05/11/2020
Gaspar é uma cidade católica, certo? Em tese, na teoria e na marca. E esse elo quase perdido a acompanhava desde a Freguesia de São Pedro, bem antes dela se tornar um núcleo urbano dos que migraram via o Belchior oriundos da primeira colônia alemã catarinense, a de São Pedro de Alcântara. Mas, quem a domina Gaspar nos dias de hoje? Os neo-evangélicos pentecostais. Pela fé? Talvez! Enquanto as lideranças católicas, e até luterana – sim já tivemos um prefeito luterano, Paulinho Wehmuth, Arena, o que trouxe a Ceval e por isso foi perseguido, - se estabeleciam na elite, os pentecostais, via os novos migrantes de todos os cantos que fazem da cidade um novo eldorado, foram ocupando espaços nos templos improvisados os quais se tornaram locais de transformações sociais e de fé. E as lideranças pentecostais não apenas cultuaram pregações e orações; exerceram o valor político-partidiário-eleitoral sobre seus rebanhos. Tudo nos interesses de poder; “verdades” alimentadas pela Bíblia e moral cristã.
Isto é “pecado”? Não! Algo errado? Necessariamente, não! Todavia, este novo cenário nos mostra mudanças comportamentais e à desconstrução do senso comunitário. Substitui-o pelo poder. Os católicos no mundo e aqui também fizeram política. A história mostra guerras, obscurantismo, poder e erros sob o manto do sagrado. Não é exatamente isso que discuto nestas poucas linhas que o espaço limitado me permite. Há até estados teocráticos. Todos nós sabemos serem eles desastrosos, desumanos e bárbaros em nome de Deus. Muito recentemente, jovens radicais tentaram recriar um, o ISIS, numa interpretação particular do Alcorão. Governa-se em nome de Deus, para poucos e muitas vezes, impondo impiedosa miséria aos mais fracos e economicamente pobres, pois de espírito e conhecimento, notoriamente os são.
Volto. Gaspar por ser católica – e luterana - sempre teve um senso comunitário e de agregação. É exemplar até hoje à comunhão dos cidadãos para se construir por anos afio uma capela – com centros de convivência -, igrejas e até a formação de paróquias. É algo singular entre nós. A festa de São Pedro é um ícone de interesse apartidário. É certo ela e outras festas se tornam palco aos que enxergam oportunidades, mesmo não sendo católicos. Da Igreja Matriz se espraiam 16 capelas (nas comunidades), e que se somam mais as paróquias do Barracão, Bela Vista e do Distrito do Belchior. Elas abrigam, em média, outras quatro capelas cada. Um “exército” de fiéis. São 25 padres filhos de Gaspar pelo mundo afora sendo cinco deles bispos e um deles, arcebispo (três já morreram, segundo me afiançou Gilberto Schmitt, ex-seminarista como dezenas de outros locais, o editor deste Cruzeiro do Vale e o idealizador da Santa Clara com este mesmo senso comunitário que tento “desnovelar” aos leitores e leitoras). Um orgulho! E o que falar da Banda São Pedro ou do Coro Santa Cecília? Entretanto, nada se compara ao franciscano Frei Godofredo (10902/82), que nem filho de Gaspar era (alemão de Dietingen). Fez mais como se fosse o único: a nossa Matriz, o colégio e o Hospital de Gaspar – o que está sempre em Perpétuo Socorro. No centro de tudo? A comunidade, independente da crença, da fé, do partido do poder de plantão.
Os evangélicos pentecostais, ainda minoritários e quase todos oriundos do catolicismo o foco prioritário na comunidade tem sido o poder político para seus líderes, pastores e “escolhidos”. A transformação social comunitária a partir da comunhão e evangelização não se situa no seu eixo de ações e resultados para serem repartidos aos de todas as fés e sem ela. Mistura-se religião, política e poder. Não é um fenômeno gasparense, absolutamente. A cada eleição, a preocupação desses grupos é se ter influência partidária, é de eleger representantes seus nas estruturas políticas e lá defender os interesses próprios. Os católicos quando fizeram a opção política preferiram o socialismo, negaram-se à essência da evangelização, distanciaram-se do senso de acolhida. E devido a isso, aos poucos, Gaspar vai perdendo esse senso comunitário que a fez doadora de exemplos e solidariedade. Nesta eleição os católicos estão silenciosos, reféns do seu próprio destino. Concluo: precisamos de mais Freis Godofredos e menos políticos a serviço dos líderes de sua fé. Acorda, Gaspar!
O debate virtual promovido pelo campus de Gaspar do Instituto Federal de Santa Catarina – IFSC - com os cinco candidatos a prefeito daqui, mostrou Kleber Edson Wan Dall, MDB, fragilizado e na defensiva diante de todos os concorrentes.
No contraponto aos dez anos de campanha de Kleber apareceu o engenheiro, professor, empreendedor e ex-vereador Rodrigo Boeing Althoff, PL, absolutamente dono dos temas, inclusive os espinhosos propostos por seus adversários. Exagero? É só assistir e conferir na internet.
Se Kleber continuar participando de debates vai virar pó. Para tudo há desculpas esfarrapadas. A principal é uma tal burocracia. Para aquilo que prometeu resolver em quatro anos, precisará de mais quatro para destravar a burocracia?
Aliás, qualquer político é exatamente eleito para superar às dificuldades. Se não conseguiu, falhou, simples assim!
Até na bola que o peleguismo e corporativismo levantaram encaçapar, falhou: a retirada do Vale Alimentação em dinheiro aos servidores municipais e contra a lei expressa. A resposta era simples: “se eu estivesse errado, a Justiça e o Tribunal de Contas não teriam me dado razão naquilo que fiz e mostrado que o Sintraspug e a maioria dos vereadores estavam demagogicamente certos”.
Kleber está sendo mal orientado por “çabios” que o dominam sem dó e piedade. Impressionante!
O MDB e sua poderosa coligação com O PSD, PP, PSDB e PDT estava em campo nesta semana em Gaspar. Uma pesquisa tentava descobrir e medir o grau de traição dos eleitores da coligação.
O PP, até então maior rival do MDB e que o MDB de Gaspar insiste em transformá-lo em nanico, ensaia traição quase que coletiva, como resposta à retirada da vaga cativa de vice da chapa vencedora em 2016, com Luiz Carlos Spengler Filho.
Faltam exatos 9 dias para as eleições e 14 dias para as minhas férias em 16 anos de coluna.
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