12/11/2020
Aviso: devido ao processo industrial, escrevo a coluna sem ter acesso à pesquisa eleitoral independente do Cruzeiro do Vale. Os poderosos, diretamente, ou disfarçados em pele de mansos cordeiros estavam dispostos a implicarem com os números dela na Justiça Eleitoral. Querem tudo ao seu jeito. Continuando: o que foi feito até aqui pelos candidatos está praticamente pronto. Desta sexta-feira – quando circula o jornal - até domingo à tarde no fechamento das urnas, penso, pouca coisa mudará, mesmo diante da ação guerrilheira incontrolável e de última hora via as redes sociais e nos aplicativos de mensagens dos candidatos viáveis e principalmente, dos inviáveis eleitoralmente. É uma eleição igual a 2016? É! E diferente de 2018? Também é! Por que se fosse igual, Davi teria mais chances de vencer o Golias como um ato surpreendente heroico de vingança. Entretanto, isso, verdadeiramente, está muito mais no imaginário bíblico.
Primeiro o prefeito Kleber Edson Wan Dall, MDB, e seus “çabios” se protegeram como poucos neste ambiente de perpetuação do poder, no mando sobre a cidade, suas instituições e nos negócios públicos. Trocaram os seus nanicos de 2012 e 2016, arriscando-se até na integridade da aliança antagônica que possuem com o PP. Tiraram do PP a vice-prefeitura para dá-la ao seu possível concorrente e que, teoricamente, tinha mais chances de incomodá-los depois da desistência do PT pelo seu ícone, o ex-prefeito Pedro Celso Zuchi de três mandatos. O MDB queria Zuchi como adversário. E só para grudar nele a mancha nacional do PT e assim levar no beiço esta eleição e humilhar o ex-prefeito no currículo que construiu. Não deu! Segundo: o MDB está em campanha há 10 anos pela reeleição deste domingo. Os adversários, estão há pouco mais de dois meses lutando contra a falta de estrutura partidária e dinheiro – menos no PSL. Se isso não fosse pouco, o MDB, PSD, PP, PSDB e PDT usufruem de um bem armado exército de cabos eleitorais em seus mais de 170 cargos comissionados, 100 em gratificação e muita comunicação feita de dentro da própria prefeitura. E nada mudará. Tudo será ampliado. E para que? Para acomodar novas peças e para o embate de 2024. Para completar Kleber é o candidato preferencial dos empresários, empreiteiros e ricos. Na classe média e nos pobres, as portentosas máquinas de persuasão das denominações evangélicas pentecostais fazem à roçada final. Nem mais, nem menos.
Então uma vitória fora desse ambiente de certeza antecipada seria algo assustador, inédito e nem se igualaria ao que fez de Zuchi prefeito em 2000, mas parecido naquilo que aconteceu em 2018. E por que? Há dois anos, esta mesma poderosa máquina falhou como cabo eleitoral dos deputados estaduais e federais que escolheu para marcar terreno da sua capacidade de mobilização por votos a gente de fora de Gaspar, bem como no apoio que emprestou a Mauro Mariani, MDB para ser governador. Ele nem do primeiro turno passou. Não há cenários claros para a repetição de 2018. E se isso acontecer será uma vingança silenciosa contra a arrogância, a dominação, a falta de transparência e diálogo dos que dominam e usam Kleber para se estabelecer no poder. Isto estava explícito em todas as pesquisas que vi. Esperava-se pelo segundo colocado viável para torná-lo o voto útil no recado aos poderosos de plantão. E depois da pesquisa do Cruzeiro do Vale isso de uma certa forma se confirmou com o engenheiro, professor universitário, empreendedor e ex-vereador Rodrigo Boeing Althoff, PL.
Mas quem deixou o filisteu Golias se criar? Neste caso, os que reclamam e se dizem serem os Davi do século 21! E os Davi de hoje esperam por um milagre além das suas pedras e funda que nem as bem possuem para acertar o alvo. Os adversários de Kleber deixaram o Golias `vontade. Agora, apontam as falhas, todas contra a cidade e os cidadãos mais vulneráveis E por que? Porque Kleber e seus “çabios”, desde que ganharam as eleições em 2016, só pensaram em permanecer mais quatro anos na prefeitura. Eles, intencionalmente criaram uma estrutura de poder e cabos eleitorais com os pesados impostos dos gasparenses impostos, os quais deveriam estar prioritariamente nas obras – tanto que precisaram de empréstimos para substituírem as receitas próprias e à falta de recursos federais e estaduais tão comuns em outros governos; a saúde pública, onde falharam os postinhos, remédios e o Hospital; na educação, atestado pelo pífio exame do Ideb contra o futuro das nossas crianças; na falta de vagas nas creches e para que diminuí-las fantasiosamente usaram a lei para dar apenas dar meio-período às trabalhadoras e desempregadas à procura de uma colocação; ou então na mobilidade urbana. Agora se voltou há 20 anos, paga-se duas passagens para ir de um bairro a outro, além de fazer novamente de Blumenau um centro de compras contra o desenvolvimento e empregos no comércio local. E para completar Gaspar se estabeleceu na desassistência social. Nem um pio sobre drogas. Kleber é apenas a face visível na busca de votos para mais quatro anos de governo de fato do presidente do MDB de Gaspar, Carlos Roberto Pereira e que não possui votos. Acorda, Gaspar!
É o fundo do poço e conivência dos políticos e gestores públicos contra os pagadores de pesados impostos. Em Gaspar, segundo o Tribunal de Contas da União, 101 funcionários públicos municipais e da Câmara receberam indevidamente o Auxilio Emergencial. Ele foi feito para os desempregados e falidos.
O prefeito e o presidente da Câmara estão em um humilhante silêncio. Tudo, supostamente, para não expor ninguém e não perder com isso, possíveis votos na reeleição. Tudo errado.
Pior: três candidatos a vereadores em Gaspar tiveram o mesmo desvio de conduta. Explicação à cidade? Nenhuma até o fechamento da coluna. Ainda bem que seus nomes foram divulgados antes das eleições para que não houvesse dúvidas nas escolhas de domingo.
Aqui em casa somos um casal de idosos e maricas. Estamos esperando qualquer vacina que nos proteja. Viver é nossa prioridade. Só para deixar bem claro.
Trair e coçar é só começar. A comichão é grande em Gaspar. O poder de plantão sabe disso.
Blumenau desta vez não influenciou em Gaspar. O governador afastado Carlos Moisés da Silva, PSL, e a governadora em exercício, Daniela Cristina Reinehr, sem partido, também não. Igualmente o presidente Jair Messias Bolsonaro, sem partido. Teve até gente que os escondeu. Tempos estranhos estes! Ou gente estranha e oportunista esta? Hum!
Quantos eleitores estão aptos a votar neste domingo em Gaspar? 47.438. Calcula-se que a abstenção, nulos e brancos será algo em torno de 13.000. Sobrariam em torno de 34.000 votos bons para os cinco candidatos a prefeito. Façam as apostas, então.
O que será da pandemia depois deste domingo em Gaspar? Vai-se transferir a conta para os trabalhadores e pagadores de impostos? Vão novamente fechar o comércio, bares e restaurantes depois das farras dos comícios?
Transparência I. Em Gaspar, oficialmente e segundo a Justiça Eleitoral, o orçamento de cada candidato a prefeito vai ao limite de R$153.401.21. Até o fechamento da coluna, o candidato do PSL, o sindicalista e funcionário público municipal, Sérgio Luiz Batista de Almeida, era o que mais tinha receitas na sua prestação de contas: R$121.045,00
Transparência II. O diretório nacional do PSL nacional colocou na conta da campanha de Sérgio R$100.000,00, o estadual R$20 mil e a vice de Sérgio, Rejane Luiza Ferretti, R$1.045,00.
Transparência III. Também até o fechamento da coluna, nenhum dos outros candidatos concorrentes de Sérgio tinha utilizado o bilionário Fundo Eleitoral – permitido e legal, diga-se, desde logo – e feito dos nossos pesados impostos. Todos sobreviviam nas suas campanhas com doações de particulares ou deles próprios.
Transparência IV. Pela ordem decrescente, o quadro de receitas dos candidatos a prefeito de Gaspar era este no site do TSE: Kleber Edson Wan Dall, MDB, R$106.000,00; José Amarildo Rampelotti, PT, R$52.353,00; Rodrigo Boeing Althoff, PL, R$43.172,00; e Wanderlei Rogério Knopp, DEM, R$28.594,50.
Contagem regressiva iniciada há um mês. Comemorem. Faltam dois dias para as eleições e nove para as minhas primeiras férias em 16 anos de coluna.
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