27/09/2017
Passados quase dez meses de governo, o prefeito de Ilhota, Érico de Oliveira, PMDB, exibe um contraste preocupante. Enquanto corta as verbas destinadas ao Fundo da Infância e Adolescência, que atinge diretamente a proteção (e a formação) dos vulneráveis e atitude que chama a atenção do Ministério Público, Érico está anunciando uma “grande pequena” obra para o dia 11 de outubro aos moradores mirins: um parquinho na Praça Central. É fruto da compra de vários deles como anunciei aqui anteriormente e cujo edital, teve que ser modificado pois cheirava direcionamento. Tudo a ver.
Mas, como sou um preguiçoso como ele mesmo me qualifica, vou colar aos leitores e leitoras da coluna, o próprio texto do prefeito e que Érico publicou na rede social dele, para que não reste a menor dúvida.
“Bom dia minha gente, não sei o que faziam tais administradores que não conseguiam ver que nossa cidade se deteriorava nas suas mãos, além de deixarem precariedade em tudo, no esporte, no lazer na educação na saúde etc... etc... etc...., ainda bem que se foram e que nunca mais este povo se esqueça o que foi feito de mal para este município, quero salientar que estou a nove meses no governo e consigo enxergar coisas que a muito tempo estão ao relento, nossas crianças precisam além de uma boa educação e saúde, precisam de desporto e lazer, e hoje convido todas as mães e pais com seus filhos pequeninos a estarem participando de uma simples e ignorada obra no dia 11/10 o novo parque municipal na praça central, onde estaremos oferecendo desporto e lazer num dia que nos remete ao dia da criança que é dia 12 e que vamos antecipar as festividades com uma confraternização com todas as escolas públicas e dar melhor qualidade de vida as nossas crianças, (como não dava e hoje dá), essa pergunta gostaria de ser respondido, isso com recursos próprios de economia e um valor tão irrisório pelo que a prefeitura arrecada, vamos aos poucos devolvendo a dignidade ao povo de Ilhota, dinheiro do povo simplesmente retornando para o povo”.
Volto. Os parquinhos são necessários, concluo e ponto final. Além da diversão, fazem a alegria da garotada despreocupadas com as segundas intenções dos adultos. Entretanto, é também uma ação demagógica como se viu perfeitamente no texto do prefeito; é política eleitoral; é revanchista; e como ele próprio assinalou, custa pouco, além de dar até retorno aos fornecedores de tais equipamentos, eu observo. Em breve, por falta de manutenção e vigilância, esses parquinhos estarão deteriorados e se compra outros, faz-se festa, inaugura-se, criam-se discursos e se arruma culpados. É assim que as coisas funcionam no mundo dos políticos, da maioria dos gestores públicos e no uso dos pesados impostos dos cidadãos.
Agora, investir na prevenção contra o abandono e à vulnerabilidade de crianças e adolescentes, com programas sociais, suportados por verbas públicas do FIA, isso não rende votos, discursos e provocações. Este gesto de construir o futuro de gente à beira de abismos por vulnerabilidade social deixados por adultos (pais, parentes, sociedade e autoridades), não é visto pelos passantes da rodovia Jorge Lacerda e os que estão no Centro da cidade como o parquinho. Ele é o outdoor do político no poder de plantão. É a propaganda visível e recompensada.
O político prefere a maquiagem, o marketing e a imagem. E faz isso de caso pensado, pois sabe que investir na proteção de crianças e adolescentes é algo de longo prazo e político, não é visível, não é mensurado, não rende votos imediatos. O político no poder e pelo poder, tem pressa para se manter sempre na berlinda como o benfeitor do momento, mesmo que as crianças alegres do parquinho sejam apenas uma imagem que escondem outra parte desabrigada, desamparada, exposta ao futuro de marcas. Político precisa de circo, pão, analfabetos, ignorantes, desinformados e diversão. Formar cidadãos dá trabalho, consome dinheiro. E vai que essa criança salva do mundo do crime se torne um opositor à demagogia. Então é melhor e mais barato, como acentua o prefeito, dar parquinhos... Uma troca perfeita no Dia das Crianças.
Este assunto não é novo aos leitores e leitoras desta coluna. Também é repetida à desconfiança do vereador Cícero Giovane Amaro, PSD, contra a forma de escolha e o possível mau uso dos estagiários na prefeitura de Gaspar. O tema voltou com o debate do Projeto de Lei 40/2017 e que trata da “remuneração da bolsa estágio na administração direta e indireta do poder executivo e legislativo municipal, e órgãos públicos convenentes”.
O primeiro impasse foi a quebra do regime de urgência. O segundo está –e o vereador vive martelando há tempo - na forma de escolha desses estagiários para a prefeitura de Gaspar, especialmente no atual governo de Kleber Edson Wan Dall. O vereador Cicero insiste, que, enxerga nesse processo, vícios claros, os quais não permitem acesso universal aos qualificados e competentes, mas aos amigos do poder de plantão por meio de indicações disfarçadas com a conivência do contratante o CIEE. Cicero, da tribuna repete que quer clareza, transparência e mais: concurso ou um tipo de seleção mais abrangente com ampla publicidade para dar mais oportunidades aos jovens sem padrinhos políticos ou gente influente daqui e até de outros municípios.
Finalmente, outra preocupação do vereador, no fundo apenas reverbera uma desconfiança do Sintraspug – Sindicato dos Trabalhadores no Serviço Público de Gaspar. Boa parte dos “estagiários” estaria sendo usada de forma inadequada, ou disfarçada no serviço público, para substituir a mão-de-obra concursada, numa ofensa ao artigo 37 da Constituição Federal. Esta desconfiança também é alimentada pelo Ministério Público da Comarca que trabalha neste assunto e não é de hoje. Vem desde o governo de Adilson Luiz Schmitt (sem partido) e prosseguiu durante toda a administração de Pedro Celso Zuchi, PT.
Tem gente na Câmara de Gaspar, que por falta de assunto e controle dos quadros de assessoramento da Casa, está repetindo os seus ou os requerimentos e indicações dos outros vereadores.
Esta situação pode mostrar também que o governo de Kleber Edson Wan Dall, PMDB, não tem dado conta do recado, principalmente no que tange as indicações.
Os 30 dias do suplente de vereador Joaquim Araldi, PRB, tirou do conforto alguns vereadores de Gaspar e que praticamente formaram um grupinho. Entre os que se sentiram a urticária está o próprio presidente da Câmara, Ciro André Quintino, PMDB.
A passagem do suplente foi como um furacão, como bem definiu um assessor da Casa em contato casual: foi rápido, fez estragos e deixou marcas expostas. Sobrou até para o seu próprio partido, que segundo confessou, está resumido a ele próprio e ao “Robson”.
Araldi na sua primeira sessão arrumou assombro quando cobrou do Executivo explicações sobre a vinda da Havan para Gaspar. Ingênuo, marcou terreno de forma errada e por isso, teve que enfrentar a turma do “deixa disso”. Queixoso sublinhou: “não vim aqui para agradar”. Na saída reclamou: “nada pode!”
“Andem por aí como eu andei. Fiz 450 visitas e pude constatar que 90% das pessoas estão descontentes”, informou Araldi na tribuna da Câmara ao fazer o balanço da sua passagem por lá. E segundo ele, a advertência não era só sobre a administração de Kleber – que andou negando pleitos seus de ajuda comunitária -, mas segundo ele, sobre os próprios vereadores, que teriam se afastado do povo.
Nas contas dele, a prefeitura de Gaspar teria arrecadado mais de R$120 milhões nos oito primeiros meses e estaria negando migalhas. Ou seja, os políticos sempre têm suas contas próprias. “Vou continuar a fiscalizar”, advertiu. E depois sou eu, o crítico. Sou apenas um canal de tantos problemas e reprimidos da cidade. Acorda, Gaspar!
Gigolô. A Celesc cobra dos municípios, 5% do arrecadado de taxa de administração para arrecadar a Cosip –Contribuição de Iluminação Pública – dos pagadores de energia. Um absurdo. Pior: leva quatro meses para repassar o cobrado às prefeituras. Ou seja, trabalha com o dinheiro dos outros.
Já está mais do que na hora de se trabalhar com estatísticas. Não há planejamento sem números corretos. E fazer discursos com supostos números, revela descomprometimento com assuntos sérios. O secretário de Turismo de Gaspar, Norberto Mette, PSDB, foi conhecer as cascatas e as potencialidades turísticas do Distrito do Belchior. É que ele estava acostumado com as de Blumenau e de onde saiu faz tempo.
E veio do Belchior com ideias para incrementar este tipo de atividade. Segundo os seus cálculos, nos sete “balneários”, podem passar num único final de semana (especificamente domingo), até 20 mil pessoas. Há provas? Não há! Cada administração, cada secretário possui os seus. História antiga, portanto.
Estes números foram jogados por Norberto Mette e a vereadora Franciele Daiane Back, PSDB, que a acompanhou, para provar que há necessidade de se melhorar a infraestrutura para dar segurança, conforto, até atrair mais gente, e talvez criar maior retorno de impostos. Hum!
A única coisa prioritária que está em jogo neste caso, é a preservação da natureza e disso nada se falou, por enquanto. Sem ela, e principalmente a proteção das fontes de águas naturais, com qualidade e quantidade preservadas, não haverá este tipo de turismo no Belchior, em breve.
A exploração imobiliária próximo às nascentes e cursos dos ribeirões que alimentam as cascatas é um fato concreto. Basta um voo panorâmico naquelas bandas. E uma história de contaminação espalhada por ai nesse público alvo, poderia ser fatal, não para uma, mas para todos os sete empreendimentos. Então...
Os vereadores de Gaspar usam recurso áudiovisual nas suas apresentações. Excelente. Recurso que, praticamente, iniciou-se com uso intensivo e continuado da ex-vereadora Andreia Symone Zimmermann Nagel, PSDB. Ela se valia da didática comum à sua profissão de professora.
Mas, quem assiste os pronunciamentos dos vereadores pela internet (facebook ou site), fica boiando. Sequer consegue o áudio. Vê apenas o vereador olhando para a tela. Ou seja, os vereadores avançaram, mas a área técnica da Câmara, bem paga, continua comendo poeira na comunicação.
Perguntar, não ofende. No domingo houve a Meia Maratona do Bela Vista. O corpo de agentes da Ditran de Gaspar estava em peso para o apoio ao evento. Foi de graça ou cobraram pelo serviço para algo que é particular?
Ilhota em chamas II. Depois de criar a Ditran – Diretoria de Trânsito –, o prefeito Érico de Oliveira, PMDB, acaba de criar e regulamentar a Jari – Junta Administrativa de Recursos de Infrações de Trânsito.
Ilhota em chamas III. A Jari vai julgar os recursos dos que se acham multados sem razão no município. Hum!
Copyright Jornal Cruzeiro do Vale. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita do Jornal Cruzeiro do Vale (contato@cruzeirodovale.com.br).