Por Herculano Domício - Jornal Cruzeiro do Vale

Por Herculano Domício

31/07/2017

 

O PSDB DE GASPAR REFÉM DA INCOERÊNCIA


O advogado e ex-presidente do PSDB de Gaspar, Renato Luiz Nicoletti, escreve na coluna líder de acessos na internet: “Sempre que se ouve falar em Reforma Administrativa, a ideia que se transmite à população é de melhor gerir, equacionar e economizar os recursos públicos, Nosso Dinheiro”.

E corretamente, arremata: “mas não entendo porque aqui em nossa cidade, apresenta-se uma proposta de Reforma, que justamente aumenta a despesa! Ora, isso, na minha singela e humilde opinião, é um contrassenso, contradição absoluta com o próprio lema, a bandeira da atual administração [Kleber Edson Wan Dall, PMDB e Luiz Calos Spengler Filho, PP]: Gaspar Eficiente. Como diz aquele comercial da TV, ‘menos é mais’”.

Volto. Pois é. Eu poderia parar por aqui. O comentário do dr. Nicoletti estaria irretocável, com a vantagem de que não fui eu quem o fiz, eu que sempre encontro defeito em tudo, segundo os políticos e gestores públicos daqui, desacostumados à transparência e à coerência dos atos, números e resultados.

Sem desmerece-lo, mas acentuando, o que o dr. Nicoletti observa no seu comentário, qualquer pessoa minimamente dotada de raciocínio da realidade ou sabedor das contas básicas de aritmética, sem ser versado em contabilidade pública, chegaria à mesma conclusão e entendimento que o dr. Nicoletti. Isso mostra, que os atuais gestores de Gaspar ou não sabem fazer contas, ou enganam os pagadores de pesados impostos, tratando todos como meros tolos.

O que não se entende, por outro lado, depois desta observação do dr. Nicoletti e a clareza de tudo que expôs, é a razão pela qual a representante do PSDB na Câmara, a vereadora adolescente Franciele Daiana Back, não consegue ter a mesma percepção do que está acontecendo.

Ao contrário, ela defende, com unhas e dentes, até talvez até mais que o próprio PMDB, PP e PSC a tal Reforma Administrativa marota de Kleber, Luiz Carlos e Carlos Roberto Pereira, a que aumenta as despesas, segundo o cálculo do próprio governo ao Bloco Democrático na Câmara, em R$2,138 milhões em quatro anos. Franciele já declarou o voto decisivo a favor da tal “Reforma Administrativa”, quando ela for a plenário.

Antes de continuar, uma observação: nem os opositores à ideia na Câmara, que são minoria, nem eu, nem o dr. Nicoletti questionamos a legalidade da proposta. E já escrevi sobre isto.

Continuando. E a situação é tão estranha que o PSDB de Gaspar, por meio da sua presidente, Andreia Symone Zimmermann Nagel, ratifica e diz que não é oposição ao governo Kleber e do PMDB/PP/PSC. “Vai apenas apoiar as coisas boas para Gaspar”. Faltou ser clara e dizer ao distinto público, inclusive o dela, o que é “defender as coisas boas para Gaspar”. Certamente, não é o de aumentar cargos e despesas na prefeitura, presume-se.

Talvez faltou combinar isso com a vereadora Franciele. Se combinou, o que duvido, diante da autossuficiência da vereadora, Franciele está dizendo para o PSDB, à cidade e os seus, que não está nem aí para o partido e as novas despesas contra os impostos do povo. A “Reforma administrativa” que está na Câmara, muda o que o PT aprovou há dois anos com ajuda do PP e do próprio PSD, que agora está contra e no tal bloco Democrático. Ela muda o que acha que tem que mudar, mas cria poleiros e mais despesas com pessoas para o PMDB agradecer, agradar e alimentar como seus cabos eleitorais, só que pagos pelo povo. E isso é bom para Gaspar?

Afinal, Franciele, do PSDB, é a favor do cabideiro de empregos políticos; de se gastar mais, exatamente na contramão dos discursos de Kleber e dr. Pereira, o presidente do PMDB, coordenador de campanha, secretário da Fazenda e Interino da Administração e Gestão, de Kleber de que falta dinheiro ou de que estão criando uma caixinha para as obras dos dois últimos anos de governo (campanha); de ignorar a crise econômica?

Quantas boquinhas vai ganhar o PSDB ou a Franciele nesse jogo? Se ela e o PSDB não ganharão nada, como juram, qual a razão de tão grande exposição e desgaste neste assunto onde as contas são tão óbvias como bem alertou o dr. Nicoletti, ex-presidente do partido?

Além disso, é contraditório o Projeto de Lei que tramita na Câmara e por vários aspectos. Vou citar apenas dois. Primeiro, se o PSDB vai só apoiar o que é bom para Gaspar, ampliar o cabide de empregos e se gastar mais dos impostos que minguam ou que faltam para as coisas essenciais seria algo bom para Gaspar? Com a palavra o PSDB.

O segundo é mais grave ainda. Para “tampar os buracos financeiros” Kleber, dr. Pereira e Luiz Carlos estão cortando as verbas para crianças vulneráveis, tirando a merenda da boca de crianças do contra-turno, armam diminuir o tempo delas na creche e se retira até dinheiro do orçamento da Câmara, mas vai ter dinheiro para pagar gente empoleirada e se aumentar as despesas com isso? Com a palavra a vereadora Franciele e seus gurus.

No papel, esse buraco não existe. Há no orçamento aprovado pela Câmara para este 2017 um superávit projetado de R$16,5 milhões. Ou o orçamento foi mal feito (e que é o mais provável, como todas as fantasias na contabilidade pública e que passam pelo crivo dos vereadores, pois isso foi aprovado na Câmara), ou por enquanto, há algo que não se explica nessa contabilidade, no jogo de números e nos discursos.

Está mais do que na hora do PSDB de Gaspar se explicar. Afinal, quais são as coisas boas que ele apoia no governo de Kleber, Luiz Carlos e do dr. Pereira? Quais são os empregos que o PSDB possui no atual governo municipal para apoiar algo que traz mais despesas e empreguismo? Quantos empregos a vereadora Franciele possui nesse mesmo governo? Há dois PSDB em Gaspar? Quando, afinal, o PSDB de Gaspar vai ser um partido de verdade e deixar de ser uma filial usada pelo PMDB? Isso já lhe custou caro em quase toda a sua vida, como bem testemunha mais uma vez, o ex-presidente dos tucanos locais, Renato Luiz Nicoletti. Acorda, Gaspar!

TRAPICHE


O presidente da Câmara de Gaspar, Ciro André Quintino, PMDB, acha que o dinheiro flui como em pardais que representava, os quais multam os incautos. Ele é o que mais gasta em diárias, é o que mais gera despesas no legislativo (móveis novos, frigobares, celulares, ajustamento dos vencimentos dos servidores), é o que ensaia aumentar os salários dos vereadores em plena crise desafiando a opinião pública.

Agora, Ciro quer mais poleiros na prefeitura, exatamente na contramão do discurso de eficiência, enxugamento da máquina administrativa, da economia ou da escassez de recursos que o fez abdicar de R$1 milhão da sua Câmara para devolver ao prefeito já no quarto mês do seu mandato de presidente.

Ciro está sugerindo criar a superintendência do Sul de Gaspar. Não riam. Depois virá a do Norte, a do Leste, a do Norte a dos amigos dos amigos...., além do Distrito do Belchior – a real necessidade – onde virou cabide e está sofrendo cortes substanciais no Orçamento para a manutenção. O que significa essa ideia do Ciro? Que a estrutura de efetivos e comissionados prefeitura de Gaspar não é competente para cuidar das áreas no Barracão, Macucos e Bateias. Vergonhoso atestado do PMDB, PP, PSC.

Mais vergonhosa, todavia, é a intenção que motiva a tal indicação que Ciro fará aprovar amanhã para “enviar” (onde tudo já está combinado) ao prefeito Kleber, na volta das férias da Câmara, a qual empossada teve um mês de férias, só começou a trabalhar em fevereiro, teve reajuste em março e agora estava cansada e descansou mais 15 dias, como detalhei na coluna de sexta-feira.

Ciro está “sugerindo” uma estrutura específica, ou seja, mais um balaio de empregos políticos, mais despesas para inchar mais a enferrujada máquina municipal e consumir ainda mais, dinheiro dos pesados impostos dos gasparenses. Só faltou colocar nomes. Na prefeitura, todos sabem quem serão os beneficiados e que estão atazanando em cobranças no paço. Ué! Mas, não está faltando dinheiro na prefeitura como contam sempre Kleber, Luiz Carlos e dr. Pereira quando justificam nos projetos que enviam para a Câmara?

Ciro quando não coloca as despesas das suas ideias para ter popularidade, benefícios e votos na conta dos impostos dos gasparenses, transfere esses custos para os empresários. Foi assim caso dos doadores de órgãos. Eles teriam benefícios nos serviços funerais, que é uma atividade do município permissionada. Isto sem falar que atacou o senso da doação, remunerando-a, indevidamente, onerando na ideia, o permissionário. Acorda, Gaspar!

O DEM é um partido de direita, minimamente estruturado, em ascensão no plano nacional, depois dele minguar, ter sido jurado de morte pelo PT e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Mas, em Santa Catarina ele é decadente, fraco, sem perspectivas, quando suas lideranças debandaram para o PSD – aquele que não situação, nem oposição, de direita, centro ou esquerda.

E o fracasso catarinense tem nome: o seu presidente no papel, o ex-secretário de estado e ex-deputado federal, Paulo Gouvêa da Costa. Ele é suplente do senador Dário Berger (PMDB). Todas as tentativas de trazer uma liderança para comandar o “renascimento” do DEM em Santa Catarina, foram abortadas pelo burocrata do partido em Brasília, Paulo Gouvêa. Ele salva apenas o seu emprego partidário, mesmo que isso comprometa frontalmente a vida do partido e dos adeptos de direita.

O requiém do partido em Santa Catarina é de dar dó. O DEM por breve tempo, ocupou uma cadeira na Assembleia com Narcizo Parisotto, hoje no PSC. Também perdeu o quarto suplente eleito na coligação (PMDB, PSD, DEM e PRB), o deputado Nilso Berlanda, que migrou para o PR.

Em Gaspar, nem se fala. Paulo Gouveia sempre apareceu com o prato pronto dos seus acertos e nunca deu valor para o time local. Salvou o emprego, enterrou o partido e sua representatividade. Só Brasília não enxerga isso.

Coisa do passado. Apenas para registrar e ver como as coisas funcionam e principalmente, esconde-se ou se disfarçam: prefeito Kleber Edson Wan Dall dá entrevista oficial a um veículo local, mas ao lado da princesa do Festinver e não da rainha, sua possível cunhada.


Quem mesmo escreve os discursos dos vereadores de Gaspar? Eu ainda vou escrever sobre isso, pois nem ler, alguns deles sabem. Algumas palavras lidas são tão estranhas para eles que a pronúncia parece ser qualquer coisa, menos algo que faça sentido na língua portuguesa.

Esta história da empresa Caturani, que quer e insiste numa carta branca da Câmara de Gaspar para operar emergencialmente e se habilitar definitivamente no transporte coletivo daqui, está mal explicada. Aí tem.

A todo momento aparecem correspondências para os vereadores, expondo a situação que a deixaria vulnerável. Até o advogado criminalista Benjamim Coelho, num misto de dono e patrono da causa, já ocupou a Tribuna Livre para convencer os edis.

A primeira desconfiança está na capacidade operacional e técnica. É isso que se depreende do chororô até agora. Ela nunca fez o transporte coletivo urbano como permissão. A Caturani está aqui para fazer um experimento e ganhar um “currículo” que a habilitaria em outros pequenos municípios.

Segundo. Esses ajeitamentos de empresas sem condições financeira e operacionais no transporte coletivo, já levaram a resultados maléficos para a população e para os próprios governantes em Blumenau e agora em Itajaí. Terceiro: alguns vão se assustar ao saberem quem é o padrinho dela nesta empreitada por aqui. Acorda, Gaspar!

Os petistas daqui não convictos se enrolam na coerência ideológica. Corria a sessão do dia quatro de julho quando o vice-líder do PT, Dionísio Luiz Bertoldi, falava sobre o desastrado, na visão dele, governo de Michel Temer, PMDB. Estava no papel dele de líder do PT naquele dia.

Lá na conclusão, Bertoldi, advertiu de que o governo Temer estava se aproximando ao do governo do ditador venezuelano Nicolás Maduro (falta comida, inflação alta, falta emprego, falta segurança, falta medicamentos, falta atendimento de saúde, quebra da Constituição).

Como assim? Bertoldi não leu o discurso antes para perceber a bobagem que pronunciava? Bertoldi não conhece o que faz o ditador Nicolás Maduro e como a Venezuela está dividida e quebrada? Quem mesmo, esteve mais próximo de ser um Maduro da vida e nos afundar como a Venezuela? Temer ou inspiradora do PT e de Bertoldi, Dilma Vana Rousseff? Não foi ela quem faliu o Brasil, desempregou milhões, acabou com a saúde pública, patrocinou roubos e corrupção aos bilhões para os seus, incluindo os do PMDB de Temer? Eu vejo tudo e não morro. Acorda, Gaspar!

 

Edição 1812

Comentários

Herculano Sabidão
01/08/2017 10:46
Esse Herculano é o senhor mimimi de Gaspar. Reclama da imprensa (sendo ele um dos representantes). Reclama de UTI, reclama de reforma, reclama de tudo. Não dá uma solução ou sugestão, apenas crítica. Aliás, a única coisa que fala é do ninho das aves, os caras estão ofuscados, mas lá fica ele mendingando migalhas. Como ele não sugere, eu tomo o cargo e aviso, vereadora pare de financiar essa coluna. Eu lembro o que aconteceu com um dos candidatos que viviam sendo carimbados nessa coluna, a última foi evaporada kkkk Cuidado.
Herculano
01/08/2017 09:43
NO DIA EM QUE A REFORMA ADMINISTRATIVA VAI SER VOTADA, O SITE DA CÂMARA ESTÁ "FORA DO AR". NADA, MAS TUDO É MERA COINCIDÊNCIA. ACORDA, GASPAR!
Herculano
01/08/2017 09:41
Ao que se escondeu como Senta a Pua

1. Cadê a oposição para esclarecer isso à cidade?

2. O que você afirma é grave: o secretário Carlos Roberto Pereira, advogado, não só não conhece os números, como engana o prefeito?

3. Quanto aos números, acredito que ele conheça perfeitamente, pois os técnicos efetivos da prefeitura não errariam. Quando ao segundo aspecto. ai é outra história
SENTA A PUA
01/08/2017 09:34
REFORMA ADMINISTRATIVA

Herculano, o secretário de finanças Roberto Pereira quer colocar o prefeito no mato ou não sabe nem o que está fazendo na sua secretária.
Tem um comentário na cidade que o projeto de reforma administrativa foi apresentando com calculos totalmente diferentes do que a lei exige, pois os gastos com esse projeto estão baseados na receita orçamentária bruta da prefeitura e não na líquida como deveria ser feita.
Resumindo, se esse projeto passar a folha de pagamento vai ficar bem inchada.
O Kleber que falava em sua campanha em conter gastos, parece que já mudou de ideia...
Como você fala: acorda Gaspar...

Herculano
01/08/2017 08:04
HOJE É DIA DE COLUNA OLHANDO A MARÉ INÉDITA PARA OS INTERNAUTAS

HOJE OS VEREADORES DE GASPAR VOLTAM DAS SUAS FÉRIAS DE JULHO DEPOIS DE FICAREM DE FÉRIAS O MÊS DE JANEIRO INTEIRINHO. ACORDA, GASPAR!
Herculano
01/08/2017 08:02
Ao Alessandro Pelegrino

1. A imprensa de Gaspar sempre em silêncio sobre este grave e repetido problema na era Kleber Edson Wan Dall (menos aqui, é claro).

2. Tiraram a secretária de Saúde e a nova não resolveu o problema?

3. E o vereador e médico Silvio Clefi, PSC, querendo uma UTI. Quem está na UTI é o Hospital. Acorda, Gaspar!
Alessandro Pelegrino
31/07/2017 22:11
Sr. Herculano

O hospital de Gaspar tá um caos, mais de 5 horas esperando na tal triagem, muitas pessoas a espera de pelo ser encaminhada para um atendimento digno.
Tá uma vergonha, isto não pode ficar assim, falta médicos, enfermeiros e profissionais da saúde.
Onde está a eficiência de Gaspar?
Herculano
31/07/2017 18:29
A ESTABILIDADE NO SERVIÇO PÚBLICO, editorial do jornal O Estado de S. Paulo

Já passou da hora de o Brasil discutir seriamente a questão da estabilidade no serviço público, princípio absolutamente desvirtuado

Uma nação que pretenda avançar em seu processo de amadurecimento democrático deve ter coragem de enfrentar o debate acerca de certos temas controvertidos, não raro tachados indevidamente como tabus. Não é salutar para a democracia haver questões intocáveis a priori, sobretudo quando a discussão pode ajudar a encontrar os meios de fazer da eficiência e da moralidade inarredáveis virtudes balizadoras da administração pública.

Já passou da hora de o Brasil discutir seriamente a questão da estabilidade no serviço público, um princípio pertinente em sua origem ?" proteger os servidores contra eventuais desmandos de governantes de ocasião ?", mas absolutamente desvirtuado no curso de nossa história, tanto por sua manipulação como instrumento de acomodação de interesses políticos e eleitorais como por sua transmutação em mero subterfúgio para encobrir incompetência e desídia.

A concorrida disputa por uma vaga no serviço público é um eloquente indicador de que a estabilidade e o regime de aposentadoria diferenciada são os seus maiores atrativos quando contrapostos às pressões da incerteza a que estão submetidos aqueles que trabalham na iniciativa privada. Não por acaso, ingressar no serviço público é uma empreitada que milhões de brasileiros alçam à condição de objetivo fundamental e à qual são capazes de dedicar preciosos anos de suas vidas produtivas.

Entretanto, o que poderia ser justamente tomado como um triunfo pessoal por aqueles aprovados em rigorosos processos seletivos e como uma salvaguarda da qualidade e da eficiência na prestação de serviços públicos à sociedade pelos profissionais mais capacitados, em muitos casos, descamba para a acomodação de funcionários incompetentes ou relapsos que se abrigam sob o manto da estabilidade. Vale dizer, o princípio que se presta a proteger o servidor de um abuso acaba por se voltar contra o público ao qual ele deve servir.

Para corrigir essa distorção, a senadora Maria do Carmo (DEM-SE) apresentou em abril o Projeto de Lei do Senado (PLS) 116/2017, que pretende regulamentar o dispositivo constitucional que prevê a demissão de funcionários públicos por insuficiência de desempenho. Desde o início de junho, o PLS tramita na Comissão de Constituição, Justiça e de Cidadania do Senado, onde aguarda parecer do senador Lasier Martins (PSD-RS).

De acordo com o texto em discussão na Câmara Alta, todos os órgãos e entidades da administração pública direta, autárquica e fundacional dos Três Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos municípios deverão realizar a avaliação de desempenho de seus respectivos servidores a cada semestre, assegurada a publicidade dos critérios de avaliação, bem como o direito ao contraditório e à ampla defesa. Antes de ser exonerado, um servidor público deverá passar por um processo de avaliação de desempenho que durará, no mínimo, dois anos. Portanto, não se trata de um processo de demissão sumária e tampouco imotivada.

Não se pode olvidar ainda o reflexo que o fim da estabilidade teria no equilíbrio das contas públicas em caso de crise fiscal. A Constituição já autoriza a exoneração de servidores estáveis, não estáveis e ocupantes de cargos de confiança nos casos em que os limites de endividamento dos entes federativos estabelecidos pela Lei de Responsabilidade Fiscal são ultrapassados em 95% do teto: 50% para a União e 60% para Estados e municípios.

É de fundamental importância para o País que o Congresso se debruce sobre a revisão de tal dispositivo constitucional, de modo a contemplar o cenário de déficit na arrecadação, e não apenas os casos de aumento do custeio da folha do funcionalismo.

O fim da estabilidade no serviço público ?" tal como é hoje entendida essa prerrogativa, isto é, como um privilégio ?" seria um importante passo em direção à profissionalização e ao aumento da eficiência da administração pública, valorizando aqueles servidores vocacionados que estão à altura da nobre função social que exercem.
Herculano
31/07/2017 11:22
DESCOLADOS E BACANAS ADOTAM VIRA-LATAS E PEDEM HóSTIA "GLUTEN FREE", por Luiz Felipe Pondé, filósofo,
no jornal Folha de S. Paulo

A tipologia humana contemporânea chama a atenção pelo ridículo. Descolados e bacanas são pessoas que têm hábitos, afetos e disposições de alma mais avançados do que os "colados" e os "canas".

Estes são gente que não consegue acompanhar os progressos sociais e se perdem diante das novas formas de economia, de sociabilidade e de direitos afetivos. Vejamos alguns exemplos dessa tipologia dos descolados e bacanas. Se você não se enquadrar, não chore. Ser um "colado" ou "cana" um dia poderá ascender à condição vintage, semelhante ao vinil ou ao filtro de barro.

A busca de uma alimentação saudável é um traço de descolados e bacanas. Um modo rápido e preciso de identificá-los é usar a palavra "McDonald's" perto deles. Se a pessoa começar a gritar de horror ou demonstrar desprezo, você está diante de um descolado e bacana. Se você não entender o horror e o desprezo dele pelo McDonald's, você é um "colado" e um "cana".

Essa busca pela alimentação segura bateu na porta de Jesus, coitado. A demanda dos católicos descolados e bacanas é que o corpo de Cristo venha sem glúten. Uma hóstia "gluten free". O papa, seguramente uma pessoa desocupada, teve que se preocupar com o corpo de Cristo sem glúten. A commoditização da religião, ou seja, a transformação da religião em produto, um dia chegaria a isso: que Jesus emagreça seus fiéis.

Um segundo tipo de descolado e bacana é aquele pai que fica lambendo o filho pra todo mundo achar que ele é um "novo homem". Esse "novo homem" é, na verdade, um mito pra cobrir a desarticulação crescente das relações entre homem e mulher. Homens cuidam de filhos há décadas, mas agora pai que cuida de filho virou homem descolado e bacana, com direito a licença-paternidade de 40 dias, dada por empresas descoladas e bacanas.

Além de tornar o emprego ainda mais caro (coisa que a lei trabalhista faz, inviabilizando o emprego no país), a sorte dessas empresas é que as pessoas cada vez mais se separam antes de ter filhos. As que não se separam, por sua vez, ou tem um filho só ou um cachorro. Logo, fica barato posar de empresa descolada e bacana. Queria ver se a moçada fosse corajosa como os antigos e tivesse cinco filhos por casal. Com o crescimento da cultura pet, logo empresas descoladas e bacanas darão licença de uma semana quando o cachorro do casal ficar doente. E esse "direito" será uma exigência do capitalismo consciente. Aliás, descolados e bacanas adotam cachorros vira-latas para comprovar seu engajamento contra a desigualdade social animal.

Um terceiro tipo de gente descolada e bacana é o praticante de formas solidárias de economia. Este talvez seja o tipo mais descolado e bacana dos descritos até aqui nessa tipologia de bolso que ofereço a você, a fim de que aprenda a se mover neste mundo contemporâneo tão avançado em que vivemos.

Uma nova "proposta" (expressões como "proposta" e "projeto" são essenciais se você quer ser uma pessoa descolada e bacana) é oferecer sua casa "de graça" para pessoas morarem com você. Calma! Se o leitor for alguém minimamente inteligente, desconfiará dessa proposta. Algumas dessas propostas ainda vêm temperadas com um discurso de "empoderamento" das mulheres que colaborariam umas com as outras. Explico.

Imagine que uma mãe single ofereça um quarto na casa dela para outra mulher em troca de ela cuidar do maravilhoso e criativo filho pequeno dessa mãe single. Entendeu? Sim, trabalho escravo empacotado pra presente.

Gourmetizado dentro de um discurso de "solidariedade feminina" e economia colaborativa. Na prática, você trabalharia em troca de casa e comida. Essa proposta é ainda mais ridícula do que aquela em que você, jovem, recebe a "graça" de trabalhar de graça pra um marca famosa que combate a fome na África em troca de experiência e para enriquecer seu "book". Na China eles são mais solidários do que isso, você ganharia pelo menos um dólar.

Sim, o mundo contemporâneo é ridículo de doer. Com suas modinhas e terminologias chiques. Coitada da esquerda que abraça essas pautas criativas. Saudades do Lênin?
Herculano
31/07/2017 11:11
DITADURA MOSTRA A CARA COM MADURO, MAS HÁ UMA FRESTA, por Clóvis Rossi, no jornal Folha de S. Paulo

Dois fatos deste fim de semana mostraram a feia cara da ditadura em que se transformou a Venezuela de Nicolás Maduro.

Primeiro, uma brutal repressão contra os manifestantes que se opunham à eleição da Assembleia Constituinte, transformando a votação deste domingo (30) na mais sangrenta da história eleitoral venezuelana.

Segundo, o refúgio, na residência do embaixador chileno em Caracas, de Elenis del Valle Rodríguez, uma das juízas designadas pela Assembleia Nacional de maioria opositora para ocupar um lugar no Tribunal Supremo de Justiça ?"informação confirmada pelo chanceler chileno, Heraldo Muñoz.

Tiros, agressões e mortes de opositores, bem como o exílio, foram características marcantes das ditaduras que mancharam a história da América Latina nos anos 70 e 80 do século 20, mas que pareciam coisa do passado.

O problema, para as autoridades chavistas, é que os venezuelanos não aceitaram a carranca imposta pelo governo e, segundo a oposição, recusaram-se a votar.

A coalizão opositora MUD ( Mesa da Unidade Democrática) informou que apenas 12% do eleitorado venezuelano havia comparecido para votar (2,483 milhões).

O silêncio do governo durou até pouco depois da meia-noite local (1h de segunda no Brasil), quando foi divulgado que 8 milhões de eleitores haviam comparecido à votação.

Eventual guerra de números à parte, há pelo menos dois indícios de que talvez haja uma fresta capaz de permitir alguma negociação.

Primeiro indício: nas negociações entre governos do Mercosul para fixar posição conjunta sobre a votação, o governo uruguaio defendeu que se propusesse a Caracas não instalar imediatamente a Assembleia Constituinte, exatamente para dar tempo a uma negociação.

O chanceler Aloysio Nunes Ferreira aceitou a proposta, mas a Argentina se precipitou e emitiu nota isolada dizendo que não reconhece a Constituinte, caminho já antecipado também por Panamá, Peru, Colômbia, EUA, México, Costa Rica e Chile.

Segundo indício: em resposta à proposta do Mercosul, feita há dez dias, de uma reunião em Brasília para avaliar a situação, o governo venezuelano reagiu de maneira inusual.

Em vez das desqualificações habituais dirigidas aos governantes do Mercosul, louvou a proposta de "acompanhar o processo de diálogo entre venezuelanos" e sugeriu "construtivamente" uma reunião em Caracas na primeira semana de agosto.

É óbvio que os números da votação, quer o governo reconheça ou não o baixo comparecimento, condicionarão os próximos passos
Herculano
31/07/2017 11:08
BANCADAS DO "BOI, BALA E BÍBLIA", AMPLIAM PEDIDOS AO GOVERNO

Conteúdo do jornal O Estado de S. Paulo. Texto de
Valmar Hupsel Filho, Gilberto Amendola, Marianna Holanda, Pedro Venceslau, da sucursal de Brasília. As principais frentes parlamentares da Câmara dos Deputados reforçaram nos dois últimos meses as demandas por pautas de seus interesses no governo federal. A investida coincidiu com a delação do Grupo J&F e o início da tramitação da denúncia apresentada pela Procuradoria-Geral da República contra o presidente Michel Temer por corrupção passiva.

As chamadas bancadas "BBB" (Boi, Bala e Bíblia), que se organizam para defender temas ligados ao agronegócio, à segurança pública e à religião, abrigam 80% dos 213 deputados que não declararam publicamente como vão votar a respeito da admissibilidade ou não da acusação formal, segundo o Placar do Estado.

Além de distribuir emendas parlamentares e de receber mais de uma centena de deputados, Temer já atendeu algumas reivindicações das frentes e indica que poderá apoiar outras demandas históricas dos grupos. A sinalização mais clara foi dada à bancada ruralista, a mais organizada e combativa da Câmara, formada por 205 deputados.

Para barrar o prosseguimento da denúncia na Casa, Temer precisa de um mínimo de 172 votos. A admissibilidade da acusação requer um mínimo de 342 votos. O governo está confiante de que a denúncia será rejeitada. A sessão está marcada para quarta-feira.

A expectativa, contudo, é de que o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, apresente ao menos uma nova acusação formal contra o presidente, que ainda é investigado pelos crimes de obstrução da Justiça e organização criminosa. Esta situação intensificou o clima de cobrança na Câmara.

No mês passado, em meio à tramitação da denúncia, Temer destravou os principais itens da chamada "Pauta Positiva" apresentada pela Frente Parlamentar pela Agropecuária em maio de 2016 ao então vice-presidente ?" uma semana antes do afastamento de Dilma Rousseff.

Entre os itens da pauta, foi sancionado no dia 11 deste mês a medida provisória que permite a legalização em massa de áreas públicas invadidas, apelidada por ambientalistas de "MP da Grilagem". Oito dias depois, o presidente Michel Temer aprovou parecer da Advocacia-Geral da União (AGU) que determina que o entendimento do Supremo Tribunal Federal no julgamento da terra indígena Raposa Serra do Sol, em Roraima, deve balizar próximas demarcações.

O governo também encaminhou neste mês de julho ao Congresso um projeto de Lei que altera os limites da Floresta Nacional do Jamanxim e cria uma Área de Proteção Ambiental de mesmo nome, no Pará. Na prática, o governo propõe o aumento da área passível de ser desmatada, o que gerou protestos de ambientalistas.

O deputado Nilson Leitão (PSDB-MT), coordenador da Frente Parlamentar Mista da Agricultura destaca avanços nas negociações com o governo Temer em relação a demarcação de terras indígenas, venda de terras para estrangeiros, licenciamentos ambientais e anistia às dívidas de agricultores com o Fundo de Assistência ao Trabalhador Rural (Funrural), entre outras.

"Estamos mantendo um bom diálogo com o governo em diversos aspectos, principalmente em pautas que não avançavam há muito tempo", disse Leitão.

Pressões. A Frente Parlamentar Evangélica conseguiu em junho que o Ministério da Educação determinasse a retirada de circulação de mais de 90 mil livros didáticos de conteúdo considerado impróprio pelos religiosos. A ação foi uma demonstração de força dentro da Comissão de Educação e mostrou a disposição do governo em dialogar com o grupo.

O deputado Alan Rick (DEM-AC), membro da frente, afirmou que na volta do recesso a bancada deve concentrar suas atenções para proposições ligadas à descriminalização do aborto ?" mais especificamente o Estatuto do Nascituro, que, na prática, transformaria o aborto em crime hediondo.

Em tramitação desde 2007, e já com parecer favorável na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), o projeto deve ir ao plenário da Câmara tão logo a denúncia contra Temer seja um assunto do passado. Rick acredita que o Estatuto terá apoio do governo e de sua base. "Já conversei com o presidente e ouvi que ele, pessoalmente, é contra o aborto. Por isso, estou confiante que iremos conseguir barrá-las com o apoio do governo."

Sem ter suas pautas atendidas de forma tão direta, a Frente Parlamentar da Segurança Pública projeta para o segundo semestre uma resposta do governo à sua principal demanda: a revogação do Estatuto do Desarmamento.

O grupo quer que o projeto do deputado Rogério Peninha Mendonça (PMDB-SC), que flexibiliza pontos do Estatuto do Desarmamento, seja lavado ao plenário. Entre os principais pontos estão o fim da obrigatoriedade da renovação do registro de armar e a redução da idade mínima para compra de armas de 25 para 21 anos. "Temos que insistir na votação da flexibilização do Estatuto. O governo não pode ser tão reticente ao tema", disse o deputado Alberto Fraga (DEM-DF), coordenador da Frente Parlamentar da Segurança Pública. "Antes era o viés da omissão. Agora, ao menos, estamos trazendo essas questões para o debate", completou.
Herculano
31/07/2017 11:04
MADURO MATA MAIS 15 EM FAVOR DE FARSA APOIADA PELO PT, PDT, PCdoB E PSOL, QUE PEDEM "FORA, TEMER", por Reinaldo Azevedo, na Rede TV

Se alguém quiser saber o tamanho do compromisso do PT e das esquerdas brasileiras com a democracia, indague-os sobre o que está em curso na Venezuela. A ditadura militar daquele país - sim, ditadura militar! -, com um gendarme civil, Nicolás Maduro, matou pelo menos 15 pessoas no processo eleitoral deste fim de semana, que elegeu no domingo uma Assembleia Constituinte. Só as forças que apoiam a tirania indicaram candidatos.

Um referendo organizado pela oposição evidencia que a esmagadora maioria da população não aceita o processo. Sabe tratar-se de um golpe para destituir os atuais membros do Poder Legislativo, que tem maioria oposicionista. O governo fala que oito milhões de pessoas votaram. É mentira! Segundo a oposição, menos de 12% dos eleitores compareceram - algo em torno de 2,4 milhões.

Muito bem! E o que o PT, por intermédio de sua aloprada presidente, a senadora Gleisi Hoffmann, disse a respeito? Ora, solidarizou-se com Maduro. E tripudiou sobre os mortos. Em artigo na Folha, publicado neste domingo, em parceria com Mônica Valente, secretária de Relações Internacionais do PT, afirma a senadora:

"A convocação de uma Constituinte na Venezuela tem sido motivo de crítica por parte da oposição do país e do governo sem credibilidade e sem voto do Brasil. A votação deste domingo (30) naquele país escolherá representantes regionais e de vários setores profissionais, entre eles pescadores e empresários, estudantes e trabalhadores urbanos e rurais, pessoas com deficiência e aposentados. (?)"

Você não achou suficientemente asqueroso? A dupla vai adiante. O texto está no site do partido:

"A Assembleia tratará de temas diversos, como a formulação de um acordo de paz entre governo e oposição, um novo e fundamental modelo para acabar com a dependência do petróleo sobre a economia local, a consagração de direitos sociais, democracia participativa, modificações no sistema judicial, a identidade pluricultural, os direitos da juventude e até medidas para proteção ambiental."

Não ficou com inveja da Venezuela, leitor? Com a colaboração da direita xucra, há, sim, o risco de essa gente voltar ao poder.

O PSOL, de Jean Wyllys, aquele que nunca engole e sempre cospe desaforos, pede a cabeça de Temer no Brasil, mas é um aliado objetivo de Maduro, sim. Não há nada no site do partido sobre esse pleito vigarista, mas se procurar, saberá o que pensa a legenda sobre o regime. PCdoB, o partido que lamentou a morte do ditador norte-coreano Kim Jong-Il em 2011 e elogiou, acreditem!, o desenvolvimento econômico da Coreia no Norte, e o PDT assinaram nota, em conjunto com o PT, em solidariedade ao assassino venezuelano.

O país está sendo empurrado para uma guerra civil. Trata-se de uma ditadura militar, fortemente influenciada pelo narcotráfico, e assim é desde a era chavista. Os militares mantêm Maduro como a fachada de um regime supostamente socializante. Conhecidos que moram no país, com acesso aos bastidores do poder, informam que há um risco severo de divisão também no seio das Forças Armadas. De um lado, estão militares que repudiam o presidente e os parceiros de farda que o sustentam porque isso lhes franqueia usar o país como rota do tráfico; de outro, o banditismo, de que Maduro é tanto a vedete como o boneco de mamulengo.

Permito-me reproduzir aqui trecho de um post que publiquei no dia 16 de abril de 2013:

O chavismo não existe, como muitos supunham. O que existe é um processo ditatorial que mantém debaixo do porrete a sociedade venezuelana. Os ditos bolivarianos compraram parte considerável das Forças Armadas da Venezuela, hoje infiltradas pelo narcotráfico e em parceria com os narcoterroristas das Farc. Cada vez mais, anotem aí, o país assumirá as características de uma ditadura militar convencional - mas sem abrir mãos dos rituais homologatórios das eleições encabrestadas e fraudadas pelos bolivarianos. Em suma, trata-se de uma ditadura narcobolivariano-militar.

Fantasia? Não, senhores. Em 2012, Eladio Ramón Aponte Aponte, então presidente do Tribunal Superior de Justiça da Venezuela, o Supremo de lá, pediu asilo aos EUA e virou delator da DEA, a agência antidrogas americana. Ele confessou cumplicidade com uma rede sul-americana de narcotráfico. E admitiu ter manipulado processos judiciais para favorecer traficantes cujos negócios eram partilhados com alguns dos mais graduados funcionários civis e militares do governo Chávez. E nada mudou no governo Maduro.

Brasil
Em nota, o Itamaraty repudiou a farsa eleitoral e pediu ao governo venezuelano que não instale a nova Assembleia, conclamando ao entendimento. É pouco. Acho que o Brasil tem de seguir, nesse caso, EUA, Costa Rica, México, Panamá, Peru, Colômbia e Chile. Esses países já declararam que não reconhecem a legitimidade da eleição.
Herculano
31/07/2017 11:03
NA ESCUTA DA LEI, editorial do jornal O Estado de S. Paulo

Relatório da PF sobre gravações que o ex-senador Sérgio Machado fez de conversas com políticos manifesta um bom senso cada vez mais raro na aplicação da lei penal

Recentemente encaminhado ao Supremo Tribunal Federal (STF), o relatório da Polícia Federal sobre as gravações que o ex-senador Sérgio Machado fez de conversas com vários políticos manifesta um bom senso cada vez mais raro na aplicação da lei penal. Com a acuidade que se espera dos agentes da lei, a delegada Graziela Machado da Costa e Silva, autora do relatório, faz notar a distância entre o que de fato consta nas gravações e aquilo que alguns gostariam que estivesse presente.

No ano passado, Sérgio Machado ?" que também foi presidente da Transpetro, subsidiária da Petrobrás ?" apresentou gravações que havia feito de conversas suas com o senador Romero Jucá (PMDB-RR), o então presidente do Senado Renan Calheiros (PMDB-AL) e o ex-presidente da República José Sarney (PMDB-AP). Na tentativa de obter um abrandamento de suas penas, Machado trouxe material que supostamente provaria a obstrução da Operação Lava Jato por alguns dos caciques do PMDB. Naturalmente, a divulgação das gravações, contendo comentários negativos à Operação Lava Jato, causou imediata repercussão política.

Agora, a Polícia Federal traz um pouco de bom senso à discussão do caso, ao cotejar o conteúdo gravado com o que a lei penal estabelece. "O conteúdo dos diálogos gravados e a atividade parlamentar dos envolvidos no período em comento não nos pareceu configurar as condutas típicas 'impedir' ou 'embaraçar' as investigações decorrentes da Operação Lava Jato", diz o relatório.

A delegada Graziela Machado da Costa e Silva reconhece que "as conversas estabelecidas entre Sérgio Machado e seus interlocutores limitaram-se à esfera pré-executória, ou seja, não passaram de meras cogitações". Esse ponto é de extrema importância, pois não raro alguns membros do Ministério Público dão como prova cabal o que não passa de presunção. Ouve-se uma coisa que não é crime e se supõe a ocorrência de outra coisa, já dentro da esfera penal. E esse indevido passo lógico é ainda revestido de pompas de diligência e sagacidade.

Não é conluio com a impunidade exigir provas no processo penal. É simplesmente a garantia de que, num Estado de Direito, não há espaço para se condenar com base em preconceitos ou juízos prévios sobre o caráter do réu, por pior fama que ele possa ter. O bom Direito sempre impõe o princípio da presunção da inocência.

O relatório da Polícia Federal é didático ao abordar o que pode ser considerado, pela lei penal, como obstrução da Justiça. "Quando Sérgio Machado propõe, por exemplo, um 'acordo com o Ministério Público para parar tudo', não implica admitir como factível tal proposição, e o mesmo se aplica à suposta interferência que advogados poderiam exercer em decisões do ministro Teori Zavascki. É preciso mais", diz a delegada.

O relatório recorda o óbvio, que, com frequência, é esquecido. Eventual comentário negativo a respeito do Poder Judiciário ou de determinado órgão, seja quem for o autor da crítica, não obstrui a Justiça. Esse aspecto é de especial relevância para a liberdade de expressão e, no caso concreto dos senadores, para a livre atuação parlamentar. Faz parte da competência de cada um dos Poderes zelar, dentro de suas atribuições, pelo bom funcionamento dos outros Poderes e órgãos públicos. Poder sem controle não é da natureza de um Estado de Direito.

A Polícia Federal conclui que, a respeito do inquérito analisado, "a colaboração (de Sérgio Machado) mostrou-se ineficaz, não apenas quanto à demonstração da existência dos crimes ventilados, bem como quanto aos próprios meios de prova ofertados, resumidos estes a diálogos gravados nos quais é presente o caráter instigador do colaborador quanto às falas que ora se incriminam", e que, portanto, não caberia destinar a Sérgio Machado os benefícios legais da colaboração premiada.

Fosse mais habitual essa interpretação serena da lei, estaria resolvida boa parte das atuais instabilidades políticas e, principalmente, alguns criminosos confessos teriam um destino mais adequado aos seus atos.
Herculano
31/07/2017 10:58
VEJA LÁ, AÉCIO

Conteúdo de O Antagonista. Aécio Neves voltou a aparecer no noticiário exclusivamente político.

Ele articula para votar a emenda que recria a cláusula de barreira e o fim das coligações proporcionais (para vereadores e deputados).

São medidas essenciais para diminuir o número de partidos no Brasil e acabar com as legendas de aluguel.

O problema é o jabuti do distritão, feito sob medida para eleger apenas os nomes mais conhecidos e dificultar a renovação partidária.

Temer quer o distritão, obviamente
Herculano
31/07/2017 10:56
da série: este é o retrato de Brasília, mas de Santa Catarina e de Gaspar também. Vergonha como políticos e gestores públicos desperdiçam os nossos pesados impostos na maior cara dura.

CUSTO BRASIL SUBIU 120%, MAS FUNCIONÁRIOS Só 10%, por Cláudio Humberto, na coluna que publicou hoje nos jornais brasileiros

O inchaço resultante do aparelhamento do Estado brasileiro na última década elevou os gastos com pessoal em cerca 120% entre 2007 e o ano passado, passando de R$ 126,8 bilhões para os atuais R$284 bilhões por ano para bancar Executivo, Legislativo e Judiciário. O problema é que o número de funcionários cresceu apenas 10%, passando de 1,99 milhão em 2007 para os atuais 2,2 milhões.

MÁQUINA OBESA
O Executivo, o mais inchado dos Poderes, gastava R$ 96,7 bilhões em 2007 e aumentou gastos para R$ 213,7 bilhões (descarados 121%).

MENOR CRESCE MENOS
O Legislativo federal, além do menor número de servidores, elevou os gastos menos (56%). Passou de R$ 5,9 bilhões para R$ 9,2 bilhões.

CONTRACHEQUE INJUSTO
No Judiciário, o gasto com folha aumentou 106% desde 2007, quando era de R$ 18,9 bilhões. Atualmente, a Justiça nos custa R$ 39 bilhões.

PALAVRA DO PLANEJAMENTO
O custo de servidores aumentou 10 vezes mais que o número deles por reajustes e o "crescimento vegetativo" da folha, diz o Planejamento.

NA TURMA DE ALCKMIN, DORIA É ADVERSÁRIO A SER BATIDO
João Doria, e não o petista Lula, ganhou o status de "maior adversário" da pré-candidatura presidencial de Geraldo Alckmin, em 2018. É simples a estratégia da turma de Alckmin para tentar neutralizar o rival: declarar sua confiança nas garantias do prefeito de que não disputará a candidatura presidencial do PSDB. A ideia é caracterizar Doria como "traidor" ou "sem palavra", caso o prefeito resolva disputar a eleição.

AGORA VAI
Alckmin não pensa em outra coisa: quer ser presidente. E lembra na intimidade que perdeu para Lula em 2006 porque era o auge do petista.

MAIS VOTOS
O problema de Alckmin é que, nas pesquisas para presidente, o novato Doria sempre registra pelo menos o dobro das intenção de votos.

EM CAMPANHA
Por onde anda, Doria repete a lorota de que é "candidato a ser bom prefeito". Mas o discurso é de postulante à presidência da República.

DAR AULAS, UMA PAIXÃO
Não será surpresa se ao final da sua presidência, em setembro de 2019, a ministra Cármen Lúcia deixe também o Supremo Tribunal Federal. Com residência em Brasília, ela pretende voltar a dar aulas.

HADDAD 2018
Apesar das juras de amor e de que não há alternativa a Lula na eleição presidencial, petistas da própria facção do ex-presidente articulam um "plano B" chamado Fernando Haddad, ex-prefeito de São Paulo.

OS TEMORES DE MACHADO
O ex-senador Sérgio Machado (PMDB-CE), cuja delação a Polícia Federal considerou imprestável, só dorme com ajuda de ansiolíticos. Teme que a anulação do seu acordo leve à cadeia o filho Expedito, o "Did", seu principal operador, e que o neto cresça com o pai preso.

CANDIDATA A EXTINÇÃO
O governo mantém estatais dispensáveis, como a Valec, estatal criada para "construir ferrovias", mas só produz escândalos. Só a folha de pessoal da Valec custa ao contribuinte R$ 67 milhões por ano.

SELFIE, Só COM ORGULHO
Quando algum político do PSDB fala com entusiasmo sobre Armínio Fraga assumindo o Ministério da Fazenda, há sempre quem lembre sua frase, sobre o atual governo: "Nunca participe de um governo em cuja companhia você se sinta constrangido em ser fotografado."

SERENATA DO DIDA
Em 2014, a confraternização de fim de ano do Banco do Brasil virou festa de aniversário de Aldemir Bendine, agora preso na Lava Jato, com direito a participação da cantora Daniela Mercury no que ela chamou de "serenata do Dida". Tem até vídeos da festança.

CORINGA PETISTA
Ex-presidente da Petrobras preso na Lava Jato, Aldemir Bendine quase presidiu o BNDES, também enrolado no esquema de corrupção petista. Dilma chegou a convidá-lo para o cargo, mas mudou de ideia.

ALô, POLÍCIA
Era de R$ 0,41 o aumento médio previsto para a gasolina, após a alta de impostos. Mas em Brasília houve posto, como o Ipiranga da 111 Norte, que aumentou de R$ 2,94 para R$3,71, ou sejam, 26%.

PENSANDO BEM...
...não se sabe quem inventou a propina, já quem recebeu..
Herculano
31/07/2017 10:51
UM GOVERNO "EM TESE"

Conteúdo de O Antagonista. Eliseu Padilha acha que, "em tese", haverá quórum no plenário da Câmara para votar a primeira denúncia da PGR contra Michel Temer.

Ele também afirmou à Folha ser "perfeitamente possível" governar sem o PSDB, se os tucanos desembarcarem.

Faltou dizer "em tese"
Herculano
31/07/2017 10:40
POR QUE OS ESTADOS UNIDOS ACEITAM MADURO E NÃO INTERVÊM MAIS, SEGUNDO O NEW YORK TIMES, por Nelson de Sá, no jornal Folha de S. Paulo

Domingo à noite, a home page e o aplicativo do "New York Times" não faziam referência à Venezuela.

A explicação era encontrada em longa reportagem do mesmo "NYT", publicada antes, ouvindo autoridades anônimas e mostrando por que os Estados Unidos não intervêm. Diz o jornal:

?" O efeito poderia ser um conflito mais violento ou mesmo um golpe militar. E as ondas de choque em todo o hemisfério poderiam criar mais complicações para o governo americano no momento em que tenta se concentrar na Coreia do Norte e Irã.

Mais importante, haveria "danos colaterais aos EUA", como "aumentar o preço da gasolina e reduzir o lucro de várias grandes refinarias", além de "forçar Chevron, Philips e outras a importar petróleo com custos maiores" de países distantes.

E o preço do petróleo também saltaria em todo o mundo, "reforçando as economias da Rússia e do Irã".
Herculano
31/07/2017 10:37
A QUEM INTERESSA A GUERRA ENTRE PF E MPF?

Conteúdo de O Antagonista. Investigadores da PF, segundo a Folha, estão dizendo que há muitas contradições nas delações da Odebrecht e que faltam provas concretas de muitas histórias contadas pelos executivos.

Cláudio Melo Filho, por exemplo, afirmou que Renan Calheiros e seu filho receberam dinheiro sujo; depois, disse que não.

Esses mesmos investigadores também criticam o excesso de delatores da empreiteira, o que torna o trabalho de investigação ainda mais difícil.

Para fazer uma perícia, a PF quer ter acesso ao Drousys, o sistema eletrônico que a Odebrecht mantinha na Suíça para armazenar os dados das propinas. O sistema está com a PGR.

Estamos diante de mais um capítulo da guerra de informação entre policiais e procuradores - que deveriam trabalhar sempre juntos. Só que, agora, a guerra está no coração da Lava Jato.

A quem interessa essa guerra?
Herculano
31/07/2017 10:33
TEMER DUELARÁ CONTRA NINGUÉM NA PRIMEIRA BATALHA PARLAMENTAR, por Vinicius Mota, secretário de redação do jornal Folha de S. Paulo

Abriu-se o ciclo da última prova de resistência de Michel Temer. Caso ele sobreviva até o final de setembro, é provável que as energias para destituir o presidente se dissipem de vez no cálculo de custos e benefícios da política.

Embora o mecanismo -a denúncia por crime comum- seja novo, o procedimento para depor o chefe do Executivo federal já foi testado duas vezes na Nova República. Seu rubicão é a desconfiança de dois terços dos deputados federais no presidente. Atingido esse placar, os desdobramentos são quase automáticos.

Não se deve dar tanto crédito ao invólucro jurídico desses processos. A arbitragem será, a exemplo dos casos Collor e Rousseff, sobretudo política. Como é usual nas disputas de poder, os deputados vão decidir entre o presidente no cargo e aquele que herdaria o Planalto em caso de queda.

À diferença das outras duas "eleições indiretas" deste período democrático, agora não há um polo opositor forte a atrair os descontentes.

Tucanos afoitos, logo após o estouro do escândalo da JBS, organizaram uma conspirata de apartamento em torno de Tasso Jereissati. Deu tudo errado. Até hoje não decidiram nem sequer se saem do governo.
Depois veio o ensaio de Rodrigo Maia. No arranque inicial, o presidente da Câmara pareceu que confrontaria Temer, mas resfolegou logo em seguida e abortou a investida.

Um dos presidentes mais impopulares da história, Michel Temer duelará contra ninguém na primeira batalha parlamentar -se é que ela vai acontecer- pelo seu pescoço. Desse jeito, sua derrota fica improvável.

Não há de ser bom sinal o fracasso do sistema político em apresentar alternativa a um presidente cuja capacidade de liderar o país e o Congresso foi arruinada. Os partidos tradicionais continuam atrelados aos velhos oligarcas de sempre. A cidadania parece exausta e resignada

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