Por Herculano Domício - Jornal Cruzeiro do Vale

Por Herculano Domício

24/07/2017

OS POLÍTICOS, SEUS AMIGOS E SEUS JOGOS


Os assuntos abundam em Gaspar e Ilhota. Nos meus arquivos eles ficam guardados para serem “ressuscitados”. Em outros veículos, eles são jogados nos lixos, esquecidos e até comercializados ao silêncio (e as vezes, pela simples amizade ou se perder um ato de educação, o cumprimento). Há até comemorações quando as tramas passam despercebidas por todos incluindo aí adversários, Câmara e Ministério Público, além da imprensa, quase sempre “cega” ou preguiçosa.

Há duas semanas pousou na área de comentários da coluna Olhando a Maré, na internet, isto: “Foi lindo o discurso do dono da Havan [Luciano Hang] no auditório da prefeitura na última sexta a tarde! Principalmente quando meteu o pau no socialismo e deu o recado na lata para os petistas gasparenses de plantão! Deu até pena do Rui Deschamps! [vereador do PT]. Saiu desnorteado e sem direção! Perdido e sozinho pela porta da prefeitura... (mas, a pena passou rapidinho...). Já o Bertoldi [Dionísio Carlos, o outro vereador do PT] quase engasgou com a truta [negócio da família] que comeu ao meio dia... Mas ficou enjoado assistindo tudo até o final...Realmente foi lindo! Temos que colocar os petralhas no lugar onde de nunca deveria ter saído... só sabem fazer oposição!”

Muito bem. É lindo? Esta, infelizmente, realmente é a Gaspar. Este é o mundo político aqui e em qualquer lugar onde o atraso é algo que move os políticos, e principalmente, as instituições onde estão às pessoas ditas como líderes e que deveriam fazer uma comunidade ser forte, ética e comprometida com o seu desenvolvimento econômico e social.

Realmente, o PT está muito próximo de ser uma organização criminosa, disfarçada de partido político, pois só aos partidos é permitido, pela Constituição, ser (ainda) poder formal no Brasil. E quando no poder, o PT é quase ditatorial, inclusive para dizer quem deve se salvar, quem deve morrer, quem deve ser zumbi para dar os votos que o sustentará no poder, e quanto se deve pagar para se beneficiar da lama que distribui no poder (deu R$ 723 bilhões dos pesados impostos dos brasileiros em subsídios a escolhidos, tipo JBS, que compravam votos e mais poder enquanto se morria gente na fila do SUS, desempregava-se 14 milhões, aumentava-se a inflação...).

Esta comemoração postada naquela área de comentários da coluna deve ter razão de ser. Mas, que não façam todos os empresários de santos. Nesta lama, uma boa parte deles, incluindo um açougueiro chamado Joesley Batista que se tornou o maior produtor de proteína animal do mundo - se uniu para o mesmo crime, incluindo sonegação de impostos, refis marotos, perdão de bilhões no Carf corrompido... É isso o que se prova na Lava Jato e outras operações que estão em curso no Ministério Público, Polícia e Judiciário não apenas contra o PT, a máquina da lama, mas PMDB, PSDB, PP, outros partidos, empresários e até membros do Judiciário.

Gaspar com o PT perdeu a Bunge, a Capgemini, a CBA (a de maior retorno do ICMS) e dezenas de outras menores. Impediu-se na marra de se colocar o nome da ponte do Vale de Leopoldo Schmalz, por ser um empresário de reconhecido valor para a comunidade. Vários incentivos foram cortados para quem não se dobrou. Sobrou a perseguição orquestrada em Blumenau pelo PT que manda no daqui. Ele se moveu contra o ex-dono da Sulfabril, por ele ser empresário mal-sucedido, falido e ter salvo parte do patrimônio pessoal, foi algo descomunal. E quem pagou com isso? Gente humilde como os que moram no loteamento das casinhas de plásticos, ou gente amiga do PT, com grana, que usufruiu da Arena Multiuso...

Está certo o leitor da coluna que postou o comentário, mas cuidado. Como bem ele próprio salientou na mesma observação postada, o PT a única coisa que faz bem além de destruir o país, odiar investidores e ter discursos falsos como contra os banqueiros, é oposição. É o que lhe resta para o circo aos analfabetos, ignorantes e desinformados que são maioria.

Mas, voltando ao post do leitor. Cuidado: o discurso foi bonito, mas pode não ter muito sentido se o que se conversa nos bastidores do poder de plantão e aplaudiu as palavras corretas e corajosas de Luciano Hang, for adiante. Não será surpresa se a prefeitura do PMDB e PP contribua para o término do serviço de aterro da área particular a ser ocupada pela Havan, asfaltamento de pátio, drenagens, construção de acessos ou redução de tributos, como parte do pacote de incentivos e benefícios fiscais ao novo empreendimento. O PT está armado para a guerra, não se importando se a cidade vire ou não uma favela. Pois nela, terá mais zumbis que votam. Acorda, Gaspar!

TRAPICHE


Os vereadores de Gaspar estão de férias. Eles foram empossados no dia primeiro de janeiro. Ficaram de férias até a primeira semana de fevereiro. Em março votaram para eles mesmos um reajuste para não perder a inflação, quase toda do ano passado. Trabalharam uma vez por semana, em média, uma hora e meia, à tarde, e em cinco meses. Agora estão cansados demais. Quinze dias de folga. Acorda, Gaspar!

Uma pergunta que ninguém da prefeitura de Gaspar consegue responder, convincentemente e de forma prática. Na nova reforma administrativa de Kleber Edson Wan Dall, PMDB (cada governo inventa uma para arrumar mais poleiros para empregar os seus e gastar mais dos pesados impostos de todos), está prevista à volta da secretaria de Agricultura (e a estrutura de secretaria com mais empregos). O que Gaspar ganha com uma secretaria da Agricultura na sua estrutura no lugar de uma superintendência?

A tal secretaria de Agricultura foi criada no tempo do ex-prefeito, o médico veterinário, Adilson Luiz Schmitt, eleito pelo PMDB (e hoje sem partido depois de passar pelo PSB e PPS). O PMDB governa Gaspar com Kleber na mesma liga que fez no tempo do Adilson com o PP. O petista Pedro Celso Zuchi, no penúltimo dos oito anos de governo dele, com ajuda do PP o vereador mais longevo, José Hilário Melato, transformou a secretaria de Agricultura numa mera superintendência.

O vereador petista de primeiro mandato, mas aposentado no serviço público daqui, Rui Carlos Deschamps, antes das “merecidas” férias de julho, fez essa pergunta na tribuna da Câmara. E aproveitou para emendar outra: qual foi o produtor rural de Gaspar que deixou de ser atendido por ter sido a secretaria transformada em superintendência?

A maioria governista (PMDB, PSC e PSDB) na Câmara toda em silêncio. Antes, porém o primeiro parêntesis: Zuchi e o PT levaram seis anos para descobrir o que Rui questiona? Deboche! Demagogia! Isso mostra como os políticos trabalham contra os pesados impostos do povo e a favor dos seus interesses de poder e vingança. Mais: enganam os analfabetos, ignorantes e desinformados.

Outro parêntesis: se não bastasse isso, a tal nova Reforma Administrativa volta ao que era antes, trabalha com o passado. Ela bem demonstra como a atual administração vive de saudades; feita de jovens, vive do antigo, renega novas ideias, nega-se à renovação, à inovação e à ousadia na gestão pública. Também pudera: desse pessoal aí, quem administrou alguma coisa?

Rui mostrou uma conta simples de como essa “recriação” da secretaria da Agricultura vai onerar os cofres da prefeitura, que Kleber, Luiz Carlos Spenlger Filho, PP, e os peemedebistas Carlos Roberto Pereira, Francisco Hostins Júnior e Francisco Solano Anhaia entre outros, dizem nas entrevistas e discursos estarem combalidos: R$90 mil a mais ou seja, 1.600 horas de retroescavadeiras a menos para os agricultores (ou custo a mais para todos nós).

Para os que defendem a tal Reforma Administrativa, incluindo o PSDB de Franciele Daiane Back, a desculpa esfarrapada na ausência de algo mais consistente, é que a “recriação” da secretaria de Agricultura daria mais poder nas reivindicações nos órgãos públicos. Ai, ai, ai. Especialmente onde? Em Florianópolis. Segundo os defensores dessa tese do nada, seria diferente receber (e atender o que é legítimo para o povo de Gaspar) um superintendente ou alguém com o título de secretário de Agricultura, por exemplo. Meu Deus!

Como se vê, os políticos trabalham só com status (falso, é claro) e não com gente capaz, com luz própria, conhecimento, inovação e com resultados (nem precisam ser diferenciais, pois é pedir muito). E por que isso? Porque eles nomeiam para funções fundamentais da máquina pública paga pelo povo, pessoas e supostos gestores, todos fracos, sem liderança, sem capacidade de convencimento e que não dominam, na maioria dos casos, minimamente, o que fazem.

Acham que eu exagero? Faça a lista do primeiro escalão do governo de Kleber Edson Wan Dall e Luiz Carlos Spengler Filho e descubram essa doença que assola a administração pública. E olha que a campanha deles foi calcada na renovação e na juventude, hoje, toda ela manipulada por gente antiga, cheia de interesses nos seus negócios e na manutenção do poder, tudo para continuar ganhando ainda mais.

E aí, como não há luz própria e autoridade no nomeado, o ocupante do cargo público precisa de título no cartão de visitas, de status para poder ser, vejam bem, ser recebido por alguém em algum gabinete que possui a mesma identidade de status lá em Florianópolis.

E para dar status, é preciso remunerar mais, gente que não teria emprego nem de auxiliar em algum lugar minimamente competitivo; é preciso criar uma estrutura cara de suporte, de rei, para ser reconhecido como tal, tudo pago pelo povo em época de crise, vacas magras, desemprego na iniciativa privada, mas abundante no setor público dominado pelos políticos que pediram os votos em outubro do ano passado e já estão armando para outubro do ano que vem.

Como se vê, sem qualquer desmerecimento ao veterinário afeito a ver isso em bicho de estimação de madame daqui, contudo, disfarçar para não perder a cliente e eleitor escasso: pulgas só em cachorro magro. Nem veneno antigo, nem coleira moderna dá conta quando se desleixa.

E estamos cheios de cachorros magros dominados por pulgas. Essencialmente, os sifonápteros são parasitas e comparando-os são a cara dos políticos de hoje (velhos na idade e manha, ou jovens e novos na política). A pulga suga o sangue de quem fraco, magro, já não o tem, transmite doenças comprometendo ainda mais a fonte de sua própria vida.

O político, suga cada vez mais os nossos pesados impostos para as suas mamatas numa doença já sem cura, empobrecendo-nos mais e mais. Cada vez mais gordos, desfilam sem pudor inclusive nas desculpam que dão para desovar suas novas pulgas.

Ambos, todavia, são exímios saltadores. A pulga, salta de 200 a 300 vezes o seu próprio tamanho e se safa na falta de sangue. O político, muda de discurso, atitude e de lado para permanecer onde sempre esteve: sobreviver sugando.

E para encerrar. Já se foram sete meses de quatro anos de governo de Kleber Edson Wan Dall, Luiz Carlos Spengler e Carlos Roberto Pereira. Segundo o PT, a recriação da secretaria de Agricultura vai custar 1.600 horas de retroescavadeira a menos aos nossos agricultores de Gaspar ou a mais que serão retirados dos nossos pesados impostos. Acorda, Gaspar!

 

Edição 1811

Comentários

Herculano
25/07/2017 07:40
HOJE É DIA DE COLUNA OLHANDO A MARÉ INÉDITA. ELA ESTÁ SENDO FINALIZADA. AGUARDE
Rádio Corredor.
24/07/2017 20:14
Francisco Hostins Jr.,Chico Anhaia,Vando Andriette,Hilario Melato,André Waldrick,Nino Bonetti,Amauri Bornhauen,Raquel da Cunha,Claudio R.Avila,Jean C.de Oliveira,Rosemeri M. Melato,Valéria Schmitt da Cruz,Ademor Machado,Célia da Costa Souza,Cilene S.Kunel,Marcos Ludwig,Alexandre Gevaerd,Rubiana Beche,Fernanda Gelatti,Gabriel Correia.O que estes nomes tem em comum? Todos participaram do governo de Pedro Celso Zuchi PT.Fora estes existem pelo menos mais vinte outros colaboradores de Zuchi ajudando neste governo.O povo competente!Onde estarão os Pmdebistas Roxos?
Herculano
24/07/2017 18:58
GOVERNO PREPARA PLANO DE DEMISSÃO VOLUNTÁRIA PARA SERVIDORES

Conteúdo do jornal Folha de S. Paulo. Texto de Júlio Wiziack, da sucursal de Brasília. O Ministério do Planejamento prepara um Programa de Demissão Voluntária (PDV) para os servidores públicos federais do Poder Executivo. A medida, estima o governo, permitirá um corte de cerca de R$ 1 bilhão com a folha de pagamento a partir do próximo ano.

Os detalhes do programa deverão ser publicados em um medida provisória a ser enviada ao Congresso nos próximos dias. Para estimular adesões, o governo pretende conceder 1,5 salário para cada ano trabalhado. Hoje há cerca de 500 mil servidores ativos.

Atualmente, a despesa com o funcionalismo consome cerca de R$ 284 bilhões do Orçamento e só perde para o pagamento de aposentadorias (cerca de R$ 560 bilhões).

Apesar de lançar o programa neste ano, a economia com o pagamento de salários só começará a valer no próximo ano. No entanto, o governo já deve incluir a previsão de redução dessas despesas na proposta de Orçamento de 2018 que será enviada ao Congresso no final de agosto.
Herculano
24/07/2017 18:45
JOESLEY REPATRIOU RECURSOS DAS CONTAS DE "LULA E DILMA"

Conteúdo de O Antagonista. O Antagonista soube que Joesley Batista repatriou ao menos US$ 80 milhões das duas contas que mantinha na Suíça com créditos de propina devidos a Lula e Dilma.

Em sua delação, o empresário contou que chegou a depositar US$ 150 milhões como crédito da propina paga via Guido Mantega, para ter acesso a recursos do BNDES.
Joesley disse que as contas no banco Julius Baer tinham caráter "virtual", pois estavam em nomes de offshores suas e que os valores devidos foram "compensados" por meio de pagamentos no Brasil à campanha de Dilma em 2014.

Mas, como o dinheiro dessas contas não foi declarado ao Fisco, o dono da JBS usou a Lei de Repatriação, sancionada por Dilma, para regularizar os recursos.

ARREPENDIDO

TEMER SE ARREPENDE DOS 100 BI DE AUMENTO A SERVIDORES

O Antagonista soube que Michel Temer está arrependido de ter referendado, no início de seu governo, os aumentos salariais do serviço público que foram negociados por Dilma Rousseff e que terão impacto de R$ 100 bilhões nas contas do Tesouro até 2019.

Em conversas reservadas, integrantes do alto escalão do governo admitem que "não há orçamento que aguente" e defendem a revisão dos acordos - o que é praticamente impossível.

As carreiras contempladas foram as de auditor-fiscal da Receita, auditor-fiscal do Trabalho, perito médico-previdenciário, diplomata, oficial e assistente de chancelaria, policial do ex-territórios e servidor de infraestrutura.
Sidnei Luis Reinert
24/07/2017 13:44
Do trapiche de hoje:

"O vereador petista de primeiro mandato, mas aposentado no serviço público daqui, Rui Carlos Deschamps, antes das "merecidas" férias de julho, fez essa pergunta na tribuna da Câmara. E aproveitou para emendar outra: qual foi o produtor rural de Gaspar que deixou de ser atendido por ter sido a secretaria transformada em superintendência?"

Resposta:

A des-administração passada deixou a ponte da rua Alberto Reinert cair por duas vezes e ali moram duas famílias de agricultores( na época 3 famílias) que tiveram prejuízos e uma agricultora idosa de 70 anos( minha mãe) teve o pé quebrado ao passar e escorregar por cima de 3 toras roliças de eucalipto posto por cima do ribeirão com a ordem e acompanhamento pessoal de seu ex-prefeito.

E agora no momento temos uma ponte quebrada novamente porque a eletrosul passou com excesso de peso por cima dela, enquanto o EXMO. DR. RUI era superintendente daqui do Belchior, parece-me que não houve preocupação ou fiscalização por parte de VOSSA EXCELÊNCIA? e deixou-nos mais esta em seu currículo...


Herculano
24/07/2017 11:35
ADVINHA QUAL O ASSUNTO DESTA SEGUNDA-FEIRA NA PREFEITURA DE GASPAR?
Herculano
24/07/2017 11:32
A MISÉRIA DA ESQUERDA, editorial do jornal O Estado de S. Paulo

Sem Lula, os partidos do dito 'campo popular' dificilmente serão capazes de comover os eleitores com seu discurso estatizante

Os intelectuais petistas começam a admitir em voz alta aquilo que seus colegas militantes apenas murmuravam aqui e ali: a esquerda - como eles a entendem - é totalmente dependente de Lula da Silva para existir como força eleitoral. Sem o demiurgo petista e suas bravatas demagógicas, reconhecem esses amuados ativistas, os partidos do dito "campo popular" dificilmente serão capazes de comover os eleitores com seu discurso estatizante, baseado na puída tese marxista da luta de classes. Ou alguém acredita que Dilma Rousseff, que se julga herdeira de Leonel Brizola e seu esquerdismo terceiro-mundista, teria sido eleita e reeleita presidente da República não fosse seu padrinho?

"Impedir o PT de ter um candidato competitivo a um ano do pleito equivale a banir a esquerda da vida política", sentenciou o professor de História da USP e autor do livro História do PT, Lincoln Secco, em recente entrevista ao Estado. Segundo Secco, "a esquerda não tem plano B sem o Lula". Mais do que isso: o professor petista considera que, "sem apoio do Lula, nenhum candidato da esquerda se viabiliza".

O professor Secco não está sozinho nessa avaliação. A sentença do juiz federal Sérgio Moro que condenou Lula a mais de nove anos de prisão por corrupção e lavagem de dinheiro teve o condão de fazer com que outros militantes manifestassem sua preocupação com o futuro eleitoral da esquerda, depois de mais de uma década de bonança petista. Para essa turma, é preciso começar a encarar a vida sem Lula na cédula de votação em 2018.

O mais curioso desse diagnóstico é que Lula da Silva jamais foi de esquerda. Sua carreira como líder sindical e depois como político se notabilizou pelo oportunismo desbragado. "Eu nunca fui um esquerdista", disse o chefão petista em 2006, quando era presidente, buscava a reeleição e tinha de convencer o mercado de que nada mudaria na condução prudente da política econômica. Já quando precisa insuflar a militância esquerdista, Lula não tem dúvida em bradar, como fez no mais recente congresso do PT, que é necessário fazer "a esquerda voltar a governar o País". Cabe aos ingênuos escolher em qual Lula se deve acreditar.

Diante da perspectiva muito concreta de passar os próximos anos na cadeia, Lula da Silva parece ter intuído que o melhor a fazer no momento é travestir-se de esquerdista, vociferando palavras de ordem contra o capital, a imprensa e a classe média, de modo a eletrizar os tolos que ainda se dispõem a defendê-lo, a despeito de todas as evidências. Sua intenção é óbvia: transformar seu julgamento em um caso político, como se sua condenação judicial, acompanhada de carradas de provas, fosse uma ação da "direita", interessada em destruir as chances eleitorais da "esquerda".

Essa encenação para engambelar esquerdistas bocós conta com a participação ativa da cúpula do PT, ciente, é claro, do risco de ver o partido encolher drasticamente nas próximas eleições caso Lula não possa concorrer. No mais recente encontro do Foro de São Paulo - o notório convescote de partidos esquerdistas da América Latina que acabam de se reunir em Manágua -, a presidente do PT, senadora Gleisi Hoffmann, disse que "a direita reacionária e golpista não descansa" em seu intento de "destruir o PT e impedir que o maior líder popular brasileiro, Lula, seja nosso candidato nas eleições presidenciais de 2018". Segundo a petista, "mais do que nunca necessitamos de um governo de esquerda de volta ao nosso país". No mesmo discurso, sem ruborizar, a senadora aproveitou para se solidarizar com as ditaduras da Venezuela, de Cuba e da Nicarágua.

A estratégia petista de vincular o destino de Lula ao da esquerda - não só brasileira, mas latino-americana - parece estar funcionando bem, a julgar pelo lamento dos esquerdistas que já se consideram órfãos do chefão petista. Isso só comprova a miséria do pensamento dito "progressista" no País. Afinal, se essa esquerda, para existir, depende de um rematado demagogo condenado por corrupção, então é mesmo o caso de considerá-la moralmente extinta.
Herculano
24/07/2017 11:29
da série: a turma do politicamente correto e da esquerda do atraso, já está rebelada. Querem enganar com palavras macias, a dureza da realidade o que todos enxergam (ou vivem). Mudar essa realidade, não foram e não são capazes, mas escondê-la, ao menos nas palavras certas...

"COMUNIDADE E FAVELA É TUDO A MESMA PORCARIA", DIZ FAUSTÃO

Conteúdo do jornal O Estado de S. Paulo. O ator Ícaro Silva, campeão do quadro Show dos Famosos do Domingão do Faustão, foi o convidado do Arquivo Confidencial do último domingo, 24. Falando sobre a infância difícil nas favelas de Diadema, na grande São Paulo, a atração do programa relatou um episódio em 1995, quando a barraca em que Ícaro vivia com sua família foi derrubada por fortes chuvas que passaram na região.

"Olho para esse menino e fico pensando em quantas crianças não tiveram a sorte dele. A gente pensa em pobreza no Brasil, fala de gente pobre, mas não visualiza, não entende. A gente às vezes vê uma glamourização da favela", disse Ícaro após ver depoimento do pai sobre o ocorrido.

Nesse momento, foi interrompido por Faustão. "Aí começa a hipocrisia: 'vamos chamar de comunidade'. Comunidade e favela é tudo a mesma 'mercadoria', tem é que mudar a realidade. Aí muda o nome, estou falando porque fui repórter. Cansei de entrar em favela e sei como é a realidade. Aqui no Brasil é 'vamos chamar de comunidade'", desabafou o apresentador.

"Comunidade e favela é tudo a mesma porcaria, tem que mudar essas pessoas de lugar. A grande maioria é de gente honesta. Se você vai numa agência de banco na favela, 99% é de gente correta. 1% é que não presta, como em todo o mundo", finalizou.
Herculano
24/07/2017 11:16
OUTRA FACE DO DESMONTE DA LAVA JATO

Conteúdo de O Antagonista. Dos 78 inquéritos abertos em abril, relativos à delação da Odebrecht, 40 deverão sair do âmbito da Lava Jato, seja por iniciativa de Edson Fachin, seja a pedido da PGR. O argumento é sempre o mesmo: falta de ligação com o esquema do petrolão.

Sem o selo da Lava Jato, aumenta muito a chance de corruptos se safarem.

Brasil 24.07.17 07:33
Caetano Veloso é um perigo para a Lava Jato.

Segundo a Folha de S. Paulo, o grupo que ele comanda, 342 Agora, pediu um encontro com Rodrigo Janot antes de 2 de agosto, quando será votada a denúncia contra Michel Temer.

Espera-se que o procurador-geral da República não caia nessa cilada. Aquela gente desmoraliza qualquer denúncia.

O NOVO CóDIGO DA IMPUNIDADE

Petistas, peemedebistas e simpatizantes preparam um golpe para outubro, quando deverá ser votado o novo Código do Processo Penal.

Publica o Estadão: "No debate sobre o novo Código de Processo Penal (CPP) na Câmara, deputados discutem mudanças nas regras de delação premiada, prisão preventiva e condução coercitiva, além da revogação do entendimento de que as penas podem começar a ser cumpridas após a condenação em segunda instância. As medidas, que em parte se tornaram pilares da Operação Lava Jato, costumam ser alvo de críticas dos parlamentares."

É o novo Código da Impunidade, "em defesa do Estado Democrático de Direito".
Herculano
24/07/2017 11:04
BRASIL PRECISA AUMENTAR AINDA MAIS IMPOSTOS SOBRE GASOLINA, por Leão Serva, no jornal Folha de S. Paulo

O aumento do imposto sobre combustíveis, com consequente alta de preços, vai ser bom para o país por uma razão mais importante do que engordar o caixa do governo federal. Deve diminuir a demanda pelo uso dos automóveis e ajudar a qualidade do ar das grandes cidades, especialmente São Paulo.

O consumo de combustível e o uso do automóvel são influenciados por preço. Além de quebrar a Petrobras, muito mais do que a corrupção, a política demagógica que marcou os governos Lula e Dilma, de preços artificialmente baixos para agradar a indústria automobilística e segurar a inflação, provocou aumento do uso do carro e fez mal a todas as grandes cidades do país. A epidemia de congestionamento foi marca registrada dos governos petistas.

Menos conhecido do público, mas profundamente danoso foi o aumento da poluição e das doenças decorrentes, principalmente respiratórias. O mimo para a classe média e para as fábricas de carro foi pago com um aumento de custos para a saúde pública que vai deixar consequências de longo prazo para o país.

A taxação maior sobre os derivados de petróleo do que para o álcool também pode ser boa, se os postos mantiverem a proporção no preço para o consumidor. Nos anos passados, ao mesmo tempo em que continham o preço dos combustíveis, o governo federal reduziu a diferença entre gasolina e álcool abaixo dos 30% necessários para igualar o desempenho de consumo (os carros precisam de mais álcool para rodar a mesma coisa, por isso, o biocombustível tem que ser mais barato). Essa (falta de) estratégia quebrou o setor do álcool.

Na última terça-feira, a publicação "Nature Communications" divulgou um artigo sobre a poluição causada pelo crescimento do consumo de gasolina e redução do uso de álcool em São Paulo em função de preço durante o ano de 2011. O estudo chamado "Redução dos níveis de partículas ultrafinas na atmosfera de São Paulo durante troca de consumo de gasolina pelo etanol" foi feito por uma equipe multidisciplinar de pesquisadores de diferentes universidades, formada pelos brasileiros Alberto Salvo (economia, Universidade de Cingapura), Joel Brito e Paulo Artaxo (física, USP) e o alemão Franz Geiger (química, Northwestern University, EUA).

O artigo mostra como o comportamento do consumidor é sensível a alterações de preço e, por isso, a poluição cresceu quando o governo federal deixou o álcool mais caro.

Em verdade, uma gestão pública estratégica tem que levar em consideração vários aspectos da vida: a arrecadação de impostos, a taxa de poluição, o uso de automóvel e os transportes públicos, a tecnologia dos motores, o desenvolvimento da agricultura brasileira, etc.

Em anos passados, os prefeitos Gilberto Kassab e Fernando Haddad propuseram o aumento da Cide, tributo federal sobre combustíveis, com repasse para as metrópoles subsidiarem as tarifas de transportes públicos.

O governo Temer, que tenta sobreviver a qualquer custo, vai tapando buracos políticos e econômicos atabalhoadamente. Assim, se apropriou de uma receita que poderia melhorar os sistemas de ônibus municipais. O vampiro de Brasília chupa mais um pouco do sangue do país e deixa as tarifas dos coletivos por conta dos cofres dos municípios, muitos quebrados. É péssimo, sem dúvida.

Mas o aumento de preços vai reduzir a demanda por combustíveis, mormente derivados de petróleo, e isso tende a ter dois bons efeitos: diminuir as viagens de carro e a poluição nas grandes cidades.

A rigor, apesar da grita de donos de automóveis e caminhões, o ideal para o país é que mais aumentos ocorram, pressionando radicalmente a alteração do padrão da mobilidade e dos transportes. E com eles, poderá ser recuperada a ideia da "Cide para os municípios
Herculano
24/07/2017 11:01
COMO LULA, GLEISI PODE ESTAR PRESA NA CAMPANHA, por Cláudio Humberto, na coluna que publicou hoje no jornal Folha de S. Paulo

Além do ex-presidente Lula, caso a instância superior confirme a sentença do juiz federal Sérgio Moro, também a presidente do PT, senadora Gleisi Hoffmann (PR), poderá chegar à campanha de 2018 atrás das grades. Ela é ré em ação em que é acusada de corrupção passiva e lavagem de dinheiro. O processo contra Gleisi pode ser julgado ainda este ano pelo Supremo Tribunal Federal (STF).

RÉ POR UNANIMIDADE
O STF foi unânime ao aceitar denúncia por corrupção. Gleisi recebeu R$1 milhão da roubalheira à Petrobras para sua campanha, em 2010.

SEM MANDATO
Se Gleisi Hoffmann for condenada, o STF deve também cassar e declarar vago o seu mandato, e manda-la para a prisão.

UNIDOS PELO CRIME
Gleisi responde pelos mesmos crimes que condenaram Lula a 9 anos e meio de prisão: corrupção e lavagem de dinheiro.

TE CUIDA, LULA
O Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4), em Porto Alegre, em geral leva 180 dias para julgar recursos da Lava Jato.

BRASIL PERDERÁ R$1,2 BI IMPORTANDO ÁLCOOL PODRE
Só até maio, o Brasil deixou de arrecadar em 2017 ao menos R$300 milhões em impostos, em razão da decisão da Câmara de Comércio exterior (Camex) de autorizar a importação de "álcool podre" dos Estados Unidos, à base de milho e muito poluente, com alíquota zero. Em 2017, a estimativa é que a renúncia fiscal do governo brasileiro, garantida pelo lobby de distribuidoras, será superior a R$1,2 bilhão.

BALCÃO DA DILMA
O lobby dos distribuidores adquiriu permissão do governo Dilma para importar etanol podre sem pagar impostos. A treta jamais foi cancelada.

OBEDIENTES
Nesta terça (25), ministros da Câmara de Comércio Exterior (Camex) poderão prestar obediência aos distribuidores ou acabar com a treta.

IMPORTANDO SUJEIRA
O álcool à base de milho, importado sem pagar impostos, é "podre" por ser altamente poluente, ao contrário do álcool de cana "made in Brasil".

MOTEL PR
Funcionários da liderança do Partido da República (PR), na Câmara dos Deputados, encontraram uma calcinha esquecida no chão, há dias, quando chegaram para trabalhar. Ninguém assumiu ser dona da peça.

É Só ENGANAÇÃO
O governador Luiz Fernando Pezão deve adorar ser enrolado pelo governo federal. Se os atuais 50 mil homens da sua Polícia Militar não garantem a segurança da população, deveria saber que o factoide dos 380 soldados da "Força Nacional" não passa de enganação.

SEGURANÇA DELES
Só o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, voou 117 vezes em jatinhos oficiais, este ano. Mas a FAB não conta quanto custa o transporte de autoridades. "Dado estrate?gico para a seguranc?a nacional", diz. Anrã.

TOMANDO PULSO
José Sarney está em São Luís conferindo a aceitação da candidatura da filha Roseana para retomar o governo. Ele foi ao Estado conhecer as bisnetas e festejar com Dona Marly seus 60 anos de casamento.

JOESLEY CEARENSE
Ao fechar acordo de delação com a Procuradoria Geral da República, Sérgio Machado nunca viu o xilindró. Cumpre "pena" numa mansão pertinho da aprazível praia do Futuro, de Fortaleza. A Polícia Federal recomendou que ele perca os benefícios do acordo de colaboração.

MUITO PRAZER...
O jornalista e cineasta Jorge Oliveira lança no Rio de Janeiro a segunda edição do seu livro "Muito prazer, eu sou a morte", na livraria Travessa de Botafogo, às 19h desta segunda feira (24).

PIRÃO ACABOU
Sumiram do acesso ao aeroporto de Brasília os diversos outdoors que pressionavam parlamentares a votarem contra a reforma trabalhista. A reforma acabou com imposto sindical... que bancava os outdoors.

PRIORIDADES DO RIO
O orçamento da Secretaria da Ordem Pública da cidade do Rio de Janeiro é menor que o orçamento da Câmara Municipal da capital fluminense: R$552 milhões em 2017 contra R$660 milhões da Câmara

PENSANDO BEM...
...o recesso parlamentar deste ano é o primeiro em muito tempo em que ninguém poderá reclamar de tédio
Herculano
24/07/2017 10:57
OS INGÊNUOS CREEM EM "IDEALISMOS" CONTRA A MONSTRUOSA REALIDADE, por Luiz Felipe Pondé, filósofo, no jornal Folha de S. Paulo

Lembro-me que a primeira vez que li a Bíblia, por volta dos 13 anos de idade, achava estranho Abrãao, um dos heróis de Deus, referir-se a si mesmo dizendo "Eu, que sou pó e cinzas...".

Com o passar dos anos, fui cada vez mais entendendo como esse autorreconhecimento, na verdade, era o passo necessário e eficiente (como se diz na mais alta filosofia) para o restante do enredo: a convivência com o Deus de Israel só é possível se você fizer a experiência "esmagadora" da verdade de si mesmo.

Esse é o preço para se viver ao lado do Santo. Sendo Ele pleno, e nada resistindo a esta plenitude, a única forma de plenitude possível aos seu heróis era o reconhecimento de sua própria insuficiência. Perceber-se insuficiente é uma libertação.

Daí decorre muito do mau entendimento desse enredo e de seus personagens. A suposta "humilhação" que muitos pensam ver na relação com o Deus de Israel é apenas fruto de má leitura, ou de pouca leitura, ou, simplesmente, como diria um dos meus filósofos preferidos, Santo Agostinho (354-430), "orgulho, revolta e cegueira".

Parece-me que a correta interpretação dessa confissão de insuficiência presente na imagem de "pó e cinzas" é o encontro libertador com a humildade. Georges Bernanos (1888-1948), outro autor que me forma intelectualmente e espiritualmente continuamente, dizia que a humildade é, de todas as virtudes, a única imbatível.

Abraão, ao se reconhecer como pó e cinzas, simplesmente, encontrava sua libertação definitiva. A humildade bíblica é a mais profunda forma de libertação já descrita na literatura ocidental. O "rochedo da humildade" é imbatível como experiência existencial e espiritual.

A libertação não habita a boçalidade da assertividade treinada em workshops movidos a ressentimento "caché" (em francês, é mais chique dizer "escondido"). Nem tampouco em fórmulas neurolinguísticas a serviço desse pequeno ditador chamado "eu". Menos ainda em formas de espiritualidade quântica para consumo.

Diante desse fato, sinto-me um pouco como o filósofo judeu russo Lev Chestov (1866-1938), que se dizia um ateu convicto de que a mensagem bíblica é essencial para o conhecimento do lugar do homem em constante busca de dar sentido a uma vida em si insustentável.

Os ingênuos creem nas mais distintas formas de "idealismos", como dizia Chestov, contra a monstruosidade da realidade. "Sofremos a existência" e narrar esse sofrimento talvez seja a forma mais sublime de sinceridade que alguém que tem como profissão a escrita pode ter para com seus semelhantes.

Outro russo, filósofo também, Nicolas Berdiaev (1874-1948), influenciado diretamente por Dostoiévski (1821-1881), como Chestov, via a aventura espiritual humana como um combate entre o Nada do qual fomos tirados, e que nos habita intimamente, e a possibilidade de sermos criadores, como o Criador.

Para isso, a coragem de fugir da "cotidianeidade" banal é essencial. Essa banalidade se dá por meio de uma vida vivida com o espírito de rebanho, longe da "aristocracia espiritual" de que tanto falou Berdiaev, conceito retirado de Nietzsche (1844-1900), claro.

A vida espiritual como enfrentamento desse Nada, manifesta-se, entre outras formas, na superação do orgulho moral, traço clássico das almas ressentidas, incapazes de reconhecer o "nada do pecado" em si mesmas. Ao contrário do que prega nossa vã teologia da autoestima espiritual, o pecado é um dos conceitos mais libertadores na tradição ocidental.

A beleza de Deus nos impacta de formas distintas. Nosso vazio enxerga Deus melhor do que nosso orgulho. A passagem do Novo Testamento, em que Jesus está ao lado de dois ladrões no Gólgota, é paradigmática. Enquanto um, o mau ladrão, exige que Jesus use seus "superpoderes" de filho do Deus todo poderoso para tirá-los da cruz, o outro, o bom ladrão, pede que Jesus simplesmente se lembre dele, um ladrão que merece a cruz, quando entrar em Seu reino.

Por isso, no judaísmo, na oração "Nosso Pai e nosso Rei", falada no Dia do Perdão, se diz: "zachur ki afar anáchnu": Lembra-Te de que nada mais somos do que pó.
Herculano
24/07/2017 10:51
O ALI BABÁ DO AÇOUGUE E OS 40 LADRõES. OU:MIL E UMA NOITES DE CRIMES DE JOESLEY E 67 DE PERDÃO, por Reinaldo Azevedo, na Rede TV

Bem, não sei por onde começo. Acho que com um elogio à assessoria de imprensa de Joesley Batista. Alguém com pendores literários deve ter redigido, ou ajudado a redigir, o texto assinado por ele, publicado na Folha deste domingo. Já o título empresta certo tom de fabulário à narrativa, com um apelo até orientalista: "67 dias e 67 noites de uma delação".

Se Joesley fosse Sherazade, quem seria o rei chifrudo, a quem ele estaria querendo engabelar? Bem, convenham, quem vive tomando nos cornos é mesmo o povo brasileiro, né? Mas esperem? Rodrigo Janot, o procurador-geral, confessou, em Washington, que Sherazade lhe contava só pedacinhos das mil e uma noites da corrupção? E o rei gordoto do MPF sempre querendo mais? Em vez de dar voz de prisão para quem o submetia a uma espécie de chantagem, Janot lhe garantiu a impunidade. Na realidade como uma metáfora da fábula, Janot se casou com Joesley.

Ou, ainda, como diz Guilherme Macolossi, meu amigo e radialista em Farroupilha, pode ser que tenhamos lido um pedaço de "Ali Babá do Açougue e os 40 ladrões". E, bem, antes que o ex-bandido decida processar também Macalossi, convém que a FSB lembre a Joesley que, à diferença do que pensa o senso comum, Ali Babá não era ladrão?

O texto, de algum modo, inaugura um subgênero da literatura policial: o Desabafo Passivo-Agressivo. Eis um homem que não quer pouco da vida. Ele pretende mais do que a imunidade e a impunidade que lhe foram garantidas pelo rei do MPF, a ajuda de Edson Fachin. Ele quer o reconhecimento público. Julga-se injustiçado. Leiam este mimo:

Imagens minha e da minha família embarcando num avião, tiradas do circuito interno do Aeroporto Internacional de Guarulhos, foram exibidas na TV, como se estivéssemos fugindo. Um completo absurdo.
Políticos, que até então se beneficiavam dos recursos da J&F para suas campanhas eleitorais, passaram a me criticar, lançando mão de mentiras. Disseram, por exemplo, que, depois da delação, eu estaria flanando livre e solto pela Quinta Avenida, quando, na verdade, nem em Nova York eu estava.

Para proteger a integridade física da minha família, decidi ir para uma pequena cidade no interior dos Estados Unidos, longe da curiosidade alheia. Nessa altura, porém, eu já havia sido transformado no inimigo público número um, e nada do que eu falasse mereceria crédito."

Ora? Nova York, China ou uma cidadezinha americana qualquer, que diferença fazia? Há uma flagrante inversão dos fatos aí: o que se tentou - e Joesley foi o protagonista do esforço - foi transformar o presidente Michel Temer e o senador Aécio Neves nos inimigos públicos nº 1 e nº 2 do Brasil. Ou não foi o "Ali Babá do Açougue" a nominá-los justamente como os dois graúdos de suas lambanças?

Foram poucos - e, sim, eu estou entre os MUITO POUCOS - a reagir de imediato aos benefícios concedidos ao delator e a criticar a operação, que cometeu, entendo eu e entende uma penca de especialistas em direito, um rol formidável de ilegalidades.

Não é uma graça que Joesley venha a público para atacar os "políticos que se beneficiavam das doações da J&F para as suas campanhas"? Ora, doações de pessoa jurídica eram legais. Escandaloso é que se tenha aceitado a versão de que não havia diferença entre caixa um, caixa dois e corrupção. Ou não foi este senhor a dizer que comprou quase dois mil políticos, metendo todo mundo no mesmo saco?

Neste trecho, o redator exagerou:

Mentiram que eu estaria protegendo o ex-presidente Lula; mentiram que eu seria o responsável pelo vazamento do áudio para imprensa para ganhar milhões com especulações financeiras; que eu teria editado as gravações.

Por fim, a maior das mistificações: eu teria estragado a recuperação da economia brasileira, como se ela fosse frágil a ponto de ter que baixar a cabeça para políticos corruptos."

Vamos ver.

Não, Joesley! O que se estranha é que, ao longo de 13 anos de governo petista, nunca lhe tenha ocorrido gravar uma conversa suspeita com companheiros - ou com "o companheiro". Ou o partido mantinha com a J&F uma relação distinta daquela vivida com as empreiteiras, por exemplo? O que constrange, meu senhor, as almas que não se conformam com fábulas ruins, ainda que o esforço de comunicação seja meritório, é a versão que Temer e Aécio foram os principais instrumentos das ações ilegais da J&F ao longo dos últimos 14 anos.

De resto, que empresas do grupo J&F compraram dólares antes do vazamento, bem, eis um fato, não uma versão. Que a moeda deu um salto no dia seguinte ao vazamento, eis outro fato, não versão. Que o grupo seja alvo de mais de uma dezena de procedimentos investigativos da Comissão de Valores Mobiliários, eis igualmente um fato, não uma versão.

Quanto ao crescimento do país? Ora, Joesley! Sim, o episódio causou e causa constrangimento à economia brasileira, rapaz! Você é esperto. Não se tornou multibilionário porque é burro. Sabe que o tsunami criado pela operação "J&J" - Joesley & Janot - aumenta a desconfiança dos agentes econômicos, cria embaraços à reforma da Previdência, dificulta a retomada de uma agenda positiva. Se o país crescer 0,1 ponto percentual a menos do que poderia em razão de sua pantomima, meu senhor, estamos falando de R$ 6,3 bilhões em um ano. Se 0,2 ponto percentual a menos, são R$ 12,6 bilhões. Isso em um ano! É mais do que os R$ 10,3 bilhões do acordo de leniência fechado por seu grupo, num prazo de 20 anos.

Destaco também o trecho em que ele fala como um neoconvertido:

De volta a São Paulo, onde moro com minha mulher e meus filhos, vejo na imprensa políticos me achincalhando no mesmo discurso em que tentam barrar o que chamam de "abuso de autoridade".

Eles estão em modo de negação. Não os julgo. Sei o que é isso. Antes de me decidir pela colaboração premiada, eu também fazia o mesmo. Achava que estava convencendo os outros, mas na realidade enganava a mim mesmo, traía a minha história, não honrava o passado de trabalho da minha família.

Como é duro faturar R$ 4 bilhões em 2007 e R$ 183 bilhões em 2016 "enganando a si mesmo, traindo a sua história, não honrando o passado de trabalho da família?"

Vou dar um conselho a Joesley, de graça, mesmo sem fazer parte da equipe de assessores de imprensa e de imagem: não force o limite do ridículo. O que você quer? Que nós, os brasileiros, lhe sejamos gratos? Não deixa de ser engraçado você dizer que é de "carne e osso", duas, vamos dizer, matérias-primas que compõem parte considerável de seus negócios.

Sabe o que é, Joesley? A história não fecha. O fato de Janot, o rei do MPF, ter se conformado com a sua narrativa, arranjada na medida para derrubar o presidente Temer e atingir um dos principais adversários do PT, não combina com o conjunto conhecido da obra.

O povo brasileiro, rapaz, cuja confiança você traiu com tanta determinação, também é de carne e osso. Carne e osso vendidos a preço ordinário.

Abra mão de sua fortuna, torne-se um monge franciscano, doe tudo o que tem aos pobres, e aí a gente considera seriamente a hipótese de perdoá-lo. O que lhe parece a minha oferta?

No texto que você assina e nas ameaças que andou espalhando, não se percebem arrependimento, humildade, contrição. Ao contrário: o que se vê ali é a concupiscência do heroísmo, que é típica dos falsos heróis.

Um "ex-bandido", um "ex-criminoso", um "ex-corruptor contumaz" tem de ter pretensões um pouco mais modestas, cara!
Herculano
24/07/2017 10:40
CHANCES DE VITóRIA DE BOLSONARO SÃO A DESISTÊNCIA DE UM BRASIL MODERNO, por Celso Rocha de Barros, sociólogo, no jornal Folha de S. Paulo

Não há um só país desenvolvido no mundo que corresponda à visão que Jair Bolsonaro defende para o Brasil. Os países mais desenvolvidos são justamente os que mais respeitam os direitos humanos, os que mais toleram a diversidade, aqueles em que a polícia e o Exército são mais claramente subordinados ao Executivo democraticamente eleito. Bolsonaro é o Brasil que desiste, que abandona a pretensão de pertencer ao Ocidente iluminista e prefere se divertir com as coisas que divertiam nossos antepassados, como execuções públicas e linchamentos.

Bolsonaro gosta de se comparar a Trump. Imagino que, se você acha que o jornalismo é fake news, deve ser meio mal informado. O início do governo Trump foi um fracasso espetacular. Dodô Mãozinha tem o menor índice de popularidade que um presidente americano já teve nesse ponto de seu mandato.

O México não vai pagar por muro nenhum. O sistema legal americano, uma das instituições fundadoras da era moderna, barrou as iniciativas presidenciais mais evidentemente inconstitucionais. Já está claríssimo que as promessas sobre o sistema de saúde eram mentiras. Trump pode ser processado por ter conspirado com a Rússia para derrotar Hillary, e já pensa em dar a si mesmo um perdão presidencial (que inveja, hein, Michel?).

Mas as comparações mais pertinentes com o que Bolsonaro defende não vêm de nenhum país desenvolvido. Bolsonaro quer trazer o Exército de volta para a política. Nesse momento, há dois países fazendo isso: a Venezuela, onde Maduro só se sustenta porque entregou o Estado para os oficiais, e a Coreia do Norte, governada pela doutrina oficial Songun, a primazia das forças armadas. Pessoal de PT e PCdoB, da próxima vez, levem o abaixo-assinado que o Jair assina.

O autoritarismo, afinal, não tem ideologia. Se um regime comunista oferecesse a Bolsonaro a possibilidade de torturar adversários desarmados, ele e Brilhante Ustra enviariam seus currículos para a KGB na mesma hora. Tem gente que não quer suborno porque é honesta, e tem gente que prefere sua parte em sadismo sem risco.

O ideal de polícia de Jair Bolsonaro é um esquadrão da morte sem qualquer limite legal. Algo nessa linha está em implantação nas Filipinas. Se o Brasil desistir de ser Estados Unidos e topar ser Filipinas, Bolsonaro tem chances de vitória.

Mas o mais importante sobre Bolsonaro é que ele é a resposta para a questão: "De onde saíram esses corruptos todos da política brasileira?". Esses malandros são os descendentes morais da classe política herdada da ditadura militar.

Ao longo da história do regime, os juristas e adeptos sinceros do regime foram descartados e substituídos por picaretas e puxa-sacos que apoiariam qualquer coisa que Costa e Silva ou Médici fizessem. Essa turma fez fácil a transição para se vender para o PT.

Com a crise do PSDB, a última tentativa da direita brasileira de ser um partido democrático moderno, a turma de sempre pode voltar para Bolsonaro e encontrar de novo um coturno para lamber.

Enfim, se você quiser votar em Bolsonaro, vá em frente, não sou sua mãe. Mas fique avisado de que está desistindo de viver em um país moderno.

E a propósito: não ache que o bolsonarismo é coisa de homem. Homem é um tipo de adulto.

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