritária e de legalidade discutível dos hierarcas, todos adultos que provavelmente já tiveram filhas de 12 anos

O PMDB QUE EXPULSOU KÁTIA ABREU CONTINUA COM CUNHA E ABREU

Por unanimidade, o Conselho de Ética do PMDB decidiu expulsar do partido a senadora Kátia Abreu (TO) porque ela votou contra a deposição de Dilma Rousseff e a reforma trabalhista de Michel Temer.

O senador Romero Jucá, presidente do partido, saudou a decisão, dizendo que "a medida demonstra nova fase de posicionamento do partido".

Entre outros, continuam no PMDB: Sérgio Cabral, Eduardo Cunha e Jorge Picciani. Todos trancados.

O partido criou um slogan para alguns candidatos nas próximas eleições: "Estou solto e fui expulso do PMDB".

MADAME NATASHA

A boa senhora venera os advogados que batalham pelos seus clientes apanhados pela Lava Jato lembrando que os cidadãos têm direito a presunção da inocência e denunciam o que chamam de "Estado policial". Ela não entende por que tantas ações policiais acabam resultando na morte de "suspeitos". Outro dia, no morro do São Carlos, a PM do Rio matou "cinco suspeitos".

Natasha pede que não se agrida o idioma, a menos que se informe, em cada caso, o critério usado para atribuir ao morto a qualificação de "suspeito".

CUECAS

O deputado Celso Jacob (PMDB-RJ) foi apanhado com biscoitos e queijo escondidos na cueca quando retornou à penitenciária da Papuda, onde cumpre pena em regime semiaberto. Foi mandado à tranca por sete dias.

Em 2005, o chefe de gabinete do deputado José Guimarães (PT-CE) foi preso no aeroporto de Congonhas com US$ 100 mil na cueca.

Mudou o Brasil. As cuecas hoje servem para esconder comidinhas de presos

TRIGÊMEAS LOTERIO CONTINUAM GANHANDO MEDALHAS DE MATEMÁTICA

Em 2015, o Brasil soube da existência das trigêmeas Loterio, jovens estudantes de Santa Leopoldina, da zona rural de Vitória. Vivendo a 21 quilômetros da escola, numa propriedade sem acesso à internet, tiveram a ajuda dos pais e de uma professora abnegada.

Fábia, Fabiele e Fabíola Loterio, de 15 anos, conquistaram três medalhas de ouro na Olimpíada de Matemática das Escolas Públicas. O Brasil era presidido por Dilma Rousseff e a Câmara dos Deputados, por Eduardo Cunha. Sérgio Cabral reinava no Rio de Janeiro, governado por seu candidato.

Passaram-se três anos, Cabral e Cunha estão na cadeia, Michel Temer está no Planalto e o país está com a sensação de que tudo deu errado. Tudo, menos as trigêmeas Loterio.

Em 2016, elas voltaram à Olimpíada e ganharam uma medalha de prata e duas de bronze. Estavam matriculadas no Instituto Federal do Espírito Santo, em regime de tempo integral.

Acabam de ser divulgados os resultados da Olimpíada de 2017. Fabíola ganhou uma medalha de ouro, Fabia e Fabiele ficaram com pratas. As três prestaram a prova do Enem e pretendem cursar matemática na Federal do Espírito Santo.

Em três anos, muita coisa que poderia ter dado certo deu errado, mas as trigêmeas Loterio mostram que as coisas boas também acontecem.

(Por pouco, as modestas bolsas do Programa de Iniciação Científica, que pagavam aulas aos medalhistas das Olimpíadas, não morreram na mão dos educatecas de Brasília.)

DOIS MESES DE MISTÉRIO NA MORTE DO REITOR

No próximo sábado completam-se dois meses da manhã em que se matou o reitor da Universidade Federal de Santa Catarina, Luiz Carlos Cancellier.

Desde então, sabe-se que Robert Mugabe perdeu o trono do Zimbábue e que a Justiça devolveu Jorge Picciani à cadeia. Só não se conhecem os resultados das investigações que permitiriam "maior aprofundamento na análise" das denúncias que levaram a Polícia Federal a pedir e a conseguir que a Justiça mandasse prendê-lo. Levado para a carceragem, ele foi solto com a proibição de pisar na UFSC. Seu corpo voltou à universidade para o velório.

A operação "Ouvidos Moucos" mobilizou 105 policiais e foram presas outras seis pessoas. A PF anunciou que haviam desviado R$ 80 milhões de um programa de ensino à distância. Falso, esse era o montante do programa. O desvio teria sido, no máximo, de R$ 500 mil.

Sabe-se que Cancellier não era acusado de ter desviado um só tostão. O corregedor Rodolfo Hickel do Prado denunciava-o por tentar obstruir investigações. Ele pediu licença médica e daqui a pouco voltará ao serviço.

Não se trata apenas de saber o que o reitor fez de errado. Trata-se de saber em que resultou a investigação da "Ouvidos Moucos". Até agora, nada.

Sabe-se, contudo, que o matemático Acioli Antônio de Olivo pediu, em nome da família, que o Ministério da Justiça abra um "procedimento de responsabilidade administrativa, civil e penal" para apurar a conduta da delegada Érika Mialik Marena, que solicitou as prisões. (Criadora da expressão Lava Jato, ela é interpretada pela atriz Flavia Alessandra no filme "A Lei é Para Todos".) O pedido começou a tramitar
Herculano
25/11/2017 20:28
FIM DO IMPOSTO SINDICAL CAUSARÁ A DEMISSÃO DE ATÉ 100 MIL SINDICALISTAS, por Marcelo Faria, do Instituto Liberal de São Paulo

A extinção do imposto sindical trazida pela reforma trabalhista pode levar à demissão de até 100 mil sindicalistas de acordo com o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), ligado à Central Única dos Trabalhadores (CUT).

A estrutura sindical brasileira possui cerca de 300 mil sindicalistas, sendo 115 mil funcionários diretos e 185 mil terceirizados. Os cortes devem ser diluídos nos próximos meses, mas já começaram.

O próprio Dieese espera um orçamento menor para 2018: no máximo R$ 30 milhões, contra os R$ 45 milhões de 2017. O Sindicato dos Comerciários de São Paulo, que tinha 600 empregados, demitiu 67 por meio de PDV (Plano de Demissão Voluntária) e mais 35 diretamente. O Sindicato dos Trabalhadores da Construção Civil de São Paulo (Sintracon-SP) tinha 230 funcionários no início do ano e já demitiu 72.

As principais centrais também sentem o fim do dinheiro tomado a força dos trabalhadores. A Central Única dos Trabalhadores (CUT) organiza um PDV e a União Geral dos Trabalhadores (UGT) demitiu funcionários e vai para uma sede menor.
Herculano
25/11/2017 20:19
A ORGIA DOS GASTOS PÚBLICOS, por Rodrigo Constantino, na revista IstoÉ.

O Banco Mundial entregou essa semana ao nosso governo um relatório com diagnóstico detalhado sobre os gastos públicos no Brasil. Em que pesem divergências legítimas quanto às propostas sugeridas, como taxar aposentadorias de alta renda, uma coisa é fato inegável: o grande vilão das nossas contas públicas é o excessivo gasto estatal.

Além de gastar muito, o estado gasta mal, de forma ineficiente e injusta. O foco do estudo do Bird foi também a equidade. A conclusão não é nada favorável: os governos (federal, estaduais e municipais) gastam mais do que podem; os gastos são ineficientes, pois não cumprem seus objetivos; e, em muitos casos, de forma injusta, beneficiando os ricos em detrimento dos mais pobres.

O caso mais gritante é mesmo o da Previdência: o estudo aponta que 35% dos subsídios beneficiam aqueles que estão entre os 20% mais ricos. E apenas 18% dos subsídios vão para os 40% mais pobres. Na aposentadoria do serviço público, a injustiça é ainda maior. O subsídio para os servidores federais custam o equivalente a 1,2% do PIB e, no caso dos servidores estaduais e municipais, mais 0,8% do PIB.

Não chegam a ser novidades, ao menos não para quem acompanha mais de perto as finanças públicas. Sob o pretexto de fazer a "justiça social", impedir os "abusos do mercado" e "distribuir renda", o estado brasileiro tornou-se a maior máquina de injustiças, distribuindo privilégios, criando uma casta de favorecidos e jogando o enorme fardo nas costas da população trabalhadora e empreendedora.

Ainda sob a influência da "luta de classes" marxista, o modelo brasileiro criou uma outra luta de classes bem diferente daquela imaginada pelo barbudo comunista: uma entre quem produz riquezas e quem só as consome, entre pagadores e consumidores de impostos, entre população e estado. Não se trata de rico contra pobre.

Diante disso, o que fazer? A receita técnica é relativamente simples, sendo a maior dificuldade sua implementação política mesmo. É preciso reduzir drasticamente o tamanho e o escopo do estado, privatizar estatais, cortar privilégios do setor público, aprovar uma reforma previdenciária para valer. São medidas de puro bom senso, mas que no Brasil, ainda dominado pelo pensamento de esquerda, viram sinônimo de "neoliberalismo", como se isso fosse algo terrível.

Mas quem vai liderar uma agenda de reformas estruturais nesse sentido? Em termos de candidatos a presidente para 2018, sobram poucas esperanças. Tampouco é viável imaginar um Congresso totalmente reformulado e com viés bem mais liberal. São muitos interesses concentrados em jogo, e em nosso sistema político os interesses difusos do povo ficam em segundo plano. Isso assumindo que o povo entende mesmo a urgência dessas mudanças, premissa otimista demais.

Em nosso sistema político, os interesses difusos do povo ficam em segundo plano
Herculano
25/11/2017 20:15
O ACORDÃO SOBRE O FORO PRIVILEGIADO

Conteúdo de O Antagonista."O ideal é articular um texto entre os três poderes."

Foi o que disse Rodrigo Maia a Andréia Sadi, do G1, sobre as propostas de restrição do foro privilegiado, que vêm sendo analisadas tanto na Câmara quanto no STF.

Maia afirmou que vai se reunir com Eunício de Oliveira neste domingo e discutir o tema com Cármen Lúcia na terça-feira.

Questionado se há previsão para votar a proposta na Câmara, ele respondeu:

"Neste ano não dá mais. Mas, se houver diálogo na construção da proposta, vota no ano que vem. Agora, não vou dar data porque precisa primeiro discutir o assunto."

De modo semelhante, o ministro Dias Toffoli disse à repórter na sexta-feira que não vai devolver o processo para votação em plenário em 2017.

"Assim que eu tiver uma posição [devolverei], mas neste ano não mais."

O establishment não tem pressa para perder a própria blindagem.
Herculano
25/11/2017 20:12
SAFE PAIR OF HANDS, por Murilo Aragão, na revista IstoÉ

O clima de apatia do povo brasileiro em relação ao futuro político do País contrasta com a insistente mobilização de certos setores da mídia e da sociedade, o que dá uma pista sobre o que queremos para 2018: um presidente que passe tranquilidade à sociedade.

No entanto, ao olharmos as pesquisas de intenção de voto para as eleições presidenciais de 2018, o que está sinalizado não nos transmite tranquilidade. O ex-presidente Lula (PT) e o deputado Jair Bolsonaro (PSC-RJ), os líderes do momento, emanam incerteza. Lula é um enigma, pois usa de uma narrativa que remete ao candidato derrotado em 1998, na disputa contra Collor de Mello. Bolsonaro, à parte o discurso sobre segurança pública, não diz coisa com coisa.

Assim, onde está o "safe pair of hands" que o Brasil intimamente parece desejar? Não sei. O que sei é que os líderes de hoje podem não ser os mesmos do ano que vem. Lula está na dianteira, por outro lado lidera também o índice de rejeição. Suas vitórias anteriores decorreram de um discurso que não existe mais.

Bolsonaro é um produto das circunstâncias que, para se consolidar, terá que: a) não cometer erros; b) passar mensagens tranquilizadoras; e c) superar o imenso preconceito que sofre na imprensa. Paradoxalmente, ele só terá chances, na minha opinião, se chegar ao segundo turno disputando a cadeira presidencial com Lula.

Voltando ao tema central de minha reflexão: de quem será o par de mãos confiáveis para liderar o Brasil em 2019? Quatro nomes despontam como pré-candidatos: o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB-SP); o prefeito da capital paulista, João Doria (PSDB-SP); o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles (PSD); e o apresentador de tevê Luciano Huck (sem partido). Para a maioria da população, o ex-ministro Ciro Gomes (PDT-CE), por seu caráter histriônico, não entra na lista dos confiáveis.

O ex-ministro do Supremo Tribunal Federal Joaquim Barbosa (sem partido) é uma incógnita.

Um centro político desunido pode favorecer os candidatos dos extremos, em um fenômeno parecido com o que ocorreu na eleição municipal do Rio de Janeiro. No entanto, como a história se repete como farsa, tudo pode acontecer. O fato é que o cenário eleitoral para 2018 continua nublado.

E a incerteza aumenta por conta de fatores que tornam essas eleições bastante diferentes das anteriores e, em especial, do último páreo presidencial. O que muda? Quase tudo. Não haverá financiamento empresarial nas campanhas. As redes sociais serão muito mais importantes do que antes na divulgação de nomes e ideias. Seremos inundados por "fake news". Teremos limites de gasto por tipo de candidatura.

Assim, a busca por um "safe pair of hands" está apenas começando. Mas parece ser a busca que a maioria dos eleitores desejará fazer a partir de agora. Principalmente se o ambiente econômico continuar a melhorar.
Herculano
25/11/2017 20:10
A COLUNA OLHANDO A MARÉ, DE SEGUNDA-FEIRA, JÁ ESTÁ PRONTA.
Herculano
25/11/2017 09:51
TEMER É OPERADO E PASSA BEM

Conteúdo da Agência Brasil. O presidente da República Michel Temer (PMDB) passa bem, após ser submetido a procedimento de angioplastia no coração. A informação é do boletim do Hospital Sírio-Libanês, divulgado pela equipe médica que o atendeu, no início da madrugada deste sábado (25). A previsão é de que o presidente fique internado até a próxima segunda-feira (27).
O boletim da equipe médica responsável pelo atendimento informa que o procedimento de angioplastia no coração do presidente foi bem-sucedido e ele se recupera na unidade coronariana da instituição.

A cirurgia serviu para implantar stents em três artérias coronárias de Temer. O stent é um minúsculo tubo em forma de malha e expansível, usado para desobstrução arterial e melhorar o fluxo sanguíneo no coração. A obstrução das artérias leva menos oxigênio ao músculo cardíaco, elevando o risco de enfarto.

Temer deu entrada no hospital às 19h04 para revisão médica e, após reavaliação urológica, iniciaria um cateterismo. O procedimento consiste em uma introdução de um catéter (tubo extremamente fino) pela artéria do braço ou da perna que vai até o coração e serviria para investigar uma obstrução parcial em uma artéria coronariana.
Herculano
25/11/2017 09:37
TEMER NEGOCIA FRENTE DE SIGLAS PARA DEFENDER LEGADO E ISOLAR LULA

Conteúdo do jornal O Estado de S. Paulo. Texto de Veja. O presidente Michel Temer começa a desenhar a estratégia para seu último ano de governo e para as eleições de 2018. A ideia é construir uma ampla frente de centro-direita para enfrentar a batalha pela aprovação da reforma da Previdência e de outras pautas econômicas e mantê-la unida até a disputa eleitoral de outubro.

Com mais da metade do tempo de TV, esta frente incluiria PMDB, PSDB, DEM, PR, PRB, PP e PSD e seria capaz de fazer a defesa do legado de Temer, além de se contrapor e até isolar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, líder nas pesquisas.

Segundo auxiliares de Temer, caso a estratégia prospere, o nome será escolhido no ano que vem. Os preferidos do presidente são o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles (PSD), o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e o prefeito de São Paulo, João Doria (PSDB). O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), pode ser o escolhido, mas precisa se reaproximar do PMDB e de Temer. A candidatura do próprio presidente não está descartada, apesar dos apenas 3% de aprovação nas pesquisas. Ele próprio se coloca como o "último da fila".

Quem vier a ser o escolhido terá de defender a gestão Temer, iniciada em 2016, após o impeachment de Dilma Rousseff. O Planalto avalia hoje que os índices econômicos estarão mais favoráveis no próximo ano e que o governo terá um capital eleitoral positivo.

A tarefa de Temer é de difícil execução e consiste em, antes de mais nada, aprovar uma pauta econômica no Congresso que permita acelerar a geração de empregos. Com o vento a favor e a caneta nas mãos, o presidente espera reduzir a influência da ala do PSDB que defende o desembarque do governo e manter a coesão da frente até as eleições.

A estratégia do Planalto se divide em três frentes que se complementam. No front político, Temer faz questão de deixar a discussão de nomes em aberto. Aliados comparam a ação do presidente com a política "de raiz" praticada pelo velho PSD de Juscelino Kubitschek, que teve ministros em todos governos entre 1945 e 1965, e citam despistes e salamaleques feitos pelas raposas do PMDB como exemplo da habilidade do presidente e seus homens de confiança.

Escolha

Pelo roteiro traçado pelo presidente, a escolha do nome seria entre abril e junho do ano que vem. Auxiliares de Temer apostam que, se as estratégias no Congresso e na economia funcionarem, a manutenção da aliança será natural. Com os sete principais partidos o candidato do governo teria mais de 6 minutos dos 12,5 minutos de cada bloco do horário eleitoral. Já Lula, isolado, teria apenas 1,5 minuto do PT.

Temer quer aprovar no Congresso Nacional as emendas constitucionais da reforma da Previdência e a simplificação tributária, além das medidas provisórias que criam o novo Fundo de Financiamento Estudantil (Fies), alteram as normas para exploração mineral e adiam o aumento de contribuição previdenciária do funcionalismo.

Além disso, o governo deve agilizar as votações de projetos de lei que agradam a setores importantes do Congresso como os que reduzem a multa sobre o FGTS, permitem a participação de estrangeiros em empresas aéreas, modernizam as regras para o setor de telecomunicações, autorizam a venda de terras para estrangeiros, agilizam os procedimentos de licenciamento ambiental e alteram as agências reguladoras.

Outro front é o econômico

Na pauta do governo estão os leilões para exploração de petróleo e gás e distribuição de energia elétrica e o acompanhamento da implementação das novas leis trabalhistas. Em conversas com Temer, empresários garantiram que com estas medidas a criação de empregos vai acelerar em 2018.

O dono da Riachuelo, Flávio Rocha, falou na criação de 4 mil postos intermitentes e 8 mil temporários e representantes da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit) estimaram 100 mil novas vagas no setor.

Os empregos, no entanto, estão condicionados às pautas no Congresso, especialmente à reforma da Previdência. "Ou a reforma vem ou a crise volta", disse o economista Marcos Lisboa, do Insper, a Temer na semana passada.
Herculano
25/11/2017 09:12
CONFEDERAÇÃO DA INDÚSTRIA DEFENDE TERCEIRIZAÇÃO NO STF, por Matheus Teixeira, do blog Jota, especializado em noticias jurídicas.

As críticas dos opositores da lei que ampliou a possibilidade de terceirização para a atividade-fim se resumem à afirmação infundada de que as novas normas irão precarizar os direitos dos trabalhadores. Mas eles estão equivocados, pois as novas regras não ferem os direitos fundamentais previstos na Constituição e têm como objetivo, na verdade, a elevação da capacidade competitiva das empresas, o dinamismo econômico e a viabilização da criação de empregos.

Esses são os argumentos apresentados pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) na petição em que pede ao Supremo Tribunal Federal para ser admitida como amicus curiae nas cinco ações diretas de inconstitucionalidade contrárias à Lei 13.429/2017, aprovada no início deste ano pelo Congresso Nacional. As ADI's ?" duas de autoria de entidades de trabalhadores, outras duas assinadas por partidos e uma pela Procuradoria-Geral da República ?" estão sob relatoria do ministro Gilmar Mendes.

As ações alegam, em suma, a inconstitucionalidade da legislação por ofender o princípio da dignidade da pessoa; a consagração dos valores sociais do trabalho e da livre iniciativa; e a prevalência dos direitos humanos. Também afirmam que permitir a terceirização em toda administração pública viola o preceito fundamental do concurso público.

A CNI, no entanto, rebate todos os pontos questionados. Segundo o advogado Cassio Augusto Borges, que assina a peça, as novas normas são positivas e facilitam a integração de empresas em processos de fornecimento de bens e serviços que compõem o produto final. "Está claro que a Lei 4.329/2017 não se propõe, nem por um instante, a minimizar a importância dos direitos fundamentais do trabalhador. Tampouco o panorama da terceirização foi objeto de filtros constitucionais, a despeito de não ser um fenômeno recente", argumenta.

Para a indústria, ressalta a CNI, a regulamentação da terceirização é um importante passo para a economia brasileira ser mais competitiva em relação ao mercado mundial, pois estimula a atividade produtiva "por meio de um ambiente de negócio mais saudável, atrativo e seguro".

Borges destaca que nenhum direito fundamental foi violado, pois o trabalhador que estabelece vínculo com uma empresa prestadora de serviço é celetista e tem todas as garantias daí decorrentes, além de outras previstas em convenções coletivas. Assim, conclui o advogado, não há nada que distinga, juridicamente, o trabalhador contratado diretamente pela empresa do terceirizado.

As teses apresentadas na ações, diz a CNI, assentam-se em uma complexa construção interpretativa da Constituição que tem como único objetivo alcançar a conclusão defendida. "A propósito do tom categórico dos autores, é de se questionar o quão desatento teria andado o constituinte originário e/ou reformador, se (como bradam os autores) a possibilidade de terceirização da atividade-fim das empresas carregasse tamanho poder atentatório e destrutivo de princípios constitucionais tão caros, e ainda assim, não cuidaram aqueles de cravar na Carta proibição expressa da prática".

A regulamentação do tema é uma grande conquista e refletirá em mais segurança jurídica e também na proteção dos trabalhadores, além de equilíbrio e estabilidade nas relações de trabalho após anos de batalhas judiciais, sustenta a confederação.
Herculano
25/11/2017 09:09
GLEISI ACHA PERIGOSO DEMAIS O CLUBE QUE FREQUENTA, por Augusto Nunes, de Veja

Durante um seminário sobre a reforma trabalhista organizado pela CUT, a senadora Gleisi Hoffmann tentou explicar por que rejeita a aposentadoria do presidencialismo vigarista implantado pelo partido que preside: "Nós já tivemos dois plebiscitos e o povo brasileiro disse que não queria parlamentarismo", lembrou. "Agora eles querem instituir o parlamentarismo com esse Congresso".

Faz sentido. Não pode ser confiável um Congresso em que uma Gleisi desfila na comissão de frente, escoltada por Vanessa Grazziotin, Humberto Costa e Lindbergh Farias. Mas quem seria essa gente que a senadora, imitando Lula, junta num balaio denominado "eles"? Certamente estão fora dessa misteriosa entidade os colegas Fernando Collor, Renan Calheiros e outros prontuários que, na meia idade, viraram amigos de infância do deus da seita.

Esses, repito, nasceram uns para os outros. E a qualquer momento estarão dividindo uma cela com o chefão do maior esquema corrupto da história
Herculano
25/11/2017 09:04
PRESIDENE DA CÂMARA ADMITE QUE FOR PRIVILEGIADO É EXCESSIVO E PEDE AJUSTE, por Josias de Souza

O presidente da Câmara reconhece: o foro privilegido "não pode ficar do jeito que está, é um excesso." Em entrevista, Rodrigo Maia (DEM-RJ) informou que articula uma proposta de emenda constitucional para ajustar o mecanismo. Já conversou com a procuradora-geral da República, Raquel Dodge. Ouvirá o presidente do Senado, Eunício Oliveira (PMDB-CE), neste domingo. E marcou para a próxima terça-feira encontro com a presidente do Supremo Tribunal Federal, Cármen Lúcia. "Chegaremos a um texto de consenso e de bom senso", afirmou.

Maia classificou de "corretíssima" a posição que prevaleceu no plenário do Supremo, na última quinta-feira, pelo placar provisório de 7 a 1. A fórmula foi sugerida pelo ministro Luís Roberto Barroso. Prevê uma redução da abrangência do foro privilegiado. Valeria apenas para os crimes praticados no exercício do mandato e em função do cargo. Todos os outros delitos desceriam da Suprema Corte para a primeira Instância do Judiciário. "Se fizermos isso por meio de uma emenda constitucional, aprovada na Câmara e no Senado, estaremos legitimando de forma democrática a decisão do Supremo", declarou Maia.

O deputado aplaudiu o gesto do ministro Dias Toffoli, que pediu vista do processo, impedindo a proclamação do veredicto do julgamento sobre o foro. "Foi importante, porque dá a todos nós a oportunidade para construir um texto de harmonia. Ele nos deu essa oportunidade. E a gente não pode perder."

A mudança vai demorar?, quis saber o repórter. E Maia: "Pode levar muito tempo ou pode sair rapidamente. Se for feito por acordo, a gente pode resolver logo no início do próximo ano. O que eu não quero é que pareça que a Câmara está trabalhando contra, confrontando, brigando."

De antemão, Maia fez um aviso: "A limitação do foro não pode ser só para o político. Tem que ser para todo mundo." Ele exemplificou: "Magistrados, procuradores, comandantes das Forças Armadas, vale para todo mundo." Vai abaixo a íntegra da conversa:

- Há alguma hipótese de a Câmara apressar a aprovação da emenda constitucional que elimina o foro privilegiado? Vou conversar na terça-feira com a ministra Cármen Lúcia. Antes, no domingo, conversarei com o Eunício [Oliveira]. Quero construir um texto coletivo. Não acho razoável termos um texto contra ou a favor de ninguém. Quero um texto à altura da mudança que a sociedade espera da Câmara.

- Esse texto não será aquele que veio do Senado e que foi aprovado na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara nesta semana? Não necessariamente. O que eu quero, como presidente da Câmara, é um texto que reproduza a expectativa da sociedade.

- Não acha que a expectativa da sociedade é a de eliminar por completo o foro privilegiado? Nosso papel é chegar a um texto que represente aquilo que a sociedade deseja, com algum equilíbrio. Se ouvirmos os ministros do Supremo, a Procuradoria e o presidente do Senado, nós chegaremos a um texto de consenso e de bom senso. A sociedade sempre quer o extremo. E acho que ela tem razão, porque está muito machucada com tudo o que está vendo. Mas o nosso papel, sem desconsiderar a posição extremada da sociedade, é construir uma proposta razoável. Creio que chegaremos a um texto bom. Não quero que seja um texto que pareça que trabalhamos contra o Supremo ou a Procuradoria ou mesmo o Executivo. Tem que ser uma formulação que leve em conta a harmonia entre os Poderes.

- Isso levará muito tempo? Pode levar muito tempo ou pode sair rapidamente. Se for feito por acordo, a gente pode resolver logo no início do próximo ano. O que eu não quero é que pareça que a Câmara está trabalhando contra, confrontando, brigando. Isso não leva o Brasil a lugar nenhum. Pedi uma audiência à presidente do Supremo. Será na terça-feira. E estive com a procuradora-geral Raquel Dodge, na semana passada, para dizer isso: vamos construir um texto juntos. É isso o que o Brasil espera de nós. Um texto em que a gente assegure o equilíbrio e a harmonia entre os Poderes e, ao mesmo tempo, contemple o entendimento de que a sociedade espera outra coisa da política. E a política precisa dar respostas.

- O que disse exatamente à procuradora Raquel Dodge? Falei sobre essa questão do foro. Disse que não sabia o que o Supremo decidiria. E afirmei que, se o Supremo não encerrasse o julgamento, queria construir junto um texto. Eu disse: olha, doutora Raquel, não sei o que o Supremo fará. Mas se o Supremo não terminar, espero que a gente possa sentar e construir um texto. Não será um texto da corporação política, do Judiciário ou da Procuradoria. Será um texto conjunto, que contemple aquilo que a sociedade espera de nós.

- Considerou adequado o pedido de vista do ministro Dias Toffoli? A decisão do Toffoli foi importante porque dá a todos nós a oportunidade para construir um texto de harmonia. Ele nos deu essa oportunidade. E a gente não pode perder essa oportunidade.

- Não acha que a decisão do Supremo, já aprovada pela maioria dos ministros, seria adequada ao prever que o foro especial valeria apenas para os crimes praticados no exercício do mandato e em função cargo? O mais legítimo é que o Congresso decida. Não falei nada antes do julgamento do Supremo. Mas avalio que o que vai legitimar uma decisão como essa é a aprovação legislativa. O próprio Congresso, em diálogo com a Procuradoria e o Supremo, precisa entender que não pode ficar do jeito que está, é um excesso. Podemos constuir um texto que respeite o mandato, como está colocado pelo próprio Supremo, delegando para a primeira instância aquilo que for de responsabilidade dela.

- A formulação que preserva o foro apenas para os delitos praticados no exercício do mandato e relacionados ao cargo lhe pareceu adequada? Acho que é o justo, é o correto. Nada do que vem do passado pode ser protegido pelo foro. É preciso que todos entendam isso. Também acho que a limitação do foro não pode ser só para o político. Tem que ser para todo mundo.

- Valeria também para magistrados? Magistrados, procuradores, comandantes das Forças Armadas, vale para todo mundo. Ninguém pode estar protegido pela lei. A lei precisa assegurar o amplo direito de defesa, não proteção especial.

- Considera importante excluir crimes alheios ao mandato, como agressões à mulher, estupros, atropelamentos e outros delitos? Creio que sim. Do contrário, seria usar o mandato para se beneficiar por erros cometidos fora dele. Que responda na primeira instância. Acho que a decisão do Supremo está corretíssima. Mas se fizermos isso por meio de uma emenda constitucional, aprovada na Câmara e no Senado, estaremos legitimando de forma democrática a decisão do Supremo.

- E quanto à reforma Previdência, está mais otimista? Hoje, estou mais otimista do que ontem.

- O que mudou? Conversei com os líderes nesta sexta-feira. E acho que a gente tem alguma chance de chegar nos 308 votos. Não é grande, mas temos alguma chance.

- Há um compromisso de votar no início de dezembro? Gostaria de votar amanha. Mas sem votos não posso votar amanhã. Como é um tema tão importante para o futuro do Brasil, se eu der uma data e não cumprir o impacto será grande. Então, eu tenho que saber construir a mairia, se for possível, para indicar uma data.
Herculano
25/11/2017 08:59
QUANDO ROBERT MUGABE FICOU MAL, por Demétrio Magnoli, geógrafo e e sociólogo, no jornal Folha de S. Paulo

O Zimbábue é uma ilustração de manual do contraste entre a história convencional e a "história esquecida". Segundo a narrativa padrão, Robert Mugabe ficou malvado no final da década de 90, quando deflagrou um programa de confisco de terras dos fazendeiros brancos para redistribuição entre os "veteranos de guerra" ?"isto é, de fato, a poderosa velha guarda da Zanu-PF, o partido dirigente.

Virtualmente não se menciona a série de massacres promovidos por Mugabe, 15 anos antes, contra a minoria étnica ndebele. O Gukurahundi, como ficaram conhecidas as matanças de civis em Matabeleland, no oeste do país, deixou cerca de 20 mil mortos e, crucialmente, cimentou o poder do ditador.

O "último dos pais da pátria" na África ?"é assim que geralmente se descreve Mugabe. Mas só o mito engendrado pela Zanu-PF sustenta o hábito de elevá-lo ao panteão de ícones da libertação africana como Patrice Lumumba, Kwame Nkrumah, Jomo Kenyatta, Julius Nyerere, Kenneth Kaunda ou Samora Machel.

A principal organização de luta armada contra o regime de minoria branca da Rodésia do Sul (atual Zimbábue) era a Zapo, do ndebele Joshua Nkomo, apoiada pela URSS, não a Zanu, apoiada pela China, cuja liderança só passou a Mugabe dois anos antes do Acordo de Lancaster House (1979), que encerrou a guerra civil.

Oriundo da maioria shona, Mugabe nunca foi um líder popular. Seu triunfo contra Nkomo, nas eleições de 1980, derivou da implacável campanha de intimidação conduzida pela Zanu entre os shona, forçados a votar segundo linhas étnicas.

Um ano depois, Mugabe afastou Nkomo do ministério e deflagrou a repressão contra a Zapo. Na sequência, sua Quinta Brigada, treinada na Coreia do Norte, iniciou o Gukurahundi, dizimando a base política da Zapo e instalando regime de partido único.

Margaret Thatcher e Ronald Reagan fingiram que nada de especial acontecia. A África do Sul experimentava as turbulências da luta antiapartheid. Governos pró-soviéticos tinham se instalado em Moçambique e Angola.

No cenário da Guerra Fria, Londres e Washington assistiam, satisfeitos, à supressão dos vestígios de influência da URSS no Zimbábue. Além disso, Mugabe conservava o país na órbita econômica do Ocidente e preservava os direitos dos agricultores brancos. Quem, nessas condições, se importaria com o destino dos ndebele?

O Zimbábue era um dos raros casos de sucesso na África, graças aos cultivos modernos de algodão e milho nas terras férteis de Matabeleland, drenadas pelo Zambeze e seus afluentes.

O confisco das fazendas dos brancos e sua transferência para os "camaradas" do partido dirigente foi um intercâmbio político: Mugabe comprava sua eternização no poder, pagando-a com a ruína do país. Os novos fazendeiros não plantaram coisa alguma, e nem precisavam, pois o regime garantiu-lhes subsídios públicos pela vida.

O Zimbábue passou a imprimir dinheiro, mergulhou na hiperinflação e conheceu brutal retrocesso produtivo. O PIB per capita desabou, em termos reais, de quase US$ 1.300, em 1998, para menos de US$ 600, em 2008, enquanto a taxa de desemprego superava os 80%. Aí, no Ocidente e na imprensa internacional, nasceu o Mugabe malvado.

Nem todos afastaram-se do tirano. A Rússia de Putin e a China dos negócios no exterior ficaram com Mugabe. A "reforma agrária", exibida como capítulo derradeiro da guerra de libertação, ganhou aplausos de uma ala do Congresso Nacional Africano, que governa a África do Sul, e da mesma depravada esquerda latino-americana que celebra a ditadura venezuelana.

O ditador não caiu pelos massacres dos ndebele, pelas violências contra oposicionistas ou por ter destruído a economia de sua nação em apenas uma década, mas pela ousadia suprema de trair a velha guarda para presentear sua mulher com o trono da república. Então, a Zanu-PF descobriu que Mugabe é malvado
Herculano
25/11/2017 08:57
A REBELIÃO DOS JUÍZES, por Oscar Vilhena Vieira, pós doutor em Direito, para o jornal Folha de S. Paulo

O poder dos juízes brasileiros de apreciar a constitucionalidade das leis antes de aplicá-las é tão antigo como a própria República. A exposição de motivos do decreto 848 de 1890, que instituiu a nossa Justiça Federal, já ressaltava: "A magistratura, que agora se instala no país graças ao regime republicano, não é instrumento cego, ou mero intérprete, na execução dos atos do Poder Legislativo. Antes de aplicar a lei cabe-lhe o direito de exame, podendo dar-lhe ou recusar-lhe sanção (...). Aí está posta a profunda diversidade de índole entre o Poder Judiciário, tal como instituído no regime decaído, e aquele que agora se inaugura".

Antes que algum incauto se exaspere ?"e muitos já têm se manifestado sobre o "absurdo" de magistrados trabalhistas estarem resistindo a dar aplicação integral à reforma?", essa atribuição da Justiça brasileira não é uma jabuticaba, mas sim um instituto que tomamos emprestado do constitucionalismo norte-americano. Foi Marshall, no famoso caso Marbury versus Madison, de 1803, que pontificou ser da "província do Judiciário" resolver o conflito entre normas, dando prevalência àquelas de hierarquia superior; no caso, à Constituição. Se assim não fosse, maiorias parlamentares circunstanciais teriam o poder de revogar o pacto constitucional.

Nosso sistema de controle de constitucionalidade evoluiu muito desde nossa primeira Constituição republicana. A paulatina concentração de poderes nas mãos do Supremo Tribunal Federal, mesmo depois da emenda 45 ?"que estabeleceu as súmulas vinculantes e a repercussão geral?", não retirou dos juízes de primeira instância, no entanto, a competência para proteger os direitos fundamentais de eventuais ataques do legislador ordinário (artigo 5º., XXXV, da CF). E essa é uma cláusula pétrea da Constituição.

Foi com base nesse direito fundamental que milhares de cidadãos brasileiros recorreram ao Judiciário contra o famigerado Plano Collor, que congelou poupanças e outros ativos financeiros da população, numa clara afronta ao direito de propriedade. Como o Supremo dormiu no ponto e não invalidou imediatamente as violações à Constituição, coube aos juízes de primeira instância fazê-lo.

Para tentar barrar a enxurrada de ações, o governo chegou a editar medida provisória que impedia a concessão de medidas cautelares contra o plano econômico de Collor. Mais uma vez o Supremo vacilou. O ministro Sepúlveda Pertence, no entanto, reconheceu que, no caso concreto, cada juiz, por intermédio do sistema difuso de controle de constitucionalidade, poderia deixar de aplicar à medida provisória caso a considerasse inconstitucional. Deu-se, assim, uma impressionante "rebelião do baixo clero judicial", que nos salvou do arbítrio de Collor, que contava, àquele momento, com a conivência do Legislativo e a omissão do Supremo.

Não se nega a necessidade da atualização da legislação trabalhista. Há, porém, pontos juridicamente discutíveis, que serão contestados no Judiciário. A responsabilidade pela eventual insegurança jurídica advinda da judicialização da reforma não deve, no entanto, ser atribuída à atuação de magistrados comprometidos com a proteção dos direitos fundamentais, mas sim àqueles que aprovaram, de forma açodada e não consensual, uma reforma constitucionalmente tão controversa
Herculano
25/11/2017 08:53
TCU ANTECIPA O 'RECESSO' E O ESTICA PARA 45 DIAS, por Cláudio Humberto, na coluna que publicou hoje nos jornais brasileiros

O Tribunal de Contas da União (TCU) deve ter fechado para balanço. Na mesma sessão em que arquivou a investigação sobre acusações como de tráfico de influência contra os ministros Raimundo Carreiro, presidente, e seu antecessor Aroldo Cedraz, o TCU deu outro tapa na cara do cidadão: antecipou em duas semanas, para o dia 6, o "recesso" de fim de ano. Só retornam ao trabalho 45 depois, em 24 de janeiro.

VEXAME A GALOPE
Após tentar proteger Carreiro e Cedraz, será um vexame para o TCU assistir ao Ministério Público Federal denunciá-los à Justiça.

COISA DE 'TRIBUNAL'
O TCU aproveitou a expressão "tribunal" e faz de conta que integra o Judiciário, mas é do Legislativo. E na Justiça a folga é de só 30 dias.

REGALIA DO TCU
O recesso de fim de ano da Justiça começa em 20 de dezembro e vai até 20 de janeiro. Quinze dias a menos que o "recesso" do TCU.

IMPUNIDADE PREMIADA
A decisão de antecipar o recesso foi do presidente do TCU, Raimundo Carreiro. Ele que se livrou da investigação da corregedoria do órgão.

DEPUTADOS DISCUTEM LEILÃO SUSPEITO DE TERMINAL
O suspeito leilão do Terminal de Álcool do Porto de Maceió, previsto para o dia 7, será avaliado em reunião de parlamentares, nesta segunda-feira (27), convocada pelo coordenador da bancada de Alagoas, deputado Ronaldo Lessa (PDT). A Transpetro, subsidiária da Petrobras, decidiu privatizar o Terminal sem avisar as autoridades do Estado e nem mesmo os órgãos federais, como a Secretaria de Portos.

LESA-PÁTRIA
O temor é que distribuidoras usem o Terminal na importação (sem pagar impostos) de álcool podre, a base de milho, dos Estados Unidos.

ESTRATÉGIA CRUEL
A suspeita é que a importação de álcool de milho objetiva quebrar o produtor de álcool de cana, que paga impostos, e tirá-los do mercado.

PREDADORES
Únicas no setor capitalizadas, as distribuidoras aproveitaram a falência de produtores do Sudeste para adquirir destilarias na bacia das almas.

INDÚSTRIA DE ENCOSTADOS
Sindicato no Brasil era um dos negócios mais rentáveis do mundo, que lhes garantia partilhar um "bolo" anual de R$3,5 bilhões. Só este ano houve 479 pedidos de criação de sindicatos, no Ministério do Trabalho.

MENOS, MENOS
Se o PMDB colocar Roberto Requião (PR) na alça de mira e ainda Renan Calheiros (AL), com as mesmas acusações que justificaram a expulsão de Kátia Abreu (TO), acabará perdendo a condição de maior bancada, a que tem a prerrogativa de indicar os presidentes da Casa.

PURA TAPEAÇÃO
O Brasil desmoraliza até Black Friday. Nos EUA, há descontos reais de até 90%, daí as cenas de confusão nas lojas. Aqui, produtos são oferecidos pela metade do dobro (ou triplo) do preço original.

ALCOóLATRA DÁ OUTRO VEXAME
Repercute nas redes sociais a "entrevista" da ex-presidente Dilma a um português definindo-se como "work-alcooholic", algo como "alcoólatra no trabalho". O gajo ainda parece ironizar: "muito bem falado, Dilma".

AZEREDO BEM NA FOTO
Ao embarcar em Brasília quarta (22) à noite para Belo Horizonte, o ex-governador Eduardo Azeredo, estrela do mensalão tucano, foi tratado com simpatia pelos passageiros. E cumprimentado muitas vezes.

MENÇÃO DESQUALIFICADORA
A deputada Ética Kokay (PT-DF) tomou as dores de críticas ao marido sindicalista, afirmando que ele sempre foi um baluarte na defesa dos bancários do BRB. E achou que a referência a ela como mulher do dito cujo teve a "nítida intenção de desqualificar" sua atuação. Ah, bom...

CONFIANÇA EM ALTA
O índice de confiança do empresário da indústria atingiu 56,5% este mês. Segundo a Confederação Nacional da Indústria, a confiança dos empresários do setor não chegava a esse nível desde abril de 2013.

MISTÉRIO PARA SEMPRE
Se o ex-governador Anthony Garotinho simulou agressão ou tomou mesmo as pauladas, jamais ninguém vai ter certeza. Mas não custa lembrar que o Estado é responsável pela segurança do custodiado.

PENSANDO BEM...
...preso pela terceira vez num mesmo ano, Garotinho já pode pedir música, neste domingo.
Herculano
25/11/2017 08:48
MEXER NO FORO ABALA O ESTAMENTO, por André Singer, ex-assessor do ex-presidente Luiz Inlacio Lula da Silva, PT, no jornal Folha de S. Paulo

A maioria do Supremo Tribunal Federal (STF) mexeu no vespeiro ao propor a limitação do foro privilegiado. Expor centenas de parlamentares a julgamentos na primeira e segunda instâncias, com o seu eventual encarceramento, desloca pedra básica da construção estamental brasileira. Em revanche, no prazo decorrente do estranho pedido de vista de Dias Toffoli, a Câmara pode até ampliar a perda de foro para áreas do Judiciário, o que potencializaria o escopo da mudança.

As regras que dão imunidade ao exercício da atividade pública visam a garantir a independência necessária seja para legislar, julgar ou governar. Desde esse ponto de vista, retirar garantias dos que fazem as leis, emitem sentenças ou administram o bem público pode sujeitá-los ao poder do dinheiro ou da força. Ocorre que, no Brasil (e não só aqui), as garantias acabaram por servir como proteção contra acusações de crimes comuns. Isso nada tem a ver com o sentido original do instituto, às vezes até o inverte, pois ajuda a manter nos cargos os que os exercem de maneira argentária.

A situação vai chegando a tal ponto que criminosos entram em pleitos eleitorais apenas para fugir da Justiça, o que perverte completamente o sentido do processo. Ao limitar o foro privilegiado apenas às infrações relacionadas ao próprio exercício do mandato, o STF faz um ajuste necessário à revalorização dos parlamentos e da democracia.

Mas o alcance da medida não para aí. Dada a profunda desigualdade tupiniquim, o sistema penitenciário, ao qual poderão ser lançados figurões no futuro, constitui um espectro assustador para a elite do poder. No famoso diálogo gravado entre o senador Romero Jucá (PMDB-RR) e o ex-senador Sergio Machado (PMDB-CE), o último chamava o cárcere de Curitiba, por exemplo, de "torre de Londres", mesmo que as condições dos políticos presos sejam bem melhores do que as da maioria dos detentos.

Por alguns séculos, a famosa construção no centro da capital inglesa era o local para onde se enviavam os prisioneiros que perdiam as lutas intestinas da realeza. Acabou associada a local de torturas e execuções. A metáfora é reveladora, pois cair na prisão comum, desde o ângulo da oligarquia pátria, equivale a transitar do céu para o inferno.

Até aqui, alguns poucos petistas e peemedebistas estrelados, mas sem mandato, foram parar nas "torres de Londres" paranaense ou carioca. O PSDB até agora escapou. Se prevalecer o veredito que alcançou maioria no STF, talvez o tratamento se estenda ao conjunto da camada dirigente. Nesse caso, uma regra profunda da formação desta sociedade estará abalada e, quem sabe, até as prisões melhorem.
Herculano
25/11/2017 08:45
HÁ TRÊS MESES DEI A NOTÍCIA. FUI DESMENTIDO. RESISTI, ATÉ PORQUE O NEG?"CIO PASSOU BEM PERTO DE MIM. UM CONCORRENTE REPETIU, MAS DESMENTIU DESONRANDO A SI PR?"PRIO E PRINCIPALMENTE OS SEUS LEITORES.

AGORA VEM ESTA REPORTAGEM PUBLICADA NO "OBSERVATóRIO DA IMPRENSA". CONFIRMA TUDO. E FEITA POR QUEM POR IDEOLOGIA E ESTABILIDADE PÚBLICA COM ALTOS VENCIMENTOS, QUE NÃO CONHECE A DURA VIDA REDAÇÕES DE VERDADE E O DIFÍCIL NEG?"CIO JORNAL. ESSA GENTE TAMBÉM AJUDOU A QUEBRAR, DIMINUIR UM VEÍCULO ÍCONE.

tornar o "SANTA" FRÁGIL É UMA FORMA DE FAZÊ-LO DESAPARECER?, por Magali Moser

Texto publicado originalmente por objETHOS ?"
Observatório da Ética Jornalística da Universidade Federal de Santa Catarina.

Se existia ainda algum resquício de expectativa por mudança positiva ou qualificação do jornalismo local após a compra dos veículos que pertenciam à RBS em Santa Catarina pela empresa NSC, integrante do grupo NC, esta esperança parece dissipar-se. As equipes do Jornal de Santa Catarina, em Blumenau, e de A Notícia, em Joinville, foram surpreendidas com uma nova onda de demissões no início deste mês de novembro.

No Santa, foram seis desligamentos (três editores, um fotógrafo e dois diagramadores, alguns deles com mais de 10 anos ou até mais de 20 anos de casa) e no AN, mais seis (um fotógrafo, um estagiário, dois diagramadores, um colunista e um editor), um total de 12 demissões ?" número ainda mais expressivo considerando as já enxutas redações. As demissões podem até ter passado despercebidas pela comunidade local, mas somam-se ao conjunto de estratégias e ações que demonstram as perspectivas da nova gestão, com a precarização da informação.

Desde março do ano passado, quando foi anunciada a troca no comando dos veículos da RBS em Santa Catarina, sobravam especulações. O cenário de concentrar na capital a produção jornalística parece ampliar. A postura editorial do grupo NC se desvela, seja assumindo relações de trabalho de exploração mais intensa, seja não colocando a possibilidade de evitar qualquer perspectiva de aumentar o padrão da qualidade da notícia, reforçando o interesse apenas com o interesse comercial e lucrativo.

No caso do Santa, é já um tempo bem longínquo dizer como fora um dos primeiros diários com cobertura estadual em Santa Catarina, agora com uma equipe tão reduzida que talvez nem consiga cobrir bem a região sede do jornal. Ficaram apenas cinco repórteres, um fotógrafo e um editor na redação: sete pessoas ?" não contando os colunistas ?" para fazer toda a cobertura de uma região que envolve mais de 60 municípios!

A mudança faz lembrar os tempos em que o jornal desejava refletir o seu nome (um periódico para todo Estado), reunia mais de 40 pessoas na redação e contava com três sucursais, em Brusque, Rio do Sul e Itajaí, na primeira década dos anos 2000. Não se trata de nostalgia, nem ingenuidade, afinal, o Santa sempre foi um jornal atrelado às forças do poder político vigente. Desde o nascimento do jornal, em 1971, as relações entre imprensa e as elites política e econômica/financeira locais estiveram imbricadas, como se observa na trajetória do jornalismo catarinense, já nos seus primórdios.

Mas também não se pode negar o forte vínculo com a comunidade conquistado pelo jornal, seu papel como mediador do debate público e da busca por critérios mínimos de pluralidade. Um exemplo a ser citado nesse sentido foi a ligeira participação de colunistas do jornal com claro posicionamento contrário à direção da empresa, responsáveis por tocar em questões invisibilizadas na cidade ou por tratar de temas polêmicos com outro viés. O jornal sempre teve dificuldade em expressar diversidade de opiniões ainda quando permite a participação de colunistas, alguns com rápida passagem pelo Santa, que ampliavam interpretações da sociedade, economia ou cultura. Quando realizavam análises que pareciam contrariar o jornal, o tempo de permanência no veículo costumava ser reduzido em comparação àqueles que tendem a concordar com a visão editorialista do jornal.

A meta de alcançar lucros cortando gastos e investindo o mínimo possível se mostra como uma alternativa inviável: É uma lógica inevitável: Não se faz jornalismo de qualidade sem pessoal e sem recursos. O Santa está se propondo baixar as portas e fechar, declara-se moribundo mesmo com potenciais leitores. O capital NSC suicida seu próprio jornal. Será que realmente não haveria audiência ao Santa, como parecem tratar os administradores do jornal? A redução de profissionais no quadro dos jornais do grupo NC impacta ainda mais na já comprometida cobertura das regiões e traz à tona um "deserto de notícias", conceito que vem ganhando ênfase nos últimos tempos para se referir aos vazios informativos e espaços não contemplados pela cobertura jornalística. Afinal, com menos pessoal, a tendência é Santa e AN focarem a atenção nas cidades sede e deixarem de cobrir os municípios vizinhos, em geral, localidades carentes de jornalismo profissional.

Nesses arredores, as informações oficiais de órgãos institucionais e dos poderes constituídos, como prefeituras e câmaras de vereadores, costumam prevalecer, sem quaisquer contrapontos. Um jornal com grande repercussão, como foi o Santa, havia se institucionalizado como referência no jornalismo, agora serve como um negócio, como se seus potenciais leitores fossem marionetes passivas. É óbvio que haverá cada vez mais impactos. Um momento para relatar um caso particular: entro em contato com um amigo que teve sua trajetória fortemente marcada pelo jornal, há mais de uma década era assinante do Santa, e ele me surpreende ao dizer que também cancelou a assinatura motivado pela baixa qualidade do diário.

Quase 50 anos de história podem ficar no passado

Com 46 anos de existência, sendo mais de 20 deles pertencentes ao Grupo RBS (entre 1992?"2016), o Santa buscou se constituir como uma espécie de "porta voz" não só do município. Nesse período, o jornal não deixou de ser testemunha do cotidiano da cidade e foi visto como referência no jornalismo estadual/regional. Com sede em Blumenau, chegou a ter abrangência em todo o Vale do Itajaí e litoral norte. Quando começou a circular, em setembro de 1971, já se auto anunciava com intenção de servir como veículo de integração. No primeiro editorial do jornal, este desejo fica explícito.

Apesar das críticas que relativizam sua condição de "veículo estadual", tal desejo lhe garantiu algum protagonismo e liderança com relevância entre os periódicos catarinenses. Foi um dos primeiros diários com abrangência por todas as regiões de Santa Catarina, atrás do antigo O Estado, surgido em 1915, na capital, e mais antigo em circulação estadual até 2007, quando foi extinto. O Santa é posterior também ao A Notícia, de Joinville, lançado em 1923 e adquirido pelo grupo RBS, em 2007, cuja transição é retratada no livro recém-lançado "O Fim da Notícia" (MICK; KAMRADT, 2017). Em seguida, conforme ocorreu com o AN depois dessa mudança, passou a privilegiar assuntos de interesse regional. Focou sua cobertura em Blumenau e região, após a aquisição pela RBS em 1992; o grupo vindo do Rio Grande do Sul foi responsável por paroquializar o Santa, assim como o atual grupo econômico que gere o jornal corre risco de construir sua lápide.

Com 24 páginas, a primeira edição circulou em 22 de setembro de 1971. Surgiu da iniciativa de um grupo de empresários, tendo a liderança de Wilson de Freitas Melro, Flávio de Almeida Coelho e Caetano Deeke de Figueiredo do grupo da TV Coligadas. Em dezembro do ano anterior, eles já estudavam a possibilidade de criação de um jornal dirigido à comunidade catarinense com sede em Blumenau. O Santa nascia como pioneiro: estadual com periodicidade diária produzido no município.

Além disso, diferenciava-se pelo projeto de gestão, isto é, o primeiro na região a surgir com suporte empresarial, planejado, estruturado e impresso em off-set do Estado. A realidade atual do jornal, no entanto, aponta para uma espantosa decadência: Hoje, são em torno de 7 mil assinantes do impresso e 2 mil do digital. Há cerca de dois anos, eram 12 mil só da versão em papel, nos anos 1970, o jornal chegou a ter em média 30 mil assinantes! O declínio de assinaturas nos últimos tempos pode ter relação direta com a queda da qualidade.

Uma sucursal do Diário Catarinense?

Mesmo com praticamente todo o material diagramado e editado pelo Diário Catarinense, em Florianópolis, o Santa vai continuar? Não se sabe até quando. Afinal, por que leitores comprariam/assinariam um jornal com informações locais apenas na capa, se quase todo o conteúdo interno tende a vir pronto do DC? Até mesmo a preguiça intelectual faz com que colunas sejam repetidas integralmente, o simplismo e elevado posicionamento político de colunistas como Moacir Pereira aparecem tão igual no Santa como no Diário. É o jornal fazendo plágio de si mesmo. Muitos perceberam na última década o tanto de brecha que o Santa tem dado, e nela outras mídias e veículos de comunicação têm sabido ocupar.

A trajetória do Santa não escapou do processo de encolhimento no contexto mundial de crise dos modelos de negócio do jornalismo. Ainda que a crise enfrentada pelos jornais impressos tenha sido responsável pelos cortes, a diminuição da equipe de jornalistas se mostra como uma ação equivocada numa redação incapaz de atender a demandas regionais pelas limitações de orçamento e pessoal. Se insistir na redução de jornalistas, a tendência é o jornal definhar cada vez mais até alcançar o seu sepultamento oficial. Não faltam indícios do potencial a ser explorado: A região cuja cobertura o Santa se volta é uma das mais promissoras economicamente, com um dos maiores PIB's do Estado.

Talvez, a maior angústia seja com o declínio do periódico e o não surgimento de outras iniciativas na esfera regional no mesmo ritmo. Não há dúvidas de que o encolhimento do Santa e do AN abre brechas para novas iniciativas no jornalismo local. Não é à toa que se fortalecem sites como o Informe Blumenau, do jornalista Alexandre Gonçalves, e o recém-lançado O município, comandado pelo jornalista Evandro de Assis, atendo-se ao caso de Blumenau. Um dos caminhos talvez seja os próprios ex-trabalhadores dos jornais se mobilizarem de forma conjunta em torno da criação por alternativas de enfrentamento. Enquanto isso não ocorre, os cortes no Santa com o enxugamento da equipe levam ao questionamento: a redução resultará no fim da existência do próprio jornal? O único jornal catarinense que leva o nome inteiro do seu estado tende a inexistir? Há em Santa Catarina a tendência de não ter mais um jornal que leve seu nome?

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Magali Moser é Doutoranda em jornalismo pelo POSJOR/UFSC.

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Referências Bibliográficas:
FERNANDES, Mário Luiz. A mídia no Vale do Itajaí. In: BALDESSAR, Maria José; CHRISTOFOLETTI, Rogério (Orgs). Jornalismo em perspectiva. Florianópolis: Ed. Da UFSC, 2005. A força do jornal do interior. Itajaí: Ed. Da Univali, 2003.

GIOVANAZ, Daniel. Da conquista do canal 12 à compra do jornal A Notícia: As articulações políticas que consolidaram oligopólio da RBS em Santa Catarina. Dissertação defendida no Programa de Pós-Graduação em História da UFSC, 2015.

MICK, Jacques; KAMRADT, João. O fim da notícia ?" a monopolização da mídia e o trabalho dos jornalistas. Florianópolis: Insular, 2017.

MOSER, Magali. Jornalismo e germanidade: a produção de uma narrativa dominante. In: Jornalismo forjado: a participação da imprensa na imposição da identidade germânica em Blumenau. (Dissertação defendida no Programa de Pós-Graduação em Jornalismo da UFSC, 2016), p. 115-184 (cap. 2).
Herculano
24/11/2017 17:03
COMO DEIXAR DE SER "EMERGENTE" E ENTRAR NA "REALEZA", por Mário Sabino, de O Antagonista.

Outro dia, em Paris, minha segunda cidade por motivos familiares, eu estava sentado num café, juntamente com a minha mulher, enquanto esperava que o alfaiate do bairro costurasse a barra de uma calça dela e desse o veredicto sobre um pulôver meu esburacado por traças (o pulôver teve a morte decretada, assim como o Danton da estátua da calçada em frente).

Ao desviar o rosto da fumaça do cigarro de um vizinho de mesa, vi aproximar-se uma figura de camiseta amarela. Bem amarela. Excessivamente amarela. Era um desses advogados que enchem as burras defendendo corruptos pegos pela Lava Jato.

Ele passou na frente da minha mesa e eu fingi que não o vi. Com o rabo do olho, constatei que havia parado a poucos metros e me observava. Nos conhecemos. Ele tentou, digamos, me seduzir quando eu era redator-chefe da Veja, muito antes da deflagração da Lava Jato, para evitar que eu publicasse uma reportagem sobre uma especialidade sua, os embargos auriculares. Como não sou, digamos, seduzível, a reportagem saiu - e onde já não havia simpatia, instalou-se a mais completa aversão da minha parte (e espero que também da parte dele).

Torci para que o causídico me abordasse. Quem sabe não trocássemos insultos? Para mim, teria sido mais estimulante do que a bebida aguada que servem no café próximo ao alfaiate que ajusta e remenda as roupas da família. Ele não me abordou e o amarelo bem amarelo, excessivamente amarelo, saiu do meu campo de visão lateral.

Hoje lá está o sujeito na Veja, só que numa reportagem sobre os advogados que faturam milhões justamente com os corruptos pegos pela Lava Jato. Foi incluído pela revista na "realeza" que ganha até dez milhões de reais de honorários. A "elite" embolsa até oito milhões e "os emergentes", até cinco milhões. De acordo com a Veja, alguns dos "emergentes" devem muito a esse sujeito da "realeza" que tentou, digamos, me seduzir anos atrás.

Eu tenho certeza de que, se tais "emergentes" se exercitarem bastante na arte da sedução do seu mentor, eles não vão demorar a chegar na "realeza". E talvez um dia passem na minha frente, vestidos de amarelo bem amarelo, excessivamente amarelo, enquanto tomo o meu café aguado.
Herculano
24/11/2017 15:33
O QUE FAZ A RELIGIÃO NA POLÍTICA. HÁ ALGUMA DÚVIDA? O RIO NUM CAOS ÉTICO E ADMINISTRATIVO SEM FIM E CRIVELLA FAZ FAZ LOBBY PELO FILHO NO STF

Conteúdo de O Antagonista. Marcello Crivella foi a Brasília tentar convencer ministros do STF a permitir que seu filho, Marcelo Hodge Crivella, volte a chefiar a Casa Civil da prefeitura do Rio, relata o BuzzFeed.

Crivella filho foi tirado do cargo por Marco Aurélio Mello, que entendeu que se tratava de nepotismo, negou recurso do prefeito e enviou o caso ao plenário do Supremo. Cármen Lúcia ainda não colocou a ação em pauta.

Crivella pai alega ter escolhido o filho porque ele tem mestrado em Oxford e cursos de gestão pública ?"não apenas pela confiança.
Miguel José Teixeira
24/11/2017 14:27
Senhores,

Ooops. . .Prefeito de Petrópolis se desculpa e revoga o "Dia do Servidor Bonito Esteticamente"!

Ainda bem. . .uma árdua tarefa à menos para nossos Nobres Edis.
Herculano
24/11/2017 11:52
Miguel

Gaspar, já aprovou~este ano até menção honrosa para Cavalo Castrado que se saiu bem num concurso nacional

E o vereador e seus amigos saíram praguejando quem divulgou. Ué! Não era para divulgar essa "honraria"?
Herculano
24/11/2017 11:48
A CRISE FINANCEIRA E A IMPRENSA DE SANTA CATARINA

A RBS acabou com a imprensa séria, competitiva, concorrente entre si e investigativa de Santa Catarina. Fez do jornalismo, um balcão de negócios, onde até seus ex-executivos se tornaram parte dos governos de plantão e da trama negocial.

Isso eu sempre escrevi e fui combatido.

Eu sempre escrevi, que Santa Catarina está com a corda no pescoço e que o atual governador, Raimundo Colombo, PSD, o ainda prefeito de Lages, é um mau gestor, com aquela cara de palerma engana e se passa por vítima. Está colocando o estado no buraco, com o silêncio do Tribunal de Contas, dos deputados fiscais e principalmente da imprensa.

Também fui taxado de exagerado. Colombo preferiu políticos sem competência gerencial do que o seu amigo, que deixou de ser, Ubiratã Rezende. Ele possui visão estratégica e competência para realização. foi devidamente despachado.

O que traz hoje Moacir Pereira, no Diário Catarinense, agora de uma tal NSC, a mesma que recuou vergonhosamente no caso da UFSC, depois do suicídio do reitor Luiz Carlos Cancelier de Olivo (por ser jornalista, jurista e um ex-militantes de esquerda no MDB)? Ou seja, antes da realidade, prevaleceu as corporações.

"A SITUAÇÃO FINANCEIRA DO ESTADO DE SANTA CATARINA É MAIS GRAVE DO QUE INDICAM A INFORMAÇÕES SOBRE AS DÍVIDAS QUE SE ACUMULAM COM FORNECEDORES E EMPRESAS CONTRATADAS PARA A PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS. DE ACORDO COM FONTES CREDENCIADAS, ELA JÁ AMEÇA ATÉ O CRONOGRAMA DE PAGAMENTOS DE SALÁRIOS DOS SERVIDORES, PONTO DE HONRA FIXADO COMO ABSOLUTA PRIORIDADE NOS DOIS MANDATOS DE LUIZ HENRIQUE E FIXADO TAMBÉM COMO INARREDÁVEL E PRINCIPAL PREOCUPAÇÃO DO GOVERNADOR RAIMUNDO COLOMBO"...

E ai macacos? Riam! Políticos, jornalistas, deputados e conselheiros todos na mesma canoa. E contra a sociedade. A favor dos políticos no plantão do poder. E todos comendo a propaganda enganosa do estado das maravilhas...

Enquanto isso, os colunistas não conseguiram enxergar que essa situação discreta por Moacir foi criada e ardilosamente construída pelo PMDB, e não é de hoje; mantido por Colombo, eleito pelo PMDB, e que agora se enrola com a corda no pescoço.

E o PMDB? Continua propondo quebrar o estado. O seu presidente, o deputado Federal, Mauro Mariani, que é a favor da esbórnia do desequilíbrio fiscal para não perder votos do funcionalismo, o privilegiado, e dos ignorantes, analfabetos e desinformados a massa de manobra eleitoral, anda a tiracolo com o ex-governador Paulo Afonso Evangelista Vieira, o que delapidou o estado, e que está prestes, pela Justiça, a meter por esses dias, o espeto dessa responsabilidade bilionária no bolso dos catarinenses.

Então. A notícia de Moacir não é uma surpresa. É uma consequência, de algo que não nasceu agora, mas vem sendo ludibriado e sonegado há anos.

E eu que sou o exagerado?
Miguel José Teixeira
24/11/2017 11:30
Alô, Nobres Edis:

Vereadores de Petrópolis, a cidade serrana, aprovaram e o prefeito, Bernardo Rossi, sancionou, acreditem, a lei que cria o Dia do Servidor Público Municipal "Bonito Esteticamente".

A data será comemorado na 2ª sexta de dezembro, com direito a um concurso que elegerá o bonitão, ou a bonitona, do respectivo ano.

Só que... O que seria "bonito esteticamente"?

Cartas para a Redação (coluna do Ancelmo Gois, hoje, em "O Globo".
Herculano
24/11/2017 07:40
"LULA VAI ACABAR PRESO NO CASO DO CELSO DANIEL"

Conteúdo de O Antagonista. "Lula vai acabar preso no caso do Celso Daniel".

Mara Gabrilli [PSDB], entrevistada pela Veja, disse que Marcos Valério tem provas que incriminam o comandante máximo da ORCRIM.

Leia aqui:

"Quando fui ao presídio, essa foi a primeira pergunta que o Marcos Valério me fez: 'Você não tem medo de morrer?' Ele mesmo me disse que está morrendo de medo. Respondi que, se quisessem me matar, já teriam me matado antes. Afinal, fui eu que fiz a denúncia quando Celso Daniel foi assassinado. Também fiz um dossiê sobre Ronan Maria Pinto e entreguei ao juiz Sergio Moro. Acredito que Lula vai acabar preso no caso do Celso Daniel. Marcos Valério me disse que tem provas que incriminam o ex-presidente."
Herculano
24/11/2017 07:29
HUCK DECLARA A PATROCINADOR QUE NÃO SE CANDIDATARÁ, MAS MANTÉM O PPS NO AR, por Josias de Souza

Um dos patrocinadores de Luciano Huck procurou-o para conversar sobre seus planos políticos. Almoçaram na última quarta-feira. O empresário perguntou a Huck se ele seria mesmo candidato à Presidência da República. Disse que não gostaria de ver sua logomarca associada a um projeto presidenciável. Em timbre categórico, o apresentador da Rede Globo declarou: 1) Não disputará o Planalto; 2) Não se filiará a nenhum partido político.

Posteriormente, ao relatar o encontro, o interlocutor de Huck disse estar convencido de que o nome dele não constará do rol de opções nas urnas de 2018. Curiosamente, a coluna apurou que Huck ainda não informou sobre sua suposta decisão à cúpula do PPS, legenda com a qual vem negociando. Até a noite de quinta-feira, o partido permanecia no ar.

Nas conversas com o PPS, Huck disse ter simpatia pelo partido, que considera "decente". Mas não se comprometeu a assinar a ficha de filiação. Declarou que gostaria de desempenhar um papel político em 2018. Mas não sabia se iria apenas "participar" do processo ou "competir" efetivamente na sucessão. Na última reunião com dirigentes do PPS, ocorrida há duas semanas, Huck comprometera-se a dar uma resposta definitiva ao PPS no final de dezembro. Confidenciou que a Globo lhe cobrava uma definição
Herculano
24/11/2017 07:23
DADOS DA PESQUISA MAPA

1. Os brancos, nulos e os que não decidiram votam em Santa Catarina são a esmagadora maioria. Então

2. Paulo Bauer, PSDB, quase empata na intenção de votos e a rejeição; Mauro Mariani, PMDB, tem o dobro em rejeição se comparada com a intenção, Décio Neri de Lima, PT, o triplo e Gelson Merísio, PSD, na mesma batida.

3. Será que os políticos de discursos demagogos (Décio, Esperidião e Mariani) e oportunistas (Gelson) são capazes de entender o recado das pesquisas e que certamente estará refletido nas urnas?
Herculano
24/11/2017 07:15
PESQUISA MAPA MOSTRA QUADRO ESTÁVEL, por Roberto Azevedo

O levantamento do Instituto Mapa, realizado realizado entre 15 e 20 de novembro, em 40 municípios, que ouviu 1.008 eleitores, com margem de erro de 3,1 pontos percentuais para mais e para menos, confirma a forte presença do ex-governador e atual deputado federal Esperidião Amin (PP), dono de um patrimônio em torno dos 30% das intenções de voto de um eleitorado fiel, e do senador Paulo Bauer (PSDB), que surfa no recall de votos da última eleição ao governo, em 2014. Ambos lideram os dois cenários e os índices de 29% e 29,1% que alternam entre um e outro indicam que circulam na mesma faixa do eleitorado.

O sempre criterioso Instituto Mapa, reconhecido pela credibilidade, foi tímido em número de simulações, e, enquanto Mauro Mariani (PMDB) e Décio Lima (PT) estão em empate técnico e Gelson Merisio (PSD) os alcança na margem de erro para mais, faltaram as provocações aos entrevistados com as relevantes alternativas de Udo Döhler e Eduardo Pinho Moreira , ambos do PMDB, Napoleão Bernardes (PSDB), João Rodrigues (PSD), que podem provocar, inclusive, prévias nas siglas, e um ascendente Jorginho Mello (PR). Se estamos a pouco mais de 10 meses do pleito, a hora é de especular nos cenários, pois nenhuma destas candidaturas está suficientemente fortalecida para figurar como definitiva.



Um longo caminho

O altíssimo percentual de votos brancos e nulos e de eleitores que não sabem ou não responderam a pesquisa, algo que soaria como natural a esta altura do processo eleitoral mas que pode ser tendência de evasão de votos, sugere que os candidatos têm muito o que correr, principalmente para buscar o conhecimento de quem vota. Implacável para algumas situação, como a de Merisio, que já antecipou o palanque há sete meses e precisa mostrar musculatura se quiser emplacar a coligação com PP e PSB e passar na convenção do partido que afirma dominar. Mas o argumento dele, o de que tem números maiores do que os de Luiz Henrique (PMDB), em 2002, e de Raimundo Colombo, em 2010, ignora a grande aliança que foi mantida entre PMDB e PSDB, à qual o DEM, depois PSD, agregou-se. Outra sombra está no fato de que Esperidião Amin está bem, com índices históricos, o que alguns consideram um teto eleitoral.



Resumo

Pesquisa é boa para quem está na frente e um desafio para mobilizar militantes e apoiadores para quem está atrás. Sem alianças robustas nenhum dos postulante vai muito longe. Por isso, o negócio é o trabalho junto ao eleitor, porém, em maior intensidade, dentro do partido e para consolidar as coligações. A tendência é a de que candidaturas sem fôlego fiquem no caminho ou por serem voos de galinha ou se enquadrarem na indesejável figura do "cavalo paraguaio". Os números do Mapa são semelhantes aos do Paraná Pesquisas, divulgados há exato um mês.



Presidenciáveis 1

Jair Bolsonaro lidera em Santa Catarina, sem ter sequer um partido para chamar de seu, embora seu caminho seja o Patriotas, atualmente sem força política alguma. As últimas aventuras eleitorais deste porte, vide Jânio Quadros (que renunciou), Fernando Collor (PRN) e Dilma Rousseff (PT) que deixaram o Palácio do Planalto por impeachment, foram desastrosas para o país. Em comum: os três não possuíam o apoio do Congresso para governar e exageravam no populismo: ou como a vassourinha que limparia o país - isso na década de 1960 - ou como o caçador de marajás que encarnava o novo e o jovem líder ou com o a gerente que o país precisava para por as coisas no lugar e saber mandar. Collor e Dilma perderam pela inanição parlamentar e para a corrupção que os circulava, Jânio sequer teve tempo para que isso se materializasse.



Presidenciáveis 2

O eleitorado conservador de Santa Catarina ajuda os opostos, Bolsonaro e Lula (PT). O que ambos necessitam é de programas de governo plausíveis e alianças consistentes para governar. Só o discurso agressivo cai no vazio.



CONFIRA OS NÚMEROS DIVULGADOS PELA RIC TV E ND ONLINE:



Corrida ao governo do Estado



Cenário A % Rejeição

Paulo Bauer (PSDB) 29 23,4

Mauro Mariani (PMDB) 11,6 22,1

Décio Lima (PT) 11,6 32,6

Gelson Merisio (PSD) 8 18,7

Brancos, Nulos, Nenhum 25,9 Votariam em todos 19,4

Não sabem 13,9 0,8



Cenário B % Rejeição

Esperidião Amin (PP) 29,5 30,7

Paulo Bauer (PSDB) 21,3

Mauro Mariani (PMDB) 9,7

Décio Lima (PT) 9,2

Brancos, Nulos, Nenhum 20,2

Não sabem 10



Corrida à Presidência da República em SC



Cenário A % Rejeição

Jair Bolsonaro (Patriotas) 29,1 26,2

Lula (PT) 20,4 61,2

Geraldo Alckmin (PSDB) 8 25,7

Marina Silva (Rede) 7,3 33,8

Alvaro Dias (Podemos) 7 15,6

Branco, Nulos, Nenhum 24,1 Votaria em todos 6

Não sabem 4



Cenário B % Rejeição

Jair Bolsonaro (Patriotas) 30,3

Marina Silva (Rede) 11,5

Geraldo Alckmin (PSDB) 10

Ciro Gomes (PDT) 8,2 22,9

Alvaro Dias (Podemos) 7,7

Branco, Nulos, Nenhum 27,1

Não sabem 5,2



Fonte: Instituto Mapa, pesquisa contratada pelo Grupo RIC e pela ADI
Herculano
24/11/2017 06:57
DEPUTADO PRESIDIÁRIO É SIGNO DA FALÊNCIA MORAL, por Josias de Souza

Ele se chama Celso Jacob. Mas poderia se chamar Senhor Nada. No momento, ele tem domicílio no presídio da Papuda, em Brasília. Mas dá expediente na Câmara dos Deputados. Sim, é isso mesmo. Celso Jacob, o Senhor Coisa Nenhuma, exerce o mandato de deputado durante o dia e retorna para a cadeia à noite. Condenado em julho do ano passado pelo Supremo Tribunal Federal a 7 anos e 2 meses de cadeia, Celso 'Nada' Jacob cumpre a pena em regime semiaberto.

Um condenado criminal exerce um mandato eletivo há um ano e quatro meses. E todos fingem não ver. É como se os colegas do Nada olhassem para ele no plenário da Câmara sem conseguir alcançá-lo com os olhos. O olhar atravessa o Nada e vai bater no couro da poltrona. Filiado à facção do PMDB do Rio, o Nada foi condenado por fraudar a licitação de uma creche.

Invisível na Câmara, o Nada foi enxergado na penitenciária. Tentou entrar com dois pacotes de biscoitos e um pedaço de queijo provolone escondidos na cueca. Foi recolhido ao isolamento por sete dias. A punição pode ser prorrogada por 30 dias. Esse personagem, ex-fraudador de licitações, agora traficante de biscoitos e queijos, transita pelos corredores da Câmara como representante do povo do Rio de Janeiro. O nornal seria que fosse cassado. Mas o normal, em temos de Lava Jato, foi extinto no Brasil.

- Atualização feita às 23h01 desta quinta-feira: O Tribunal de Justiça do DF revogou a autorização que permitia ao 'Senhor Nada' frequentar a Câmara durante o dia. A decisão talvez mostre aos parlamentares que não é possível ignorar o inaceitável.
Herculano
24/11/2017 06:55
A RESSACA DO JANTAR DE TEMER, por Vinicius Torres Freire, no jornal Folha de S. Paulo

Foi entre nulo e ruim o resultado do jantar em que Michel Temer pediu a deputados votos para a reforma da Previdência, na quarta-feira (22).

Um líder de partido recalcitrante da coalizão temeriana disse que "nem ministério está fazendo diferença, que dirá um prato de comida com PowerPoint". Gente da finança e de consultorias que fez pesquisa informal no Congresso, nesta semana, começa a jogar a toalha.

De líderes governistas fieis começa a se ouvir a conversa de que, no limite, existe uma "janela" para votar a reforma entre fevereiro e abril do ano que vem. Em maio, a campanha eleitoral já estará desembestada, com candidaturas a presidente quase todas definidas.

Outro líder diz que, "com alguma flexibilização", a reforma passa. Qual "flexibilização"? Reduzir a idade mínima exigida para a aposentadoria, de 65 anos para homens e 62 para mulheres, segundo a proposta final do governo. Note-se, de passagem, que a idade mínima não passa a valer imediatamente. Começaria em 55 anos para homens e 52 para mulheres, em 2018. Apenas chegaria a 65/62 daqui a 20 anos.

A CONTA DO GOVERNO

No Palácio do Planalto, no entorno imediato de Temer, se diz que o governo tem no momento entre 280 e 290 votos; que em duas semanas é possível conseguir outros 40. Que seria possível levar a reforma à votação na Câmara até o limite de mínimo de 320 deputados favoráveis à reforma, ao menos da boca para fora.

Entre deputados, o que se ouve é que o governo vai conseguir menos da metade dos votos do PR (que tem 37 deputados) e dois terços do PP (48 deputados) e do PSD (38), aliás partido de Henrique Meirelles, ministro da Fazenda.

Alguns parlamentares fazem troça do PSDB, que diz ser o "partido das reformas", mas que não vai fechar questão, não vai exigir de seus parlamentares o voto na reforma.

Enfim, haverá defecções no PMDB e DEM, em tese os líderes deste governo agora um tanto dual, parte de Michel Temer, parte de Rodrigo Maia (DEM), presidente da Câmara dos Deputados.

Um deputado do centrão, entre os quais se alinham partidos como PR, PP e PSD, diz que seus colegas simplesmente "não estão mais com a cabeça em reforma alguma". Que seria preciso haver uma reviravolta na opinião pública, apoio majoritário à reforma, para haver mudança de voto, para o que não há tempo. Dizem, de resto, que mesmo assim a coisa pode não andar, porque haveria muito Estado em que o apoio à reforma continuaria mínimo, em particular no Nordeste, onde a oposição à reforma é ligeiramente maior que a média nacional.

Gente do governo e da liderança governista mais fiel diz que, sem certeza de aprovação, a reforma não será colocada em votação. Para o público, seria fundamental saber enfim que está contra ou a favor da reforma. Para a articulação política do governismo, isso seria colocar os deputados "contra a parede", dificultaria a aprovação de outros projetos e eliminaria completamente a possibilidade de votar alguma reforma em 2019.

Enfim, seria um carimbo de autenticação da falta de votos e da capacidade do governo de contá-los
Herculano
24/11/2017 06:54
APóS EXPULSAR KÁTIA, PMDB PÕE REQUIÃO NA MIRA, por Claudio Humberto, na coluna que publicou hoje nos jornais brasileiros

A expulsão da senadora Kátia Abreu (TO) por infidelidade partidária abre caminho para que o conselho de ética do PMDB instale procedimento semelhante contra o senador Roberto Requião (PR), por razão semelhante. É o sonho da cúpula do partido. Como Abreu, ele votou contra o impeachment da ex-presidente Dilma e tem se aliado ao PT para votar contra projetos importantes do governo do PMDB.

PETISTAS DE CORAÇÃO
A dupla também votou contra a reforma trabalhista e critica a reforma da Previdência abertamente, ambas cruciais para o governo do PMDB.

FORAS D'ÁGUA
Requião e Kátia Abreu também se posicionaram contra o presidente Michel Temer, do PMDB, no caso das duas denúncias da PGR.

RENAN NA FILA
Confirmada a tendência de expurgar parlamentares infiéis, outro aliado do PT, Renan Calheiros (AL) pode entrar na fila de expulsões.

CÃES AINDA PRESOS
Requião ameaçou soltar seus "cachorros" contra o presidente do PMDB, senador Romero Jucá (RR), que o desafiou a fazê-lo.

MINISTRO PEDE PARA SUSPENDER O LEILÃO DE TERMINAL
O ministro Maurício Quintella (Transportes), que é alagoano, vai pedir formalmente a suspensão do leilão do Terminal de Álcool de Maceió, marcado para dia 7, a fim de reavaliar seus impactos na economia nordestina. Quintella conversou com o colega Fernando Filho (Minas e Energia), que disse estar preocupado com o risco de o Terminal ser usado para importar álcool americano de milho, pelo porto de Maceió.

'OCIOSIDADE'
A estatal Transpetro, que não informou sobre o leilão nem à Secretaria de Portos, alega "ociosidade" do Terminal, no Porto de Maceió.

LEILÃO ARMADO?
O leilão do Terminal de Maceió preocupa o setor sucroenergético do Nordeste: parece feito à medida para distribuidoras de combustíveis.

TERMINAL DE ÁLCOOL PODRE
Distribuidoras usariam o terminal de Maceió para importar etanol podre, à base de milho, importado dos Estados Unidos sem pagar impostos.

PROTAGONISMO LUSITANO
O presidente de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa, avalia circular mundo afora com iniciativas pró-meio ambiente, segundo segredou a Silvia Cateano, correspondente do Diário do Poder em Lisboa. O país enfrenta seca gravíssima e os piores incêndios florestais da história.

RECORDE NEGATIVO
A região Nordeste é recordista de mortes nas rodovias federais. Estudo da Confederação Nacional da Indústria revelou que cerca de 32% das 6.398 fatalidades registradas em 2016 foram em estradas nordestinas.

INFRAMÉRICA TERÁ DE PAGAR
A Advocacia-Geral da União (AGU) confirmou na Justiça a validade da multa de R$422 mil aplicada pela Anac à Inframérica, concessionária do aeroporto de Brasília. Falhas no serviço provocaram um apagão que culminou com atraso em 68% dos voos em 2 de março de 2013.

FALTA VONTADE
Carlos Marun (PMDB-MS) acha que as denúncias contra o presidente Michel Temer deixaram deputados "um pouco fatigados". Ele disse que não vê vontade nos deputados para votar a reforma da Previdência.

OPORTUNISMO IN NATURA
Sindicalistas ligados ao PT, Antônio Eustáquio e André Nepumuceno (marido da deputada Érica Kokay, do PT-DF), ficaram imóveis quando se penduraram em cargos no conglomerado BRB. Depois de demitidos, passaram à defesa tardia de concurso na corretora e no Cartão BRB.

PEC CONTRA A SANGRIA
Recebeu parecer favorável do senador Antônio Anastasia (PSDB-MG) a proposta de Flexa Ribeiro (PSDB-PA) revogando a isenção de ICMS na exportação de produtos não-industrializados e semielaborados. O objetivo é conter a sangria anual de R$39 bilhões nos Estados.

ESTADO PARA QUÊ?
O Supremo Tribunal Federal decidirá sobre a validade do artigo 28 da Lei Sobre Drogas, que prevê punição do porte de drogas. A alegação é que "o Estado não tem direito de intervir na vida privada dos cidadãos".

ELEITOR INSATISFEITO
Voto para presidente da República e deputado federal em 2014 não se repetirá para 71,5% dos eleitores, segundo levantamento do Paraná Pesquisas. Para 54,7%, o Congresso deve ser totalmente renovado.

PENSANDO BEM...
...com foro ou sem foro, são ainda demasiados os privilégios da casta dirigente do País.
Herculano
24/11/2017 06:51
LAVA JATO FORTALECE EXTREMA-DIREITA E PT, E TEMER SE PROPõE A RE-UNIR O CENTRO, por Reinaldo Azevedo, no jornal Folha de S. Paulo

Escrevi neste espaço, na semana passada, que o presidente Michel Temer segue sendo, entre as forças do chamado centro político, a única liderança com uma agenda clara. O PT e seus satélites esboçam a sua, mas à esquerda. E, como se nota, seu discurso é o avesso da óbvia modernização da economia empreendida pelo presidente.

Foi inevitável que me fizessem a pergunta: "Você acha que Temer será o candidato do PMDB em 2018?"

Não tenho bola de cristal. Levo em conta, sim, como todo jornalista, o que os políticos dizem a mim e pelos corredores, mas é o fator que menos interfere nos meus prognósticos. Prefiro a literatura, entre outros saberes. Tinha, por exemplo, a certeza, mesmo quando parecia inevitável, que João Doria (PSDB) não concorreria à Presidência. E quem me oferecia essa garantia? A mitologia grega e Mary Shelley, a autora de "Frankestein".

Não por acaso, o clássico da revolta da criatura contra o criador tem um subtítulo ou título alternativo: "O Moderno Prometeu".

Em casos assim, consultem os mitos, a disputa é sempre sangrenta. E eu não percebia sinais de uma batalha cruenta no tucanato de São Paulo. "E agora? Doria sai para o governo do Estado?" A escolha será de Geraldo Alckmin e depende da resposta a uma única pergunta: a candidatura do prefeito ao Bandeirantes ajuda ou atrapalha o projeto presidencial do governador?

Eu recomendaria cuidado a Doria e aos tucanos. O rebaixamento da ambição, e estamos no terreno da psicologia social, pode ser visto como vício, não como virtude: "Esse topa qualquer coisa se for para deixar a prefeitura". Cumprir o prometido está com viés de alta na política.

"Mas Temer será o candidato do PMDB?" Evoco aqui a rejeição da natureza ao vácuo? Chamo Newton, aquele papo de ação e reação?

Quando parte do PSDB ensaiou a sua debandada, com praticamente metade da bancada votando para derrubar o presidente (e que não se tente dizer que aquilo foi outra coisa), o que se fazia ali era fragmentar ainda mais o centro político, já devastado por lava-jatices.

Se os tucanos estavam agindo por cálculo, seria preciso ter a certeza razoável de que poderiam depois liderar as forças dispersas. E, hoje ao menos, não podem.

A partir dali, qualquer que fosse o destino do PMDB, o maior partido do país, parecia-me certo ?"e deixei isso claro em textos e nos comentários em rádio e TV?" que ele não seria mero caudatário daquela legenda que o atraiçoara.

Convenhamos: uma coisa é abandonar a base do governo depois de vencidas as denúncias; outra, distinta, é fazer da CCJ e do plenário da Câmara campos de batalha quando a cabeça do presidente está em jogo, mormente depois que vieram a público as falcatruas da Lava Jato que resultaram nas duas peças patéticas de Rodrigo Janot, que vitimaram também os tucanos. Lição das guerras e da literatura existencialista: só os mortos não têm alternativa.

Temer, obviamente, é candidato. E nem por isso terá de fugir da reforma da Previdência. Pelo contrário. Lutar por ela, curiosamente, pode fortalecê-lo. Já o PSDB... tucanou! Diz apoiar a proposta, mas sem fechar questão. E a resistência vem dos chamados "cabeças pretas", que se querem a ala jovem e moderna do partido...

Como desdobramentos da Lava Jato, temos um centro político calcinado, uma extrema-direita assanhada e uma esquerda que voltou ao jogo eleitoral e seria hoje favorita. E, ainda assim, há muita gente batendo palma para maluco dançar, pedindo bis.

Anotem aí: vence essa disputa ?"ou, quando menos, enfrenta Lula ou um ungido seu no segundo turno?" quem tiver condições de reorganizar esse centro que Rodrigo Janot e seus aloprados mandaram pelos ares. Insisto: trata-se de "re-unir", não de dividir. Para o bem do Brasil, é claro! A menos que você goste da ideia de um embate final entre PT e Bolsonaro.

A propósito: parece que Luciano Huck desistiu da aventura. É saudável que reflua a onda contra a política. Até porque o Brasil, creiam, só não foi para o buraco por causa dela... a política!
Ilhota em Chamas
23/11/2017 22:54
Quando sair a sentença do ex prefeito Ademar Felisky, será que vai ter churrasco com o atual prefeito Dida do PMDB? Juntos na alegria e na tristeza, quero ver um abraço kkkkkkkkkkkk
Herculano
23/11/2017 22:54
O RIO ESTÁ ATRÁS DAS GRADES - E TEMOS QUE PAGAR A FIANÇA, por Lucas Berlanza, para o Instituto Liberal

Sou fluminense (no gentílico e no futebol!), sou carioca e não tenho, nem jamais tive, qualquer vergonha disso, tampouco a intenção de fazer as malas e partir daqui. Em nenhum lugar me sinto mais à vontade que na minha Ilha do Governador, um pedacinho de terra cercado de água em plena e majestosa Baía de Guanabara; poucas coisas me aprazem mais que frequentar a quadra da escola de samba no fim de semana e não tenho muita objeção a fazer quando me convidam a sentir o frescor do mar no quiosque da praia. Ah, e é claro, eu também puxo o "esse" ?" eles dizem, pelo menos.

Porém, uma sociedade não pode ser feita apenas de suas artes, sua cultura popular, as belezas naturais e urbanísticas à sua volta e, principalmente, uma civilização não se faz apenas de suas diversões.

As grandes porções territoriais controladas pela criminalidade; as endeusadas "favelas", onde os meliantes mais abjetos estabeleceram seus feudos e travam suas batalhas campais, ao arrepio da lei e da ordem ?" lei e ordem essas que por vezes procuramos sem encontrar; os quase 120 policiais mortos, cujos nomes rapidamente são esquecidos; a corrupção na própria polícia em associações espúrias com parlamentares e traficantes, figurando nos noticiários através das declarações algo precipitadas de um ministro da Justiça, mas em cuja substancialidade nenhum cidadão têm dificuldades de acreditar; a segunda taxa mais alta de desemprego do país e a situação calamitosa das contas do governo; tudo isso depois de anos de euforia descompensada com grandes eventos esportivos internacionais mostra que nosso modelo é um retumbante fracasso. A quarta-feira, dia 23, trouxe uma novidade: o Rio fracassado foi parar atrás das grades.

Com exceção da petista Benedita da Silva ?" minha santa Aquerupita! ?" e do atual governador, o inexpressivo e acuado Pezão, todos os governadores do Rio de Janeiro de 1999 até hoje, no momento em que escrevo estas linhas, estão presos ?" Anthony Garotinho, Rosinha Garotinho e Sérgio Cabral Filho. Na cadeia ainda estão os presidentes da Assembleia Legislativa do estado no mesmo período ?" o próprio Cabral, Paulo Mello e o poderoso chefão Jorge Picciani -, bem como a maioria dos membros do Tribunal de Contas do Estado.

Também à exceção do governo tucano de Marcello Alencar ?" que, no entanto, também era egresso do PDT -, todos os grupos políticos que controlaram o nosso estado no período são e foram integrantes ou se apoiaram na sigla de Brizola (bem como na escola política que ele e Darcy Ribeiro, com seu "socialismo moreno", estabeleceram para o Rio) ou no PMDB. Rachados, brigados, denunciando-se mutuamente, não importa; não são muito diferentes. O isolamento da sociedade hoje os iguala ainda mais.

Não parece nada equivocado dizer que, desde que Chagas Freitas, ainda no regime militar, brincava com a máquina pública e o clientelismo para dar as cartas, só o que fazemos é mudar o tom das mesmas cores, ou vestir com os mesmos trajes e adornos de populismo e caciquismo alguns poucos nomes diferentes. São muitas décadas, é muito tempo, não é nada fácil de mudar. Contudo, esse pode ser o benefício do ponto de saturação a que parecemos ter chegado. Desfilam sob os nossos olhos acusações de corrupção, lavagem de dinheiro, organização criminosa ?" até com braço armado! -, evasão de divisas, crimes eleitorais? Ninguém aguenta mais essa situação, é o que dizemos todos os dias. Se ninguém efetivamente aguenta mais, é a hora de fazer algo a respeito, ou então esta hora jamais chegará.

O Rio de Janeiro é uma terra governada por bandidos. Disse certa vez, com muita generosidade, a manchete da Tribuna da Imprensa de Carlos Lacerda ?" provavelmente o melhor governador que a região da cidade do Rio, então Estado da Guanabara, jamais teve ?" que o brasileiro é "um povo honrado governado por ladrões". É uma forte sentença para mexer com os brios de uma Cidade Maravilhosa que se apaixonou pela própria maravilha e cegou-se para tudo o mais, se nós cariocas a aplicarmos especificamente a nós e, por extensão, ao resto do estado, mas não creio que seja, ao menos não hoje, tão verdadeira. Onde está essa honra? Persistirá alguma? Na verdade, a manchete falha ao dissociar nossa gente do sistema que nos governa. Não somos inocentes. É do nosso seio que todos eles saíram ?" e muitos entre nós os mantém por lá em troca de agrados pouco republicanos.

Sei bem que a hora é de evitar messianismos e de entender que precisamos, mesmo nacionalmente, de reformas na máquina pública, reformas na legislação eleitoral, reformas de sistema político e tudo o mais, bem como reconhecer que ideias precisam ser enfatizadas e não o personalismo de "salvadores da pátria". Contudo, não creio ser o dissonante ao dizer que agendas são levadas adiante por pessoas e o Rio de Janeiro precisa mais do que nunca de que façamos uma mudança genuína naqueles que ocupam postos de comando ?" as eleições estão logo ali.

Sei bem também que as opções alternativas têm sido não menos lamentáveis que aquelas que mantemos no poder. Sei bem que não é o caso de trocar o velho por um velho travestido de novo, que na realidade representa uma versão modernizada do radicalismo que caracterizava o lulopetismo, endossando um modelo estatizante ultrapassado e que só tenderia a potencializar a crise econômica e a corrupção. Não é o caso de abandonar nossos oligarcas clientelistas e populistas para colocar no lugar aqueles que acreditam ?" ou fingem acreditar ?" que socialismo e liberdade podem dar as mãos. Contudo, alguma mudança precisa ocorrer.

Se nossos líderes também são um reflexo do que nos permitimos tornar, quero crer que é de nós, é da sociedade civil, que poderá vir uma saída. Precisamos gerar uma nova ordem de líderes. E precisamos de um candidato que preste já, para 2018. Precisamos de um candidato para o governo estadual, e de candidatos a deputados, que digam a verdade, mesmo que ela doa. Precisamos de candidatos que não troquem nosso bem-estar por festas caras feitas para superfaturar obras. Precisamos de candidatos que deem à segurança pública e à criminalidade o tratamento inteligente, eficiente, mas por isso mesmo duro e implacável que aguardamos por estas bandas desde a política nefasta do brizolismo.

Precisamos criar esses candidatos; enquanto não fazemos isso, não começaremos a pagar a fiança ?" afinal, junto com Garotinho, Cabral, Picciani e cia., estamos todos nós, cariocas e fluminenses, dentro de uma cela de tristeza, trancafiados na prisão do desânimo e da falta de perspectiva. Nossa sociedade é responsável. Eu acredito que nosso crime é afiançável. Vamos arregaçar as mangas para comprar de volta a nossa liberdade e nosso direito de querer dias melhores. Alguém se apresenta para a missão?
Herculano
23/11/2017 19:08
PMDB DECIDE EXPULSAR SENADORA KÁTIA ABREU POR CRÍTICAS A TEMER. E ROBERTO REQUIÃO E RENAN CALHEIROS?

Conteúdo da revista Veja. Texto de Guilherme Venaglia. Acatando a recomendação da Comissão de Ética do PMDB, o presidente do partido, senador Romero Jucá (RR), decidiu expulsar da legenda a também senadora Kátia Abreu (TO). A ex-ministra da Agricultura no governo de Dilma Rousseff (PT), foi punida por suas críticas recorrentes à legenda e ao governo do presidente Michel Temer (PMDB).

Em nota publicada no site oficial da legenda, Jucá afirma que a decisão representa uma "nova fase de posicionamento do partido". A decisão da Comissão de Ética foi unânime. A senadora estava afastada da cúpula do partido desde que se intensificaram as articulações pelo impeachment de Dilma, processo ao qual Kátia se opôs ostensivamente. Ministra entre 2015 e 2016, ela votou no Senado contra a cassação da petista.

Além dela, ao menos outros três senadores peemedebistas - Roberto Requião (PR), Eduardo Braga (AM) e Renan Calheiros (AL) - também têm posturas contrárias às propostas mais polêmicas do governo Temer, como as reformas trabalhista e da Previdência. Em agosto, por meio do seu perfil no Twitter, Kátia Abreu ironizou a motivação de Jucá em expulsar ela e Requião: "Vai pedir a nossa expulsão por falar a verdade? Ou por que não consegue explicar as malas de dinheiro? Está é a política brasileira. Estão cegos."
Herculano
23/11/2017 18:58
ESTÁ FALTANDO UM EM BENFICA, por Ricardo Noblat, em O Globo

Como seria recomendável, a ex-governadora Rosinha Garotinho foi separada dos demais e mandada para um presídio feminino. Mas os ex-governadores Sérgio Cabral e Garotinho, e o deputado Jorge Picciani (PMDB) que funcionou como eminência parda dos dois, estão reunidos desde ontem na Cadeia Pública José Frederico Marques, em Benfica, bairro da região central da cidade do Rio.

Falta um por lá: Luiz Fernando Pezão, o atual governador, no exercício do cargo graças a um recurso aceito pela Justiça, mas que pode ser suspenso de uma hora para a outra. Semana sim, outra também, Pezão é atingido por novas denúncias de corrupção. Resiste porque a Justiça não sabe o que seria pior: deixa-lo onde está ou ampliar em Benfica o séquito de Cabral.
Herculano
23/11/2017 18:01
DILMA ROUSSEFF DÁ ENTREVISTA EM DILMÊS ALCOOLIZADO, por Augusto Nunes, de Veja

Em uma das escalas do recente tour pela Europa bancado com o dinheiro dos pagadores de impostos, Dilma Rousseff aproveitou a inocência de um jornalista português para ampliar o repertório de invencionices: "Teve um momento, que eu fiquei? no? no, eu, eu, eu? Eu fui suspensa de ser presidente, mas continuava sendo presidente", decolou em dilmês castiço. "É uma? uma coisa, é que é uma lei muito antiga, é uma lei de 1950, então ela não dá conta da necessidade que você tem de resolver logo se uma pessoa é presidente ou não é presidente".

Animada com o movimento afirmativo de cabeça que o jornalista repete enquanto escuta a resposta, a ex-presidente continua. "Então eu, eu era, eu era obrigada a ficar no Palácio do Planalto, do, do, do Alvorada, é um outro palácio, é o palácio de residência, e, é típico dos palácios terem flores". Como para o neurônio solitário gostar de flores não combina com a personalidade de uma supergerente, Dilma resolveu ponderar: "Eu nunca tinha visto se tinha flor ou não tinha flor, porque cê não tem tempo de ficar olhando se tem flor, mas quando eu estava nessa situação, os golpistas são muito mesquinhos, foram lá e tiraram todas as flores e isso foi noticiado pela imprensa".

A partir daí, começa o sobrevoo na estratosfera. "Pra mim, um dos grandes momentos foi as mulheres, encheram a praça em, em frente ao, ao palácio e me levaram flores", inventa Dilma, descrevendo um episódio que nunca existiu. "A partir daí, elas durante? Outro dia eu recebi uma flor lá em Berlim, porque elas me mandavam sempre flor, era, vamos dizer assim, era manifestação delas, mas tem uma outra muito bonita: foram as mulheres as primeiras a se rebelarem e a ir pras ruas, então os movimentos de mulheres, de mulheres jovens, foram para a rua as mulheres e os jovens, primeiro, o que pra mim foi muito importante".

A discurseira sem sentido talvez seja explicada pelo desfecho: "Eu era dita como sendo uma mulher que tinha uma mania, era obsessiva compulsiva por trabalho, tinha, era work-alcoolic e tinha uma mania de fazer todo mundo trabalhar, o homem seria grande empreendedor".

Traduzida para o português, a expressão work-alcoolic significa trabalho alcoolizado. A entrevista de Dilma foi coisa de bebum.
Herculano
23/11/2017 17:47
ANÚNCIO APROPRIADO

Na página da coluna na edição impressa do jornal Cruzeiro do Vale, um anunciante ofereceu na sua Black Friday, um anti-pulgas. Apropriado. Nem assim, os políticos saem do nosso couro e param de nos sugar. A coceira é tanta, que parece que nos acostumamos a ela.

Se tivéssemos os cuidados com os políticos que temos com os nossos bichamos de estimação, a coisa já estaria sob controle
Herculano
23/11/2017 17:42
da série: Ilhota em chamas, Ademar é Réu V. As notícias não param e a publicada abaixo, é do Jornal Beira da Praia, de Penha desta terça-feira. Envolve o ex-advogado, o compadre e sócio de Ademar, Elsimar Packer. O caso de Penha fez manchetes nos principais veículos nesta semana.

EMPRESA QUE ORIENTOU EX-PREFEITO A FAZER PAGAMENTOS IRREGULARES AO INSS JÁ FOI DENUNCIADA EM OUTRAS CIDADES

Advogado que tinha procuração para representar Penha nesta questão foi preso no ano passado
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Penha não é o único município a ser orientado equivocadamente pela empresa Pública Consultoria E Desenvolvimento Profissional Ltda, que orientou o ex-prefeito Evandro Eredes dos Navegantes (PSDB) a fazer pagamentos irregulares do INSS, gerando uma dívida atualmente considerada de 51,5 milhões de reais pela receita federal.

A empresa responde a pelo menos mais quatro processos que correm no Tribunal de Justiça de Santa Catarina, sob acusações de improbidade administrativa e danos ao erário público, nas cidades de Ascurra, Presidente Getúlio, Witmansur e Gaspar.

É o que revelou o vereador Everaldo Dal Posso (PMDB), na última sessão da câmara de vereadores, dia 20, segunda-feira, após pesquisar informações sobre a empresa na internet.

Além da Pública Consultoria, um dos seus advogados, Elsimar Roberto Packer, que tinha procuração dada pelo ex-prefeito Evandro para representar Penha nesta questão previdenciária, teria sido preso em operação da Polícia Federal na cidade de Tucuruí, no Pará, por denúncia de desvio de recursos da previdência dos servidores públicos daquele município, em 03 de novembro do ano passado. Elsimar também é citado em vários processos em todo país, por "crime contra o sistema financeiro nacional".

"O ex-prefeito na verdade caiu no golpe do bilhete premiado", acredita o vereador Isac da Costa (PR), líder do governo na câmara municipal. "Essa empresa apareceu prometendo que a cidade podia deixar de pagar o que devia, e assim sobrar dinheiro nas contas públicas, e o governo passado acreditou num esquema fraudulento, que agora deixou a cidade endividada", lamentou.

A dívida original, que era de cerca de 15 milhões de reais, acabou se tornando num débito de quase 52 milhões, devido a juros, multas e correção monetária. "O ex-prefeito podia ter pago normalmente o INSS, depositado o dinheiro em juízo enquanto o pedido de compensação era analisado, mas foi imediatista, queria dispor daquele recurso na sua gestão, sem pensar nas consequências", estipulou o líder governista.

Segundo auditoria feita pela empresa Pública Consultoria E Desenvolvimento Profissional Ltda, que recebeu 1 milhão, 675 mil e 450 reais da prefeitura para fazer o serviço, a cidade teria créditos a ver com a receita federal, porque teria pago mais do que deveria à previdência desde 1998. O município teria assim direito a "compensações", e descontou esse suposto valor do que deveria pagar à previdência entre 2010 e 2013.

No entanto, a receita federal não reconheceu o mérito da cidade as tais compensações, pois muitas delas já teriam até prescrito, já que o prazo para requisitar revisão nos valores pagos ao INSS é de cinco anos.

Por conta disso, para o auditor-fiscal federal, Eduardo Tanaka, o ex-prefeito Evandro Eredes dos Navegantes (PSDB) realmente cometeu atos ilícitos às legislações previdenciária e penal ao compensar indevidamente créditos inexistentes, prescritos ou não transitados em julgado, e por isso o citou formalmente numa representação fiscal para fins penais, por crimes como estelionato, falsidade ideológica e contravenção penal.
"A cidade deveria ter esperado a chancela da receita, ou então depositado o valor integral em juízo, para que caso ganhasse a questão, pudesse recuperar o dinheiro", opina o atual Secretário da Fazenda de Penha, Leandro de Lima Borba. "Como no final a receita federal não acatou o pedido de compensação, o município ficou com essa dívida", lamentou.

O advogado e representantes da empresa de consultoria devem ser chamados pela CPI assinada pelos vereadores do PMDB, PR, DEM, PROS e PT na câmara municipal de vereadores para prestar esclarecimentos. "Temos que investigar os fatos, a população nos cobra o papel de fiscalização, é nossa responsabilidade", argumenta o vereador Maurício Brockveld (PROS), que propôs a comissão parlamentar de inquérito.

"Não queremos acusar ninguém, mas o fato é que um prejuízo existe para a cidade, não só a dívida que o ex-prefeito diz que é só empurrar com a barriga como ele fez, mas também a condição inadimplente de Penha junto à receita que impede o município de receber recursos para obras do governo federal", acrescentou. "A cidade já está pagando um preço por isso, porque tem dinheiro pra receber do governo que ia garantir muitas obras de serem feitas, obras que o povo pede como pavimentação e tubulação, e tudo isso podemos perder por essa irresponsabilidade", reclamou.

Um dos objetivos dos vereadores que querem a CPI é que a cidade possa, responsabilizando os responsáveis, entrar com um processo para ser ressarcida. "O povo foi lesado, e essa novela não pode continuar. Se alguém errou, então deve pagar. Não é vingança, nem política, é questão de justiça, para cada morador que espera uma vaga na creche, mais agilidade de atendimento na saúde pública, mais ruas com infraestrutura e tantas obras necessárias onde esse dinheiro está fazendo falta", defende o vereador suplente Carlos Dolvino Georg (PT), que também assinou o requerimento pedindo pela investigação.

O pedido de CPI já foi protocolado junto à mesa diretora da câmara, e agora aguarda apenas a homologação da presidente da câmara, Maria Juraci Alexandrino (PMDB).

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