26/07/2017
Pimenta nos olhos dos outros, é refresco ou arde menos que nos nossos próprios olhos. Durante seis meses o governo de Kleber Edson Wan Dall, PMDB, complicou o que estava já complicado na saúde pública de Gaspar. Ao invés de assumir, mudar e testar novas oportunidades (como propagandeou falsamente na campanha eleitoral), Kleber preferiu o modelo PT que levou o setor ao caos.
Dessa forma, continuou com a intervenção marota no Hospital de Gaspar e que obriga compulsoriamente a prefeitura a bancá-lo como um todo, além da obrigação da prefeitura que era a de dar atendimento ambulatorial aos gasparenses. Com isso, satisfaz médicos e o torna o Hospital um sumidouro de dinheiro público escasso. Sem mexer nesse vespeiro corporativo, mofado e de interesses antigos, Kleber ampliou o caos na área da saúde nos postinhos, policlínica com suas especialidades, e na farmácia básica, essenciais obrigações da prefeitura para com a população.
Kleber ficou à deriva e refém das reclamações dos pobres e enfermos: uma massa respeitável; preferiu satisfazer uma minoria e que nem precisa do sistema de saúde pública. Ao contrário, usufrui. Vergonhoso. Perdeu capital político rapidamente, tudo porquê caiu na armadilha que ele próprio armou com os seus “entendidos” que fazem política eleitoral com a saúde, ou na dependência de votos na Câmara para seus projetos. É o jogo, jogado.
As queixas se avolumaram. Era a cobra correndo atrás do próprio rabo. Brigas. Pressões. Desgastes. Prejuízos nas relações e imagem. A solução, ao final de seis meses de experiência em fazer a roda girar do mesmo jeito manca, malsucedida e avaliada, repito, seis meses, foi a de demitir, a secretária da Saúde, a técnica Dilene Jahn dos Santos.
Ela foi indicada por um dos patrocinadores da campanha Kleber, Sérgio Roberto Waldrich. Bem feito para ele, em acreditar no conto de fadas dos velhos políticos experientes e matreiros daqui e que disfarçam nos jovens ou novos. Falta de avisos, e de muitos, não foi. Dilene já tinha sido gestora do Hospital ao tempo do PT que a tirou de lá, justamente para fazer a intervenção que Kleber continuou.
E qual a razão da intervenção? O PT não queria repassar dinheiro para “outros”, mesmo técnicos, administrarem o Hospital. É coisa do PT: não confia nos outros, porque gere mal ou com segundas intenções, e as encontra elas sempre nos outros, mesmo nos competentes e puros. Queria empregar os seus e gastar ele mesmo, o dinheiro dos impostos dos gasparenses no senso que possui de estatização. Nem mais. Nem menos.
Resultado dessa experiência intervencionista? O rombo de lá para cá só aumentou assustadoramente no Hopsital. E continua aumentando com Kleber, o que mostra que o poder público administra mal. E todos os dias, há uma desculpa ou culpados para isso. Até um gerente contrataram para descobrir em menos de um mês que ele não servia (ou não entendia do assunto, apesar do currículo e resultado que permitiu em outros locais). Ou seja, nem selecionar, conseguem.
O que Kleber fez ao tirar Dilene e colocar a até então subordinada Maria Bernadete Tomazini? O mesmo que a maioria dos clubes de futebol faz quando está perdendo os seus jogos e não suporta a reclamação da torcida: troca o técnico, cria fato novo na torcida, na cidade, na imprensa. Desvia todos do foco do problema, mesmo sabendo que há complô de jogadores no time fraco que quer se preservar, contra o técnico, contra o clube, contra o presidente (neste caso, o prefeito). É uma farra completa.
Tudo isso é para dar satisfação, para tirar a pressão, para ficar como está, “ganhar tempo”, esperar o milagre e até, piorar. Mudar, de verdade? Nada! Tanto que criaram uma “comissão” de “notáveis” para tirar a saúde pública de Gaspar do buraco. Ao invés de um gestor, uma “comissão”.
Um é o diretor técnico do Hospital, o médico Ricardo de Freitas. Nada sobre a sua competência de médico. Entretanto, ele é o representante do local onde justamente “come” o dinheiro que deveria estar nos postinhos, policlínica e farmácia atendendo a maioria das pessoas no processo ambulatorial e de especialidades. Ele vai advogar proposta diferente que não seja dar mais dinheiro para o Hospital e deixar o resto piorar?
O outro membro desta “comissão salvadora” do Hospital de Gaspar, é também médico do Hospital– outra vez, nada contra a competência profissional do médico em si. E neste caso é ainda pior. O dr. Silvio Clefi, PSC, o que usa a imagem do dr. João Leopoldino Spengler, possui um viés político e de poder. E por que? Ele possui e tem usado com sistemática frequência, uma carta de pressão por ser voto minerva na justíssima base de Kleber, na Câmara. Ele quer além de mais dinheiro para o Hospital que faltam aos postinhos, policlínica e farmácia básica, uma UTI para o Hospital, necessária, mas quando quem está na UTI é a saúde dos menos favorecidos, exatamente seus eleitores que deram o cargo de vereador ao médico. Contraditório, não é?
O terceiro membro desta comissão é o advogado e vereador, mas que já foi secretário de Saúde no tempo do PT, o líder de Kleber na Câmara, Francisco Hostins Júnior, PMDB. Bingo: interesses corporativos dois, interesses da sociedade, do governo Kleber, e com possível viés técnico pelo passado lá no Hospital num ambiente de pressão, talvez um. E por que? Dois são médicos do Hospital e um tem ainda a carta na manga para se sair dessa enrascada.
E foi justamente Sílvio Clefi que numa das sessões da Câmara depois da sua “escolha” para membro desta “comissão”, que esclareceu ao distinto povo sofrido que perambula nos postinhos, policlínica e farmácias: “a solução não será imediata”. Pediu um prazo de pelo menos 60 dias. Entendo! Quem não entende, é o pobre, o doente, o que está na fila à espera de curativos, diagnósticos, de simples receitas, na espera do ambulatório do Hospital, atrás de cirurgias e até de remédios básicos ou de uso continuado para doenças graves.
E a criatividade esperta da nova gestão da secretaria de Saúde já começou, mas só no palavrório, como já noticiei aqui em outra coluna. Informaram que “eliminaram” a existente fila das cirurgias pediátricas. Na verdade, eliminaram a velha fila de 68 e criaram uma outra para ver se as crianças precisam mesmo de cirurgia, depois de tanto tempo de espera.
Isso não vai dar certo! As rádios, os jornais, os portais até podem esconder todas essas deficiências por pressões, negócios, proximidade, bafo e relacionamentos. Mas, as redes sociais continuam bombando nas reclamações, continuam comparando, continuam mostrando o caos, continuam cobrando as promessas. Os políticos, os gestores e os membros dessas “comissões salvadoras” precisam perceber que os tempos são outros. O que aparece nesta coluna não é implicância, é constatação. Ou os doentes pobres agora, são implicantes? Antes era eleitores.
Seis meses, mas dois de carência, serão oito. Como diz aquele comercial do desaparecido banco Banmerindus, “O tempo passa, o tempo voa. Só a poupança Banmerindus continua numa boa!”. Como se vê, nem ela mais existe porque não foi capaz de dar solução às gambiarras que criou contra si. Foi tragada pela realidade do mercado. A saúde pública de Gaspar, está sem saúde, sem gestão, sem plano, sem execução, sem solução (por enquanto). Está sendo usada para experiência, acomodações, jogos políticos e de poder, além de ser o Hospital, como está, um sumidouro dos recursos públicos escassos. Meu Deus! Acorda, Gaspar!
Os vereadores de Gaspar estão de férias. Alguns, ainda, com coragem, dizem que recesso não é férias. Eles foram empossados no dia primeiro de janeiro. Ficaram de férias até a primeira semana de fevereiro. Em março votaram para eles mesmos um reajuste para não perder a inflação, quase toda do ano passado. Trabalharam uma vez por semana, em média, uma hora e meia, à tarde, e em cinco meses. Agora estão cansados demais. Quinze dias de folga. E tem gente na imprensa amiga, defendendo o aumento dos salários dos nossos nobres edis que já ganham R$5.564,11. Quantos gasparenses ganham isso por mês em Gaspar, trabalhando 40 horas por semana? Acorda, Gaspar!
O gato e o rato. Primeiro: a tal Reforma Administrativa do governo de Kleber Edson Wan Dall, PMDB, e Luiz Carlos Spengler Filho, PP, vai ser aprovada. A base do PMDB, PSC, PP e PSDB tem os votos para isso. Ponto final.
Segundo: ela não é ilegal, nem imoral, nem contra a ética. Terceiro, ela simplesmente é mentirosa. E por quê? A Reforma Administrativa proposta, contraria o discurso de economia do Kleber ou da falta de dinheiro nos cofres da prefeitura, o que torna o discurso, a proposta e os resultados falsos.
A Reforma cria mais despesas, enquanto Kleber, o vice Luiz Carlos e o prefeito de fato, o secretário da Fazenda, ainda acumulativamente da Administração e Gestão, presidente do PMDB, o advogado Carlos Roberto Pereira, vêm argumentando que falta dinheiro à prefeitura para assim cortar em áreas essenciais como Educação, Assistência Social e Obras, isto sem falar na capenga Saúde.
Pior, a Reforma Administrativa deixará um legado de gastos. No Trapiche da coluna de segunda-feira, escrevi sobre o custo para recriar a secretaria de Agricultura com o único intuito de dar status ao poleiro do titular e da sua estrutura de sustentação.
Estranho mesmo é ver e conferir as contas dos vereadores do PT da atual legislatura. Elas dão à dimensão do estrago contra Gaspar e os munícipes, pagadores de pesados impostos com esta Reforma Administrativa de Kleber.
Sem votos, todavia, só lhes restará expor o cranco e a maldição do legado, que não encontra eco na imprensa, a mesma que já foi a queridinha e a porta-voz do PT local.
Divertido é ver o PT e os seus, como o PDT, experimentarem o mesmo veneno na comunicação e ter apenas essa coluna, a maldita, a perseguida, a processada por eles, como a única interessada neste assunto sério para a comunidade.
Segundo os cálculos do discurso lido pelo vice-líder da bancada do PT na Câmara, Dionísio Luiz Bertoldi, em 2018, Kleber vai gastar 2018 vai gastar 53,8% do Orçamento de Gaspar em salários, o que é proibido pela Lei de Responsabilidade Fiscal.
Então! Se é proibido, ou Kleber não vai gastar, ou vai se adequar, ou se desgastar publicamente mais uma vez, ou vai ser punido, o que é bom para o PT. Então o PT reclama à toa.
Outra: o PT não é bom de conta, nem aqui, nem no Brasil. A conta da ponte do Vale foi enrolada por quatro anos para citar um exemplo. Ao final, esclarecido naquilo o que se apontava aqui e o PT, PDT e outros negavam. E o Brasil? Quebrado, roubado, corrompido pelos petistas, como mostra a Lava Jato, com o sócio gigolô de sempre, o PMDB. Acorda, Gaspar!
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