Quem foi eleito? Kleber Wan-Dall, MDB. Ele está em campanha há 10 anos, quatro deles com a máquina pública. Entretanto, outros vão governar a cidade - Jornal Cruzeiro do Vale

Quem foi eleito? Kleber Wan-Dall, MDB. Ele está em campanha há 10 anos, quatro deles com a máquina pública. Entretanto, outros vão governar a cidade

16/11/2020

Quem surgiu? Rodrigo Boeing Althoff, PL. Sem dinheiro, estrutura partidária, comunicação, em apenas 40 dias de campanha aglutinou o voto oposicionista

Por outro lado, quem apostou e acreditou em aventureiros, se estrepou

Por que Kleber Edson Wan Dall, MDB, ganhou? Porque estava mais organizado, mais estruturado e estava fazendo campanha há 10 anos. Simples assim! Ele falhou crucialmente em áreas essenciais como Saúde Pública, Educação, Creches, Assistência Social, Transparência e as obras, muitas delas, com sérias dúvidas as quais precisaram ser escondidas até da fiscalização dos vereadores da minguada oposição.

Quem impediu que algum aventureiro, usando imagens externas como do desgastado presidente Jair Messias Bolsonaro, sem partido, chegasse ao poder em Gaspar repetindo as surpresas das eleições de 2018? Estranhamente, os mesmos que produziram estas surpresas em 2018: Carlos Moisés da Silva, PSL, Daniela Cristina Reinehr, sem partido, e principalmente, o presidente Bolsonaro.

Apostar em um outsider da política – aqui em Gaspar, o único nesta condição foi Wanderlei Rogério Knopp, DEM – como o que aconteceu e dominou o cenário das eleições de 2018, não se viu como se havia apostado na lábia amadora e da espertalhice de alguns. E por quê? Porque em pouco tempo os eleitos nestas condições, desmancharam a tese de que eles seriam a solução fora do mundo da política e dos políticos tradicionais. E diante do que se vê em Brasília e Florianópolis, os gasparenses preferiram o mesmo.

E no método tradicional, venceu naturalmente que estava mais estruturado, o que fez alianças, o que anulou os seus concorrentes trazendo para a aliança, o que usou terceiros para minar seus adversários e lavar em público, as mãos desta operação triangular, foi o que sumiu na hora certa com quem manda de fato na prefeitura e na política de conchavos entre os mesmos de sempre.

À VOLTA AO VELHO ESTADO DAS COISAS ELEITORAIS

Foi o velho jogo jogado. E isso está bem explicado, na coluna que fiz na terça-feira e circulou na edição impressa de sexta-feira do jornal Cruzeiro do Vale, 30 anos de liderança na circulação em Gaspar e Ilhota.

E por isso foram eliminados Sérgio Luiz Batista de Almeida, PSL, que já tinha estado no PSDB e PL para se viabilizar nas ondas passadas; o ex-vereador José Amarildo Rampelotti, PT, que foi para o sacrifício de um partido que escolheu a lama para continuar vivo e o próprio PL, de Rodrigo Boeing Althoff.

Rodrigo renasceu para política numa campanha que surgiu apenas há 40 dias e só nos últimos 20 foi para as ruas quando as pesquisas davam conta que ele poderia ser o escolhido por uma parcela ponderável dos gasparenses para dar o recado a Kleber. O prefeito reeleito é a fachada visível de um monte de gente sem votos e que manda, desmanda e se vinga dos gasparenses, adversários e quem não se ajoelha ao poder naquela prefeitura.

Como diz a lei natural, nenhum um dia é igual ao outro. E nenhuma eleição também. Todas possuem as suas próprias histórias e principalmente, efeitos.

E no método tradicional, com as redes sociais e aplicativos de mensagens sobre vigilância, venceu quem tinha melhor estrutura e está em campanha há muitos anos, contra quem tentou se arriscou apenas nos últimos 20 dias.

Até aqui, este artigo estava escrito no sábado, tanto que não há números. Conheço este clima há anos, conheço as pessoas nas bolhas, ainda confio nas pesquisas e via por outras campanhas que tinha acesso à inteligência, que esta eleição se assemelhava muito a 2016 e não a 2018.

Portanto, aos que me perguntavam o resultado da eleição em Gaspar, dizia que este meu artigo contando a vitória de Kleber já escrito iria publicá-lo mesmo em caso de derrota dele, pois achava isso algo teoricamente muito improvável. E foi. Acorda, Gaspar!

A pesquisa do Cruzeiro do Vale, sob ataque e tentativa de censura, foi mais uma vez o resultado das urnas. Os políticos gasparenses não toleram a credibilidade e a realidade

Qual foi o resultado das eleições em Gaspar neste domingo? Kleber Wan Dall, MDB, PSD, PP, PSDB e PDT teve 20.960 votos (65,60% dos válidos). Seguiu-se o engenheiro Rodrigo Boeing Althoff, PL, com 7.097 votos (22,21% dos válidos), Amarildo Rampelotti, PT, com 2.500 votos (7,82% dos válidos), Wanderlei Rogério Knopp, DEM, com 721 votos (2,26% dos válidos), enquanto sindicalista Sérgio Luiz Batista de Almeida conseguiu os votos de 675 eleitores gasparenses (2,11% dos válidos).

Quais eram mesmos os números da pesquisa realizada na segunda e terça-feira em Gaspar pela Exitus, de Itajaí, para o jornal Cruzeiro do Vale?

A margem de erro da pesquisa é de 4% para mais e para menos. E nem precisava dessa margem “tão larga”, para calar a boca dos céticos, invejosos e que montam conspirações só possíveis em mentes vazias ou deturpadas.

A pesquisa dizia que Kleber Edson Wan Dall, MDB, PSD, PP, PSDB e PDT venceria com 67,26% das intenções de voto; o engenheiro Rodrigo Boeing Althoff, PL, ficaria em segundo com 20,24%; Amarildo Rampelotti com7,54% válidos; o sindicalista Sérgio Luiz Batista de Almeida, PSL e Patriotas, 2,98% dos votos válidos; e Wanderlei Rogério Knopp, DEM, com 1,98% dos votos válidos.

Quem foi ao juízo eleitoral tentar desqualificar depois de publicada a primeira pesquisa do Cruzeiro do Vale e outros bateram palmas? Sérgio Almeida. E pior, com recursos públicos do Fundo Eleitoral que inundou a sua campanha. Quem tentou censurar e impedir a publicação da segunda pesquisa do Cruzeiro do Vale? Sérgio Almeida.

Mas, faltou fundamento e razão. Queria criar confusão e manchetes. E bem por isso – falta de fundamento e razão - que a Justiça não deu bola e ao mesmo tempo ainda murchou ainda a bolinha de Sérgio.

Abertas as urnas e feita a contagem, sabe-se bem à razão pela qual o sindicalista Sérgio Almeida foi à Justiça impedir à publicação da pesquisa: falta de votos. Ele queria enganar a si próprio por mais tempo. Acorda, Gaspar!

Uma Câmara submissa ao poder de plantão em Gaspar. A campeã de votos teve a fidelidade do Distrito do Belchior na urbanização da Bonifácio Haendchen

Uma Câmara submissa ao "poder de plantão" em Gaspar. A campeã de votos teve a fidelidade do Distrito do Belchior na reurbanização da Bonifácio Haendchen. Ciro preocupa!

A campeã de votos Franciele Daiane Back, PSDB (à esquerda) que superou as dificuldades estruturais do partido e o que trabalhou para ser o campeão, o articulado e populista presidente da Câmara, Ciro André Quintino, MDB (à direita), mas em aviso explícito, os votos o decepcionaram. 


A poderosa coligação do prefeito Kleber Edson Wan Dall, MDB, PSD, PP, PSDB e PDT fez jus ao título e não deixou margem nenhuma para dúvidas: fez barba, cabelo e bigode na maioria que conseguiu na Câmara para a próxima legislatura: fez 11 dos 13 vereadores. Só um novato do PL e outro reeleito do PT se intrometeram nesta maioria esmagadora da máquina governamental.

A Câmara de duas passa a ter três mulheres: Franciele Daine Back, PSDB (1.568 votos), Mara Lúcia Xavier da Costa dos Santos (Mara da Saúde), PP, 802 votos; e secretária da Educação, Zilma Mônica Sansão Benevenutti, MDB, 644 votos.

A campeã de votos foi a mais jovem delas: Franciele. Ela soube aproveitar como poucos uma obra que insistiu e apadrinhou no Distrito do Belchior: a reurbanização da Rua Bonifácio Haendchen.

Esta fidelidade o Belchior já demonstrou outras vezes aos benefícios comunitários que recebe por lá. Foi assim, por exemplo na eleição do prefeito Francisco Hostins, PDC (1989/92), quando se criou a campanha “Belchior Unido” e se pavimentou a mesma Bonifácio Haendchen.

A votação isolada de Franciele foi decisiva, para vencer os erros inaceitáveis de procedimento do PSDB nos registros das candidaturas. Eles emagreceram substancialmente a nominata comprometendo a legenda. Franciele, ainda venceu a bem articulada proteção de candidato pastor, com apoio explícito até do candidato a prefeito de Blumenau, o deputado Ricardo Alba, PL.

Além de Franciele voltam à Câmara no ano que vem o líder do MDB na Casa, Francisco Hostins Júnior, 1070 votos e que já foi o mais votado; o atual presidente da Câmara, populista, com ampla participação nas redes sociais, programas de rádios e atividades festivas, e que por conta disso, achava que seria o campeão de votos; não foi, Ciro André Quintino, MDB, 995 votos ou seja, o maior perdedor desta eleição; o líder do governo na Câmara Francisco Solano Anhaia, MDB, 995 votos; o mais longevo dos vereadores na sua oitava legislatura, José Hilário Melato, PP, 774 votos; e Dionísio Luiz Bertoldi, o único do PT eleito, com 572 votos.

São caras “novas”, Amauri Bornhausen PDT, 1059 votos; Alexsandro Burnier, PL, 844 votos; Mara, PP; Cleverson Ferreira dos Santos, PP, 783 votos; José Carlos de Carvalho Júnior, MDB, 704 votos, a Zilma e Giovânio Borges, PSD, que já foi presidente da Câmara e até vice do atual vice de Kleber, Marcelo de Souza Brick.

Quem não voltará no ano que vem? Rui Carlos Deschamps e Mariluci Deschamps Rosa, ambos do PT e que nem concorreram. Não se reelegeram Cícero Giovane Amaro, PL, (para alívio e comemoração do poder de plantão), Sílvio Cleffi, PP, (marcado para morrer pelo poder de plantão e resultados dos seus erros), Evandro Carlos Andrietti, MDB (para quem o exercício do mandato era um sacrifício), Roberto Procópio de Souza, PDT (que pagou a inversão de líder da oposição pelo alinhamento com o poder de plantão), e Wilson Luiz Lemfers, PSD (comido pela indesejável neutralidade).

O PL, por sua vez, mostrou uma nominata sem votos. Se candidato a prefeito fez 7.097 votos, em tese, isto daria folgadamente duas vagas. Mas, o PL só conseguiu uma. O Bela Vista, o segundo colégio eleitoral, elegeu três vereadores. O MDB fez cinco, fato que não acontecia desde que 2004 quando elegeu Adilson Luiz Schmitt, prefeito. O PP também de um, foi para três. O PSDB e o PDT conservaram os seus. O PSD perdeu um. O PT perdeu dois e o PL intrometeu um. Acorda, Gaspar!

COMO DEVE SER

Enquanto o Tribunal Superior Eleitoral se embananava na contagem dos votos em Brasília e na divulgação deles no site oficial, Rodrigo Boeing Althoff, PL, já sabia que estava derrotado, diante dos boletins das urnas que seus fiscais lhe passaram.

Imediatamente, foi as redes sociais para agradecer os seus eleitores, a sua estrutura e também para reconhecer e parabenizar a vitória do seu adversário Kleber Edson Wan Dall, MDB. Raro esses gestos por aqui. Acorda, Gaspar!

O maior derrotado no Vale do Itajaí foi o dono do PSL de Gaspar, o deputado Ricardo Alba. Ele reafirmou o ditado popular: "aqui se faz, aqui se paga"

Ricardo Alba (foto) era um ilustre jovem vereador desconhecido em Blumenau e eleito em 2016 com 3.277 votos, pelo PP. Hábil em escolher ondas, falhou na habilidade desta vez. Surfou naquela que no meio dela não se pode descarta-la e por isso foi desclassificado neste domingo. E já está atrás de uma nova onda, ou seja, um novo partido para prosseguir na sua carreira política. Será o quinto. Se não se cuidar, como dizia o ex-primeiro ministro Tancredo de Almeida Neves, “a esperteza quando é demais, como o dono”.

O deputado mais votado de Santa Catarina em 2018 com 62.762 votos, e queria só por isso, ser nomeado presidente da Assembleia Legislativa, sentiu cheiro de enxofre da onda bolsonarista com a qual se elegeu, jurando ser um fervoroso seguidor do Mito. Entretanto, já vinha escanteando esse “fervor”, tanto que as lideranças bolsonaristas catarinenses e nacionais, isolaram-no neste processo eleitoral.

Não ir para o segundo turno em Blumenau onde só conseguiu 17.487 votos, ou seja, minguados 10,90%, é o castigo que Alba pediu e construiu para si próprio, centralizando todas maquinações como se o mundo político girasse em torno dele e não fosse uma poderosa máquina a ser antes de tudo, compreendida (por ele). É moço. Poderá aprender com a lição da Alesc e deste domingo, pois em casa, o pai Lenoir Alba, é um entendido.

Alba foi esperto (especialista em trocar de partidos em curto período e surfar ondas), oportunista (era bolsonarista, porém, depois de eleito deputado, nem tanto), desleal (com o governador Carlos Moisés da Silva, PSL, no caso do primeiro impeachment) e ingrato (com as fidelidades partidárias ou ideológicas que sempre jurou possuir ou se identificar).

O eleitor de Blumenau Alba não o perdoou por isso tudo e logo no primeiro teste em que ele desafiou à lógica. O de Gaspar também.

Aqui o bolsonarismo do PSL estava consagrado com Marciano Silva – um moderado até demais para o perfil e as causas bolsonaristas. Alba interveio com mão de ferro. Guardou às sete chaves e por meses a nova nominata da Comissão Provisória do PSL. Quando ela apareceu, só quando não se podia mais nada questionar, o dono do PSL de Alba por aqui, era não menos, não mais do que o sindicalista e funcionário público municipal, Sérgio Luiz Batista de Almeida, o candidato.

Disfarçada, patriótica e resignadamente, Marciano foi parar compulsoriamente no Patriotas, a fachada armada por Alba. Nela se estabeleceu uma soma de diminuir na contabilidade criativa de poder regional que engendrou o novo coronel político na administração dos currais eleitorais que achava estar criando. O velho, as velhas práticas nas mãos e articulações de que se apresenta como o novo. Nem mais, nem menos.

Se Alba não entendeu o que fez e o que se passa, não se reelege deputado. Se acordar, terá tempo para se recompor e mudar o discurso da espertalhice. Caso contrário, será comido por gente como Napoleão Bernardes, Jean Jackson Kuhlmann, João Paulo Kleinubing que ao menos possuem alguma coerência naquilo que fazem e são.

Isso sem falar nos novos entrantes que se armarão diante de novos cenários que se darão ao desfecho dos impeachments de Carlos Moisés da Silva, da CPI contra ele, bem como do provável impeachment de Bolsonaro. Meu Deus!

Se for continuar na política e no PL Rodrigo precisa abrir os olhos com as manobras do seu amigo Ivan Naatz

Como o blumenauense deputado Ricardo Alba, PSL, o deputado Ivan Naatz, PL (foto), se não ajudou o candidato a prefeito de Gaspar do seu próprio partido, Rodrigo Boeing Althoff, prejudicou-o. Não apenas na omissão, mas nos sinais trocados que deu às lideranças políticas e ao eleitor gasparense.

Naatz é espaçoso e contundente, seja na articulação, seja na fiscalização do poder público quando em mãos adversárias. Foi assim como vereador em Blumenau. Está sendo assim, como deputado estadual titular, pois tinha sido assim quando assumiu a suplência na legislatura passada. Nada a reparar. É uma escolha. É uma marca do político e do mandato.

A imagem do político Naatz, por outro lado, não faz bem ao amigo de longa data e desde que os dois estavam afinados no mesmo PV e pelo qual Rodrigo foi vereador por aqui. Essa aproximação é tóxica para Rodrigo. E por que? Por dois aspectos.

Rodrigo é antes de ser político um técnico, tem currículo e ação para isso. É também, inicialmente, um conciliador quando o conflito se apresenta. Ou seja, o oposto de Naatz, bem demonstrada na relatoria da CPI dos Respiradores. Ela vai além do mérito e da função de deputado. Virou briga de rua, transmitida ao vivo onde o alvo é o governador Carlos Moisés da Silva, PSL, e não todo o processo equivocado de compra.

E isso não é bom para o deputado, mas só ele responde por isso. Também não é bom para quem ele diz influenciar politicamente por aqui em Gaspar, como gestualmente Naatz sinaliza. E aí nasce o ponto de inflexão. O PL de Gaspar precisa avaliar quanto isso vai causar de danos sobre Rodrigo e seu futuro.

Retomando e encerrando. Uma parte do comentário vou resumi-lo nos votos que Ivan Naatz nos minguados e esperados conseguiu com o seu discurso desgastado para prefeito em Blumenau neste domingo: 8359, ou seja 5,21% dos votos dos blumenauensses. Sabe o que significa isso? Que Rodrigo teve quase três vezes mais votos nas urnas e cinco vezes proporcionalmente mais aqui do que Naatz lá. Sem comentários. Os números são fatais.

A outra parte do comentário vou completá-lo e esclarecer. Naatz se acha o dono de currais visando a sua reeleição. Não faz time. Veio a Gaspar em plena armação da campanha, sabendo que Rodrigo era candidato e não o convidou para entregar ou anunciar liberação de emendas do deputado. Foi a prefeitura sozinho e de fininho. Propagou depois só para ele elvar vantagens. Questionado, ensaiou uma correção com saliva. Já era tarde. E por quê?

Porque nos mesmos ensaios e contatos diretos do deputado Naatz com o prefeito de Gaspar, Kleber Edson Wan Dall, MDB, e de seus “çabios” da poderosa coligação de interesses e de massacre com quem não se alinha com eles, deram conta que o deputado veio para abafar o voo de Rodrigo e facilitar à vida do MDB, PSD, PP, PSDB e PDT.

E sobre este boato ou tentativa de melar o crescimento da candidatura de Rodrigo, Naatz desavergonhadamente – porque sabia que era prejudicial essa associação - silenciou. Acorda, Gaspar!

Ninjas das redes sociais enterraram o nanico DEM de Gaspar sob o aval de João Paulo Kleinubing. Impressionante!

Ausentes quase quatro anos da cidade, chegaram botando banca como se fossem a cereja do bolo. Conseguiram motivar 721 dos 47.438 eleitores. E superaram as expectativas mais otimistas

O DEM de Gaspar estava adormecido. Foi tomado de assalto numa iniciativa e manobra medida e articulada pelo ex-prefeito Adilson Luiz Schmitt. E ela, todavia, ao final, voltou-se contra ele mesmo. Nova e repetida lição: Adilson ainda precisa escolher melhor seus parceiros ou se benzer. Meu Deus!

O suplente de vereador Welligton Carlos Laurentino, o Lelo Piava, estava presidente do DEM depois que o empresário Luiz Nagel jogou a toalha e disse que não mais se envolveria em política. Mas, voltou por causa da mulher Andreia Simone Zimmermann Nagel, que não se elegeu vereadora pelo PL. Ficou em segundo. É a primeira suplente.

Lelo tinha a “missão” de fazer à renovação no DEM. E renovou: fez do amigo e também suplente de vereador Paulo Filippus pelo DEM, presidente do partido e Filippus, do desconhecido empresário Wanderlei Rogério Knopp, candidato a prefeito e próprio Lelo de vice. Vixe!

Tudo isso sob as bênçãos de João Paulo Kleinubing (foto), ex-prefeito de Blumenau e que no domingo no sufoco chegou ao segundo turno com 24.957 votos, ou seja 15,56%, contra 68.222 votos dados a Mário Hildebrandt (Podemos), representados por 42,53%. Mário quase se elege no primeiro turno.

O jogo parecia ir bem. O próprio Kleinubing filiou Adilson no DEM. Adilson, divorciado pela segunda vez da mesma Jaqueline, filha de do ex-prefeito e empresário do ramo imobiliário Osvaldo Schneider, o Paca, queria ser candidato a vereador para poder reentrar no cenário político que se perdeu em 2008.

Era tudo fake a trama montada por Kleinubing. Num gesto autoritário sem precedentes, Filippus tratou de desleal e ingratamente expulsar Adilson do partido num toque na internet contra o registro avalizado por Kleinubing no DEM. Filippus nem avisou Adilson. Fez estardalhaço do tipo “quem manda aqui sou eu, nem o Kleinubing se mete comigo”. E deve ter sido mesmo: Kleinubing ficou calado o tempo todo depois disso.

A comédia irresponsável de Filippus teve como resultado a descoberta de que a trinca Filippus, Lelo e Wanderlei tem apenas 771 votos em Gaspar num universo de 47.438 votos

Adilson soube por aqui da sua desfiliação. Em paralelo, Filippus que esteve ausente do debate da cidade e dos seus problemas por quase quatro anos – como Lelo e Wanderlei -, resolveu chamar esta coluna de mentirosa, tendenciosa ou no mínimo, mal informada. Descobriu isso tarde demais.

Era a senha para recuperar o tempo ausente da cidade para não ter prejuízos nos seus negócios enquanto eu os tinha.

Filippus faria deste colunista, se mordesse eu a isca e partisse para o confronto com cachorro morto, a escada que deixara de escalar em favor da sociedade, a qual pretendia governa-la com o seu grupo reduzido de infantes infantis. Não deu certo!

SEM IDEIAS, SEM APOIOS, MAS CHEIOS DE TRUQUES

Os sabichões da internet (todos os três são do ramo da Tecnologia da Informação) armaram o circo. Não conseguiram se coligar com ninguém. Não por afinidade ideológica, mas porque queriam ser os mandões naquilo onde nem sabiam onde estavam. Não tinham musculatura para nada, a tal ponto de não conseguirem registrar mais que três candidatos a vereador quando se era permitido 20.

Produziram espumas. Não cuidaram da qualidade da água. Acharam que a eleição seria igual a 2018 com as redes sociais e aplicativos de mensagens dominando tudo e todos. Não foi.

Pior. Não criaram um bunker para defender ideias, combater os corruptos, as dúvidas e apostar na renovação, mas para atacar os fracos nas disputadas exatamente pelo poderio instalado no poder de Plantão. Meu Deus!

Com isso, indireta no benefício da dúvida, ou disfarçadamente, protegeram os que já estavam fortes e no poder. Identificados com o Centrão, nem Jair Messias Bolsonaro colocaram como escudo. E por que? Sabiam que ele estava fazendo água. Sabiam que os bolsonaristas tinham lhes recusado, na armadilha que armaram contra Demetrius Wolff, que pediu para sair do DEM. Credo!

E para completar: não se sabe se a trinca estava a serviço de Kleinubing jogando para a poderosa coligação MDB, PSD, PP, PSDB e PDT, ou se o gesto de metralhar os de mesmo objetivo com o fogo amigo, era um objetivo do nanico grupo xiita gasparense.

O DEM de Gaspar resolveu mirar suas espadas unido ao PSL contra o nanico PL, ao invés de focar sobre os reais problemas da cidade, a coligação liderada pelo prefeito Kleber Edson Wan Dall, MDB.

Incrível! Contando, poucos acreditam. E falar que esta trinca do DEM são todos jovens, conservadores e de direita. Falta-lhes realização, sobra armação ilimitada. E Kleinubing diz não saber à razão pela qual está em apuros em Blumenau. Acorda, Gaspar!

TRAPICHE

Kleber Edson Wan Dall, MDB, foi reeleito para governar. Nenhuma dúvida sobre isso. Mas, Rodrigo Boeing Althoff, também foi eleito para representar uma parcela ponderável sem voz na cidade. Ele vai jogar esses votos e esse mandato fora?

Então Rodrigo precisa rever a expectativa de seus eleitores e desde logo dizer que vai liderar um processo consciente e maduro de oposição. Está provado que não pode ficar quieto por quatro anos e tentar a sorte só em 2024, às vésperas das eleições e sem estrutura de apoio.

O que faz um profissional de comunicação experimentado. Em apenas dez dias, Carlos Erbs, o Carioca, que já atuou na imprensa de Gaspar, deu uma nova cara à campanha de Rodrigo Boeing Althoff, PL.

Ela surpreendeu e deu um banho de eficiência, simplicidade e devido aos escassos recursos financeiros na poderosa e rica coligação MDB, PSD, PP, PSDB e PDT há dez anos em campanha.

Por outro lado, há de se reconhecer que o jovem engenheiro, professor universitário, empreendedor e ex-vereador, Rodrigo, é mais fácil de trabalhar na comunicação. Ele possui mais conteúdo, autenticidade, capacidade e não é fachada ou boneco de ninguém. Acorda, Gaspar!

Quer um exemplo do poder da máquina de votos que está instalada na prefeitura de Gaspar? A secretária de Educação, Zilma Mônica Sansão Benevenutti, MDB foi eleita vereadora. Ela é a secretária da piora do Ideb contra as crianças gasparenses e da falta de creches contra as trabalhadoras e desempregadas na procura de empregos.

Ilhota em Chamas. O prefeito Érico de Oliveira, MDB com o PSL, não tomou conhecimento do seu adversário. Seus eleitores também não tomaram conhecimento dos seus graves problemas de gestão e o reelegeram com 60,65% dos votos (4.982) contra 39,35% (3.223) dados ao seu único oponente, Luiz Gustavo Fidel dos Santos, PP com PSDB e PT.

Quer outro exemplo de como foi implacável a máquina de votos do poder de plantão em Gaspar? O ex-presidente da Fundação Municipal de Esportes e Lazer e até secretário da Saúde no pior momento da área no governo Kleber, José Carlos de Carvalho Júnior se elegeu vereador. O que mais falta ou estão abandonadas, são áreas de lazer em Gaspar.

O que você leitor e leitora da coluna leu na sexta-feira na edição impressa do jornal Cruzeiro do Vale, na seção Trapiche e que escrevi na terça-feira dia 10?

Quantos eleitores estão aptos a votar neste domingo em Gaspar? 47.438. Calcula-se que a abstenção, nulos e brancos será algo em torno de 13.000. Sobrariam em torno de 34.000 votos bons para os cinco candidatos a prefeito. Façam as apostas, então.

O que aconteceu na apuração das urnas em Gaspar, segundo o Tribunal Superior Eleitoral? Dos 47.438 eleitores gasparenses só 34.959 eleitores foram às urnas no domingo passado. Deste total, 31.953 escolheu um dos candidatos a prefeito. Por que? Porque 1.717 anularam o voto e 1.289 votaram em branco.

A ausência dos eleitores e eleitoras foi a maior percentualmente já visto por aqui. Aos que me escreveram sobre o meu suposto exagero, e ele ainda foi maior na soma com os votos nulos e brancos: 15.485. Ou seja, 32,64% do eleitorado gasparense não escolheu ninguém para prefeito. Impressionante!

Contas I. O limite de despesas nesta campanha eleitoral de Gaspar, segundo a Justiça, é de R$153.401,21. Quem acredita nisso? Segundo o site do TSE desta segunda-feira, o candidato do PT, José Amarildo Rampelotti, tinha colocado no caixa da campanha R$69.863,00 e contabilizado uma despesa de R$63.645,29.

Contas II. Rodrigo Boeing Althoff, PL, tinha recebido R$78.172,00 dos quais R$35.000,00 do Fundo Partidário. As despesas registradas da campanha somavam R$53.538,41.

Contas III. Kleber Edson Wan Dall, MDB, PSD, PP, PSDB e PDT tinha recebido no seu caixa R$132.100,00 e acumulava R$79.597,55 de despesas, a maior então entre todos os candidatos.

Contas IV. Sérgio Luiz Batista de Almeida, PSL e Patriotas, o menos votado, tinha em caixa a então maior receita em caixa: R$121.045,00 sendo que R$120.000,00, vieram dos Fundos Partidários e Eleitorais que tiraram R$3 bilhões dos pesados impostos de todos nós. Os outros R$1.045,00 foram doações da vice, Rejane Ferreti. Por outro lado, a mesma candidatura, registrava a menor despesa entre todos os candidatos: R$22.346,00

Contas V. Já Wanderlei Rogério Knopp, DEM, registrava nesta segunda-feira na prestação de contas do TSE R$29.584,50 tanto para as receitas e despesas da sua campanha.

Contas VI. Em Ilhota, o máximo permitido nesta eleição de prefeito é de R$123.077,42. O candidato vencedor Érico de Oliveira, MDB, tinha registrado no caixa R$56.100,00, sendo que desse total, R$33.500,00 vieram do fundo eleitoral. As despesas somavam R$43.901,60.

Contas VII. Já Luiz Gustavo Fidel, PP, tinha como receitas R$31.000,00, sendo que R$30.000,00 oriundos do fundo partidário. E na contabilidade aparecia apenas R$750,00 de despesas.

Contagem regressiva. Comemorem. Faltam cinco dias para as minhas férias em 16 anos de coluna. Sexta-feira é a minha derradeira e escrita especialmente para a edição impressa do jornal Cruzeiro do Vale.

 

 

 

Comentários

Miguel José Teixeira
19/11/2020 19:42
Senhores,

1) A "merreca" de R$ 159.138,06 por candidato eleito. . .

O PSL, Partido do Sítio do Laranjal, investiu R$ 199,4 milhões, oriundos dos pesados impostos que pagamos, para eleger, num universo de 5.570 municípios apenas 92 prefeitos. E num universo de 57 mil vereadores, elegeu apenas 1.161.

Há 200 anos, o naturalista francês Auguste de Saint Hilaire, que percorreu o Brasil por seis anos, advertiu: "Ou o Brasil acaba com a saúva, ou a saúva acaba com o Brasil".

Nesses tempos de recolhimento que nos fazem pensar, a advertência continua atual.

2) O jogo está sendo jogado

"Bolsonaro investe no DEM"

" A presença do presidente Jair Bolsonaro em Goiás, ao lado do governador Ronaldo Caiado (DEM), não é por acaso. Caiado representa uma ala do partido que tem votos e é aliada do presidente. Diante do distanciamento do DEM em relação ao chefe do Planalto, ele, agora, trata de amarrar aqueles que lhes são próximos." (Fonte: CB/Política/Brasília-SF, hoje)

Huuummm. . . não estranhem se passar a reeleição do Davi no Senado e do Rodrigo na Câmara.

Com a palavra o vitorioso "grampinho", presidente do DEM.

3) Antros de comunistas

"Fachin pede que Bolsonaro explique escolha de reitores de universidades federais"

Fonte: undefined - iG @ https://ultimosegundo.ig.com.br/politica/2020-11-19/fachin-pede-que-bolsonaro-explique-nomeacao-de-reitores-federais.html

4) Haja romaria

"O resultado das eleições 2020 na cidade de Quinta do Sol, no Paraná, indica uma corrida que pode ser chamada de muito acirrada. Dois candidatos a prefeito disputaram, centímetro a centímetro, os 326 quilômetros quadrados do território quinta-solense, e uma diferença de apenas um voto consagrou o vencedor. Com 1.703 votos, Leonardo Romero (PSD) foi eleito prefeito da cidade. Jilvan Ribeiro (Cidadania), o segundo colocado, teve 1.702 votos."

(fonte: https://www.terra.com.br/noticias/brasil/politica/prefeito-e-eleito-com-um-voto-de-diferenca-em-quinta-do-sol-no-parana,5b5d5c2acff09b7514402284882e126e9c9ue186.html)

Mais um que cumprirá o mandato ouvindo do eleitor: você foi eleito com o meu voto!

5) A frase do dia

"Ceni, que já balança no Fla, nasceu para dar alegrias aos são-paulinos" (Milton Neves)

Veja mais em https://blogmiltonneves.uol.com.br/blog/2020/11/18/ceni-que-ja-balanca-no-fla-nasceu-para-dar-alegrias-aos-sao-paulinos/?cmpid=copiaecola
Miguel José Teixeira
19/11/2020 11:44
Senhores,

"Livro de memórias de Barack Obama vende mais de 887 mil cópias em lançamento"

+ em: https://g1.globo.com/pop-arte/noticia/2020/11/19/livro-de-memorias-de-barack-obama-vende-mais-de-887-mil-copias-em-lancamento.ghtml

A Rádio Cercadinho informa que foram os PeTralhas que adquiriram toda a edição, em função das citações que o Obama fez ao "o cara".
Miguel José Teixeira
19/11/2020 11:14
Senhores,

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"Já a única estrela acima na inscrição é chamada de Spica, a estrela mais brilhante da constelação de Virgem, e representa o Estado do Pará, que em 1889 correspondia ao maior território acima do paralelo do Equador."
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"Dia da Bandeira: 10 coisas que você talvez não saiba sobre o símbolo brasileiro"

(Por Laís Modelli - De São Paulo para a BBC Brasil)

No dia 19 de novembro se comemora o Dia da Bandeira do Brasil, símbolo criado para marcar o fim do Império e o início da República no país. É por isso que a data é comemorada quatro dias após a Proclamação da República, ocorrida no dia 15 de novembro de 1889.

A bandeira do Brasil faz parte do nosso conjunto de símbolos nacionais - manifestações gráficas e musicais, de importância histórica, que representam a identidade do país - sendo o Hino, as Armas e o Selo Nacional nossos demais símbolos.

Segundo o professor do Departamento de História da Faculdade de Ciências e Letras da UNESP André Figueiredo Rodrigues, o uso de bandeiras para representar uma nação começou entre os séculos 18 e 19, quando os países, ao passarem por revoluções, começaram a pensar em símbolos que os identificassem como nação unida e soberana.

"Na verdade, bandeiras são usadas para representar algo desde a Antiguidade, mas, naquela época, elas estavam mais atreladas a comunidades e a objetos, como barcos, propriedades, etc.", explica Rodrigues.

"É somente quando a bandeira adquire um caráter mais coletivo e emocional, nas revoluções burguesas, que ela passa a identificar e a representar uma nação."
Para comemorar a data, separamos 10 curiosidades sobre a bandeira do Brasil.

1) Verde e amarelo x branco e vermelho

Por mais de um século, as cores que representavam nosso país eram o branco e o vermelho.

Isso porque, até 1645, o Brasil utilizava os mesmos símbolos nacionais que nossa metrópole, Portugal, sendo comum encontrar nas bandeiras anteriores brasões, coroas e escudos que representavam a família real portuguesa.

O par de cores tão famoso que atualmente identifica o Brasil no mundo inteiro, o verde e o amarelo, só passou a ser usado após a Proclamação da Independência do Brasil, em 1822.

Foram adotadas, então, as cores das duas Casas que originaram o Brasil independente: o verde representava a Casa de Bragança, de dom Pedro 1º, de Portugal, e o amarelo representava a Casa de Habsburgo, de Maria Leopoldina, da Áustria.

Pode se agasalhar na bandeira nacional? As cores verde e amarelo sempre representaram o Brasil?

2) Representação política

Apesar de ser famosa a história de que a bandeira do Brasil representa nossas riquezas naturais e minerais - o amarelo seria o ouro, o verde, nossas florestas e o azul, nossos mares - na verdade a bandeira representa nosso atual sistema político, a República, adotada em 1889, em substituição à monarquia. Prova disso é que as estrelas da bandeira representam a divisão do país nos 26 Estados e mais o Distrito Federal.

"No âmbito histórico, as bandeiras nacionais refletem a evolução política e histórica do Brasil, evidenciando as conquistas político-administrativas e as vitórias que tivemos, por exemplo, sobre o colonizador europeu, Portugal, até a nossa Independência", afirma Rodrigues.

3) Cópia da americana

A bandeira nacional que conhecemos hoje é a décima bandeira do Brasil.

A mais curiosa delas talvez tenha sido a nona bandeira, usada por somente quatro dias, de 15 a 19 de novembro de 1889, logo após a Proclamação da República.

Conhecida como Bandeira da República Provisória, a flâmula era igual à dos Estados Unidos, porém nas cores verde, amarelo, azul e branco.

4) Inspiração

Nossa bandeira foi projetada pelo filósofo e matemático Raimundo Teixeira Mendes e pelo filósofo Miguel Lemos, com desenho do artista e caricaturista Décio Vilares. A inspiração foi a Bandeira do Império, nossa oitava bandeira, desenhada pelo pintor francês Jean Baptiste Debret em 1822.

No lugar da esfera azul, o centro da Bandeira do Império trazia um brasão com ramos de café e tabaco e uma coroa dourada, representando a monarquia do Brasil Imperial.

5) O céu de 15 de novembro

Além da representação política, as estrelas desenhadas dentro da esfera azul são uma representação do céu do Rio de Janeiro, às 8 e meia da manhã do dia 15 de novembro de 1889.

"Apesar de certa inexatidão astronômica, nesse momento ocorria à passagem da constelação do Cruzeiro do Sul pelo meridiano do Rio de Janeiro e, em vista disto, convencionou-se considerar aquele horário, 8h30, como sendo o da Proclamação de nossa República", conta Rodrigues.

Além da representação política, as estrelas desenhadas dentro da esfera azul são uma representação do céu do Rio de Janeiro.

6) Estrela solitária

De acordo com a Lei nº 8.421, de 11 de maio de 1992, as estrelas da esfera azul celeste abaixo do lema Ordem e Progresso deve ser atualizada no caso de criação ou extinção de algum Estado.

Já a única estrela acima na inscrição é chamada de Spica, a estrela mais brilhante da constelação de Virgem, e representa o Estado do Pará, que em 1889 correspondia ao maior território acima do paralelo do Equador.

7) "Ordem e Progresso"

O lema escrito na bandeira, "Ordem e Progresso", tem inspiração em uma frase de Augusto Comte, criador da filosofia positivista, que diz: "O amor por princípio e a ordem por base; o progresso por fim".
"Comte acreditava que o funcionamento da sociedade deveria promover o bem-estar. Para isso, seus membros deviam aprender desde criança a importância da obediência e da hierarquia. Daí vem o nosso lema: o 'progresso' é resultado do aperfeiçoamento e do
desenvolvimento da 'ordem'", explica Rodrigues.

"Ou seja, somente a ordem poderia conduzir ao Progresso". Segundo o historiador, os primeiros anos da República foram marcados por medidas inspiradas no positivismo, "como a separação oficial entre o Estado brasileiro e a Igreja católica".

Outra curiosidade do Ordem e Progresso é que a frase é escrita em verde, e não em preto.

8) Proibições

Os usos e proibições da bandeira nacional são levados tão a sério que existe até uma lei para especificar como a flâmula deve ser confeccionada, como e onde deve ser utilizada e como deve ser o comportamento diante dela, a Lei 5.700/1971.

De acordo com a norma, não é permitido modificar as cores ou o lema da bandeira ao representá-la; apresentá-la em mau estado de conservação; reproduzi-la em rótulos ou embalagens de produtos; usa-la como vestimenta, agasalhando-se nela, como visto em comemorações esportivas ou em manifestações de rua.

Usar a bandeira como "roupagem" é proibido pela legislação, sendo considerado "manifestação de desrespeito".

As bandeiras rasgadas devem ser entregues à Polícia Militar para serem incineradas nas solenidades no Dia da Bandeira.

Qualquer violação ao uso da bandeira nacional será considerada contravenção, com pena de multa ao infrator.

9) Usos obrigatórios

Todos os dias, a Bandeira Nacional deve ser hasteada no Congresso Nacional, nos Palácios do Planalto e da Alvorada, nas sedes dos ministérios, nos tribunais superiores, no Tribunal de Contas da União, nas sedes de governos estaduais, nas assembleias legislativas, nos Tribunais de Justiça, nas prefeituras e Câmaras de Vereadores, nas repartições públicas próximas das fronteiras, nos navios mercantes e nas embaixadas brasileiras.

É obrigatório hastear a bandeira nacional nos dias de festa ou de luto nacional em todas as repartições públicas, nos estabelecimentos de ensino e sindicatos, assim como é obrigatório o ensino do desenho e do significado da bandeira nacional em todas as unidades de ensino primário.

Dentro dos estabelecimentos, a bandeira nacional deve ser colocada sempre à direita de tribunas, púlpitos, mesas de reunião ou de trabalho.

10) Troca da bandeira

A bandeira que fica permanentemente hasteada na Praça dos Três Poderes, em Brasília, é a maior bandeira nacional do país, com 286 metros quadrados e 90 quilos, sustentada por um mastro de 100 metros de altura.

No primeiro domingo de cada mês, a bandeira da Praça dos Três Poderes é substituída, em uma cerimônia pública feita em formato de rodízio executado pela Marinha, Exército, Aeronáutica e Governo do Distrito Federal (GDF).

* Esta reportagem foi publicada originalmente em 19 de novembro de 2018.

(https://www.terra.com.br/noticias/brasil/dia-da-bandeira-10-coisas-que-voce-talvez-nao-saiba-sobre-o-simbolo-brasileiro,580a41b3fa66b1ee9e0634455cdf5f0euysn3taz.html)

Ouça o belo Hino da Bandeira:

https://www.youtube.com/watch?v=RzFtkbqqwxU

Herculano
19/11/2020 08:40
RESPONSABILIDADE NAS PROMESSAS, por Zeina Latif, economista, no jornal O Estado de S. Paulo

Embora com tom mais moderado, Guilherme Boulos repete o nefasto e equivocado discurso populista

Os debates eleitorais têm muito a melhorar. Candidatos da oposição muitas vezes constroem a imagem de que é fácil resolver os problemas e que, se nada foi feito antes, foi por descaso ou desonestidade. A simplificação excessiva, como na campanha de Bolsonaro em 2018, atrapalha a decisão consciente e o amadurecimento do eleitor.

O discurso fácil e eloquente dá voto, pois segmentos da sociedade continuam em busca de "salvadores da pátria". Porém, cedo ou tarde, chega a fatura, como na decepção de eleitores com o presidente.

É necessário ir além da superficialidade e afastar promessas descabidas, pois enfrentar os desafios do desenvolvimento requer maturidade política.

Os candidatos à reeleição, por sua vez, falham ao não explicitar problemas e diagnósticos, talvez por temerem críticas. Ao final, há uma cumplicidade perversa entre contendores no debate eleitoral, ao evitarem temas polêmicos.

A campanha para a eleição da Prefeitura de São Paulo não foge à regra.

Mal se discute, por exemplo, o grave desequilíbrio da previdência municipal. Em 2019, o rombo foi de R$5,4 bilhões, o que equivaleu a 16% da arrecadação tributária. O déficit atuarial estava em quase R$163 bilhões.

Depois da desistência de Fernando Haddad e o insucesso de João Doria, a reforma da Previdência foi aprovada no fim de 2018. A pressão do funcionalismo foi enorme e houve greve no início de 2019, data escolhida a dedo para coincidir com o calendário escolar, segundo os próprios sindicalistas.

A reforma, porém, foi tímida, prevendo praticamente apenas o aumento da alíquota de contribuição dos servidores de 11% para 14% e a previdência complementar para entrantes com benefício acima do teto do INSS.

Não foi alterada a idade mínima de aposentadoria, diferentemente da reforma federal, que, diga-se de passagem, foi atacada por Guilherme Boulos, candidato do PSOL à Prefeitura de São Paulo. Agora, ele defende mais contratações para aumentar a arrecadação previdenciária do município. Argumento incompreensível.

O jovem político reproduz o discurso da velha esquerda que não acredita em restrição orçamentária e acha que tudo se resolve com mais recursos. Nada se ouve sobre melhorar a gestão nas diversas áreas. A lista de promessas de campanha é inexequível, pela falta de recursos e por contemplar medidas tecnicamente equivocadas.

Para cobrar a dívida ativa, em boa medida irrecuperável neste País de crises frequentes, Boulos promete contratar mais procuradores. Para reduzir a população de rua, propõe usar a rede hoteleira e contratar mais agentes. Para a saúde, mais médicos. E por aí vai.

Promete uma "renda cidadã" paulistana, uma política onerosa e mais adequada para a União, e defende o que chama de economia solidária - por exemplo, a compra de alimentos de pequenos produtores no cinturão verde, fora de São Paulo, para prover escolas. No entanto, em uma grande metrópole, ganhos de escala são necessários para garantir a efetividade das políticas públicas e, ao mesmo tempo, evitar despesas em demasia.

Para financiar seus programas, o candidato diz contar com a recuperação da dívida ativa e com a suposta sobra de caixa - um recurso já comprometido e exigência da Lei de Responsabilidade Fiscal. Ele confunde fluxo com estoque (fluxo de despesa permanente pago com estoque finito de recursos), erro básico, que, de quebra, fere a LRF.

Faltam bons diagnósticos sobre os problemas da cidade, as prioridades e a realidade fiscal.

O próximo prefeito terá muitas outras missões, como povoar e adensar os bairros centrais com infraestrutura urbana, o que reduziria tempo no transporte, pressionaria menos o preço da terra - tema caro ao Boulos - e ajudaria a preservar o meio ambiente, em meio ao aumento de loteamentos ilegais.

Oxigenar o debate público, como fazem alguns candidatos "nanicos", é saudável. O crescimento de Boulos exige, porém, maior responsabilidade nas propostas. Embora com tom mais moderado, ele repete o nefasto e equivocado discurso populista.
Herculano
19/11/2020 07:16
AMANHÃ NA EDIÇÃO IMPRESSA E ESPECIAL DO JORNAL CRUZEIRO DO VALE É DIA DE COLUNA OLHANDO A MARÉ INÉDITA

A última antes das minhas férias em 16 anos de coluna. Acorda, Gaspar!
Herculano
19/11/2020 07:14
'SEGUNDA ONDA' AINDA NÃO ESTÁ NOS NÚMEROS, MAS ONDA DE RELAXAMENTO ESTÁ NA CARA, por Vinicius Torres Freire, no jornal Folha de S. Paulo

Pela estatística, é difícil afirmar que há repique, mas é fácil saber o que fazer para evitá-lo

Depois de semanas de despreocupação e, em muitos casos, de negligência com as medidas de segurança sanitária, subitamente o país volta a se ocupar da epidemia. A onda é falar de "segunda onda", repique de infecções e mortes que estaria ocorrendo no Brasil.

Segundo alguns, seria algo parecido com os Estados Unidos, onde jamais houve controle do espalhamento da infecção, mas apenas uma redução do ritmo do número de mortes, que, no entanto, voltou a acelerar já por duas vezes.

Já se pode dizer que há "segunda onda" no Brasil? O que isso significa? Os dados são suficientes e persistentes para dizer que há um aumento do crescimento do número de internações, casos e mortes?

Francamente, a estatística não diz muito. Entre epidemiologistas com os quais este jornalista costuma conversar, uma meia dúzia, quase todos dizem que não é possível afirmar grande coisa, mas "evidências anedóticas" (histórias, relatos parciais) "preocupam", tais como alertas de médicos e de administradores de grandes hospitais.

Seja como for: 1) todas as medidas de precaução continuam valendo; o relaxamento era um perigo terrível, com ou sem "segunda onda"; devem ser levadas a sério; 2) não parece haver dados suficientes para que se tome medida mais drástica alguma, o que, de resto, poderia ser contraproducente.

Hospitais particulares dizem faz mais de semana que internaram mais doentes. Alguns poucos especialistas afirmam peremptoriamente que há "segunda onda", sem especificar bem do que se trata, porém.

As estatísticas de casos suspeitos, internações, doentes na UTI ou sob ventilação mecânica de fato apontam alguma alta na cidade de São Paulo. A média móvel de sete dias de internações no estado de São Paulo, que vinha em queda fazia tempo, deu um salto notável no dia 17, em particular na Grande São Paulo, o que não se via fazia muitas semanas.

Os dados recentes de doença e morte têm ainda mais ruídos do que de costume. Como se sabe, de 6 a 11 de novembro, ocorreram problemas no sistema nacional de registros de Covid-19, o que embananou a série de dados.

Além do mais, houve mudança de critério de confirmação de casos e mortes, diz o governo de São Paulo. Casos que ocorreram durante a epidemia foram agregados agora às estatísticas (221 mortes extras, segundo o governo paulista). Assim, os dados de casos (sempre imprecisos e variáveis em excesso) e de mortes parecem difíceis de interpretar desde o dia 5 e assim devem permanecer por mais alguns dias.

Ressalte-se que não é bem assim com o aumento recente de internações, dados de hospitais privados e da prefeitura paulista. Os dados dos hospitais parecem indicar pelo menos uma marola paulista.

Como não sabemos bem do que se trata, o aparente repique dos números serve de alerta renovado: não se pode relaxar no uso de máscaras e na limpeza, não se pode fazer aglomeração, festa ou maluquice pior.

Uma "segunda onda" ou mesmo apenas "marola forte" seriam um desastre humano e econômico. Não seria preciso decretar mais isolamentos, fechamentos etc. para que a atividade econômica desandasse. O medo já basta para causar estrago. Basta ver o movimento de restaurantes ou, pior ainda, a tentativa de reabrir cinemas.

É possível fazer o essencial para segurar essa, por ora, ameaça sinistra de repique. É preciso um pouco mais de persistência. Pode ser que o começo do fim da calamidade esteja próximo, com a esperança de vacinas. Mas, até lá, o relaxamento pode provocar um desastre evitável.
Herculano
19/11/2020 07:05
DILMA QUER BOLADA MILIONÁRIA DA COMISSÃO DE ANISTIA, por Cláudio Humberto, na coluna que publicou hoje nos jornais brasileiros

A ex-presidente cassada Dilma Rousseff tenta arrancar da Comissão de Anistia do Ministério da Justiça "reparação" por haver pedido demissão do "cargo" de estagiária e de assistente técnica da Fundação de Economia e Estatística do Rio Grande do Sul, em 1977. Ela diz ter sido "pressionada verbalmente" a se demitir e agora exige que o País a sustente com R$10.735 por mês, para sempre, com efeito "retroativo". Se for desde 1970 como ela pede, a bolada será lotérica: R$6,44 milhões.

FONTE INESGOTÁVEL

Dilma, a insaciável, já foi indenizada como "perseguida" em quatro estados: Rio Grande do Sul, Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo.

JÁ FOI BENEFICIADA

Em 1990, Dilma foi "reintegrada" pelo governo gaúcho na FEE-RS a contar dede 1975 até a "demissão a pedido" em outubro de 2016.

INCONSISTENTE

Dilma alega que foi "instada a demitir-se" por "motivos políticos". Mas admite: ela própria pediu demissão por escrito.

JÁ REJEITOU CENTENAS

A decisão final sobre a pensão exigida por Dilma será da ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos, Damares Alves.

ELEIÇõES AINDA ESTÃO ABERTAS EM 23 MUNICÍPIOS

A disputa pela prefeitura está aberta em 23 municípios devido aos vencedores terem recebido menos um terço dos votos válidos no 1º turno, ou pela diferença de menos de 5% entre os dois candidatos. A situação é observada em oito capitais, incluindo maior colégio eleitoral do país, São Paulo; e Maceió, que tem a menor diferença, só 0,31%. Há casos em que ambos tiveram menos de 20% ou mais de 45% dos votos.

MUITO VOTO NA DISPUTA

Em Maceió, Gaspar (MDB) teve 28,8% e JHC (PSB) 28,5%. Cariacica teve Euclerio Sampaio (DEM) com 18,8% e Celia Tavares (PT) 14%.

QUASE LEVARAM

Em Vitória da Conquista, os dois candidatos poderiam ter sido eleitos no 1º turno. Zé Raimundo (PT) teve 47,6% e Herzen Gusmão (MDB) 45,8%.

OS OPOSTOS

Dos 114 candidatos ainda na disputa, 15 são do PT, 14 do PSDB e 13 do MDB. Do outro lado, PCdoB, Novo, PP e Rede têm apenas um cada.

O VEXAME DO DIA NO TSE

A área de tecnologia do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) continua dando vexame. O site do tribunal, além de mal feito e confuso, é lento. Nesta quarta-feira (18), os institutos não conseguiram registrar suas pesquisas.

FUNDÃO VERGONHOSO

Presidente nacional do DEM, que elegeu (por enquanto) 670 prefeitos, ACM Neto acha que "está tudo errado" no financiamento eleitoral com recursos públicos. "Esse sistema está falido", diz ele, para quem é preciso retomar o debate sobre financiamento privado, mas com limite.

À BEIRA DE UM ATAQUE

O presidente do Senado, Davi Alcolumbre, ficou ainda mais nervoso após a derrota de sua candidata em Oiapoque, e por três votos. Em queda nas pesquisas, seu irmão Josiel disputa a prefeitura de Macapá.

RODRIGO TRUMP

Indócil com o fim de sua presidência na Câmara, em um mês, Rodrigo Maia faz pose de "primeiro-ministro": convocou o presidente da Anvisa para conversar sobre vacina, como se tivesse algum papel nisso.

ALô, ANS!

Após quatro horas ao telefone explicando ao "teleatendimento" da Cassi os sintomas que ela, filhos e marido enfrentam, uma cliente teve teste de covid aprovado apenas para ela. Marido e filhos precisam ligar de novo.

PIOR QUE ESTOCAR VENTO

Como professor de matemática, Guilherme Boulos entende é de invadir propriedades alheias. Ele propõe inchar a máquina pública, contratando mais gente, como "solução" para equilibrar contas da previdência. Está precisando voltar a estudar operações básicas de somar e multiplicar.

CONVERSA PRODUTIVA

A Rede Governança Brasil fará um webinar na segunda (23). Advogado Luiz Piauhylino Filho e o embaixador da organização, ministro Augusto Nardes (TCU), falarão sobre desenvolvimento e energias renováveis.

DIA DE DEBATES

A TV Band realiza os primeiros debates do segundo turno em 11 cidades nesta quinta (19), às 22h30, sendo cinco em São Paulo, incluindo a capital, e em Belém, João Pessoa, Manaus, Porto Alegre, Uberaba e Rio.

PENSANDO BEM...

...para o STF, traficante condenado em segunda instância pode ser solto, já jornalistas que falam mal do Supremo...
Herculano
19/11/2020 06:58
O RECADO DAS URNAS, Fernando Schüler, professor do Insper e curador do projeto Fronteiras do Pensamento. Foi diretor da Fundação Iberê Camargo, no jornal Folha de S. Paulo.

Ganha força o espectro de um centro político que pode se mover a meia distância da esquerda e do bolsonarismo

O ministro Luiz Eduardo Ramos disse que os aliados do governo venceram as eleições. Mencionou o crescimento de prefeituras do DEM, PP e PSD, bem como o encolhimento do PT e concluiu: a turma que segue as "pautas e ideias" de Bolsonaro ganhou o jogo.

Há vários problemas aí. O primeiro é saber exatamente quais são as pautas e ideias do governo. Por vezes o suporte do governo, e em particular do presidente, à sua própria agenda de reformas se parece com o apoio de Bolsonaro ao prefeito Crivella: "Se não quiser não vota, tranquilo".

É verdade que os partidos tradicionais foram vencedores. A Folha identificou uma tendência significativa de deslocamento à direita dos novos prefeitos. Há muitos significados nisso. Um deles diz simplesmente que esta foi uma eleição de baixa propensão a risco. É a tese levantada pelo professor Carlos Pereira: diante da pandemia e do espectro da morte, o eleitor tende a recuar da lógica do confronto e se afastar das "saídas polares".

Há uma explicação mais pragmática: DEM, PP e PSD trabalharam forte e foram os partidos que mais cresceram com o troca-troca partidário entre as eleições. Só o DEM passou de 272 para 456 prefeitos, já antes das eleições, basicamente puxados por governadores eleitos pelo partido, em 2018. O resultado obtido agora é em boa medida uma consequência disso.

O ponto é que a interpretação dada pelo ministro Ramos põe um detalhe para baixo do tapete: o bolsonarismo virtualmente não apareceu nessas eleições. É evidente que há candidatos identificados com Bolsonaro, alguns com relativo sucesso. Nas 18 capitais com segundo turno há no mínimo cinco com candidaturas claramente identificadas com o presidente e seu estilo. Mas, cá entre nós, frente ao que vimos há dois anos, é muito pouco.

O próprio bolsonarismo reconhece isso. Filipe Martins, assessor internacional de Bolsonaro e geralmente visto como ideólogo do grupo, pediu "autocrítica" aos conservadores e conclamou a turma a "recuperar os ideais e bandeiras de 2018".

Vai aí o problema. O que a eleição revela é que os tais princípios de 2018 talvez não tenham lá grande profundidade. O conservadorismo de Bolsonaro nunca produziu muita coisa, no governo, e o que se anunciava como sua agenda no Congresso (escola sem partido, redução da maioridade penal, liberação do porte de armas) nunca andou.

No Brasil recente, se confundiu conservadorismo com palavras de ordem do tradicionalismo de costumes (não raro misturado com religião). Vem daí o completo desinteresse de Bolsonaro em criar a Aliança pelo Brasil e sua acomodação junto aos partidos do centrão.

O mesmo vale para a agenda econômica. Paulo Guedes pode ser um histórico do liberalismo brasileiro e de algum modo ainda funciona como fiador da pauta de reformas junto ao mercado, mas vamos convir: terminamos o ano com menos consenso sobre reforma tributária do que parecíamos ter antes da pandemia; a reforma administrativa, além de tímida, se arrasta, e as privatizações, dois anos depois, quando muito prosseguem como um "ideal" do governo.

Em meio a este quadro, Bolsonaro resolveu improvisar. Bem a seu estilo, mencionou alguns candidatos, em suas lives, fez escolhas erradas, desconsiderou aliados políticos no Congresso e colheu um resultado melancólico.

O que estas eleições fizeram foi acender uma luz amarela no Planalto. A avaliação positiva de Bolsonaro caiu entre 15% e 20% desde o início da campanha, a agenda de reformas está parada e não há sinal sobre o que o governo fará com o auxílio emergencial a partir de janeiro.

Talvez o governo se dê conta disso e comece a trabalhar com algum senso de urgência no Congresso. O recado das urnas parece claro: ganha força o espectro de um centro político que, sabendo capturar a agenda reformista, pode começar a se mover por conta própria e produzir uma alternativa para 2022, distante simultaneamente da esquerda e do bolsonarismo.

Para Bolsonaro, que depende da lógica da polarização para sobreviver, este é o principal recado que surge das urnas. ?
Miguel José Teixeira
18/11/2020 19:48
Senhores,

Elizeta, Elizeta! Lave bem as mãos, antes de pegar na. . .caneta!

"Corregedora da PGR manda Lava Jato entregar acervo sigiloso"

A corregedora-geral do Ministério Público Federal, Elizeta de Paiva Ramos, determinou à força-tarefa da Lava Jato no Paraná que entregue cópia do banco de dados sigilosos da operação.

A nova investiga se dá mesmo após Edson Fachin ter revogado o acesso do procurador-geral aos dados, em agosto passado.

Segundo a Corregedoria, a decisão do ministro não impediria o órgão de inspecionar o acervo da Lava Jato, mas esse tipo de fiscalização nunca foi feita de forma genérica.

Desde agosto, Augusto Aras tenta colocar a mão no acervo da Lava Jato sob a alegação ?" sem provas ?" de que os procuradores usaram as investigações para achaques.

A primeira tentativa foi feita pela subprocuradora Lindôra Araújo, que chegou a ir pessoalmente à sede do MPF em Curitiba para copiar os arquivos.

(Fonte: https://www.oantagonista.com/brasil/corregedora-da-pgr-manda-lava-jato-entregar-acervo-sigiloso/)

Brasil: amigos acima de tudo/parentes acima de todos!
Miguel José Teixeira
18/11/2020 19:37
Senhores,

General de cabresto

"A nossa maior ação contra o vírus é o isolamento social", diz Ministério da Saúde"

O Ministério da Saúde publicou na manhã desta quarta (18) no Twitter a seguinte mensagem:

"Olá! É importante lembrar que, até o momento, não existem vacina, alimento específico, substância ou remédio que previnam ou possam acabar com a Covid-19. A nossa maior ação contra o vírus é o isolamento social e a adesão das medidas de proteção individual."

ATUALIZAÇÃO: Minutos depois da publicação desta notícia, o perfil do Ministério da Saúde apagou a mensagem.

Pazuello vai perder o emprego?

(Fonte: https://www.oantagonista.com/brasil/a-nossa-maior-acao-contra-o-virus-e-o-isolamento-social-diz-ministerio-da-saude/)
Herculano
18/11/2020 19:08
da série: biruta de aeroporto à procura do seu próprio impeachment

ERROS DE BOLSONARO CONFUNDEM ATÉ O SEU GOVERNO, por Josias de Souza, no Uol.

A questão não é cometer erros. Todos cometem. O problema é insistir num velho erro havendo tantos erros novos a cometer. Na administração da pandemia, Jair Bolsonaro acorrentou-se a erros que começam a ficar cansativos. Nas últimas semanas, Jair Bolsonaro recebeu sinais que apontam para a conveniência de apertar os parafusos da estratégia que traçou para lidar com o coronavírus. Mas o presidente optou por ignorar os alertas, mesmo diante do aumento na incidência de contágio e mortes por coronavírus.

Em visita a Goiás, a pretexto de elogiar o brasileiro que leva comida às mesas do país, Bolsonaro chamou de "frouxos" os patrícios que conseguem tomar precauções contra o vírus. "Graças a vocês que não pararam, nós da cidade continuamos sobrevivendo", disse Bolsonaro. "Se o 'fique em casa, a economia a gente vê depois', fosse aplicado no campo, teríamos desabastecimento, fome, miséria e problemas sociais. Parabéns a vocês que não se mostraram frouxos na hora da angústia", ele acrescentou, citando a Bíblia.

O elogio aos produtores rurais é mais do que pertinente. São trabalhadores tão prioritários quanto os médicos e os enfermeiros. Mas o presidente poderia elogiar quem trabalha em setores essenciais sem tratar o brasileiro que foge do vírus como "maricas". Donald Trump, modelo do negacionismo de Bolsonaro, levou um tranco das urnas americanas. O eleitorado brasileiro premiou no primeiro turno da eleição municipal prefeitos que lidaram com o vírus de costas para a pregação de Bolsonaro. Os sinais não são negligenciáveis.

Afora o aspecto político da posição do presidente, há os reflexos administrativos. Num instante em que as infecções e as mortes voltam a subir, o governo adota um comportamento errático.

O general Eduardo Pazuello, ministro da Saúde, recém-recuperado da Covid, se finge de morto. Quem comenta sobre o vírus é o secretário de Política Econômica, Adolfo Sachsida: "Acho baixíssima a probabilidade de segunda onda."

A pasta da Saúde publicou nas redes sociais um post que desdiz Bolsonaro: sem vacina ou remédio, a "maior ação contra o vírus é o isolamento social e a adesão às medidas de proteção individual." Subitamente, a mensagem foi retirada do ar.

Um bom líder inspira os seus liderados. Bolsonaro confunde até o seu governo
Miguel José Teixeira
18/11/2020 17:08
Senhores,

A ilógica estratégia do eleitor

Entre os muitos desafios a serem levados adiante por toda imprensa que se apresente como séria, está o de se colocar como uma espécie de desmancha prazeres, mesmo quando os fatos insistem em se mostrar do agrado da maioria dos cidadãos. Nesse quesito, tal imprensa se mostra invariavelmente mais realista que os reis o que a torna indigesta para os poderosos de plantão. Não raro, esse tipo de imprensa sobrevive apenas pelo poder de confiabilidade que desperta entre os leitores mais atentos, o que a transforma numa espécie de farol a guiar apenas aqueles que navegam nas águas da ética e da cidadania.

Talvez seja essa a principal atribuição desse tipo de imprensa, nesses tempos de verdadeiras enxurradas de informações. Um dos sinais mais fortes a indicar esse tipo de mídia é que ela, invariavelmente, desagrada os membros do governo, sobretudo, aqueles para quem a verdade e os fatos possui mais de um ponto de vista.

Infelizmente, esse tipo de noticiário perdeu muito de seu brilho, com a abdução de suas redações pelo poder encantatório das ideologias, o que obrigou a verdade dos fatos a sobreviver aos filtros das preferências políticas pessoais. Esse "nariz de cera" ou circunlóquio introdutório vem a propósito das eleições desse domingo último em 5.569 mil municípios, elegendo bancadas nas câmaras legislativas e nas prefeituras locais, no que seria, em números, a maior festa democrática do planeta.

Ocorre que, terminada a festança e verificado parte dos candidatos que conseguiram se eleger para esses próximos quatro anos, a sensação é de desânimo, para dizer o mínimo. Obviamente, não cabe aqui nesse espaço, analisar cada um dos vitoriosos. Mas, num apanhado geral, observando-se apenas as principais capitais e municípios, o sentimento que prevalece é o de que essa foi apenas mais uma outra eleição, como tantas, principalmente, se levarmos em consideração que as forças políticas que alcançaram o poder são formadas, basicamente, pela junção do que se convencionou chamar de Centrão, ou seja: o conjunto heterodoxo e utilitarista formado por políticos de diversas vertentes de interesses, que se aglutinaram num grande grupo para forçar as muralhas do Estado e lá estabelecer seu quartel-general e centro de operações.

PSD, PP, DEM e outras legendas do gênero sempre afoitas em manter seus feudos conseguiram, mais uma vez, e desde o retorno da democracia há mais de três décadas, angariar o apoio da maioria da população, a mesma que insiste em reclamar daqueles que só serão novamente vistos daqui a quatro anos.

A questão aqui não é saber como essas forças do atraso que, invariavelmente, aparecem nas listas da Polícia Federal, envoltos em casos rumorosos de corrupção, são seguidamente eleitos, geração após geração. Mas, antes de tudo, é preciso entender porque aqueles que mais são prejudicados por esse modelo de fazer política insistem, a cada quadriênio, em recolocar no poder, justamente esses mesmos protagonistas e seus clãs, que repetirão os vícios de administração, danosos a todos, indistintamente?

Aqueles que obtiveram a vitória nas urnas estão apenas cumprindo uma espécie de desígnio que herdaram de seus antepassados e, portanto, não degeneraram. São o que são. Os eleitores, não. Eles tiveram mais uma chance de interromper esse ciclo perverso, mas preferiram, por um poder sobrenatural masoquista, continuar na condição de oprimidos. Vai entender.

A frase que foi pronunciada

"Todo governo é suspeito até prova em contrário. Não lhe é concedido o benefício da dúvida."

Fonte: Correio Braziliense, hoje, Coluna Visto, Lido e Ouvido)
Miguel José Teixeira
18/11/2020 16:47
Senhores,

Preço ou consequência?

Segundo o Herculano, em nota abaixo: "KLEBER RELIGA A MÁQUINA DE NOMEAR COMISSIONADOS"

Divulgamos anteriormente, o manifesto do MCCE:

"ELEITOR, VOTE! EM DEFESA DA DEMOCRACIA E DA CIDADANIA"

Dele destacamos:

"Vote certo! Vote bem! Voto não tem preço, tem consequências."

Portanto, conclua por favor!
Herculano
18/11/2020 15:40
KLEBER RELIGA A MÁQUINA DE NOMEAR COMISSIONADOS

Como escrevi e era esperado por quase todos os gasparenses, o prefeito Kleber Edson Wan Dall, MDB, religou a poderosa máquina de nomear comissionados na prefeitura de Gaspar.

Ele começou a debochar da subseccional da OAB gasparense bem antes do previsto. Ele é um dos signatário da Carta da entidade - e fez propaganda disso - que entre outras, pede a redução do número de comissionados.

Kleber soube oficialmente da sua reeleição quando já era tarde da noite do dia 15, devido na instabilidade dos novos supercomputadores do TSE

Menos 24 horas depois, ele já tinha assinado o decreto de nomeação de Pedro Pereira para a coordenação do Procon.

Ontem, foi a vez de Mara Lúcia Xavier da Costa Santos para Ouvidoria, que não ouve e Salésio Antônio da Conceição, que retornou a superintendência da Ditran.

Está se esperando a lista de hoje. Acorda, Gaspar!
Miguel José Teixeira
18/11/2020 14:20
senhores,

Amin ministro?

"Senador do PP confirma possibilidade de Bolsonaro retornar ao partido"

(Por Diego Amorim, em "O Antagonista")

O senador Luis Carlos Heinze, do PP do Rio Grande do Sul, confirmou a O Antagonista a possibilidade de Jair Bolsonaro retornar ao partido após o segundo turno das eleições municipais.

"Estamos juntos já há muitos anos. Em 2014, eu fui um dos poucos deputados que estavam ao lado dele, para ele concorrer já pelo nosso partido a presidente."

"Esse namoro continua e pode dar casamento. Eu torço muito por isso. Sou amigo pessoal dele há 22 anos. Nossa relação é intensa e há condições de que ele venha para nós, sim. Vai ser uma satisfação."

Bolsonaro já foi filiado a nove partidos diferentes. O último foi o PSL, pelo qual foi eleito.

Em meio à pandemia da Covid-19, Bolsonaro "casou" com o Centrão, elegendo o enrolado senador piauiense Ciro Nogueira, presidente nacional do PP, como grande aliado. Também decidiu apoiar para presidente da Câmara ?" a eleição será em fevereiro do ano que vem ?" o deputado Arthur Lira, líder do PP e réu por corrupção no STF.

https://www.oantagonista.com/brasil/senador-do-pp-confirma-possibilidade-de-bolsonaro-se-filiar-ao-partido/
Miguel José Teixeira
18/11/2020 08:33
Senhores,

Minha prefeitura por um Biffe

"Prefeita é eleita com 1 voto de diferença em SP: Pensei que fosse erro"

Veja mais em https://noticias.uol.com.br/eleicoes/2020/11/17/prefeita-e-eleita-com-apenas-1-voto-de-diferenca-no-interior-de-sp.htm?cmpid=copiaecola

Coitada da prefeita eleita de Piquerobi-SP, Adriana Crivelli Biffe (MDB). . .

Vai passar o mandato todo ouvindo do eleitor: VOCÊ FOI ELEITA GRAÇAS AO MEU VOTO!

Sugiro ela implantar,de bate-pronto, o programa "Olha o Biffe". . .
Miguel José Teixeira
18/11/2020 08:25
Senhores,

O alerta foi dado

"É cedo, demasiado cedo, para analisar o resultado das eleições. Tudo muito chato: ah, o partido tinha cem cidades, hoje tem 50... E se uma delas é uma metrópole?" (Carlos Brickmann, abaixo replicado)

?" loco meu! Já imaginaram a maior cidade da América Latina nas mãos de um troglodita?

Mas bah, tchê! Já imaginaram a capital da Tradicional Gauchada nas mãos de uma troglodita?

E onde o Capiberibe e o Beberibe se unem para formar o Oceâno Atlântico? Já imaginaram a festa PeTralha se em Recife a neta do saudoso caudilho for eleita?

Na capital Capixaba? Será que a moqueca vai virar peixada?

E, em Belém? Será que a Fafá vai cantarolar
. . .
"Meu coração é vermelho
Hei! Hei! Hei!
De vermelho vive o coração
He Ho! He Ho!
Tudo é garantido
Após a rosa vermelhar
Tudo é garantido
Após o sol vermelhecer"
. . .
(https://www.letras.mus.br/fafa-de-belem/45894/)

Alea jacta est
Herculano
18/11/2020 07:26
O O PSL SE UNIU AO DEM NO SEGUNDO TURNO EM BLUMENAU

NOVIDADE? AQUI EM GASPAR ONDE FICARAM NA RABEIRA DAS ELEIÇÃO O PSL E DEM JÁ TINHAM UMA ALIANÇA BRANCA. E NÃO ERA CONTRA O PODER DE PLANTÃO, MAS CONTRA O PL

Acorda, Gaspar!
Herculano
18/11/2020 07:23
UMA ELEIÇÃO PARA QUEBRAR PARADIGMAS, por Roberto Azevedo, no Making of

A reeleição de Gean Loureiro, que lhe deu status de personagem nacional nas muitas conquistas do DEM nas maiores cidades e abriu portas para entrevistas, foi uma vitória tão estrondosa, que, ao mesmo tempo, retirou seus maiores adversários do páreo e provocou que MDB e PP ficassem sem nenhuma cadeira na Câmara, sem esquecer que impôs três vezes mais votos do que Elson Pereira (PSOL) e quase o quádruplo para Pedro Silvestre (PL).

Um efeito tão devastador que terá reflexos na eleição estadual, em 2022, porque arranha os projetos de Angela e Esperidião Amin, ambos do PP; de Dário Berger, do MDB; dos tucanos, que se alinharam em torno de João Batista Nunes, que de vice de Gean virou companheiro de chapa de Angela; além do PSL, do governador afastado Carlos Moisés, que ficou na estrada, e de quebra atinge o senador Jorginho Mello, visto que a candidatura de Pedro Silvestre pelo PL, não decolou.

Para o PSOL, que sempre foi a pedra do sapato do prefeito na Câmara, o recado foi claro, mesmo diante de uma articulação que reuniu uma frente de partidos de esquerda: está na hora de melhorar o discurso e avançar em composições mais ao centro, uma necessidade de pluralidade.

Se a leitura é a de que Gean ganha musculatura para alçar um voo maior em direção ao governo do Estado, o que deve depender da conjuntura, já é justo projetar que, sem a necessidade de se amarrar a Jair Bolsonaro ou a outro cacique, administrar o segundo maior colégio eleitoral do Estado é um passaporte e tanto para qualquer especulação ou projeto.

JOGO APERTADO

Com 12 candidatos à prefeitura, em Blumenau só isso tirou a vitória de Mário Hildebrandt (Podemos) no primeiro turno.

Ele fez mais 47 mil votos do que o ex-prefeito João Paulo Kleinübing (DEM) e garantiu 42,53% dos votos válidos, uma resposta do eleitor e de Hildebrandt aos que apostaram que ele não tinha força política. Para Kleinübing, que também sofreu desidratação eleitoral em função de muita gente que transitava na mesma faixa política e ideológica, vale a máxima de que segundo turno é uma nova eleição.

GRANDES DERROTADOS

Risível foi o desempenho dos deputados estaduais Ricardo Alba (PSL), com 17.487 votos, embora tenha ficado à frente da ex-prefeita e grande adversária ideológica Ana Paula Lima (PT), e de Ivan Naatz (PL), que fez 7.227 votos, o que, no máximo, o colocaria como mais voltado à Câmara de Vereadores local (Bruno Cunha, do Cidadania, garantiu o posto com 4.892).

Naatz apostava tudo em suas eloquentes participações na direção do impeachment do governador Carlos Moisés (PSL), ora afastado, tendo proposto e relatado a CPI dos Respiradores, e sido voz atuante nas fases de admissibilidade dos dois processos que correm na Assembleia, enquanto Alba cedeu à questão da compra com pagamento antecipado, sem considerar que o tema não tem apelo popular.

NÃO Só ELES

Os parlamentares não ganharam projeção nenhuma com os processos de impeachment, muito pelo contrário, receberam tapinhas nas costas dos correligionários e de alguns empresários que passaram a ideia falsa de que o assunto tem potencial, o que nem a Polícia Federal, a Polícia Civil de Santa Catarina, o Ministério Público e o Tribunal de Contas veem.

Aliás, mesmo destino de Fernando Krelling (MDB), que deveria ser o herdeiro da força eleitoral do ex-governador Luiz Henrique, mas fez menos de 18 mil votos do que Darci de Matos (PSD) e 12 do que Adriano Silva (Novo), que vão para o segundo turno. Pior ainda foi o desempenho, se é que se pode chamar assim, de Rodrigo Minotto (PDT), em Criciúma, com 4.195 votos, o que o deixou em quarto ligar na disputa, 1.758 sufrágios atrás de Julia Zanatta (PL).

E AGORA?

Há poucos deputados estaduais que podem dizer que saem sem cicatrizes e feridas provocadas pelos ferimentos eleitorais, tampouco vitoriosos.

Muitos deles perderam em casa, nas bases, ou sequer conseguiram concretizar alianças estranhas e certamente vão reclamar da falta de recursos, já que a trama urdida contra Moisés não deu certo e nem veio a tempo de salvar candidaturas, motivo real de tanto ódio nos bastidores do Legislativo contra o Executivo.

SEM AVENTURAS

A profusão de candidaturas às maiores prefeituras foi um veneno para quem resolveu se aventurar no mundo político, outsider ou não.

O fenômeno acabou com biografias em todos os cantos do Estado, tanto naqueles que confiavam em sua capilaridade nas redes sociais como grande plataforma quanto para os que apostaram na figura do presidente Jair Bolsonaro para ter a simpatia do eleitor no Estado mais conservador do país. A lição: Bolsonaro é capitão, com patrimônio eleitoral e político próprios, não cabo eleitoral.

LÍDER DO SUL

O prefeito Clésio Salvaro (PSDB) é o grande líder político do Sul do Estado com a vitória expressiva de 72,6% dos votos válidos, quase o mesmo percentual que garantiu a vitória há quatro anos para a prefeitura de Criciúma. Clésio sempre apontou para 2022, quando definiria a sua atuação na majoritária, ganhou musculatura com o apoio do PSD, do vice Ricardo Fabris, também reeleito, com as bênçãos do deputado Julio Garcia, presidente da Assembleia. A presidente estadual do tucanato, a deputada federal Geovania de Sá, que tem base no maior município da região, visitou o prefeito reeleito, uma das estrelas da sigla, assim como comemora as 32 prefeituras conquistadas pelo PSDB catarinense.

LIMONADA

MDB garante a condição de maior partido de Santa Catarina, com 96 prefeitos eleitos, e bate no peito para dizer que, das 20 maiores cidades do estado, comandará cinco (Itajaí, Jaraguá do Sul, Camboriú, Brusque e Gaspar).

Mas perdeu Joinville, uma joia da coroa, o maior colégio eleitoral do Estado, praticamente não existe em Blumenau (terceiro maior); em Florianópolis (segundo maior), sucumbiu a uma aliança com o PP que não levou em consideração o sentimento da base, que só serve quando é para levar adiante propostas equivocadas, e faz tempo que não tem relevância em São José, o quarto maior em número de eleitores.

POSITIVO

Governadora em exercício Daniela Reinehr (sem partido) testou positivo para Covid-19, 10 dias depois do festival sem máscara da visita do presidente Jair Bolsonaro a Florianópolis.

Daniela, que apresenta sintomas leves e cancelou as agendas em Indaial e Blumenau, nesta terça (17), estava entre as dezenas que participaram da formatura de policiais rodoviários federais na Academia da PRF na Capital do Estado, evento que está sob investigação inclusive da Vigilância Sanitária do município para saber se houve o cumprimento de regras de combate contra a doença.

MAIS UMA

Não é a primeira vez que Daniela passa perto de casos da Covid-19.

No dia 29 do mês passado, quando assumiu a interinidade do governo, 18 pessoas do staff estadual testaram positivo para o Coronavírus, durante a coletiva na sede do Centro Administrativo.

Todo mundo foi testado, inclusive os jornalistas que participaram do ato, desta vez marcado pelo uso de máscaras e de outras medidas de proteção contra a pandemia.

RÁPIDAS

* 55 + 1: Prefeito reeleito, Antônio Ceron (PSD), de Lages, garantiu uma vitória na disputa com a deputada federal Carmen Zanotto (Cidadania) por 56 votos, apertado é apelido.

* VIVA O JOÃO: Depois de passar por infortúnios, abrir mão da reeleição à Câmara dos Deputados e conviver com a marca de uma prisão controversa sobre matéria com prescrição, João Rodrigues (PSD) volta à prefeitura de Chapecó pelo voto popular e cheio de gás, como o maior líder político do Oeste.

* NA CÂMARA: Para não dizer que nem todos os deputados estaduais que patrocinaram ou subscreveram a trama contra Moisés se deram mal, o suplente que votou pela admissibilidade do segundo processo, César Valduga (PCdoB) voltou a ter mandato com a garantia de 1.773 votos, sétimo mais votado à Câmara de Chapecó de 21 cadeiras.

* NA AMFRI: Observem com atenção as reeleições de Volnei Morastoni (MDB), em Itajaí, mais apertada, e a de Fabrício Oliveira (Podemos), com larga vantagem, ambos ganharam musculatura política extra na Foz do Rio Itajaí-Açú.

* FORTE: Antídio Lunelli (MDB), reeleito em Jaraguá do Sul, surge como uma das forças do MDB, com patrimônio eleitoral mais forte do que o do partido onde está filiado, tanto que só teve um adversário, Leandro Schmockel (NOVO), e garantiu 70,66% dos votos.

* DEU CERTO: Embora tenha amargado a derrota em Caçador para o reeleito Saulo Sperotto (PSDB), o deputado Valdir Cobalchini (MDB), que sempre apoiou Gean Loureiro, comemora a eleição do filho, o advogado João Cobalchini (DEM), à Câmara de Vereadores da Capital, o que ainda provoca especulações entre os emedebistas.

* AXIOMA: Uso das redes sociais não garantiu a eleição de quem se valeu 100% da ferramenta na campanha, até porque todo mundo a utiliza, prova de que nada substitui o contato permanente com o eleitor, relação de confiança que não é construída meses antes da eleição, mas com muito mais tempo.
Herculano
18/11/2020 07:08
SEGUNDAS ONDAS, por Hélio Schwartsman, no jornal Folha de S. Paulo

O número de casos de Covid-19 voltou a subir, e não é só na Europa

Por alguns meses, pareceu que a Europa havia vencido a Covid-19. Mas, a partir de outubro, vários países começaram a registrar aumento nos casos. Agora, a tal da segunda onda está mais do que caracterizada. E não é só a Europa. Os EUA, embora nunca tenham controlado as transmissões, assistem agora a novos picos.

A primeira explicação para o recrudescimento foi climática. Com a aproximação do inverno boreal, as pessoas passam mais tempo em ambientes internos, o que favorece o contágio. Isso é parte importante da equação, mas não é tudo.

Nações asiáticas (China, Taiwan, Coreia do Sul) mantêm as infecções sob controle, apesar do clima mais frio, e localidades do hemisfério Sul registraram altas mesmo com o calor. Aconteceu até no Uruguai, um dos países que mais sucesso tiveram na contenção da epidemia. Em São Paulo, vivemos um preocupante aumento das internações por Covid-19 que pode prenunciar coisa pior.

Uma hipótese para explicar isso é a do esgotamento do ego, um nome pomposo para cansaço. As pessoas conseguem manter-se disciplinadas, mas não indefinidamente. A força de vontade tem limites.

Foi o psicólogo social Roy Baumeister quem lançou a ideia de que o autocontrole funciona como um músculo, sujeito a episódios de fadiga, mas que também pode ser fortalecido por exercícios. Pesquisas empíricas deram suporte a esse modelo.

Durante meses, populações que podiam mantiveram o afastamento social, mas, quando surgiram sinais de que a situação melhorava, recaíram nas velhas rotinas, o que reacendeu a epidemia. Na Europa, trabalhos mostraram uma associação entre as novas infecções e eventos de supertransmissão ligados a viagens de férias, festas, vida noturna. Algo parecido parece ocorrer em São Paulo.

Como a vacinação em massa e o esgotamento dos suscetíveis ainda estão distantes, só nos resta tentar exercitar o autocontrole. Na Ásia, estão conseguindo.
Miguel José Teixeira
18/11/2020 07:07
Senhores,

Pra não dizerem que não teclei sobre futebol

"Espanha dá surra histórica e faz 6 a 0 na Alemanha"

O "Fritz" lá do "Charracumbá", com seu sotaque carregado que não consigo transcrever, mandou ver:

"Bom. . .pelo menos não foi na Copa, não foi de 7 e também não foi na casa do adversário". . .

Pois é. . .e pensar que ainda tem jogadores daquela fracassada seleção brasileira, integrando a atual. . .
Herculano
18/11/2020 07:03
ELEITOR DE BOULOS É BRANCO, RICO E MORA NOS JARDINS, por Cláudio Humberto, na coluna que publicou hoje nos brasileiros

A maioria dos eleitores do candidato Guilherme Boulos (Psol) reside em bairros de classe média alta, onde ele próprio viveu a maior parte de sua vida, ou bairros de elite como os Jardins, e, portanto, são brancos, ricos e têm escolaridade de nível superior, conforme mostram os mapas de votação de domingo (15). Isso foi reafirmado na primeira pesquisa para o segundo turno, divulgada ontem. O presidente do Paraná Pesquisas, Murilo Hidalgo, confirmou o perfil elitista do eleitorado de Boulos.

LIDERANÇA COM FOLGA

De acordo com o levantamento, Bruno Covas (PSDB) teria hoje 50,3% (ou 61,5% dos votos válidos) contra 31,5% (38,5% dos válidos).

POVÃO VOTA NO TUCANO

A pesquisa mostrou também que o povão pretende votar em Covas: 55% dos eleitores analfabetos ou com ensino fundamental preferem o tucano.

INTELECTUAL PREFERE BOULOS

Covas também tem a maioria de eleitores com ensino superior completo, mas o percentual cai para 44,9%. Boulos soma 35%.

PESQUISA REGISTRADA

O levantamento do Paraná Pesquisas foi realizado nos dias 16 e 17 deste mês e registrado no TSE sob o n.º SP-09859/2020.

PT PERDE DOIS TERÇOS DOS MUNICÍPIOS QUE GOVERNAVA

Em 2016, o PT conseguiu conquistar 256 prefeituras de todo o país, mas este ano esse número despencou. Dentre os 256 municípios que eram governados pelo PT, 165 (65%) rejeitaram o retorno do partido de Lula ao governo municipal. Além dos municípios que já governava, o PT venceu em apenas outros 88 municípios. Total: 179 governos municipais, uma queda de 30% em relação a 2016 e de 72% em relação a 2012.

SUCESSOR COMPLICA

Entre os 65 prefeitos petistas reeleitos em 2016, no final do segundo mandato em 2020, apenas 21 conseguiram eleger um sucessor do PT.

GAÚCHOS ANTI-PT

No Rio Grande do Sul, o PT conseguiu conquistar 39 prefeituras em 2016. Este ano, apenas 8 dessas prefeituras elegeram prefeito petista.

SÃO PAULO SEGUE

No estado de São Paulo, apenas o ex-ministro Edinho Silva conseguiu ser petista e reeleito prefeito de Araraquara. O PT perdeu 7 municípios.

PROMESSA É DÍVIDA

Já passou da hora de o governo fazer o que o presidente Bolsonaro prometeu durante a cúpula virtual do Brics: revelar os países que fazem campanha contra o Brasil, em razão da Amazônia, e por debaixo dos panos financiam madeireiros comprando madeira extraída ilegalmente.

PENDURADO NA BROCHA

A turma da área de tecnologia do Tribunal Superior Eleitoral deixou o ministro Luis Roberto Barroso "pendurado na broxa". Não apareceu um só deles para assumir os "esclarecimentos" que nada esclareciam.

BORA TRABALHAR

O líder do governo na Câmara, deputado Ricardo Barros (PP-PR), desfez uma das lorotas de Rodrigo Maia para justificar a paralisia da Câmara desde setembro: o líder Arthur Lira (PP-AL) avisou que o "centrão" está pronto para votar de segunda a sexta, e zerar tudo o que está pendente.

FUMAÇA QUE FAZ BEM

Rodrigo Maia chamou de "cortina de fumaça" projetos que o governo fixou como prioritários. Ou sejam, independência ao Banco Central, renegociação das dívidas dos estados, Casa Verde Amarela...

É Só QUERER

A previsão do Planalto é que as reformas Tributária e Administrativa sejam votadas ainda este ano. E admite que até o Orçamento de 2021, que é consensual, venha a ser votado direto no plenário.

EI, VOCÊ, AÍ...

O cineasta Silvio Tendler, curador do Festival de Cinema de Brasília, reafirmou em entrevista que o setor vive em situação crítica e que tudo conspira contra a produção cinematográfica. Não explicitou, mas suas palavras foram interpretadas como chororô por dinheiro público. Arre.

ATRASO DE VIDA

Anunciada no governo Lula, a novela em torno da concessão da Ferrovia Oeste-Leste chegou ao fim, segundo o ministro Tarcísio Freitas. O Tribunal de Contas da União levou 12 anos para liberar o primeiro trecho.

AGÊNCIA NÃO REGULOU

Segundo o senador Lucas Barreto (PSD), que é do Amapá, "se a Aneel tivesse exercido o seu papel, além de regular tarifas, não estaríamos passando por isso agora".

PENSANDO BEM...

...o desempenho pífio nas eleições mostrou que o TSE não faz valer seu custo anual de R$580 milhões.
Miguel José Teixeira
18/11/2020 06:57
Senhores,

Quadrilha unida

"Derrotar Crivella e Bolsonaro é a prioridade', diz PT sobre 2º turno no RJ"

Veja mais em https://noticias.uol.com.br/eleicoes/2020/11/17/derrotar-crivella-e-bolsonaro-e-a-prioridade-diz-pt-sobre-2-turno-no-rj.htm?cmpid=copiaecola

Sei não. . .penso que a adesão dos PeTralhas à campanha do megassuspeito eduardo paes, reflete positivamente na candidatura do vendilhão de palavras bíblicas.

Bom. . .deixemos os cariocas com suas gracinhas e piadinhas, "geintche". Mas, que eles estão no sal, estão!
Herculano
18/11/2020 06:56
da série: a ciência econômica, é melhor contada quando passada, do que uma previsão futura. É história. São fatos. Este artigo prova isto, mais uma vez.

POR QUE A INFLAÇÃO PODE ESTAR NO CAMINHO DE VOLTA, por Martin Wolf, comentarista-chefe de economia no Financial Times, doutor em economia pela London School of Economics, no jornal Folha de S. Paulo. Tradução de Paulo Migliacci.

A economia mundial talvez esteja passando por uma virada semelhante àquela que aconteceu quatro décadas atrás

Será que estamos a ponto de entrar em uma era de inflação inesperadamente alta, e não inferior à meta, como nos acostumamos a ver? Muita gente desconsidera essa possibilidade. Mas o menino que gritou "é o lobo" estava certo, da última vez. E um livro recentemente lançado insiste em que o lobo está rondando.

Uma das previsões notáveis que o livro faz é que, como resultado dos excessos fiscais e monetários atuais, "como acontece em consequência de muitas guerras, haverá uma disparada na inflação, provavelmente para mais de 5%, ou mesmo da ordem de 10%, em 2021".

Isso mudaria tudo. A previsão vem de Charles Goodhart, um acadêmico respeitado, e Manoj Pradhan, que trabalhou para o banco Morgan Stanley. Sua profecia de calamidade inflacionária iminente na verdade é menos importante que a estrutura analítica que o livro propõe. Os autores argumentam que a economia mundial está a ponto de mudar de regime.

A última vez que isso aconteceu foi na década de 1980. As grandes mudanças ocorridas quatro décadas atrás não aconteceram principalmente pelo desejo de controlar a inflação, mas sim por conta da globalização e do ingresso da China na economia mundial.

Aquela era, eles argumentam, que envolvia baixa inflação e endividamento alto e crescente, está chegando ao fim agora. E o seu inverso não demorará a se manifestar. Nas décadas de 1980 e 1990, as economias da China, do antigo império soviético e de outros países em desenvolvimento se abriram.

Surgiu acordo quanto à Rodada Uruguai [de liberalização do comércio internacional], o que levou à criação da Organização Mundial do Comércio (OMC), à qual a China foi admitida em 2001. A integração econômica internacional avançou rapidamente, especialmente via comércio, mas também via investimento direto de países de alta renda.

A oferta mundial de mão de obra para a produção de bens comerciáveis internacionalmente cresceu muito. As grandes economias comerciais registravam índices de natalidade em queda, mas populações ainda jovens, reforçadas pelo ingresso de mulheres na força de trabalho.

Assim, a força de trabalho crescia mais rápido que a população, e a produção per capita cresceu mais do que a produção por trabalhador. Tudo isso somado, argumentam Goodhart e Pradhan, causou uma queda no poder de mercado dos movimentos trabalhistas nos países de alta renda, elevou a fatia do lucro no Produto Interno Bruto (PIB), fez crescer as desigualdades internas, fez cair a desigualdade internacional, e também gerou um "excedente de poupança", pressões inflacionárias baixas e queda nas taxas reais de juros.

O endividamento disparou. Agora, eles argumentam, tudo isso está invertendo o curso. A globalização está sob ataque e nenhuma outra economia é capaz de reproduzir aquilo que a China fez. O envelhecimento reduz o crescimento da força de trabalho e exacerba as pressões fiscais. E o mais importante, eles afirmam, é que à medida que o número de consumidores cresce em relação ao de produtores, a pressão inflacionária deve subir.

Além disso, com o encolhimento da força de trabalho e o enfraquecimento da globalização, o poder de mercado do sindicalismo ressurgirá, o que vai agravar as pressões inflacionárias. Essas viradas, eles acrescentam, criam grandes dilemas em termos de políticas públicas, especialmente se considerarmos os balanços dos governos e das empresas não financeiras em longo prazo.

Se a relação entre desemprego e inflação mudar de maneira tão adversa quanto os autores indicam, será que os bancos centrais apertarão a política monetária tanto quanto seria necessário para conter a inflação? Como as autoridades lidariam com a onda de quebras de empresas resultante? Como os governos retomariam o controle dos déficits em um mundo com crescimento estruturalmente baixo (em parte devido ao envelhecimento das populações), taxas de juros mais altas e pressão por aumento dos gastos?

Se não o fizerem, os bancos centrais vão continuar imprimindo dinheiro ou permitirão insolvência nacional? Em resumo, será que estamos condenados a uma repetição da década de 1970, mas em circunstâncias ainda piores?Os autores estão corretos ao argumentar que a economia mundial está passando por grandes viradas estruturais.

O envelhecimento das populações e a perda de empuxo da globalização na produção de bens já estão bem encaminhados. Além disso, esse processo inclui a China. A combinação resultante transformará nossas economias.

No entanto, é igualmente vital recordar quão pouco sabemos sobre a maneira pela qual essas viradas ocorrerão no mundo real. E se estivéssemos cientes, em 1980, de que a China estava a ponto de abrir sua economia para o mundo e lançar o maior boom de investimento da história, que culminaria em um índice de investimento equivalente a 50% de seu PIB?

Quantas pessoas teriam previsto que a situação macroeconômica dali a algumas décadas seria de excesso de poupança, taxas reais de juros baixas, políticas monetárias muito frouxas e endividamento pesado? A maior parte das pessoas decerto presumiria que a China, em disparada, importaria poupança de outros países em escala maciça e assim elevaria as taxas de juros reais, e exportaria demanda líquida, em lugar disso.

Goodhart e Pradhan também podem estar certos quanto ao fato de que, no admirável mundo novo que preveem, o desejo de poupar tenderá a cair com mais rapidez que o de investir, o excedente de poupança se converterá em escassez e as taxas reais de juros dispararão. Mas a diferença entre poupança desejada e investimento é estreita.

É bem possível, por exemplo, que com o crescimento econômico lento e o declínio continuado nos preços relativos dos bens de capital, os lucros retidos pelas empresas continuem a exceder o investimento, nas economias de alta renda.

O setor empresarial chinês pode seguir o mesmo modelo. Caso isso aconteça, a demanda pode continuar fraca e as taxas de juros reais, baixas, por muito tempo, reforçadas pelo pesado endividamento do setor privado em todas essas economias. Não está claro nem mesmo que a globalização tenha sido o principal propulsor histórico de mudança no mercado de trabalho.

Ela foi apenas um elemento em um conjunto de transformações - novas tecnologias, o modelo de governança empresarial que prega maximização do valor para os acionistas, o papel crescente do setor financeiro e o poder monopolista cada vez mais forte.

Dúvidas sobre essas teses são justificadas. Mas extrapolar o presente para o futuro também é perigoso. Em 1965, pouca gente imaginaria que o keynesianismo do pós-guerra estava para morrer. O mundo do "mais baixo por mais tempo" também pode desaparecer. Há grandes mudanças em curso. Precisamos pensar rigorosamente sobre as maneiras pelas quais nosso futuro pode diferir de nosso passado.
Herculano
18/11/2020 06:41
ORGULHOSAMENTE SóS, por Carlos Brickmann

Enquanto o Reino Unido, o Império Onde o Sol Nunca se Punha, libertava as colônias, enquanto a França deixava a Argélia, enquanto a Bélgica desistia da selvagem colonização do Congo, enquanto a Europa enriquecia, Portugal, dirigido por Salazar, uma espécie de Bolsonaro que deu certo, lutava em Angola e Moçambique para manter as colônias. Morria gente aos milhares (mas todos um dia morreremos, tá OK?), nenhum dos tradicionais aliados de Portugal lhe dava apoio, e Salazar proclamava: "Orgulhosamente sós".

Quando os portugueses conquistaram a democracia, as colônias se tornaram países independentes e parou de morrer gente em guerras colonialistas, Portugal retomou suas alianças e enriqueceu. "Sós" - para que?

O Brasil, hoje, está orgulhosamente só. Biden, futuro presidente dos EUA, quer o Acordo do Clima, a preservação da Amazônia. Trump, que luta para ficar, não quer isso. Mas também não fez concessão alguma ao Brasil.

Os EUA são o nosso segundo maior parceiro comercial. A China, a primeira, acaba de se associar a 14 países asiáticos, entre eles Coreia e Japão, no maior acordo de livre comércio do mundo. Juntou-se um terço da população e da economia internacional, com redução de tarifas de 92% dos produtos que negociam. O Brasil não consegue implementar o acordo União Europeia - Mercosul, em boa parte por rejeitar a proteção ao meio-ambiente.

E por insultar não só os países europeus, mas até a esposa de um presidente.

BELICIOSAMENTE SóS

O Brasil não se limita a ficar "orgulhosamente só". No Mercosul, é clara a hostilidade de Brasília ao Governo argentino, a segunda nação do bloco, a quarta parceira comercial do Brasil. Dos dez maiores parceiros brasileiros, além de China (que vem sendo seguidamente atacada por nosso Governo) e EUA, há Holanda, Espanha, Alemanha, todos defensores do Acordo de Paris contra a poluição. Há a Argentina, que é considerada "comunista". Difícil.

A HORA DO ITAMARATY

Mas o Pacto Asiático (nome oficial, RCEP, ou Regional Comprehensive Economic Partnership) é problemática: dos três mamutes em cena, RCEP, EUA e União Europeia, o Brasil está longe dos três. Seria uma boa oportunidade para a diplomacia brasileira procurar as vantagens possíveis nessa divisão. Mas o Itamaraty se aparelhou para servir de apoio à política externa americana - essa de Trump, anti-China, que está a pique de mudar.

HOSTILIZANDO CHINESES

A coluna A Voz do Povo, de Aziz Ahmed, transcreve relato do jornalista Bruno Thys: "O coronel da reserva Jorge Luis Kormann, indicado por Bolsonaro para a Anvisa, é dos bons. Nas redes sociais esculhambou a vacina Coronavac, a OMS, chama o Doria de 'China boy', curte os posts de Olavo de Carvalho e de Abraham Weintraub, ex-ministro da Educação. Excelente currículo. Esse vai longe". Não é um modo interessante de lidar com o maior parceiro comercial do país?

Lembrando: o coronel conhece vacina pela marca no braço, e opina sobre uma vacina que ainda não foi lançada.

UM BOM EXEMPLO

Apenas para dar uma ideia do que são esses mamutes econômicos, olhe seu celular: os EUA desenham o Apple, em grande parte fabricado na China, e criam os softwares que China, Coreia e Japão utilizam; a Samsung faz os projetos de seus celulares na Coreia e usa a China e outros países da Ásia como plataforma de produção; a China produz celulares. A empresa mais avançada em 5G é a Huawei chinesa. Há a Ericsson, sueca, a Nokia, finlandesa (empresas de ótima reputação, mas bem menores) e a Qualcomm americana, conceituada, mas que, no caso do 5G, está longe das líderes. Não vamos ficar sem celulares, mas tecnologia e produção estão nos blocos.

FALA, BOLSONARO

O presidente Bolsonaro, na reunião dos Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), prometeu divulgar "nos próximos dias" uma lista de países que importam ilegalmente madeiras amazônicas, oriundas do desmatamento fora das normas. ?"timo: chega de ver o comprador acusar o vendedor, como se não tivesse responsabilidade alguma. Mas este colunista tem uma dúvida: se alguém quiser exportar chicabon, terá de cumprir inúmeras formalidades. Como exportar madeira ilegal, muito mais visível, que ocupa mais espaço?

EXPLICANDO

Um empresário com negócios na Amazônia explica: há muito tempo, na década de 90, quis exportar madeira de acordo com a lei. "Era tão complicado conseguir a documentação que desisti. O custo da burocracia não compensava, para minha escala de produção." Alguns anos depois, conta o empresário, soube de compra e venda de guias. Houve gente que enriqueceu.

VOTO NA URNA

É cedo, demasiado cedo, para analisar o resultado das eleições. Tudo muito chato: ah, o partido tinha cem cidades, hoje tem 50... E se uma delas é uma metrópole?
Herculano
18/11/2020 06:30
EM DOIS ANOS, BOLSONARO LEVOU FORÇAS ARMADAS DO PARAÍSO AO PURGATóRIO, por Elio Gaspari, nos jornais O Globo e Folha de S. Paulo

Se Pujol tivesse dito depois da eleição que política não deve entrar nos quartéis, leitura seria toda outra

Três dias antes do naufrágio eleitoral da jangada de Jair Bolsonaro, o comandante do Exército, general Edson Pujol disse que a tropa não se mete na política e que a política não deve entrar nos quartéis.

Essa coincidência só pode ser atribuída a uma interferência de Frei Orlando, o capelão franciscano do 11º Regimento de Infantaria que tomou um tiro na Itália em fevereiro de 1945, dias antes do ataque a Monte Castelo e tornou-se patrono da assistência religiosa do Exército.

Se Pujol tivesse dito o que disse três dias depois da eleição de domingo, a leitura seria toda outra.

Em dois anos de governo, Bolsonaro levou as Forças Armadas do paraíso ao purgatório. Décadas de distanciamento e relativo silêncio foram substituídas por militâncias desconexas em torno de um presidente errático, nepotista, com um pé na superstição. Laboratórios do Exército receberam ordem para fabricar cloroquina.

Felizmente, o capitão desistiu da promessa de visitar nos Estados Unidos a empresa de militares aposentados que pesquisava a transmissão de energia elétrica sem fio. Para quem acredita em lendas da floresta, essa mágica teria impedido o apagão do Amapá.

A fala de Pujol, acompanhada por manifestações dos comandantes da Marinha e da Força Aérea, foi um sinal necessário, cuja eficácia dependerá do prosseguimento de um exercício diário de chefia e disciplina.

O vírus da atividade política entrou nas Forças Armadas, sobretudo no Exército, durante o governo de Michel Temer e o comando do general Eduardo Villas Bôas. Naqueles dois anos tumultuados ele teve mais protagonismo público que seu antecessor, Enzo Peri, em oito.

Pujol teve o apoio do vice-presidente Hamilton Mourão. Bom sinal, vindo dele. Em 2015 Mourão perdeu o importante comando do Sul e foi mandado por Enzo Peri para a mesa da Diretoria de Finanças porque se meteu em política. Em 2017, quando reincidiu, foi poupado por Villas Bôas. Mourão destacou-se defendendo ou justificando extravagâncias. Associando-se ao deputado Jair Bolsonaro ele e 57 milhões de eleitores aderiram a uma candidatura que prometia muitas coisas, sobretudo tirar o PT do palácio. Conseguiu-se, mas o cotidiano produziu um governo que expeliu o ex-juiz Sergio Moro e incorporou negacionismos na saúde pública, no meio ambiente e nas relações internacionais.

Um oficial que ralou nas escolas militares pode apoiar um governo porque não gosta de seus adversários ou mesmo porque algum amigo ou parente conseguiu um cargo público. Mais difícil é acertar o passo chamando pandemia de "gripezinha" e combatendo a vacinação obrigatória.

Andar para a esquerda é uma coisa, andar para trás, bem outra. A primeira tentativa de imposição da vacina obrigatória contra a varíola foi instituída em 1846, ao tempo de d. Pedro 2°. Artigo 29 do decreto de 17 de agosto: "Todas as pessoas residentes no Império serão obrigadas a vacinar-se, qualquer que seja a sua idade, sexo, estado, e condição".

Para azar de quem não se vacinou, o decreto não colou e 25 anos depois a varíola matou 1.200 pessoas no Rio.

Em 1906, dois anos depois da Revolta da Vacina e da inflexibilidade do presidente Rodrigues Alves e do doutor Oswaldo Cruz, morreram nove.
Miguel José Teixeira
17/11/2020 21:32
Senhores,

Esquerdopatas desnorteados

Após levar "boulos" dos PeTralhas, o megassuspeito tatoo, contra-ataca de colombina:

"PT confirma apoio a Boulos: Vamos derrotar Doria, diz Tatto" (O Antagonista).

O adversário do marginal "boulos" é o Bacharel em Direito e Economia Bruno Covas e não Dória. . .

E o pior de tudo é que tem bolsonarista apoiando boulos.
Herculano
17/11/2020 18:46
A ADOLESCENTE VOLTOU...

Ainda bem que estou entrando em férias. Então quer dizer que a vereadora adolescente encerrou a carreira? Quer antes ser presidente da Câmara? Da outra vez, ela esqueceu de pedir votos e levou uma chapuletada. Mas, ao que parece, o aprendizado foi zero
Herculano
17/11/2020 18:42
NÇAO TEM JEITO

O PSL e o Patriotas de Gaspar, sem votos na eleição de domingo, teimam que a votação eletrônica está eivada problemas e foi fraudada.

Estão inconformados com a falta de votos. Para quem tentou, sem sucesso privar os gasparenses de uma pesquisa séria que se confirmou nas urnas, nada a surpreender.

Seus dirigentes dizem - e na voz de Marciano Silva, ter provas sobre as fraudes e por isso, defendem o voto em papelinho, mais fácil de se manipular na sacanagem dos que detém o poder de plantão, como sempre foi antigamente.

Eu acho também que aquele Ford bigode comprado de segunda mão pelo meu bisavô e doado ao meu avo, deve sair daquele museu em que está no interior de São Paulo e voltar para as ruas.

Pela tese dos políticos dos anos 20 do século 21, ele é mais confiável! Afinal, é uma mecânica de aço na bigorna. Hoje, no preço, ele bate muito carrinho com tecnologia incorporada e embarcada. Acorda, Gaspar!
Herculano
17/11/2020 15:17
Caro leitor Odir Barni

Já estou no modo férias. A minha última coluna será publicada na edição impressa de sexta-feira jornal Cruzeiro do Vale. E já está finalizada desde ontem, segunda-feira. Não trato destes assunto.

Então, na área de comentários da coluna de sexta-feira, aqui no portal, a pedido, farei um comentário especial para você, meus leitores e leitoras. Aguarde=me, então..
Miguel José Teixeira
17/11/2020 14:56
Senhores,

"Caminhos do voto conduzem ao centro"

Legendas que não se colocam nos extremos emergem das eleições como as principais forças políticas e rearranjando o jogo da conquista de prefeituras. Partido de esquerda mais bem colocado no ranking do TSE surge na 7ª colocação.

Por Sarah Teófilo, Vera Batista e Luiz Calcagno, hoje, no Correio Braziliense

Depois de uma eleição polarizada, em 2018, quando os extremos da esquerda e da direita se enfrentaram com discursos raivosos e de negação mútua, dois anos depois o radicalismo parece perder força, reacendendo no eleitor a percepção de que no centro está o ponto de equilíbrio. Isso explicaria o resultado obtido por vários partidos que se inserem nesse espectro, que inclui desde legendas orgânicas ?"?" ou seja, com princípios programáticos sólidos, como DEM e PSDB ?"?" e inorgânicas ?"?" também conhecidas como fisiológicas, aquelas que compõem o chamado Centrão. E, na visão de estudiosos ouvidos pelo Correio, o resultado que emergiu das urnas no domingo passado, e que tem tudo para se confirmar no próximo dia 29, posiciona algumas peças para o tabuleiro eleitoral de 2022.

Mas, mesmo entre os partidos de centro, tendendo para direita ou para a esquerda, houve um rearranjo de forças. É o que se pode observar no ranking que emergiu das urnas, segundo o ranking fornecido pelo Tribunal Superior Eleitoral. Ainda que tenha sofrido uma redução nas suas zonas de influência, com um encolhimento de 25% (de 1.044 em 2016 vai comandar 774 municípios), o MDB continua sendo a legenda com a maior quantidade de prefeituras. O PP, que lidera o Centrão no Congresso, vem na sequência, com 682 ?"?" salto de 37% ?"?", seguido do PSD, que fez 650 prefeitos. Já o PSDB, na 4ª posição, viu seu universo eleitoral se reduzir em 34%, conquistando 512 Executivos locais.

No sentido oposto ao do MDB e do PSDB, o DEM obteve um aumento de 71%, levando 459 prefeituras, três delas no primeiro turno (Curitiba, Florianópolis e Salvador) e está no segundo turno no Rio de Janeiro.

O primeiro partido de esquerda que surge no ranking do TSE, mas em 7º lugar, é o PDT, que obteve o comando de 311 cidades, seguido do PSB, que administrará 250. Assim mesmo, estão espremidos entre duas legendas de direita, como PTB e Republicanos, que, respectivamente, administrarão 212 e 208 municípios. O PT, que foi hegemônico na esquerda até a corrida presidencial de 2018, sofreu uma expressiva baixa: estará à frente de 179 prefeituras, um encolhimento de quase 30% em relação ao pleito municipal de 2016.

Rearrumação
Mas esse rearranjo era previsto por analistas. No caso do MDB, o partido não conquistou nenhuma prefeitura de capital no primeiro turno, embora esteja no segundo turno em sete e seja favorito em cinco (Maceió, Goiânia, Teresina, Porto Alegre e Boa Vista).

A Arko Advice Consultoria Política, que também fez uma análise do pleito, pontua que entre os dez partidos que mais elegeram prefeitos em todo o país, apenas dois são de esquerda: PDT e PSB. Ainda assim, é possível observar que ambos tiveram uma redução neste primeiro turno, em comparação com o primeiro turno de 2016. O PSB, por exemplo, caiu de 403 para 251 eleitos. O PSol, que disputa a prefeitura de São Paulo com Guilherme Boulos, já conseguiu um aumento, ainda que numericamente continue pequeno: saiu de duas conquistas no primeiro turno de 2016 para nove neste ano.

De acordo com a Arko Advice, "o primeiro turno foi péssimo para o PT, ruim para o presidente Jair Bolsonaro e para as esquerdas de modo geral, mas excelente para os centristas. É o que os resultados gerais revelam", ressalta.

"Mas é notório que, composto por uma miríade de partidos, o centro político ganha tração para a sucessão a partir dos bons resultados obtidos na eleição. O fortalecimento do centro também contribui para reforçar a dependência de Bolsonaro aos partidos que integram o chamado Centrão", reforça o estudo da Arko.

Cenário incerto
A rearrumação ficou tão diversa que especialistas divergem do cenário que enxergam. Para Antônio Augusto Queiroz, consultor e analista político, sócio-diretor das empresas Queiroz Assessoria em Relações Institucionais e Governamentais, do mesmo modo que nos Estados Unidos, onde o eleitorado fez a opção por uma candidatura mais preocupada com os direitos humanos, no Brasil ficou claro que a tendência pode ser semelhante em 2022. "Uma candidatura de extrema direita, como a do próprio Bolsonaro, é difícil de se viabilizar, porque não vai achar um contraponto extremado pela esquerda", analisa.

Jorge Mizael, cientista político e diretor da Consultoria Metapolítica, diz que é cedo para dizer se a polarização perdeu a força. "Historicamente, o Centrão não consegue fechar um nome para encabeçar uma chapa presidencial. Será que chegou o momento?", avalia.

Paulo Baia, sociólogo e cientista político, salienta que as eleições municipais são movidas pela pauta de cada cidade. Para ele, o que vai definir 2022 são as disputas para o Congresso. "A feição de 2022 será dada pelo tipo de arranjo político que acontecer na Câmara dos Deputados e no Senado, com o atual quadro, número e perfil dos eleitos em 2018", assinala.
Miguel José Teixeira
17/11/2020 13:42
senhores,

"Merece registro: Hamilton Mourão cancelou viagens nesta semana por problemas no joelho."

(Resumo do Meio do Dia por Diego Amorim)

Huuummm. . .será que é de tanto ajoelhar-se:

1) diante do capitão zero-zero?

2) rezando para o Flamengo não perder novamente para o São Paulo? ou

3) ambas.

Respostas para a Rádio Cercadinho que está lançando novo programa sobre política:

"Pendurados nos penduricalhos"

Quem diria, hein? O poderoso chefe da corja vermelha, o ex e futuro presidiário lula, dependendo de resultados de dois nano-candidatos de dois nano-partidos, conhecidos como penduricalhos. . .
Odir Barni
17/11/2020 11:59
O MEU MDB ACABA DE SER SEUPULTADO EM BLUMENAU E FLORIAN?"POLIS.

Caro, Herculano:
Simplesmente frustrante ao ver o resultado das eleições da Capital do Estado e da nossa Blumenau, celeiro de grande políticos, terra que Lazinho bateu, Konder Reis e Ivo Silveira (juntos) para o Senado Federal. Vendo o resultado das urnas, não vi um vereador eleito nestas duas cidades. Dário Berguer, nosso senador, é um nome comentado ao governo do estado, mas como decifrar este quadro? Em minha terra natal, Botuverá, o MDB dos 9 vereadores fez 7.O MDB fez a maioria das prefeituras da região do Vale do Rio Itajaí Mirim e Vale do Rio Tijucas. Aqui em Brusque , depois de muito deboche contra nosso candidato, Ari Vechi, surge um nosso líder, cuja votação foi de 25.734 votos enquanto os fortes candidatos, Paulo Eccel fez: 12.324 e Ciro Roza: 12.240. Meu irmão , Ivo Barni já afirmava que no final da campanha Ari Vechi somaria os votos de Ciro e Paulo juntos. A previsão não falhou e a pesquisa também. Resta saber que vai levantar a bandeira do 15 para o governo do estado . Como comentarista e conhecedor da política catarinense quero saber de vc, caro Herculano, nossos prefeitos eleitos pelo MDB terão que levantar outras bandeiras?
Herculano
17/11/2020 11:54
COLOCANDO OS PINGOS NOS IS

O candidato do PL a prefeito de Gaspar, o engenheiro, professor universitário, empreendedor e ex-vereador Rodrigo Boeing Althoff subiu o tom e está demarcando com o futuro do território político com o seu amigo e deputado Ivan Naatz, PL, e que deu sinais trocados ao eleitorado daqui e deixou Rodrigo sem assistência.

O tom foi bem claro: em 2022 Rodrigo se sente descomprometido com Ivan. É algo relacionado à reciprocidade. Ufa!
Herculano
17/11/2020 11:49
da série: os votos venezuelanos dos gasparenses e ilhotenses

De Luiz Roberto Lacombe, o comunicador da direita, no twitter:

"Brasileiros. sonham em viver como americanos, mas votam como venezuelanos".
Herculano
17/11/2020 10:30
da série: é para rir ou se envergonhar?

Manchete desta terça-feira: Bolsonaro cobra reformas na OMS, OMC e Conselho de Segurança da ONU ao falar na Cúpula dos Brics

"Para termos uma comunidade internacional verdadeiramente integrada e ativa, precisamos reformar as entidades internacionais, a exemplo da OMS e da OMC."

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) pediu mudanças em organismos internacionais sob a justificativa de "democratizar a governança internacional".

Ou seja, é mais um macaco autoritário que fala de democracia e integração, mas que não olha para o seu rabo, o que está tocando perigosamente em um impeachment
Miguel José Teixeira
17/11/2020 09:23
Senhores,

Abiloladamente, abilolado!

A Rádio Cercadinho informou que o Eduardo Suplício:

1) que passou 28 anos no Senado e nada fez;

2) que nada fez nos últimos 4 anos na Câmara de Vereadores de São Paulo,

3) que foi reeleito para nada fazer nos próximos 4 anos;

4) que teme agir para transferir seus votos para o boulos, pois entende que o TRE possa subtraí-los:

Manifestou-se:

"Ora, se eu transferir meus votos para o boulos eu fico sem eles". "Assim, não serei considerado reeleito. . . "

Miguel José Teixeira
17/11/2020 09:01
Senhores,

"Lula terá maior acesso ao conteúdo das delações da Odebrecht"

+ em: https://www.terra.com.br/noticias/brasil/politica/lula-tera-maior-acesso-ao-conteudo-das-delacoes-da-odebrecht,df804e4c17b51ec9d9ef73a064f2afcd697lmdgi.html

Huuummm. . .se nos autos não constar fotos, figurinhas e desenhos, seguramente, de nada adiantará. . .
Miguel José Teixeira
17/11/2020 08:48
Senhores,

Barack revisita "o cara"

"Obama e a "propina na casa dos bilhões" de Lula"

"Pedro Bial perguntou a Barack Obama se ele se decepcionou com Lula.

Ele respondeu:

"Com os relatos de corrupção que surgiram, na época eu não sabia de todos eles."

Em seu livro de memórias, Obama disse o seguinte sobre Lula:

"Ex-líder sindical grisalho e cativante, com uma passagem pela prisão por protestar contra o governo militar, e eleito em 2002, tinha iniciado uma série de reformas pragmáticas que fizeram as taxas de crescimento do Brasil dispararem, ampliando sua classe média e assegurando moradia e educação para milhões de cidadãos mais pobres. Constava também que tinha os escrúpulos de um chefão do Tammany Hall, e circulavam boatos de clientelismo governamental, negócios por baixo do pano e propinas na casa dos bilhões." (O Antagonista).
Miguel José Teixeira
17/11/2020 08:38
Senhores,

Quem planta colhe!

"Queda histórica. "

"O Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar, Diap, apontou nesta segunda-feira, 16, uma "queda histórica" de congressistas eleitos a prefeito.

Dos 69 parlamentares do Congresso que se candidataram nas eleições municipais, somente quatro deputados federais ganharam no primeiro turno, enquanto que 14 integrantes do Legislativo voltarão às urnas no dia 29 de novembro.

No total, 51 parlamentares amargaram derrotas nas urnas.

"A eleição deste ano teve uma queda histórica no desempenho dos parlamentares ?" deputados Federais e senadores da República ?" para a esfera municipal", diz o Diap, em nota oficial." (Crusoé)
Miguel José Teixeira
17/11/2020 08:23
Senhores,

Irrelevantemente, irrelevante!

"Bolsonaro não reconhecer Biden não afeta economia, diz presidente da CNI"

Veja mais em https://economia.uol.com.br/noticias/redacao/2020/11/17/entrevista-presidente-cni-dolar-eua-desoneracao-china-reforma-tributaria.htm?cmpid=copiaecola
Herculano
17/11/2020 05:56
BOLSONARO ENSAIA PITI À MODA TRUMP PARA 2022, por Josias de Souza, no UOL.

Jair Bolsonaro descobriu uma forma inusitada de prever o que está por vir. Ele cria o seu próprio futuro. Esboça para 2022 um rebuliço nos moldes do que Donald Trump promove nos Estados Unidos. Questiona desde logo a confiabilidade do sistema eleitoral brasileiro. Insinua que há fraudes sem exibir um mísero vestígio de prova.

"Temos que ter um sistema de apuração que não deixe dúvidas", disse Bolsonaro a um grupo de devotos. "Tem que ser confiável e rápido", ele acrescenta. "Não [pode] deixar margem para suposições." O presidente realçou o fato de que as urnas eletrônicas são uma peculiaridade brasileira. Como se o Brasil não fosse capaz de produzir algo que preste.

Para Bolsonaro, o voto só será seguro se for impresso. No último dia 9 de março, em visita aos estados Unidos, o presidente disse que só não venceu a eleição presidencial no primeiro turno porque houve fraude eleitoral. Assegurou que dispunha de provas. Prometeu mostrá-las. "Fui eleito no primeiro turno", disse Bolsonaro, em timbre categórico. "Teve fraude. E nós temos não apenas palavras, nós temos comprovado. Brevemente eu quero mostrar."

Decorridos oito meses, as provas que Bolsonaro exibiria em breve ainda não surgiram. Não vieram à luz porque não existem. Não há evidência de fraude nas urnas brasileiras. Ao contrário. Na campanha em que Aécio Neves foi derrotado por Dilma Rousseff, o tucanato duvidou do resultado. Pediu e obteve autorização para virar as urnas do avesso. Promoveu uma vasta auditoria. E deu o braço a torcer.

Se papel fosse sinônimo de tranquilidade, Trump já teria dado um telefonema para Joe Biden. A única segurança que interessa a Bolsonaro é a certeza do piti que ele dará na abertura das urnas de 2022, seja qual for o resultado.
Herculano
17/11/2020 05:48
CIBERATAQUES: VULNERABILIDADE DOS SISTEMAS PÚBLICOS ESTÁ SENDO EXPLORADA POR QUEM QUER MINAR A CONFIANÇA NO SISTEMA ELEITORAL, por Pablo Ortellado, professor do curso de gestão de políticas públicas da USP, é doutor em filosofia, no jornal Folha de S. Paulo.

O aumento no número de incidentes em que hackers tiveram acesso a sistemas do governo, seguido de dificuldades operacionais nos sistemas do TSE, deve acender um alerta para nossa fragilidade no campo da cibersegurança dos sistemas públicos.

Embora não tenhamos evidências de coordenação, os ataques de domingo foram explorados pela extrema direita que tenta minar a confiança no sistema eleitoral.

A crise começou em outubro, quando os servidores do STJ foram invadidos por hackers, e os conteúdos, copiados e criptografados, supostamente para extorquir dinheiro do Poder Judiciário. Logo após o ataque, outros sistemas de órgãos públicos, como o do SUS e o da Anvisa, foram preventivamente desligados até que as condições de segurança fossem restabelecidas.

No meio desta crise, o TSE optou por dividir as atividades de seus dois servidores, reservando um deles apenas para cópias de segurança e concentrando todas as tarefas no segundo. Foi esse servidor único, sobrecarregado, que teve problemas no seu processador, gerando uma instabilidade que travou o funcionamento do eTítulo (aplicativo que substitui o título de eleitor) e atrasou a computação dos votos.

Além dessa instabilidade do sistema, o TSE foi alvo de dois ataques de hackers, aparentemente desconectados.

O primeiro, reivindicado pelo grupo hacker luso-brasileiro CyberTeam, capturou dados de funcionários do TSE e foi divulgado às 9h25 por meio de uma conta no Twitter. O manifesto do grupo mencionava violações de direitos humanos nas prisões brasileiras, mas parecia motivado apenas em mostrar que conseguiam acessar o sistema. O TSE diz que o ataque aconteceu antes de 23 de outubro, mas que os dados capturados foram divulgados no dia da eleição buscando visibilidade.

Logo depois, às 10h41, o TSE foi vítima de um segundo ataque, agora de negação de serviço (quando muitos acessos simultâneos tentam sobrecarregar o servidor). O CyberTeam nega qualquer relação com esse segundo ataque, que foi divulgado pelo TSE como causa adicional das instabilidades do sistema.

Essas foram as circunstâncias que convergiram com os esforços da extrema direita em minar a credibilidade das urnas, que não foram comprometidas pelos ataques. Desde outubro, os bolsonaristas retomaram as críticas ao sistema eleitoral, que começaram nas eleições de 2018 e foram ampliadas com a crise nas eleições americanas e a proximidade das eleições municipais.

Se não fizermos nada, a combinação de vulnerabilidade dos sistemas com ataques à confiabilidade das urnas pode criar grandes problemas em 2022.
Herculano
17/11/2020 05:42
PT E PSDB SÃO OS GIGANTES QUE ENCOLHEM DOMINGO, por Cláudio Humberto, na coluna que publicou hoje nos jornais brasileiros

PSDB e PT, que já goram considerados gigantes, saem encolhidos das eleições de 2020. Há quatro anos, o PT conquistou 254 municípios já no primeiro turno, este ano despencou para 179, queda de mais de 30%. Já o PSDB perdeu 35% dos 785 prefeitos que elegeu há quatro anos. É o maior número absoluto de derrotas entre as grandes agremiações: 273. Mas o PSB foi o maior derrotado entre os partidos com mais de 200 prefeitos: caiu de 403 prefeituras para 250, uma redução de quase 38%.

ÍNDICE DE REELEIÇÃO

Levantamento do site Diário do Poder mostra que, em Minas Gerais, o PT perdeu em 33 dos 42 municípios onde havia vencido em 2016.

MDB SEGUE CAMINHO

O MDB teve um desempenho proporcional melhor que PT e PSDB, mas perdeu 25% de suas prefeituras: 261 das 1.035 que conquistou em 2016.

COMUNISTAS MURCHAM

Outros partidos menores tiveram perdas mais significativas, como o PCdoB, que ficou sem metade das prefeituras: elegeu só 46.

QUEDA VERTIGINOSA

O pequeno Partido Trabalhista Cristão (PTC) elegeu 16 prefeitos no primeiro turno de 2016. Em 2020, apenas um. É a pior queda: 94%.

LULA 'TóXICO' VIRA UM PROBLEMA ATÉ PARA BOULOS

O apoio do ex-presidente e presidiário Lula, antes ambicionado, virou "tóxico". O candidato do Psol à prefeitura de São Paulo, Guilherme Boulos, que até imitava o jeito de falar de Lula, agora é bem menos enfático nas referências político condenado por corrupção. Indagado pela Rádio Bandeirantes, nesta segunda (16), sobre o apoio do petista, Boulos tentou desconversar: "Eu espero o apoio de todas as lideranças que entendam que São Paulo precisa superar a desigualdade..." etc.

UM ENTRE MUITOS

Em sua resposta, Boulos não destacou o petista, insistiu apenas que espera apoio de todos contra o PSDB, "inclusive do ex-presidente Lula".

PISANDO EM OVOS

No segundo turno, Boulos tentará ampliar suas alianças e atrair o apoio inclusive de eleitores que têm desprezo por Lula, daí sua hesitação.

CHUMBO TROCADO

A estratégia do candidato do Psol é repetir o mantra "Bruno Covas é Doria", e teme um troco dos tucanos lembrando que "Boulos é Lula".


FIASCO AMPLO, GERAL...

O fiasco do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) não se limitou à demora vexatória na divulgação de resultados. No domingo (15), o app E-Título não funcionou. Além disso, não há o site tão ruim quanto o do TSE.

APOIOU, VENCEU

Em Maceió, o fiel da balança será Davi Filho, candidato que chegou em terceiro, com 25,5% dos votos, e o PP do deputado Arthur Lira. Estão no segundo turno Alfredo Gaspar (MDB) e JHC (PSB): somaram 28% cada.

VOTO QUE LAVA A ALMA

A eleição em Simões Filho (BA) lavou a alma do presidente do Paraná Pesquisas, Murilo Hidalgo, xingado e até ameaçado ao apontar a derrota Eduardo Alencar, irmão do senador Otto Alencar (PSD), que ficou possesso. Mas a pesquisa acertou: deu Dinha (MDB), eleito com 53,1%.

CHEFE DE GOVERNO É OUTRO

Rodrigo Maia continua com seu complexo de "primeiro-ministro". Nesta segunda (16), ele voltou a criticar os projetos que o Planalto considera prioritários. Ele sugeriu que, por discordância (ou implicância), vai barrar.

30, 29, 28, 27...

Faltam 30 dias para acabar, de fato, as presidências de Rodrigo Maia e Davi Alcolumbre na Câmara e no Senado. O recesso começa em 17 de dezembro e acaba em 1ºde fevereiro, com a eleição dos sucessores.

LITÍGIO TRANSNACIONAL

A Warde Advogados confirmou haver contratado parecer do ex-ministro Sergio Moro, a pedido do empresário israelense Benjamin Steinmetz, mas é sobre um litígio transnacional, que se estabelece prioritariamente em Londres. Sem qualquer relação com a JBS.

LARISSA VIVE

Proposta da senadora Simone Tebet (MDB-MS) denomina de Repórter Larissa Bortoni a sala da redação da Rádio Senado. Muito querida pelos colegas da emissora, Larissa faleceu prematuramente em 2019.

TANTOS NOMES

Álvaro Dias (PSDB), reeleito em primeiro turno prefeito de Natal, não é o homônimo do colega de Senado de Jean Prates, o candidato derrotado do PT a prefeito da capital potiguar com o nome oficial "Senador Jean".

PENSANDO BEM...

...na eleição, os partidos "de centro" mandaram bem, mas no Congresso quem manda mesmo são os políticos do "centrão".
Herculano
17/11/2020 05:34
O MUNDO OLHA PARA TRUMP COMO OLHAMOS PARA OS MELHORES VILõES DO CINEMA, por João Pereira Coutinho, sociólogo e escritor português, no jornal Folha de São Paulo

Bruno Maçães oferece a mais criativa e erudita explicação para o espetáculo dos últimos 4 anos

Agora que Donald Trump parece disposto a fechar um capítulo ("A Presidência") para abrir outro ("A Vingança"), quem o detesta ainda olha para ele sem conseguir explicar. Um populista, um ditador, um fascista. Ou, em termos psiquiátricos, um narcisista, um esquizoide, um psicopata.

Curiosamente, ou talvez não, o mundo olha para Trump como olhamos os melhores vilões do cinema: com ansiedade e repulsa. Quando será que o prendem? Quando será que o matam?

A diferença, a grande diferença entre o cinema e a vida, é que a "suspensão da descrença" é temporária quando vemos um filme.

No caso de Trump, a suspensão é permanente. De tal modo que tomamos a ficção por real.

Um erro, avisa Bruno Maçães, autor do mais original e estimulante ensaio que li neste ano sobre a América atual: "History Has Begun: The Birth of a New America" (Oxford University Press, 248 págs.). Entender Trump implica notar que aquilo já é outra coisa. Mas que coisa?

Para responder à pergunta, Maçães começa pelo princípio. Ou, melhor dizendo, pelo falso princípio da república americana: quando os "pais fundadores" disseram adeus à Europa, esse adeus foi limitado. Os alicerces dos Estados Unidos eram ainda reconhecidamente europeus, iluministas, liberais.

Mas essa casca europeia foi sendo rachada e abandonada, não apenas pela dinâmica interna da nova nação e das novas gentes que a habitavam e recriavam ?"mas pelas trágicas contingências da história.

No século 20, a grande civilização europeia suicidava-se em Verdun e em Auschwitz. Os Estados Unidos, que eram já a potência econômica dominante em inícios da centúria, tornaram-se a superpotência. Uma superpotência contestada pela alternativa comunista até 1989 e incontestada depois da dissolução da União Soviética ?"pelo menos, até a emergência da China.

Pois bem: se a Europa, carregada de passado, procurou reconstruir-se no pós-Segunda Guerra sobre princípios mais sólidos (a União Europeia é o arranjo arquitetônico que saiu das ruínas), os Estados Unidos, na interpretação de Bruno Maçães, optaram por um outro caminho: não o de se conformarem com a realidade, mas o de escaparem à realidade, criando novas realidades.

Dito de outra forma: para que viver nos limites estreitos do roteiro liberal quando é possível escrever outros roteiros e, até, transformar a vida num romance de infinitas possibilidades?

Essa evasão existencial não poupou a política e os seus líderes. Pelo contrário: como afirmava Ronald Reagan, citado no livro, era inconcebível que alguém chegasse à Casa Branca sem ter sido ator primeiro.

Escusado será dizer que, depois de Reagan, atores não faltaram: uns melhores (Obama), outros piores (Bill Clinton) ?"até chegarmos ao supremo "entertainer": o Donald, claro.

E, com ele, vieram as cadências próprias de uma novela, com a candidatura presidencial que ninguém levou a sério; a vitória sísmica; o reinado de trevas; o impeachment que prometia derrubar o monstro; a sobrevivência dele; um novo confronto épico com o "vírus chinês" que ele desvalorizava; a recuperação heroica mesmo a tempo da eleição; e, finalmente, a derrota, depois de um longo suspense.

Ou, como nas melhores séries, ele pode regressar para uma continuação?

O auditório reagiu a Trump com os instrumentos tradicionais da política tradicional. Daí a terminologia ?"populista, fascista, doente mental etc.?" com que o velho mundo pretendia explicar o novo.

Para Bruno Maçães, nem tudo é mau nesse novo mundo. Nas relações internacionais, por exemplo, é de saudar o abandono de um certo "imperialismo liberal" e a preferência por uma ordem pluralista, em que o mais importante não é fazer do mundo uma cópia da América, mas um lugar seguro para a América.

Pessoalmente, não estou tão convencido sobre as virtudes do "princípio da irrealidade", onde "tudo é possível mas nada é verdadeiro".

Nesses quatro anos, apesar do som e da fúria, tivemos sorte. Podemos não ter sorte da próxima vez, sobretudo se a irrealidade transbordar de forma trágica para o banal cotidiano onde vivemos. Como diria Woody Allen, podemos não gostar muito da realidade, mas ela ainda é o único lugar onde podemos comer um bom filé.

Seja como for, Bruno Maçães oferece a mais inventiva e erudita explicação para o espetáculo que esteve em cena desde 2016. E que continuará, com Trump e até com Joe Biden.

Aliás, por falar em Biden, onde é que eu já vi esse filme de um velho pistoleiro aposentado que é obrigado a regressar à cidade para afastar o xerife corrupto?

Vou perguntar a Clint Eastwood.
Ze Ruela
16/11/2020 23:40
Boa Noite Herculano

O eleitor gasparense tem muito a aprender, pois contribuiu pro atraso, reelegendo o mais antigo legislador da capital do Vale.
Com certeza, essa eleição ñ deve ter saído barato, se a grana não saiu do bolso, é certo que saiu do bolso de empresários que prestam serviços ao...

Criem vergonha cara eleitores vendidos, vocês não ajudam a cidade crescer.
Miguel José Teixeira
16/11/2020 21:58
Senhores,

"Esquerda perdeu e partidos aliados de Bolsonaro venceram, diz Ramos"

Luiz Eduardo Ramos afirmou há pouco que a "esquerda saiu derrotada" das eleições municipais. Segundo o articulador político do Planalto, os partidos aliados de Jair Bolsonaro foram os vitoriosos.

Nas redes sociais, Ramos limitou a esquerda aos resultados do PT. "Em 2016, o PT elegeu 254 prefeitos. Até o momento, elegeu apenas 178. Esse número mostra que o PT vai governar para 1,86% da população brasileira", disse.

O ministro destacou os números de partidos do Centrão, como PSD, PP, DEM e MDB, que elegeram mais prefeitos que em 2016.

"Conclusão: esses dados mostram que a esquerda perdeu muito espaço no cenário político. Além disso, os partidos aliados às pautas e ideais do Governo Bolsonaro saíram vitoriosos!" (O Antagonista)


OOOps. . .

Eu seria muito grato ao General Ramos, se ele fofocasse para nós, burros-de-cargas, quais são as "pautas e ideais do Governo Bolsonaro".
Miguel José Teixeira
16/11/2020 17:22
Senhores,

PT saudações

"Adeus, Lula! Adeus, PT! Até nunca mais, se Deus quiser"

Por Ricardo Kertzman, em "IstoÉ"

Que sova, meus amigos. Que destino mais que merecido colhem o corrupto e lavador de dinheiro, Lula da Silva, e seu partido, em boa parte transformado em quadrilha (segundo o Ministério Público Federal), o PT.

Após décadas de péssimos serviços prestados ao País, administrações municipais, estaduais e federais desastrosas, escândalos de corrupção, aparelhamento de quaisquer míseras repartições públicas existentes na face do Brasil, incompetência atrás de incompetência, mentiras, promessas vazias e populismo barato às custas da boa fé dos mais pobres e ignorantes, finalmente o eleitor brasileiro varreu, quase de uma vez por todas, o Partido dos Trabalhadores (que não trabalham) do mapa eleitoral.

Exagero meu? Será? Das 26 capitais brasileiras, ou melhor 25, já que a eleição foi suspensa em Macapá, o PT só disputa o segundo turno em duas: Vitória e Recife. Além disso, bolsões históricos petistas, como o nordeste e ABCD paulista, foram ceifados do radar do partido. O quadro se repete em dezenas de municípios importantes, como Osasco, Guarulhos, Ribeirão Preto, Campinas, Uberaba, Uberlândia, Campos?

E não só nas prefeituras, não. O quadro de vereadores petistas, nestas mesmas capitais e grandes cidades, será ínfimo, seguramente o menor dos últimos anos. Só não dá para falar em aniquilação total porque alguns municípios médios e pequenos ainda não descobriram a "insustentável leveza do ser", ainda não sabem o que é viver sem a sombra do lulopetismo no cangote.

A expressão R.I.P. (rest in peace), descanse em paz, não tem serventia neste caso. Ao contrário. O PT não merece descanso! O PT e os petistas merecem, cada vez mais, apuração policial, processos penais, condenações e, se o STF deixar, tranca! Os que não se enquadram nessa seara merecem, no máximo, o ocaso político. E olhe lá. Bye, bye Gleisi Hoffmann.

Metendo o bedelho

Concordo plenamente coma frase do texto acima "O PT não merece descanso". Porém, será que Descanso merece o PT?

No município catarinense chamado Descanso, lamentavelmente, os PeTralhas "lavaram a égua."
Miguel José Teixeira
16/11/2020 17:11
Senhores,

Categoricamente, categórico!

"Eleições: Bolsonaro não venceu ou perdeu; só ficou menor"

Por Ricardo Kertzman, em "IstoÉ"

"Não acho que quem ganhar ou quem perder, nem quem ganhar nem perder, vai ganhar ou perder. Vai todo mundo perder." Ah, que saudade da nossa mulher sapiens, grande estoquista de vento. Na boa, cada vez que escuto o "mito" falar, penso que, afinal, não estávamos tão mal assim. Tipo: éramos felizes e não sabíamos, hehe.

Não creio nessa bobagem de bolsonarismo. Não se formam correntes políticas em menos tempo que se envelhecem pingas de má qualidade. Bolsonaro venceu a eleição por uma série de circunstâncias, e a menor delas foi si mesmo. Ele e os pimpolhos tinham ?" e voltaram a ter ?" o tamanho que sempre tiveram. O resto veio com o lavajatismo e o anti lulopetismo.

Não embarco na ideia de que o "bolsonarismo" saiu perdendo nestas eleições. No máximo, quem saiu ?" ou não ?" eu diria fragilizado, foi o próprio Bolsonaro. Ainda assim, com algumas ressalvas. Eleição municipal nunca foi parâmetro para eleição presidencial e vice-versa. Ainda que a influência de prefeitos conte bastante em eleições estaduais e federais.

Fernando Henrique, por exemplo, no auge do Plano Real, levou uma coça e tanto em São Paulo. O mesmo ocorreu com Lula, que não emplacou seu candidato, também na capital paulista, quando era um semideus. O eleitor municipal opera em outro nível de decisão. Está muito mais preocupado com seu dia a dia que com embates ideológicos e/ou de valores.

Bolsonaro apoiou declaradamente ?" e descaradamente, eu diria, através de um "programa eleitoral paralelo" ?" uma dezena de candidatos Brasil afora. Destes, apenas dois (Marcelo Crivella, no Rio de Janeiro, e Capitão Wagner, em Fortaleza) seguiram para o segundo turno. No resto do País, como em São Paulo e em Belo Horizonte, levou uma surra de vara verde.

Em BH Kalil levou no primeiro turno, enquanto Bruno Engler (PRTB) conseguiu menos de 10% dos votos válidos. Para piorar a situação, o marido da "Micheque" (brincadeirinha!! Calma!!) assistiu a uma ascensão importante do PSOL, como em Porto Alegre, com Manuela D'Ávila, e em Belém, com Edmilson Rodrigues. Ambos estão no segundo turno.

Como "desgraça pouca é bobagem", o papis do Flávio Rachadinha assistiu ao outro bolsokid, o Carlucho, apanhar feio de um psolista no Rio: Tarcísio Mota, o vereador mais votado da capital fluminense. Vocês sabem: bolsonaristas querem ver o capeta, e até um petista, mas jamais um psolista. Carlucho teve quase 40 mil votos a menos que em 2016. Algo como 35%.

Em grande número e espalhadas por todos os municípios, mulheres (muitas delas, negras) e até transsexuais foram eleitas. Em Belo Horizonte, por exemplo, a vereadora mais votada foi a professora transexual Duda Salabert (PDT). Visto assim, ao que parece, o Brasil civilizado mandou um forte recado aos bolsonaristas selvagens: chega de ódio e exclusão.

Se não perderam, é certo que Bolsonaro e seita não venceram. Podemos afirmar, com absoluta certeza, que o amigão do Queiroz não repetiu 2018, quando ajudou a eleger uma penca de trogloditas, na esteira da onda de extrema direita que varreu o Brasil. Bolsonaro está, sim, bem menor. Como menores estão seus seguidores. Que continuem assim."
Miguel José Teixeira
16/11/2020 16:16
Senhores,

Capital Federal: muito além do Plano Piloto e dos Lagos Norte e Sul

"Novos laços com a Ride Na visão de especialistas, municípios goianos na região do Entorno têm um histórico de cooperação com o DF. Expectativa é de que a interdependência se mantenha nas próximas gestões, de olho nas eleições de 2022"

Por SAMARA SCHWINGEL e RENATA RUSKY, no Correio Braziliense, hoje.

Os prefeitos eleitos nas 33 cidades que compõem o Entorno do Distrito Federal precisam se preocupar com a relação política com a capital do país. Juntos, os municípios compõem a Rede Integrada de Desenvolvimento do DF e Entorno (Ride), que tem o objetivo de desenvolver políticas públicas em conjunto para diminuir as diferenças econômicas e sociais entre as localidades.

Na visão de especialistas, as cidades têm um histórico de cooperação e interdependência política e econômica. A expectativa é de que isso se mantenha independentemente do viés político dos eleitos nos municípios. Os novos governantes devem focar em discutir assuntos de interesse comum entre as cidades como saúde, transporte e segurança pública.

Alguns dos municípios no Entorno do DF são considerados, por analistas, como área metropolitana de Brasília. O professor emérito da Universidade de Brasília (UnB) e ex-diretor de estudos urbanos e ambientais da Companhia de Planejamento do DF (Codeplan) Aldo Paviani explica que "a formação desses lugares foi a partir da capital. Muitos moradores nem votam lá. São pessoas que moravam aqui e tinham aluguéis de fundo de quintal, queriam casa própria e se mudavam para lá, mas mantêm o vínculo com o Plano Piloto." O movimento pendular dessas pessoas pressiona os serviços públicos na capital, portanto, é fundamental estimular políticas que criem postos de trabalho nessa região.

Emprego

A última Pesquisa Metropolitana por Amostragem de Domicílios (PMAD), realizada em 2018 pela Codeplan, identificou que mais de 58% dos moradores de Águas Lindas e mais de 56% dos residentes no Novo Gama trabalham em Brasília. Em Valparaíso de Goiás e na Cidade Ocidental, 55% e 52,3%, respectivamente, têm empregos aqui.

Morador do Santo Antônio do Descoberto, Werley Batista, 37, pedagogo, faz parte dos mais de 50% de cidadãos moradores do Entorno que trabalham na capital. Para ele, uma das necessidades da cidade em que mora são indústrias que gerem emprego para os cidadãos. "Tem muito espaço (para construir) e diminuiria o trânsito terrível que fica para lá", reclama.

De acordo com Aldo Paviani, os melhores postos de trabalho estão em Brasília. "Exceto Valparaíso, que desenvolveu um comércio maior ao longo da BR-040, essas cidades têm pequenos comércios, então, não têm muito emprego, pagam pouco", completa.

Enquanto a renda per capita média, segundo o PMAD, em Brasília, é de R$ 2.461, no Entorno, ela varia de R$ 584 a R$ 791, ou seja, entre 76,3% e 68% menor. Isso cria enorme disparidade social.

Transporte e saúde

O professor emérito de ciências políticas da UnB David Fleischer concorda que a tendência é de uma interdependência entre o DF e as cidades adjacentes. "Muitos serviços da capital dependem de trabalhadores que moram no Entorno. Com esse deslocamento diário, se movimenta, além do setor de transporte, a economia local", diz. O especialista considera que é importante ter uma troca de informações entre os governos para garantir um bom atendimento desta população que transita entre as cidades.

Além do transporte, a saúde pública é uma pauta que aquece o diálogo entre os governantes. "Muitas pessoas que residem no Entorno não conseguem ter a assistência necessária nas cidades de origem e, por isso, também se deslocam ao DF para realizar tratamentos ou consultas médicas", afirma Fleischer. Desta forma, os municípios e a capital federal geram uma interdependência, além de política, econômica. "Com a pandemia da covid-19, este setor ganhou força e deve ser o principal meio de sucesso ou fracasso dos candidatos eleitos", completa.

Fábio Júnior dos Santos, 37, que mora em Águas Lindas de Goiás, mas trabalha no Restaurante Universitário da UnB, na Asa Norte, sofre de epilepsia. Na última crise convulsiva, caiu e quebrou a perna e dois dedos do pé. Foi levado ao Hospital Regional de Taguatinga, ao que ele agradece, pois acredita que teve um bom atendimento. "Aqui tem que melhorar tudo", afirma, referindo-se à cidade onde vive. Agora, além de enfrentar o trânsito pesado todo os dias, ele convive com mais uma dificuldade: andar de muletas nas calçadas ruins da cidade.

Do Entorno para o DF

Cidade - Trabalham no DF (%) - Renda Per Capta (R$)

Águas Lindas de Goiás - 58,1 - 584
Novo Gama - 56,6 - 607
Valparaíso de Goiás - 55 - 791
Cidade Ocidental - 52,3 - 674
Santo Antônio do Descoberto - 50,7 - 592
Planaltina - 49,7 - 633
Luziânia - 28,1 - 626
Cocalzinho de Goiás - 24,6 - 574
Padre Bernardo - 17,2 - 590
Formosa - 9,8 - 768
Alexânia - 6,6 - 711
Cristalina - 2,2 - 749

Fonte: PMAD 2018/Codeplan
Miguel José Teixeira
16/11/2020 16:05
Senhores,

O porre é bom mas a ressaca. . .

"Prefeitos herdarão municípios quebrados"

Maior parte das localidades pelo país enfrenta problemas fiscais graves, potencializados pela pandemia. Especialistas apontam que eleitos terão de fazer correções na Previdência, cortar despesas e atrair investimentos privados

Por Simone Kafruni, no Correio Braziliense, hoje.

A maior parte dos municípios brasileiros está quebrada. As administrações enfrentam problemas fiscais graves, com excesso de pessoal, ineficiência na gestão, saúde precária, educação em frangalhos e serviços ruins. A pandemia agravou ainda mais o quadro, que será herdado pelos prefeitos eleitos neste domingo ou no próximo dia 29. Isso deve intensificar a pressão sobre o governo federal, a partir do ano que vem, segundo especialistas. Os analistas apontam que, para superar as adversidades, os vencedores do pleito terão de promover correções na Previdência, implementar sistemas de gestão com uso de tecnologia, reduzir a burocracia para melhorar o ambiente de negócios e atrair investimentos privados e cortar despesas.

Para o secretário-geral da Associação Contas Abertas, Gil Castello Branco, os prefeitos eleitos deveriam governar com a Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) sobre a mesa. Segundo ele, os gestores terão de conter as despesas com pessoal, sustando novas contratações e aumentos salariais; reduzir a quantidade de cargos comissionados; reequilibrar os gastos previdenciários e enxugar as despesas administrativas, entre outras providências imediatas. "Essas medidas, entretanto, não são populares. Resta saber, portanto, se os prefeitos eleitos vão trilhar o caminho da austeridade e da responsabilidade fiscal ou se farão aventuras populistas", afirma.

De acordo com pesquisa da Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan), três em cada quatro municípios brasileiros apresentam gestão fiscal em dificuldades ou em situação crítica. E um terço das cidades do país não se sustenta, já que a receita gerada localmente não é suficiente para custear a Câmara de Vereadores e a estrutura administrativa da prefeitura. Os alertas são do Índice Firjan de Gestão Fiscal (IFGF) 2019. O estudo faz referência a 2018 e avalia as contas de 5.337 municípios, que concentram 97,8% da população brasileira.

Na opinião do professor do Instituto de Ciência Política da Universidade de Brasília (UnB) Paulo Calmon, parte da crise dos municípios decorre do aumento da despesa e outra parte, da queda de arrecadação. "A pandemia deve ter reduzido ainda mais a receita. A crise econômica começou em 2015. Desde então, o país vinha se recuperando de forma muito lenta e acabou afundando com o coronavírus", avalia. A recuperação depende do governo federal, da economia mundial e da crise sanitária. "Está fora do controle dos prefeitos. Os ajustes que eles podem fazer são poucos e difíceis, porque há pressão para aumento de despesa e queda de arrecadação", diz.

Para Calmon, é perigoso reduzir pessoal, neste momento, porque o desemprego está alto. "Os municípios vão precisar de ajuda do governo federal, mas falta uma estratégia nacional para enfrentar as crises sanitária e econômica. Não há muita margem de manobra para os prefeitos eleitos", explica.

Segundo ele, a recuperação das finanças está muito associada à da economia e a mudanças que o país precisa. "A ideia de que a reforma tributária pode trazer alívio para os municípios não parece clara. O Brasil tinha de repensar todo o pacto federativo, a divisão de atribuições e distribuição de receitas, de maneira a criar ambiente propício à sustentabilidade financeira. Isso passa pelas duas reformas, tributária e administrativa. Mas não basta, simplesmente, fazer reforma estrutural se não houver recuperação da economia e essa só vai acontecer com estratégia."
Dependência

Cristiano Noronha, sócio e vice-presidente da Arko Advice, lembra que os prefeitos, especialmente os dos municípios mais carentes, terão dificuldade de autonomia, baixa arrecadação e alta dependência de transferências da União. "Essas cidades foram beneficiadas pela injeção de recursos do auxílio emergencial, mas o benefício vai acabar e criar vários tipos de problemas para esses municípios, com cobrança por parte da população", destaca.

Há, conforme Noronha, a expectativa de que os prefeitos que vão herdar as administrações pelos próximos quatro anos tentem forçar o governo federal a implementar outras medidas que, de certa forma, aumentem as receitas municipais. "É um desafio enorme. Essa população que deixará de receber o auxílio vai pressionar o gestor local por mais qualidade de serviços e deixar de consumir, derrubando, ainda mais, a arrecadação dos municípios. Isso fará com que os novos prefeitos pressionem por mais recursos. Não à toa, no primeiro semestre do ano seguinte às eleições, ocorre a marcha a Brasília, com pauta de reivindicações. A pressão, certamente, vai aumentar no início de 2021."
Renato Luiz Nicoletti
16/11/2020 15:45
Boa tarde. Para quem acha que a direita e Bolsonaro saem enfraquecidos nesta eleição, trago um interessante levantamento apresentado/repassado pelo comentarista da Radio Nereu de Blumenau, Cao Hering. Está no seu perfil do Facebook, confiram:

"Ah, a poesia dos números...
Repassando:
Parece que o grande número da eleição, negligenciado pela mídia é que o PT perdeu 133 municipios (caiu de 257 para 124). Nenhuma capital. Quatro Estados da Federacao sem nenhum município.
Em termos de população, o PT hoje governa 3,64% dos brasileiros. Conseguiu piorar o cenario pos-Dilma.
O resultado de queda do PCdoB é ainda mais drástico: perdeu 51 municipios e governa apenas 31 (0,42% dos brasileiros). O PDT perdeu 133 municipios, ficando com 201. O PSOL, queridinho da mídia, tem três municípios (0,69% do eleitorado). Os outros pseudo-partidos de esquerda (PCO, PSTU etc) nem aparecem nas estatísticas.
E eu ainda tenho que ouvir a Miriam Leitão dizer que o grande derrotado desta eleição foi Bolsonaro?"
Miguel José Teixeira
16/11/2020 13:57
Senhores,

Fraude nas eleições

A Rádio Cercadinho da conta que um certo capitão zero-zero ligou para a Casa Branca e desabafou:

"Patrããão! Assim como você, eu não perdi a eleiçããõ!
Zé povão
16/11/2020 13:49
Servidores públicos que estavam em licença para campanha política retornam ao trabalho somente dia 26/11 enquanto os candidatos da iniciativa privada não tem dia de descanso, depois de um final de semana exausto já retornaram as atividade normais hoje.

Essa é Gaspar que não pode parar!
Herculano
16/11/2020 12:53
FRUSTADOS, CONSERVADORES DIZEM QUE DIREITA SE DESCONECTOU DO CIDADÃO COMUM, por Fabio Zanini, no jornal Folha de S. Paulo

O que deu errado para a direita conservadora, especialmente aquela mais alinhada ao presidente Jair Bolsonaro, na eleição municipal?

Após colher resultados decepcionantes nas urnas, alguns de seus representantes passaram a adotar um discurso de autocrítica que é curiosamente muito semelhante ao que a esquerda fez dois anos atrás, após a onda Bolsonaro.

Em linhas gerais, o diagnóstico é que faltou captar o sentimento do homem comum, olhar mais para o cidadão médio e dar menos valor para as grandes disputas ideológicas que só interessam à elite política.

Essa sensação de estupefação foi bem resumida pela deputada federal Carla Zambelli (PSL-SP), hoje uma das vozes mais populares do bolsonarismo.

"O que houve com os conservadores? Erramos, nos pulverizamos ou sofremos uma fraude monumental?"

Houve, como se percebe pelo tuíte da deputada, o artifício de inspiração trumpista de agarrar-se numa suposta fraude da eleição, rumor alimentado pelas falhas do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) durante a apuração.

Mas isso deve ser visto mais como uma tentativa de oferecer algum conforto psicológico para uma eleição a ser esquecida para os conservadores.

A própria Zambelli está machucada: seu irmão Bruno não se elegeu vereador em São Paulo, enquanto o pai foi derrotado como candidato a vice-prefeito de Mairiporã, na Grande São Paulo.

Um dos candidatos que ela apoiou em São Caetano, Giovani Falcone (PRTB), teve 214 votos para vereador e ficou longe de ser eleito na cidade da Grande São Paulo. "Não é fácil brigar contra a tirania do status quo da máquina pública", afirmou Falcone.

Colega de Zambelli na Câmara, o deputado Paulo Eduardo Martins (PSC-PR), ofereceu o que parece ser a resposta mais exata para o que ocorreu.

"O erro é ignorar o homem comum, o não engajado. Esse homem não suporta a tensão permanente que foi deflagrada. Ele é a maioria."

Na torrente de comentários que se seguiu a esse tuíte, conservadores frustrados cobravam novas estratégias para conter o avanço da esquerda. Entre elas, aumentar a presença nas universidades, vistas como antros de pensamento marxista, e aumentar o tom de confronto. "Se não bater de frente, vira mais do mesmo", disse um bolsonariata.

O advogado Emerson Grigollette, que costuma mobilizar diversos conservadores no meio jurídico, atribuiu o fiasco à falta de unidade no campo da direita.

"Continuem dividindo a direita. Vai dar certinho".

Concordando com o desabafo de Grigollette, uma ativista que se apresenta apenas como Claudette, pediu menos blá-blá-blá nas redes sociais.

"Emerson, o que analisei. Muito bla bla blá na internet. A maioria das pessoas não ta na internet e não se importa com política. Para a direita ganhar é necessário mais suor e teti a teti. Necessário trabalho de formiguinha fora da internet."

Já o influenciador conservador Leandro Ruschel viu uma bem-sucedida campanha orquestrada contra a direita. "O que ocorre no Brasil é muito simples, de um jeito ou outro, conservadores são boicotados, não podem fazer parte do sistema", afirmou.

Manifestações assim se multiplicaram nas redes bolsonaristas nas primeiras horas após o fim da tumultuada votação. Há um cheiro de queimado no ar, de que talvez a maioria da direita construída em 2018 possa estar se esfacelando.

O grande receio, claro, é quanto à reeleição de Bolsonaro em 2022. A derrota de Donald Trump nos EUA só contribui para isso.

Nos próximos dois anos, a ordem é reconectar-se com o cidadão médio. Bolsonaro, evidentemente, é o grande comandante desse processo. Mas agora há dúvidas sobre ser possível reerguer o ânimo de uma militância machucada.
Herculano
16/11/2020 12:20
DIREITA ENTORPECIDA

da professora, advogada, autora do impeachment contra a ex-presidente Dilma Vana Rousseff, PT, e deputada estadual em São Paulo pelo PSL, no twitter:

Espero que os resultados de 2020 sirvam como um despertar para a direita entorpecida que chegou ao poder em 2018. Nada é para sempre! Só o trabalho sério e obstinado abre caminhos!
Herculano
16/11/2020 12:19
MARICAS FIZERAM DO VOTO PóLVORA PARA BOLSONARO, por Josias de Souza, no UOL

Em terra de cego, maricas que tem um olho não diz que o rei está nu. Prefere transformar voto em pólvora a gastar saliva com quem faz ouvidos moucos para a realidade.

Jair Bolsonaro será candidato à reeleição em 2022. A eleição municipal não altera esse plano. Mas o eleitorado sinalizou ao presidente que o segundo mandato depende do êxito, não do gogó.

O terraplanismo sanitário e a ideologia sem resultados foram como que jurados de de morte no primeiro turno da eleição da pandemia. Mas Bolsonaro reagiu como se sua Presidência estivesse cheia de vida.

Crivado de recados, o presidente assistiu pela TV à derrota de candidatos que apoiou. Sem se dar conta de que internet não tem borracha, correu às redes sociais para apagar a lista dos seus preferidos.

De todos os waterloos que o domingo impôs a Bolsonaro o mais devastador foi São Paulo. Ali, o capitão afundou abraçado a Celso Russomanno. E exibiu nas redes sociais uma pose de Napoleão desentendido.

"Há 4 anos Geraldo Alckmin elegeu João Dória prefeito de São Paulo no primeiro turno", anotou o Napoleão do Alvorada no Twitter. "Dois anos depois Alckmin obteve apenas 4,7% dos votos na disputa presidencial."

Obcecado por 2022, Bolsonaro olha para 2020 pelo retrovisor sem se dar conta do essencial: o êxito do prefeito tucano Bruno Covas, da turma do "fique em casa", explica porque 50% dos paulistanos rejeitam o presidente da "gripezinha".

Em política, o pior cego é o que se recusa a ouvir as urnas. Um pedaço do eleitorado paulistano ouviu Guilherme Boulos, do PSOL. Bolsonaro, não: "A esquerda sofreu uma histórica derrota nessas eleições..."

A onda de extrema-direita que levou Bolsonaro ao Planalto virou marola em 2020. Mas o presidente leva a mão à prancha. Enxerga na conjuntura eleitoral uma "clara sinalização de que a onda conservadora chegou em 2018 para ficar."

Bolsonaro demora a perceber que os principais surfistas desta eleição municipal são os partidos conservadores do centrão e assemelhados, ávidos por conservar suas boquinhas.

Bolsonaro olha para o futuro com olhos de Donald Trump. Defensor do voto impresso, vê o atraso como aperfeiçoamento. "Para 2022, a certeza de que, nas urnas, consolidaremos nossa democracia com um sistema eleitoral aperfeiçoado."

O presidente evocou "Deus, pátria e família." Deus, como se sabe, existe. Mas a desenvoltura do capitão prova que Ele já não é full time. Permitiu que a família Bolsonaro se casasse com a pátria e fosse morar no déficit público.

Incomodados, os maricas esboçaram nas urnas uma certa impaciência com o fato de ter que atravessar uma conjuntura tão despida.
Herculano
16/11/2020 12:19
PREVENDO O FUTURO DA INTERNET, por Ronaldo Lemos, advogado, diretor do Instituto de Tecnologia e Sociedade do Rio de Janeiro, no jornal Folha de S. Paaulo.

Ideia de fiduciários da informação faria surgir plataformas cuja principal obrigação é o zelo com dados de usuários

Na semana passada, esteve em evento no Brasil um professor da Universidade Harvard que tem por hábito acertar suas previsões sobre o futuro da rede. Jonathan Zittrain falou, em evento organizado pela HSM, que costuma trazer ao país alguns dos mais interessantes pensadores da tecnologia.

Zittrain cofundou, em 1996 - aos 27 anos -, o Centro Berkman em Harvard, instituição pioneira em estudos da rede. Foi professor em Oxford e Stanford e membro das principais organizações técnicas que construíram a internet.

Sua característica é conjugar a formação como advogado com um conhecimento profundo das questões técnicas. Devo muito a ele. Fui seu aluno em Harvard e no Centro Berkman. Seu trabalho formou uma geração inteira de pessoas que tentam seguir seus passos.

Zittrain escreveu trabalhos que se mostraram acertados exercícios de futurismo. Enquanto boa parte dos pesquisadores tinha uma visão otimista sobre o futuro da rede, em 2008 ele lançou o livro "O Futuro da Internet e Como Pará-lo". O livro é um conto moral sobre o que aconteceria na internet nos anos seguintes.

Zittrain previu como a rede livre e aberta construída nos anos 2000 enfrentaria ameaças que modificariam seus fundamentos. Essas ameaças, que incluem questões de cibersegurança a ataques coordenados, trariam um movimento de centralização e controle, que se mostrou verdadeiro.

Além disso, Zittrain escreveu, em 2014, o seminal artigo "Engineering an Election" (Fazendo Engenharia de uma Eleição). No texto, ele fez um alerta sobre como o movimento de centralização e controle da rede poderia ser manipulado para alterar resultados eleitorais.

O embrião das práticas que aconteceram nos anos seguintes em processos eleitorais de vários países -incluindo manipulação e supressão eleitoral - já estava vislumbrado no seu texto.

No que Zittrain está trabalhando atualmente? Vale olhar, porque ele costuma acertar suas projeções. Ele tem trabalhado com a ideia de "fiduciários da informação". Fidúcia é palavra que significa "confiança". Ela aparece, por exemplo, na relação entre médicos e pacientes, advogados e clientes, bem como outras profissões em que o profissional tem a obrigação de agir no interesse de quem o contrata, e não no seu próprio interesse ou no interesse de terceiros.

Por exemplo, corretores de imóveis nos EUA são obrigados a revelar para seus clientes se estão trabalhando no interesse do comprador ou do vendedor. Desse modo revelam de quem são "fiduciários".

A ideia de Zittrain é que com relação aos dados pessoais e à informação de modo geral aplique-se também esse conceito. Ele faria surgir, por exemplo, plataformas cuja principal obrigação é com relação a seus usuários e com o zelo e a maximização de benefícios dos seus dados e informações.

Esse conceito pode ajudar a repensar a forma como a internet se organiza atualmente. Quem sabe pode até gerar uma nova geração de organizações que atuem como depositárias de dados e informações, atuando como "corretores" desses itens em benefício dos usuários. Já existem startups e iniciativas que fazem exatamente isso, mas são poucas.

Se Zittrain estará certo novamente nas suas projeções, só o futuro pode dizer.

READER
Já era?
Não fazer nada sobre segurança digital

Já é?
Ataques virtuais a paralisando serviços essenciais no Brasil

Já vem?
A ficha caindo de que o país precisa de uma nova estratégia de cibersegurança
Herculano
16/11/2020 12:18
JUSTIÇA ELEITORAL DÁ VEXAME E É A GRANDE DERROTADA, por Cláudio Humberto, na coluna que publicou hoje nos jornais brasileiros

Após um dia sem grandes surpresas, o primeiro turno das eleições deste ano ficou marcado como uma derrota da Justiça Eleitoral e do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), responsáveis pela apuração e divulgação dos resultados das urnas. A contabilidade enfrentou dificuldades inéditas, com atrasos e suspensões nas divulgações dos resultados, retrocesso que desde 1996 não era registrado numa eleição brasileira.

VERGONHA GERAL

Em 2016, até às 19h já estavam definidos os destinos das prefeituras de Palmas, Curitiba, João Pessoa, Belém, Vitória, Salvador, Rio e Macapá.

PAROU TUDO

O TSE congelou a divulgação dos votos em São Paulo às 17h32, em 0,39%. Em 2016, a imprensa noticiou a vitória de João Dória às 18h55.

CABEÇAS VÃO ROLAR

O sistema da Justiça Eleitoral caiu tantas vezes que o presidente do TSE, Luís Roberto Barroso, teve até que adiar seu pronunciamento.

NO ESCURO

O TSE divulgou esclarecimento alegando que a soma dos votos ocorria normalmente, mas a divulgação apresentava problema. Não esclareceu.

PRIMEIROS CLIENTES DE MORO SÃO SUBMISSOS A GUEDES

Um dos juízes mais admirados da História, depois ministro da Justiça, Sérgio Moro agora é um dos advogados mais requisitados do País. Ele recebeu dos primeiros três clientes R$750 mil para elaborar pareceres, segundo o jornal O Globo. O detalhe é que são empresas semi-estatais ou com investimentos públicos e de fundos de pensão sob controle direto do ministro da Economia, Paulo Guedes. Caso da Vale, da qual são sócios os fundos da Caixa, Banco do Brasil, subordinados ao ministro.

DIREITO A VETO

Além do controle indireto, por meio dos fundos de pensão e do BNDES, o Tesouro, também submisso a Guedes, é dono de golden shares na Vale.

FORÇA DO FUNDO

Somente o Previ, fundo de pensão do BB, que presta obediência ao ministro da Economia, tem 17,55% das ações da Vale.

CLIENTE FORTE

Parecer de Moro também foi contratado por Walfrido Warde e Valdir Simão, advogados da JBS, da qual a estatal BNDESPar é sócia.

LULA FRACO

Esperança no partido e uma das poucas candidatas do PT que utilizou a imagem de Lula em sua campanha, a ex-prefeita Luzianne Lins sequer chegou ao 2º turno em Fortaleza. Perdeu para o bolsonarista Capitão Wagner (Pros) e Sarto (PDT), que tem apoio do clã Ciro/Cid Gomes.

EM DECLÍNIO

O candidato do governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB), Rubens Júnior, que também é comunista, não conseguiu nem chegar no pódio da eleição na capital, São Luís. Ficou em quarto. Teve menos da metade do segundo colocado, Duarte Júnior (Republicanos), que foi ao 2º turno.

Só PAPO

O Psol vendeu para seus eleitores que a eleição em Belém (PA) poderia acabar ontem, até fez postagem no site oficial. Não foi o caso, Edmilson Rodrigues disputará segundo turno com Delegado Eguchi (Patriota).

OUTRA DERROTA

Em Salvador (BA), o candidato do prefeito ACM Neto (DEM), Bruno Reis (DEM), se elegeu em primeiro turno com quase dois terços dos votos contra Major Denice, candidata do governador baiano do PT, Rui Costa.

VITóRIA QUASE INÉDITA

O PT só não foi extinto no Nordeste por causa da vitória de Marília Arraes no Recife (PE), que vai disputar o segundo turno contra João Campos (PSB), herdeiro do falecido governador Eduardo Campos.

FIM DE FESTA

Nos últimos dias ao sol, o ainda presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), aproveita convites para eventos, cada vez mais escassos. Nesta segunda, conversa com a Associação Comercial de São Paulo.

EFICIÊNCIA INDESEJADA

Não é recente a reação de Bolsonaro às entrevistas diárias do seu vice. Em junho, Mourão teve de abrir mão da assessoria do jornalista André Gustavo Stumpf, que, em vez de ser incorporado à comunicação do Planalto, foi demitido "acusado" de ser eficiente demais.

AUXÍLIO PERMANENTE

O Brasil joga fora R$1,5 trilhão anuais com burocracia, insegurança jurídica e regulatória, diz o estudo "Redução do Custo Brasil", do governo e setor privado. O valor poderia tornar permanente o auxílio-emergencial.

PENSANDO BEM...

...só no Brasil uma comissão de inquérito que investiga fake news vai passar uma eleição inteira sem investigar uma mentira sequer.
Herculano
16/11/2020 12:17
TRUMP É PóS-MODERNO, ENQUANTO BIDEN É O VERDADEIRO CONSERVADOR, por Luiz Felipe Pondé, filósofo e ensaísta, no jornal Folha de S. Paulo

Democrata é liberal em costumes, mas conservador na política

O binômio conservador versus progressista é um fetiche da guerra cultural, disputa que continuará por muito tempo a fazer baixas na inteligência pública. O uso desse dualismo enviesado é útil para fins eleitorais e para o marketing em geral, apesar de a máquina política tê-lo ultrapassado como ferramenta da práxis.

E as eleições americanas recentes deixaram isso muito claro.

Biden é o real conservador em termos de filosofia política nas eleições americanas. Os inteligentinhos têm dificuldade de sacar isso, porque só entendem o mundo de forma binária. É uma delícia usar fetiches intelectuais contra quem os inventou e se masturba com eles, não é?

Perguntam como ele pode ser conservador em termos políticos se defende as minorias identitárias. Biden é um liberal em costumes e conservador na prática política.

Primeiro, é preciso dizer que a política se tornou obsessiva nos últimos tempos. Só se fala de sexo e de raça - classe já saiu de moda -, e até a "gestão de pessoas" das empresas só pensa nisso. Biden é conservador porque representa a defesa das instituições democráticas de direito. Já Trump é um niilista pós-moderno.

Portanto, o binômio do momento é defender a institucionalidade dos processos do Estado democrático de Direito versus dizer que tudo é mentira nesses mesmos processos.

É uma ironia do destino o fato de aqueles que defendem o casamento gay, por exemplo, também serem os que preservam as instituições de Estado. Ironia do destino ver que os que defendem a família são os mesmos a utilizar chavões pós-modernos relativistas - como investir em narrativas retóricas, porque a "verdade não existe". Isso é demais para os inteligentinhos binários.

Relativismo e democracia sempre andaram juntos. Os sofistas já sabiam disso. "O homem é a medida de todas as coisas", dizia o pai fundador do relativismo grego, Protágoras. Logo, sabe-se disso há muito tempo. Os sofistas sempre foram vistos como aliados da democracia ateniense. Platão, por sua vez, via naquela democracia o risco da demagogia e da retórica.

A saturação de narrativas depois das redes sociais asfixia a capacidade de adesão às instituições. E esse processo não vai parar com a derrota de Trump nas eleições presidenciais americanas. Esse é apenas um sintoma de uma síndrome histórica.

Defender as instituições de Estado não implica zerar todas as mudanças, mas aceitar as regras do jogo estabelecidas e pensar nessas transformações de forma lenta e gradual, nascidas dentro dessas próprias instituições.

Trump se mostrou um niilista pós-moderno. Colocar narrativas no lugar de verdades - e a própria ideia de cansaço de longas narrativas, definição nuclear da filosofia pós-moderna - é um daqueles conceitos que nasceram dentro da nova esquerda francesa, após a derrocada da utopia comunista da União Soviética.

Tal definição é um claro fetiche da esquerda cultural. A filosofia pós-moderna sustenta ideias como sensibilidades culturais, desconstrução de identidades de gênero, inexistência de verdades, relativismo moral, enfim, toda uma caixa de ferramentas conceituais, como dizia Richard Rorty (1931?"2007), filósofo americano herdeiro da filosofia pós-moderna, que agora se volta contra a esquerda americana e a nossa.

A extrema direita americana passou a utilizar essa caixa de ferramentas pós-moderna de forma desenvolta e com fins eleitorais. Sua intenção política é dar voz a um contingente de pessoas que se sentem irrelevantes e sem representatividade nas instituições ?"vistas, por sua vez, como instrumentos da elite mentirosa.

É nesse sentido que Donald Trump lança mão do relativismo pós-moderno, em nome de uma democracia direta e anti-institucional.

Vale dizer que a tradição americana fortemente federativa traz no seu interior essa vocação para o surgimento de milícias locais contra "the boys of Washington", os meninos da capital dos Estados Unidos, o que vem bem a calhar para esse pós-modernismo de extrema direita.

Entretanto, a lua de mel de Biden com a guerra cultural acabará em breve. Rapidamente veremos setores da esquerda cultural xingarem o novo presidente por ser velho, branco, homem, heterossexual e, portanto, opressor.

A guerra cultural é um circo de idiotas e radicalizados.

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