Vergonha. Os políticos não se emendam - Jornal Cruzeiro do Vale

Vergonha. Os políticos não se emendam

24/08/2020

A maioria dos senadores – incluindo os três catarinenses – tentou colocar nos bolsos dos desempregados e falidos pela pandemia uma pesada conta para reajustar e aumentar os salários dos estáveis funcionários públicos

“Pegar dinheiro de Saúde e permitir que se transforme em aumento de salário para o funcionalismo é crime contra o país”, reagiu o Ministro da Economia, Paulo Guedes contra quem, além de não perder emprego, está com ele garantido às custas da quebradeira dos outros

O que está acontecendo agora? Estes mesmos irresponsáveis senadores estão intimando Guedes. Querem desculpas dele e ameaçam retalhar o governo Bolsonaro se ele não se ajoelhar e pedir desculpas de corpo presente no Senado

Ou seja: os senadores ameaçam impor mais sacrifícios ao povo na briguinha política entre eles só porque os políticos se acham intocáveis, mesmo quando colocam na espinha – e no bolso – do povo sofrido


Da esquerda para a direita. Os senadores catarinenses Jorginho Mello, PL, e Esperidião Amim, PP, votaram contra o veto o presidente Bolsonaro. O veto impedia reajuste e aumentos do funcionalismo até dezembro de 2021. Dário Berger, MDB, esteve ausente na sessão virtual. Em Gaspar, Sérgio Almeida, PSL, sindicalista e funcionário público, perguntou quando os políticos vão dar a cota de sacrifício que impõe aos outros. 

Qual era a manchete bomba de quinta-feira da semana passada? Senado derruba o veto do presidente Jair Messias Bolsonaro, sem partido. O veto impedia até dezembro de 2021 o reajuste do funcionalismo público – federal, estadual e municipal. Uma economia calculada em R$120 bilhões, fato que permitiria cumprir um acordo de ajuda a estados e municípios.

Placar de 42 contra a 30 votos a favor do veto. O governo precisava de 32 votos no Senado para manter o veto.

Entre os alienados, estavam os três senadores catarinenses: Esperidião Amim Helou Filho, PP, conhecido por suas posições em defesa do funcionalismo, apesar dele sempre se eleger com a maioria dos votos dos que não trabalham para o aparelho estatal; Jorginho Mello, PL, - ex-funcionário público, via o extinto Besc; e Dário Berger, MDB, este ausente, numa sessão remota, na qual não foi capaz seque de acessá-la via o celular dele para acompanhar e votar nesta crucial matéria.

Os três senadores catarinenses não “conseguiram enxergar” à realidade da maioria de seus eleitores, os que verdadeiramente sustentam à máquina pública e à irracional desvantagem dos trabalhadores do setor privado e do público. Os senadores perpetraram este atentado à lógica contra os seus eleitores que estão sob diversos sacrifícios como o do desemprego, perda de renda, ou submissão a achatamento salarial, comprometimento de negócios e falência de empresas. Uma vergonha!

Antes de prosseguir, uma ressalva a Jorginho Mello. Uma semana antes, ele viu a lei 13.999 ser sancionada pelo presidente Jair Messias Bolsonaro, sem partido. Jorginho é autor do projeto que originou esta lei e que concede uma linha de crédito especial para pequenas e microempresas – o Proname. Este programa pode garantir mais de 20 milhões de empregos. Jorginho fez isso como líder da Frente Parlamentar Mista da Micro e Pequena Empresa. Ou seja, Jorginho sabe onde está o buraco da pandemia na economia e no mínimo, foi ingrato com o governo que lhe ouviu.

Retomo. Agora, depois da repercussão negativa, os senadores estão se explicando e ao mesmo tempo encurralando o governo Bolsonaro. Alguém acredita neles?

Os senadores dizem que votaram pela não proibição e que ficaria a cargo dos governos federal, estaduais e municipais darem, ou não, os reajustes e aumentos, conforme o tamanho do cobertor deles.

Ou seja, abriram brechas para pressões corporativas e que normalmente privilegiam os mais organizados, políticas locais e principalmente à ação dos sindicatos de servidores que normalmente protegem os que já estão no topo da pirâmide do serviço público, encontrando brechas de todos os tipos para esses aumentos, muitos deles para gerarem futuras isonomias entre carreiras e classificações similares. Uma farra. Tudo de caso pensado.

E se isso fosse pouco, os senadores não gostaram da observação do ministro da Economia sobre a derrubada do veto.

Agora, eles querem que Guedes vá ao Senado se explicar, se humilhar e pedir desculpas por dizer a verdade em nome dos desempregados, dos falidos e dos que não possuem estabilidade eterna nos seus empregos, dos que não aguentam mais botar a mão no bolso para pagar as farras dos nossos políticos irresponsáveis a gente que já tem a proteção trabalhista impossível aos do setor privado.

Inversão total de valores. Os senadores foram eleitos e são pagos extraordinariamente nos seus salários, verbas de gabinetes, diárias e privilégios para nos defender, e não para nos empobrecer, ainda mais num ambiente economicamente tão conturbado e inseguro como o que vivemos hoje.

Na sexta-feira, a Câmara Federal corrigiu o entendimento enviesado da maioria dos senadores – aliás não é o primeiro, pois no Marco Legal do Saneamento queria esta maioria, outra vez, vergonhosamente, prorrogar os atuais contratos das estatais ineficientes por 30 anos, assim, numa boa. Ou seja, aprovou uma lei, que para alguns só vai vigorar daqui a 30 anos.

A Câmara manteve o veto de Bolsonaro com 316 a 165 votos que queriam derrubá-lo. Dos 16 deputados catarinenses, o único que votou para manter o veto e dar reajuste e aumento ao funcionalismo foi o petista Pedro Uczai. E neste caso, ele agiu coerentemente com que sempre ele e o partido pensaram e agiram: o inchamento e privilégios para o setor público.

EM GASPAR

Enquanto aqui, no sábado, e em pré-campanha, o pré-candidato a prefeito pelo PSL, Sérgio Luiz Batista de Almeida, sindicalista, funcionário público municipal licenciado, evangélico, ex-vereador, agora bolsonarista, fez e distribuiu um vídeo nas suas redes sociais e nos aplicativos de mensagens cobrando coerência dos políticos para este e outros casos, repercutindo a coluna “Olhando a Maré” de sexta-feira, feita especialmente para a edição impressa do jornal Cruzeiro do Vale, o mais antigo, o de maior circulação e credibilidade em Gaspar e Ilhota.

“Ao mesmo tempo em que eles impõem congelamento de salários para os servidores ou despesas a mais para os pagadores de impostos, desempregados e falidos pela pandemia, eles próprios não dão exemplos de sacrifícios”, sintetizou Sérgio no seu vídeo.

E para isso, Sérgio citou dois exemplos, sempre lembrados aqui na coluna: o alto salário do prefeito Kleber Edson Wan Dall, MDB, de R$27.356,69 e que continua intocável, bem como a diminuição de apenas 20% de salário de vereador só por dois meses e que vai para o quinto mês de enrolação na tramitação da Câmara e que não está, mais uma vez, na pauta da sessão desta terça-feira. Acorda, Gaspar!

VENENO I

Quando a inteligência é um desserviço para os políticos espertos e um perigo para os manipulados

No dia 19, logo cedo, na área de comentários, um leitor da coluna identificado como Alex Marcelino, toma tento e escreve sobre este espaço e este escriba: “comentários inteligentes e corajosos; mas infelizmente alguns depreciam Gaspar, esse é o problema (a maioria parece focar em motivos ruins)”.

Excelente! Entenderam? O leitor sempre tem razão, tanto que ele pode expressar bem claramente a sua posição e preocupação. Batata!

Não o conheço, então não posso fazer juízos de valor. Por outro lado, neste ingênuo e curto comentário dele, está embutido, no mínimo, uma contradição e duas verdades imutáveis que fazem da coluna sucesso de audiência, mas ao mesmo tempo, e não apenas por isso, controvertida, provocativa e indesejada, para se dizer o mínimo.

Ou seja, há tantas colunas, programas de rádios, bem como espaços e contas nas diversas mídias sociais em Gaspar, mas é a “Olhando a Maré”, há 15 anos no Cruzeiro do Vale que a maioria, mesmo com raiva, lê, ou gostaria de escrevê-la, quando expresso algo do sentimento dos que estão calados, intimidados, cerceados, amordaçados ou impedidos por várias razões – incluindo a política, foro íntimo e o da necessária sobrevivência -, sobre os tais “motivos ruins” das coisas de Gaspar.

E se isso não fosse pouco, devo lembrar ao leitor que há tantas outras opções de leituras de gente que só enxerga, ou está obrigada a enxergar os “motivos” ou o lado bom de tudo. Então, nada mais razoável do que também alguém se estabelecer nesses tais “motivos ruins”.

CONTRADIÇÃO E VERDADES

Qual a contradição no comentário do leitor? Ele reconhece que não se trata de uma coluna de social, fofocas, achismos ou que esteja à paga de alguém. O próprio Alex revela que para fazê-la, é preciso “coragem” e “inteligência”, ao se tratar temas tão sensíveis quanto reais da cidade, dos cidadãos e principalmente dos gestores públicos e políticos que estão ou querem o poder de plantão para si ou seus grupos de interesses.

Contudo, depreende-se do comentário do mesmo leitor, que esta “inteligência” e “coragem” deveria estar a serviço da louvação e não da tentativa de destampar as feridas para bem diagnosticá-las nos mecanismos da transparência e dialética, e assim ir à devida cura.

E quais são as duas verdades, para ficar só nelas? Há problemas! E não sou em quem afirma isso: é o comentário expresso do próprio leitor na crítica que me faz. E que revelá-los, esse ato feito por mim com “coragem” e “inteligência”, deprecia Gaspar, pois explora os “motivos ruins”.

Cai um avião. É uma notícia ruim. Morre gente. É uma notícia ruim. É preciso “coragem” e “inteligência” para apurar e principalmente, noticiar as possíveis causas.

Essas são os tais “motivos ruins”, que esclarecidos e não esquecidos, fizeram da aviação o meio de transporte mais seguro do mundo, contrariando interesses pessoais, patrimoniais, políticos e técnicos dos pilotos, equipe de manutenção, donos de empresas aéreas e principalmente, engenheiros aeronáuticos, fabricantes de aviões e desenvolvedores de tecnologias e seus componentes.

Não é à toa que Boeing tirou do ar o 737 Max (foto). Ele consumiu bilhões de dólares em pesquisas, produção (400 unidades produzidas 387 entregues ao preço médio de US$110 milhões cada), testes além da geração de milhares de empregos diretos e principalmente indiretos.

O 737 Max começou a voar comercialmente somente em maio de 2018 e todos eles estão há mais de um ano em solo, tudo para rever o seu projeto de navegação na inteligência eletrônica que era tido como o mais avançado da indústria aeronáutica. Avançado, moderno, entretanto derrubou duas aeronaves novinhas, matando centenas de passageiros e tripulantes...

Bom. Eu poderia escrever mais um daqueles textões sobre “coragem” e “inteligência” os quais incomodam os poderosos no poder, ainda mais em grotões como Gaspar e Ilhota. Contudo, prefiro encerrar este com três observações.

A primeira é que agradeço participação do leitor. Ela é importante e dá chances para que eu possa esclarecer os que me leem. A segunda é de que conclui que não posso mudar; é que não consigo colocar os “motivos ruins” para debaixo do tapete e quando este é o endereço dele, a cidade e os vulneráveis perdem neste jogo de gato e rato, ou seja, os aviões caem e gente se estrepa, morre. E a terceira, é o incentivo do próprio leitor: é preciso “coragem” e “inteligência”, neste mundo feito de espertos que manipulam desinformados, medrosos e vulneráveis para servir aos seus interesses e manter aviões com graves problemas de engenharia no ar, num ambiente de excelência preventiva.

Enquanto eu as tiver, “coragem” e “inteligência”, estarei a serviço dos menos esclarecidos, dos que estão sendo censurados, humilhados e agredidos naquilo que não podem expressar nem aqui, nem nos seus próprios espaços. São os políticos e os gestores públicos que precisam colocar em solo para reparo aquilo que está apodrecido. Acorda, Gaspar!

VENENO II

Qual a melhor definição de hipocrisia? Depende do lado onde você está e deseja usá-la para se justificar ou esconder o injustificável


Ciro (à esquerda) rebate memes do ex-vereador e comunicador, Miro Sávio (à direita) e que mostram ele como o maior gastador de diárias na Câmara de Gaspar: é hipocrisia e disputa eleitoral  

Segundo o dicionário, “hipocrisia é ato ou efeito de fingir, de dissimular os verdadeiros sentimentos, intenções; fingimento, falsidade”.

Escrito isso, é certo também que além deste, outro espaço com viés investigativo e crítico em Gaspar – e com acesso direto do ouvinte -, é na Rádio Comunitária Vila Nova. Ali o seu presidente, incomoda o establishment gasparense. Ela é tocada pelo comunicador Miro Sávio. Ele já foi vereador pelo antigo PFL e hoje está filiado ao PL e decidido, depois de muitos anos, a concorrer novamente a uma vaga na Câmara. Este é um esclarecimento necessário. Os interesses estão em ambos os lados.

Numa de suas denúncias, há semanas, Miro mostrou como o presidente da Câmara, Ciro André Quintino, MDB, usou e bem acima da média se comparado aos demais vereadores, as diárias a que tem direito como vereador. Virou hit o meme com sentido de denúncia. Logo, a indignação tomou conta das redes sociais e principalmente nos aplicativos de mensagens.

Cai na besteira de interpelar Ciro, gente boa, populista, jogador como poucos políticos nos bastidores. Ele até já foi à uma palestra minha e que a achou desnecessária. Ciro virou num bicho. Afinal, tinha pouco o que explicar. “Ele [Miro] quer ser candidato. Acha que falando mal dos outros, vai se eleger”.

Retruquei: “Isso eu sei. A cidade inteira sabe. Mas, você gastou ou não gastou isso em diárias, dinheiro público?”, dando corda para que ele virasse o jogo, pois aqui ele já apareceu no passado com o mesmo defeito de fabricação, remoeu, engoliu a seco e se reelegeu com facilidade.

“Em quatro anos, talvez... Como todos. Deveria mostrar o quanto eu trouxe. Isso é hipocrisia”, emendou enfezado.

“Os outros [cada um] também gastaram R$25 mil em diárias em quatro anos?”, insisti. “Não sei. O Portal Transparência está lá, para ver. Também tem que ver o que trouxeram de recursos”, insistiu na reação, demostrando desconforto. Como eu vivo bisbilhotando os portais, sabia dos montantes e retruquei: “Ok. Então. Lá diz que nem chegaram perto [os outros 12 vereadores se comparadas as diárias do Ciro]”.

Primeiro, é preciso alguma manha para acessar esta conta – e outras - no Portal da Transparência na Câmara. Ele é feito para não ser acessado por curiosos.

Segundo, está claro, que de longe, Ciro foi o que mais usou esta verba até agora: R$27.250,00, que deve se somar aos R$2.820,00 do seu assessor Renê Muller, bem como parte do segundo que mais utilizou as diárias, o motorista da Câmara Rui Góes Vieira e que até o momento perfazia um total R$19.410,00, mas servindo a todos nestes quase quatro anos.

E os destinos preferenciais de Ciro, segundo o mesmo Portal? Florianópolis no gabinete do deputado Jerry Comper, e a Jaraguá do Sul, no escritório político do deputado Federal Carlos Chiodini, ambos do MDB, e de quem Ciro é cabo eleitoral dos dois por aqui.

A CONFUSÃO DO DINHEIRO PÚBLICO E A PUBLICIDADE LEGAL

Informado que era novamente o líder neste tipo de gastos, Ciro partiu para o ataque: “Não sei. Não entro em polêmicas. Os mesmos que criticam, são os mesmos que pedem dinheiro público para patrocinar seus órgãos de imprensa”, numa referência direta à rádio do Miro, que por lei, possui impedimentos para receber verbas públicas e indiretamente, a crítica era a todos que têm que se ajoelhar e se calar contra a cidadania, a liberdade de expressão por causa do dinheiro público que recebem da Câmara, da prefeitura... Obedeceu o político no poder de plantão, levou; ou...

“Outra. Trazer recursos, uma obrigação do político para a sua cidade está ligada a ele ter altas diárias, ou proporcional ao que ele traz como se fosse uma comissão? O vereador já não tem salário para fazer isso pela comunidade? Quanto eu pedi para a minha coluna para você?”, questionei clara e diretamente Ciro. Ele me respondeu na lata: “Não falei no seu nome. Temos que parar com hipocrisias”.

O populismo de Ciro o obriga a ter um programa bem bacana na Rádio Sentinela. Outros vereadores têm, mas, nem fazem tanto sucesso como ele faz. É do jogo. Nada contra. Entretanto, Ciro, mais uma vez confunde as coisas entre dinheiro público, publicidade legal e a privada, base de um negócio chamado comunicação e que ele usa para se promover: a rádio, o programa de rádio...

Como Ciro me provocou, como sou ouvinte dele e ele sabe disso, eu estiquei a corda. “Ok. Como você sustenta o seu programa na rádio e que você compra o espaço para usá-lo?”. E ele, disse-me o óbvio: “cara, tenho patrocinadores. É só escutar. Agora, achar que é das diárias, é uma vergonha”.

É aqui que está o nó da questão. Primeiro, ninguém afirmou que o dinheiro das diárias é que sustenta o programa do Ciro no rádio, ou outro tipo de promoção político-eleitoral. Segundo que tudo tem um custo. Não cai do céu: nem rádio, nem jornal, nem portal, nem rede social, nem festa de igreja. “Ok. Você está certo. Você tem patrocinadores. As rádios e jornais também tem patrocinadores. Ou você acha que eles vivem do que?”, esclareci.

Os meios de comunicação fazem negócios. Eles têm que pagar impostos, funcionários, equipamentos, insumos como papel, impressão ou energia.

A verba pública, quando há, deve ser equânime, investida dentro da lei. E por que o gestor público ou o político faz isso? Não deveria para beneficiar o dono da rádio, da tevê, do jornal, do portal, da mídia social. E sim para informar o que está fazendo e esclarecer a sociedade em veículos que realmente tenham audiência.

E o que se vê, não raramente, e isto não me refiro a Gaspar, mas de um modo em geral – e isto está bem claro na briga do governo de Jair Messias Bolsonaro, sem partido com a imprensa e o incentivo aos chamados gabinetes do ódio – é que há privilégios a quem se alinha ao poder de plantão, ao que finge não ver os problemas dos políticos e gestores públicos. A verba é pública, o interesse deve ser público também e longe do interesse eleitoral ou da promoção pessoal.

E neste caso, Ciro dá um bom exemplo: ele possui patrocinadores privados, simpatizantes da sua causa e do seu trabalho. Lícito. Justo. É assim que fazem as empresas quando anunciam em qualquer mídia. Elas falam ao público, vendem o seu peixe e querem o melhor retorno para seus produtos, marcas e corporações. Metem a mão no seu próprio bolso, escolhem os melhores canais para os públicos de seus produtos, serviços e imagens corporativas. É um jogo de trocas. Nem mais, nem menos.

Contudo, no mundo político, essa lógica tenta a todo momento ser subvertida. E não é de hoje. E não vai parar, mas cada vez está sendo mais policiada.

Por isso, concluí ao Ciro: “esse negócio das suas altas diárias [só na comparação com os demais vereadores, pois no fundo, Ciro faz o que é permitido na lei ele fazer] não é de hoje. Você sabe disso. Sabia do risco. Isso já foi motivo de comentários na minha coluna há tempos. Você mandou bananas. Só que a percepção do eleitorado está mudando. É isso que penso e vocês estão desprezando [à nova percepção do eleitorado]. Como não tenho nada a ver com isso, vou continuar olhando a maré, e registrando”. Ciro continuou a se justificar e acusar seus adversários.

As urnas de 2018 deram recados claros e derrubou muita gente convicta de que estava no poder e podia tudo. As urnas de 2020 podem revelar que este movimento de adaptação continua em curso. Por prudência, os políticos no poder de plantão deveriam colocar ao menos a barba de molho. Os tempos estão muito estranhos, no mínimo para desafiar o desconhecido. Acorda, Gaspar!

PSL de Gaspar protocola denúncia no Ministério Público por vantagem indevida de ex-secretário que está pré-candidato a vereador

Ato dele é provocativo e repetitivo. A pergunta é: isso vai adiantar alguma coisa para quem se diz como corpo fechado diante das instituições de fiscalização?

Já escrevi várias vezes aqui: a secretaria de Assistência Social em Gaspar e não apenas no governo de Kleber Edson Wan Dall, MDB, mas nos de Pedro Celso Zuchi, PT e até de Adilson Luiz Schmitt, MDB, é um mecanismo de desassistência social. Ela é um reduto de politicagens e erros sistemáticos nas políticas públicas a favor dos mais vulneráveis.

É um ambiente extremamente fragilizado diante das ações mínimas do poder público para mitigar a pobreza, as quebras de valores e os laços sociais mínimos das famílias. O Ministério Público tem parte de culpa nesta conta. A politicalha é oportunista. Basta ver quantas pessoas são pré-candidatas neste ambiente que deveria ser o amparo de gente em extrema necessidade.

Vamos a um fato e o mais recente, entre tantos.

O ex-secretário de Assistência Social é declarado pré-candidato a vereador. Ele está usando a máquina pública municipal e contra a lei. E não é de hoje. Está tudo às claras. Está nas redes sociais e nos aplicativos de mensagens, alguns deles suprimidos providencialmente e por orientação. Só pensou em distribuir comida e falar com os pobres de rua quando candidato e não ciomo secretário e par exibir fotos na propanganda eleitoral antecipada. Agora, o PSL de Gaspar resolveu bater de frente com esta situação clientelista político-partidária e levou sua queixa formalmente sobre a penúltima do ex-secretário de Assistência Social ao Ministério Público.

A denúncia do PSL, para além do abuso explícito, da vantagem indevida do ex-secretário em relação aos demais adversários e até mesmo dos pares de partido, mostra a convivência da máquina de votos em que se transformou o governo de Kleber para alguns próximos e principalmente, à absurda submissão dele aos caprichos eleitorais de seus protegidos.

Eles expõem Kleber como um fraco. Só ele não enxerga isso. E faz tempo.

O ex-secretário não é secretário porque a lei assim impede. Faz quase quatro meses que foi exonerado da do cargo. Ele está afastado da função de educador social há duas semanas, onde é efetivo, porque a lei assim diz que tem que ser para quem quer ser candidato a alguma coisa.

Tudo isso, contudo, não foi suficiente para que ele não gravasse um vídeo onde estampou uma foto dele com o prefeito Kleber e fizesse um discurso diante da porta do gabinete de Kleber para postar nas suas redes sociais e aplicativos de mensagens. O que ele afirmou na gravação propaganda? Que diante da previsão de frio intenso a partir da quinta-feira passada, graças à proximidade e ao pedido que ele [candidato, pois não estava na condição de secretário ou educador devido aos afastamentos obrigatórios], o prefeito Kleber iria abrir o abrigo emergencial para atender os mais necessitados e vulneráveis de Gaspar.

Meu Deus!

Ou seja, o ex-secretário, mesmo distante da função por obrigação legislativa, fez o que deveria fazer a recém nomeada secretária de Assistência Social em cargo em comissão e não fez, porque entre outras, está gravando programas políticos, como estamparam fotos nas redes sociais nos últimos dias.

KLEBER FOI ENFRAQUECIDO POR QUEM DEVIA LHE FORTALECER

Kleber não enxergou neste ato, que o ex-secretário lhe retirou a liderança nata e obrigatória naquilo que é só dele, Kleber como prefeito. E por que? Este anúncio, o próprio prefeito Kleber – em campanha de reeleição - é quem deveria ter feito a Gaspar e aos gasparenses, como, por exemplo, fez o prefeito de Florianópolis, Gean Loureiro, DEM, já na segunda-feira, ou seja, dois dias antes do que se anunciou por aqui.

Gean mostrou que é ele quem está no comando da cidade e anunciou as providências mínimas e óbvias como administrador que é da capital dos catarinenses. Entenderam? Gean não ficou a reboque de um ex-assessor e pré-candidato a vereador. Incrível! Kleger por linhas tortas, acabou dizendo à sociedade, que o seu ex-secretário é quem deveria ser candidato a prefeito; tem mais visão, atitude e ação, mesmo que demagógica, eleitoreira e oportunista.

Quem mesmo orienta essa gente no poder de plantão em Gaspar?

O PSL fez a denúncia, de verdade, foi para sentir até que ponto o poder de plantão em Gaspar está protegido pelas instituições de fiscalização, para as quais diz estar com o “corpo fechado” e por isso pode tudo.

Se o assunto vingar no Ministério Público e posteriormente na esfera eleitoral, ele vai pegar o ex-secretário e impedi-lo de ser candidato a qualquer coisa nestas eleições. E se pegar, de alguma forma, as barbas de outros irão ao molho por situações semelhantes, muitas delas, documentadas preventivamente e registradas em cartório, diante do sumiço de provas tão comuns na internet e nas redes sociais. Acorda, Gaspar!

TRAPICHE

O líder do governo Kleber Edson Wan Dall, MDB, na Câmara de Gaspar, Francisco Solano Anhaia, MDB, é um caso para Freud. Ele já foi cabo eleitoral do PP e principalmente do mais longevo dos vereadores, José Hilário Melato. Quando resolveu deixar de pedir votos para os outros e ele próprio ser candidato, escolheu o PT. Eleito, lá “cortaram” as asas porque tinha outra fila e nela ele estava na preferência da sua Margem Esquerda. Ficou sentido.

Desde então e abrigado no MDB, o PT não saiu do espírito de Anhaia e do modo dele em reagir distribuindo culpas daqueles que ele próprio representa hoje na Câmara. Tudo o que acontece de errado e é denunciado, ou ouvido nos pronunciamentos, foi o PT que começou, que fez ou é o mau exemplo. E é exatamente por isso que o PT é oposição e Anhaia situação, porque disse aos eleitores e eleitoras que faria diferente do PT.

Será que Anhaia, Kleber e os “çabios” que o orientam nesta manjada desculpa esfarrapada não perceberam isso ainda? Estão obrigados em decorrência de serem governo e vidraça, rebolarem e não se justificarem, como fazem em todas as sessões, entrevistas sem perguntas óbvias, discursos e nas postagens nas redes sociais.

Na sessão passada, o vereador petista Dionísio Luiz Bertoldi reclamava da manutenção de uma ponte de madeira no Gaspar Alto e objeto de uma “indicação” dele para repará-la. Banal! Anhaia na liderança do governo disse que aquilo era mais uma herança de 12 anos do governo de Pedro Celso Zuchi.

Supondo que seja verdadeira à alegação de Anhaia, Kleber provou que não conseguiu se desfazer da herança petista em quase quatro anos de governo até mesmo num simples pontilhão de madeira em favor de uma comunidade quase isolada. Resumindo: tudo continua igual como antes. Pela prova dos noves de Anhaia, nem PT, nem MDB com PP, PSC, PDT, PSDB e agora com o PSD estão cumprindo a parte que lhes cabe na atual gestão dos problemas da cidade.

O MDB de Gaspar está comemorando a participação do ex-prefeito de Blumenau e ex-candidato a governador, Napoleão Bernardes, ex- PSDB, e agora no PSD, em lives por aqui. Na eleição passada, Napoleão emprestava apoio a Andreia Simone Zimmermann Nagel e que desta vez, se for candidata a alguma coisa, estará em oposição a Kleber Edson Wan Dall, MDB, e Marcelo de Souza Brick, PSD e que de adversário, está aliado a Kleber nesta eleição.

O PP está caindo pelas tabelas na aliança do sapo com a cobra que têm mais uma vez com o MDB, pelo poder em Gaspar. Na primeira experiência no tempo de Adilson Luiz Schmitt o resultado dela, todos na cidade conhecem o desfecho.

O PP deve perder a vice-prefeitura para o PSD de Marcelo de Souza Brick e pior: o PP ainda não viu sinalizada quais as compensações que terá com essa troca em favor da continuidade do poder e dos votos que as pesquisas dizem para o MDB que o PP não tem mais.

Por isso, o PP está choramingando pelos cantos e blefando nos discursos. Primeiro o PP não é mais o da década de 1980, quando era o principal rival do antigo MDB. Foi justamente por ter se enfraquecido, não se renovado, que ele acabou ficando refém do MDB para ambos derrotar em 2004 a surpresa de 2000, o petista Pedro Celso Zuchi.

Segundo, o PP diz que é capaz de se alinhar com outros partidos. A pergunta certa a se fazer é: quem está disposto a se aliar com o PP e o que o PP, afinal, tem na sua cesta para oferecer de dote na “nova” aliança, além da sede de ocupação de carguinhos no primeiro e vários escalões da prefeitura?

Terceiro, o MDB sabe da “força” do PP, pois foi o MDB desde aquela aventura com Adilson que vem minando o PP. Então, não precisa ser adivinho paras saber que ao PP, além do MDB, resta-lhe o PT com quem sempre teve afinidade de negócios operacionais bem expressos no mensalão e principalmente no petrolão, cujo representante mais relevante e influente dessa parceria por aqui, era o ex-deputado Federal e ex-presidente estadual do partido, João Alberto Pizzolatti Júnior. Ele caiu em desgraça e está sendo providencialmente escondido.

A força, o blefe ou a surpresa do PP já tem data para serem conhecidos: será no dia dois setembro, quarta-feira que vem.

O PL, o DEM e o PSL – dizem - que não querem o PP. Eles como o MDB sabem que parte da má imagem está na inércia da vice-prefeitura de Kleber; na má imagem que Melato criou no Samae e que deu na CPI da drenagem da Frei Solano, ou nas ações e obras fora do prumo da secretaria da Agricultura e Aquicultura que foram parar na Delegacia e no Ministério Público, ocupada por André Pasqual Waltrick.

O PP, por isso e por outras, não vai deixar a descoberto o que fez e não fez na gestão de Kleber para que pague a conta sozinho. E por que? Porque sabe como os do MDB agem. Dá nisso, a aliança do sapo com a cobra numa mesma balaia. Precisa saltar parta não ser picado pela peçonha.

Nada foi mais dolorido do que a saída do Samae e do governo na semana passada, do braço direito, esquerdo, olhos, ouvidos e cabeça de Melato: a então diretora administrativa, a comissionada Janete da Silva.

O vereador está inconformado. Ela também. Ambos acham que no cabideiro da barrosa tinha lugar para ela ao menos até 15 de novembro. Mas, fazer o que? Kleber é o favorito e aí o jeito é engolir até que surja a oportunidade do troco ou da traição na véspera da eleição. Os bombeiros já estão debelando as labaredas.

O MDB de Gaspar já marcou a sua convenção para homologar candidatos e parceiros. Os parceiros, também. Será no dia dois de setembro, quarta-feira da semana que vem. Ela será “on line” a partir das 17h30min, pelo sistema Zomm.

Vai se indicar o candidato a prefeito e vice, formação de coligações, a escolha do nome da coligação, escolha dos candidatos a vereador e poderes para a comissão da Executiva do partido para negociar com outros partidos na formação de coligações e homologações dos parceiros da chapa majoritária.

A volta do futebol de patotas vai ser decidido nesta segunda-feira. O decreto estadual ainda proibia até a edição desta coluna e o assunto será avaliado, ou revisto, no decorrer desta segunda-feira. Mas, Gaspar estava “liberando” no final de semana, contra a determinação maior e fazia pouco caso. E por que? Para demonstrar força e fazer politicagem.

O colunista esportivo do Cruzeiro do Vale, Jerry Oliveira, adiantou que isso seria contra a lei. Mais uma vez, desdenharam. Bingo! A prefeitura depois de dizer que a polícia pouco podia diante do decreto municipal, voltou atrás. Ficaram pendurados os fanfarrões como o presidente da Fundação Municipal de Esportes e Lazer, Roni Jean Muller. Todos queriam “peitar” o governo do estado.

Nem o titular da Fesporte, Rui Godinho da Mota, se arriscou a um palpite. “Estou seguindo orientação da secretaria de Saúde”, quem é quem coordena para o governo do estado na liberação de atividades produtivas, esportivas e lazer no que tange aos protocolos da Covid-19, depois que os prefeitos perderam essa autonomia dada pelo governo do estado e permitiram a expansão da doença em seus municípios.

Essa gente do poder de plantão em Gaspar não entendeu direito o tamanho do buraco da pandemia e principalmente à hierarquia das leis. Vejam como são caolhos. O governo do estado lhes deu até a bengala para uso, discurso e a vitimização à boleirada, influenciadora no ambiente político.

Entretanto, nem essa bengala foram capazes de perceber. Era só, afirmar aos que querem a liberação do futebol de patotas, torneios e outros, o seguinte: “nós somos a favor, nós queremos, mas não podemos. A lei estadual nos impede e vocês vão ser punidos se insistirem”. Impressionante!

Pergunta que não quer calar: vereador que acha um sacrifício se reunir uma vez por semana, em média, uma hora, deve concorrer à reeleição?

Registro. Claudenir Sachetti, 41 anos, mais conhecido como Alemão do Estação Restaurante, liderou um movimento em Gaspar para que pizzarias, restaurantes e bares tivessem as mesmas condições de funcionamento do que outros similares nos decretos municipais. Eles eram obrigados a fechar as 18h. Na época em que seu vídeo viralizou em Gaspar.

E foi a Covid-19 quem calou madrugada de domingo a sua voz para um setor em Gaspar que se viu sem representação na discussão local da retomada econômica. Ele alegava que esse segmento não era ouvido nas decisões da prefeitura. Alemão morreu no Hospital de Gaspar.

Como sempre escrevi aqui: a Covid-19 não é uma gripezinha. E o novo normal, é saber dribla-la minimamente, e com regras preventivas simples: máscara facial em quase todas as circunstâncias, higiene das mãos (álcool em gel ou lavação com água e sabonete), distanciamento social e cuidados redobrados aos que estão no grupo de risco.

Todos esses cuidados são necessários até chegar à vacina com comprovada eficácia na imunização. Depois, é se preparar para outros vírus tão devastadores quanto este e que segundo alguns estudos de gente do ramo, será o nosso novo normal a cada década contra nossas vidas e negócios. Acorda, Gaspar!

 

Comentários

Herculano
27/08/2020 15:19
COLUNA INÉDITA

A coluna Olhando a Maré, inédita e escrita especialmente para a edição impressa das sextas-feiras do jornal Cruzeiro do Vale, do mais antigo, de maior circulação e credibilidade já estava pronta desde quarta-feira e disponível para a redação.

Incrível como ficará atualizada até a semana que vem, mesmo diante dos acontecimentos de ontem e hoje. Acorda, Gaspar!
Herculano
27/08/2020 15:17
EXEMPLO

O ausente senador Dário Berger, MDB, na votação que quis empurrar para o bolsos dos cidadãos desempregados, sem estabilidade e empreendedores falidos mais uma alta conta de reajustes e aumentos do funcionalismo (Federal, Estadual e Municipal), podia tomar como exemplo o deputado estadual petista Fabiano da Luz.

Na votação de hoje para definir o presidente, vice e o relator na Comissão do Impeachment contra o governador, vice e secretário de Administração, promovida pela Alesc, a sessão era presencial e remota ao mesmo tempo, como foi a do Senado na questão do veto.

Fabiano, pela imagem da sua participação na votação de hoje, estava no interior de um veículo de passageiro. Já o senador Dário Berger, com um monte de caros assessores, não conseguiu conectar o seu celular, pago pelos contribuintes e eleitores, com a sessão do Senado, para dar o seu voto, contra ou a favor do veto do presidente Jair Messias Bolsonaro, sem partido, naquela matéria. Meu Deus!
Herculano
27/08/2020 15:06
da série: um retrato. Moisés era a promessa da nova política contra as velhas práticas lideradas pelas oligarquias que dominam e se revezam no cenário político catarinense há mais de 50 anos. Entretanto, Moisés governador e político, esqueceu de fazer a nova política e os velhos métodos e políticos encurralaram ele - e a vice - em menos de dois anos de governo

Carlos Moisés da Silva e a vice Daniela Cristina Reinehr, ambos do PSL, mas diferente entre eles, estão na boca do logo.

DEFINIDOS PRESIDENTE E RELATOR DA COMISSÃO QUE IRÁ ANALISAR PEDIDO DE IMPEACHMENT CONTRA GOVERNADOR DE SC

Reunião foi realizada na manhã desta quinta-feira, no plenário da Assembleia Legislativa. Foram escolhidos também vice-presidente e vice-relator.


Conteúdo do G1 SC. Texto de Karollayne Rosa. A Assembleia Legislativa de Santa Catarina (Alesc) definiu, na manhã desta quinta-feira (27), a presidência e a relatoria da comissão especial que vai analisar o pedido de impeachment contra o governador Carlos Moisés (PSL), a vice-governadora Daniela Reinehr (sem partido) e o secretário de Estado da Administração, Jorge Eduardo Tasca.

O deputado João Amin (PP) foi eleito presidente e a relatoria ficou com Luiz Fernando Vampiro (MDB). Maurício Eskudlark (PR) será o vice-presidente e o deputado Jessé Lopes (PSL) ficou com a vice-relatoria.

A reunião que instalou o colegiado ocorreu no plenário da Alesc, em Florianópolis, e foi transmitida também por videoconferência. O próximo encontro da comissão ainda não tem data definida, mas está previsto para ocorrer após a entrega das defesas de Moisés, Daniela e Tasca.

A comissão é composta ainda pelos deputados Moacir Sopelsa (MDB), Mauricio Eskudlark (PL), Marcos Vieira (PSDB), Ismael dos Santos (PSD), Sergio Motta (Republicanos) e Fabiano da Luz (PT), conforme definido na terça-feira (25).

O pedido de impeachment é de autoria do defensor público Ralf Zimmer Junior. O governador, a vice e o secretário são acusados de crime de responsabilidade ao conceder reajuste salarial aos procuradores do estado, no ano passado, visando à equiparação com os procuradores jurídicos da Assembleia. Com isso, os salários passaram de R$ 33 mil para R$ 38 mil.

O processo foi aberto oficialmente na Alesc desde 30 de julho. Em 5 de agosto, o Tribunal de Justiça suspendeu a tramitação, a pedido da defesa de Moisés, sob o argumento de que o trâmite não respeitou as fases referentes à ampla defesa. Porém, o Supremo Tribunal Federal derrubou a liminar por solicitação da Assembleia Legislativa e o caso foi retomado. Os advogados do governador ainda tentam reverter a situação judicialmente.

Próximos passos

Nos próximos encontros, os parlamentares da comissão especial vão analisar a representação contra Moisés, Daniela e Tasca, assim como suas respectivas defesas, que devem ser apresentadas até o dia 2 de setembro.

Estão previstas cinco sessões ordinárias até que seja emitido o parecer que vai resultar no projeto de decreto legislativo (PDL) que definirá pelo acatamento ou não do impeachment, o que deve ocorrer até o dia 16 de setembro. O parecer deve ser deliberado pela comissão antes de ser enviado para votação em plenário.

O PDL será publicado no Diário Oficial após a deliberação e colocado para discussão e votação em sessão ordinária 48 horas após a publicação. A votação deverá ser aberta e nominal.
Herculano
27/08/2020 15:00
da série: mais um retrato de como o governo de Carlos Moisés da Silva, PSL, trabalha contra ele próprio, porque não lidera processos, não domina a máquina de governo e é refém das suas próprias omissões. Governar não é nem de longe comandar. Isto eu escrevi bem antes dele se habilitar lá no primeiro turno.

DESARTICULAÇÃO E FALTA DE COMANDO NO GOVERNO DE SC, por Cláudio Prisco Paraíso

O presidente da Celesc e a maioria de seus diretores, sejam eles quem forem, são indicados pelo governador do Estado. Os nomes são submetidos ao Conselho de Administração da companhia, mas não chegam lá sem o aval do chefe do Executivo.

Muito bem. Daí vem a elétrica estadual e anuncia um aumento absurdo de 8% nas contas de energia elétrica, impactando a vida de absolutamente todos os catarinenses em plena pandemia com a economia ainda juntando os cacos em quase todas as frentes.

Definida a majoração, liderado por Thiago Silva, também nomeado pelo governador, o Procon estadual se posiciona contra o aumento no custo da energia. Na mesma toada, a Procuradoria Geral do Estado é acionada e o governador, que também escolheu o chefe da PGE (Alisson de Bem), se reúne com Silva e de Bem para "articular" uma ação judicial visando a barrar o novo custo da eletricidade em Santa Catarina.

Mas como assim? Não seria muito mais prático e óbvio Moisés da Silva chamar o presidente da Celesc e mandar que o aumento fosse engavetado? A Aneel, a pedido da própria elétrica estadual, autorizou a majoração. Mas a empresa não é obrigada a praticar novos preços.

BIRUTA DE AEROPORTO

Mais um episódio que traz à luz do dia a total desarticulação e falta de comando na máquina estadual. Obviamente, diante da péssima repercussão da notícia do aumento nas contas de energia, o governador está querendo sinalizar que não concorda, buscando dar uma aliviada na sua barra junto à opinião pública.

QUEM MANDA?

Daí ensaiam esse samba do crioulo-doido. Isso é absurdo, o chefe chamar subordinados para entrar com uma ação contra outro subordinado quando o próprio chefe tem o poder de barrar a ação daquele que supostamente está desagradando.

Tudo isso segue conspirando, no conjunto da obra, para o processo de impeachment de Moisés, Daniela Reinehr e Jorge Tasca.
Miguel José Teixeira
27/08/2020 12:44
Senhores,

"Kopenhagen chega aos 100 anos com sucesso mas, à sua revelia, imagem abalada" (O Globo).

Responda decentemente para a Rádio Cercadinho (que está operando à meia-boca, em função da ausência de sua principal fonte, que está à encher de porradas a boca de jornalistas) e ganhe uma barra de chocolate de Joinville:

Quem, à revelia, abalou a imagem da Kopenhagen?

a) O zero 1?
b) O zero 2?
c) O zero 3?
d) O capitão zero 0? E/ou
c) Todos acima?

E, para restaurar a imagem da marca, você concorda em mudar o seu nome para:

a) Bolsochoco? Ou
b) Choconaro?
Miguel José Teixeira
27/08/2020 09:31
Senhores,

Enquanto a Nação pena, o contribuinte "se vira nos 30, a Ilha da Fantasia aproveita (2):

"As despesas médicas pagas pelo Senado.

Em meio à pandemia, de janeiro a julho, as despesas médicas de senadores, ex-senadores e dependentes custaram 7,9 milhões de reais aos cofres públicos.". . .
Leia + em:

https://crusoe.com.br/diario/despesas-medicas-de-senadores-e-ex-senadores-chegam-a-r-79-milhoes/
Miguel José Teixeira
27/08/2020 09:15
Senhores,

Enquanto a Nação pena, o contribuinte "se vira nos 30, a Ilha da Fantasia aproveita:

"Câmara aprova projeto que cria TRF em Minas Gerais"

"Câmara aprova criação de 36 cargos de juiz federal"

Fonte: Boletim da Câmara 26.08.20
Herculano
27/08/2020 08:30
TUDO ARMADO PARA CONTROLAR A LAVA JATO

Conteúdo de O Antagonista. "O julgamento de Deltan Dallagnol definiu que o caso estava prescrito e não poderia ser julgado", diz Merval Pereira.

"Só que julgaram. Todos deram suas opiniões, criticaram a Lava Jato, criticaram os procuradores. Por que fizeram isso?

No final, o advogado do Lula, Cristiano Zanin, disse que ia juntar a opinião dos ministros do CNMP para reforçar os processos no Supremo.

Está tudo sendo armado para que esse corpo estranho no Judiciário, a operação Lava Jato, os juízes de Curitiba, o direito penal de Curitiba, como diz o ministro Gilmar Mendes, seja controlado".
Herculano
27/08/2020 08:27
COMEMORANDO

O Delegado Chefe da Polícia de Santa Catarina e presidente do Colegiado Superior de Segurança Pública e Perícia Oficial - equivalente a secretário de Segurança -, o gasparense Paulo Norberto Koerich, está comemorando queda de 60% nos registros de latrocínio no estado.

É a maior redução em 12 anos, informa.
Herculano
27/08/2020 08:23
da série: a parcialidade dos intocáveis togados no STF é flagrante. Ela compromete a imagem da Justiça como um todo perante a sociedade

INSEGURANÇA JURÍDICA

De Augusto Nunes, no twitter:

Caso anulem a condenação de Lula no caso do tríplex do Guarujá, alegando q Moro ñ agiu com imparcialidade, Gilmar e Lewandowski estarão ameaçando a segurança jurídica q cumpre ao STF garantir e escancarando a parcialidade de dois ministros movidos por motivações políticas
Herculano
27/08/2020 08:19
da série: tudo dominado, ou o poder da corrupção que destrói leis e valores no Brasil, inclusive por aqueles que garantiram que a combateriam se eleitos. Foram eleitos, mas...

STF MANOBRA PARA GARANTIR A DERROTA DA LAVA JATO

Conteúdo de O Antagonista. O STF está tentando arrumar um jeito de soltar todos os criminosos condenados pela Lava Jato.

O plano, diz O Globo, é deslocar para a Primeira Turma o ministro indicado por Jair Bolsonaro, transferindo Dias Toffoli para a Segunda Turma, no lugar de Celso de Mello.

"Um ministro garantista ouvido em caráter reservado explica que essa tática seria importante para evitar expor o novo ministro do Supremo às pressões da Lava Jato, já que a Segunda Turma é a responsável pelos processos da operação. Na verdade, seria uma forma de garantir que os placares de causas penais fossem sempre 3 a 2, porque Toffoli também é um expoente do garantismo no Supremo."

O jogo é combinado com o Palácio do Planalto, claro.
Herculano
27/08/2020 08:14
da série: faltam votos, Moisés, faltam votos. Antes faltou fazer à prometida nova política dos discursos e esperanças da campanha pré-outubro de 2018. Na omissão de Moisés no poder e naquilo que era seu papel, os da velha política, estão praticando aquilo que mais sabem fazer, ou seja, ocupar os espaços e fortalecendo-os. Se vira Paulinha.

A PEDRA QUE ESTÁ NO CAMINHO DA COMISSÃO, por Roberto Azevedo no Making of

Se o mandado de segurança impetrado pela líder do governo, deputada Paulinha da Silva (PDT), não render nenhum efeito, os nove integrantes da comissão especial que analisará as defesas no processo de impeachment reúne-se nesta quinta (27), às 11h, para definir o presidente, o vice e o relator.

O deputado Moacir Sopelsa (MDB) deixou o isolamento social e o trabalho remoto e veio de Concórdia para a Capital do Estado com o intuito de presidir a votação, que, pela relevância do processo contra o governador Carlos Moisés, a vice Daniela Reinehr e o secretário Jorge Eduardo Tasca (Administração),será no plenário da Assembleia com transmissão ao vivo pela TVAL.

É praticamente certo que Sopelsa, Jessé Lopes (PSL), Maurício Eskudlark (PL), Sérgio Motta (Republicanos), Ismael dos Santos (PSD) e Fabiano da Luz (PT) escolham o colega João Amin (PP) para comandar os trabalhos e Luiz Fernando Vampiro (MDB) para relator da comissão, enquanto Marcos Vieira (PSDB), deve ser o vice-presidente.

UM ESPAÇO

Paulinha tenta com o mandado de segurança mais do que uma mudança na escolha dos integrantes da comissão especial, que poderá dar o start para o afastamento dos três alvos do impeachment, pretende um espaço entre as nove cadeiras para defender Moisés e Daniela.

A estratégia também contempla a busca por ganhar tempo, pois se o Judiciário respaldar o pedido de liminar que questiona a forma de escolha dos nomes pelos líderes, o prazo de análise das defesas, que termina dia 16 próximo, será prorrogado, mais uma vantagem tática para quem é acusado de crime de responsabilidade por ter equiparado os salários dos procuradores do Estado com os da Assembleia.

DE FATO

Apenas Jessé, Eskudlark e Ismael não são líderes e não fizeram uma autoindicação, os demais se enquadram neste contexto, tanto em partidos quanto em blocos.

Tanto que, além de Paulinha (líder do governo e da bancada), Onir Mocellin (PSL), José Milton Scheffer (PP), Vicente Caropreso (PSDB) e Marcius Machado, que proferiu que a escolha não foi o combinado na bancada, votaram contra a formação como ficou da comissão especial. Não seriam os únicos pró-Moisés, mas os que questionam a supremacia dos líderes, prevista no Regimento Interno da Assembleia.

INUSITADO

No início da noite, em despacho, o desembargador Roberto Lucas Pacheco mandou os advogados da deputada Paulinha da Silva retirarem o nome do deputado Julio Garcia, presidente da Assembleia, do mandado de segurança que questiona a forma de escolha dos membros da comissão.

No entendimento do magistrado, é Milton Hobus (PSD), líder da bancada e do bloco onde se encontra o PDT, que deveria ser responsabilizado pelo fato da líder do governo ficar de fora da indicação.
Herculano
27/08/2020 08:07
da série: os espertos políticos e gestores públicos sabem disso, e fazem de tudo para que os pobres precisem dos políticos na troca de votos e fiquem longe das políticas públicas que protegem os vulneráveis automaticamente e com menor custo para toda a sociedade

É SIMPLESMENTE FALSA A OPOSIÇÃO ENTRE RIGOR FISCAL E POLÍTICAS PÚBLICAS, por Fernando Schüler, Professor do Insper e curador do projeto Fronteiras do Pensamento. Foi diretor da Fundação Iberê Camargo, no jornal Folha de S. Paulo.

Concordo integralmente com os que consideram "absurda" qualquer comparação entre as histórias de vida e visões políticas de Dilma Rousseff e Bolsonaro. Dilma foi torturada no regime militar, Bolsonaro elogiou o torturador. Dilma simpatiza com Maduro, Bolsonaro com Alfredo Stroessner. São coisas muito diferentes.

O debate econômico é de outra natureza e serve como um alerta a Bolsonaro: caso ele ceda à tentação populista do gasto irresponsável e quebra da regra do teto, poderá levar o país a uma crise parecida com a que vivemos no governo Dilma.

O alerta deveria ser levado a sério por quem decide alguma coisa, à direita e à esquerda, em Brasília. À época do desastre, é bom nunca esquecer, a taxa Selic foi a 14,25%, a inflação passou de dois dígitos e o PIB caiu (2015/2016) mais de 7%.

Enquanto boa parte dos "Faria Limers" ganhavam uma grana legal sem quase nenhum risco (já ouviram falar dos "rentistas"?), a taxa de desemprego duplicou e 4,5 milhões de cidadãos "invisíveis" cruzaram para baixo a linha de miséria, segundo o IBGE.

A brigalhada política pode correr solta, mas a verdade é que o alerta serve pra qualquer presidente que vier daqui pra frente. O recado é o seguinte: uma economia estável, juros baixos, inflação sob controle e contas em dia é um tipo de bem público. Preservar essas coisas deveria ser a primeira preocupação do governo e do Congresso.

Uma economia bem arrumada é um bem que interessa especialmente aos mais pobres. Quem vive do trabalho, não tem o "mercado" para se proteger e precisa de crédito, no dia a dia, para tocar a vida. E isso só se faz superando o eterno falso dilema brasileiro entre realismo fiscal e políticas sociais.

É este o nosso atual dilema. Qual é a saída fiscal responsável para migrar do auxílio emergencial a um programa sustentável de transferência de renda?

O auxílio emergencial criou uma situação inédita no país. Conseguimos reduzir a pobreza extrema, em meio à pandemia e a uma queda histórica do PIB. Estudo do economista Daniel Duque, da FGV, mostrou que o benefício não só impediu a queda de renda dos 40% mais pobres, mas fez com que ela aumentasse.

A crise explicitou nosso drama social. Em 25 estados, há mais pessoas recebendo o benefício do que trabalhadores formais. No Nordeste, há 21 milhões de beneficiários contra pouco mais de 6 milhões de carteiras assinadas.

O dado que mais me chamou a atenção vem dos economistas Ecio Costa e Marcelo Freire, de Pernambuco. Nas suas projeções, o auxílio terá um impacto de 2,5% no PIB brasileiro. Com um forte efeito distributivo. Enquanto em São Paulo o efeito será de 1,4%, no Maranhão será de 8,5%.

É óbvio que Bolsonaro está com um olho na reeleição. Mas quem defenderia que a decisão correta, para o país, é simplesmente desarmar este programa todo e voltar aos parâmetros tradicionais do Bolsa Família?

O governo fala em R$ 300 para cerca de 20 milhões de beneficiários. Só não diz de onde sairá o recurso. Aumentar impostos ou cortar as deduções da classe média no Imposto de Renda não resolve o problema.

É preciso cortar despesa em caráter permanente de modo a preservar a regra do teto. Isso significa fazer reformas. E não passa de conversa fiada dizer que isso será fruto de "escolhas da sociedade". Não será. São escolhas duras que devem ser feitas por quem lidera o país.

Pode-se aglutinar programas já existentes, como o abono salarial, aprovar o projeto dizendo que ninguém ganha acima do teto salarial. Pode-se fazer uma reforma administrativa que valha já para os atuais servidores, como fez o governador Eduardo Leite, no Rio Grande do Sul.

O cardápio é amplo. A confirmação do veto presidencial aos reajustes salariais, decidido pela Câmara, semana passada, serviu como uma luz no fim do túnel. É preciso ir muito mais adiante. Este é o exato momento em que o país precisa produzir um ajuste em seu contrato social. A questão é saber se nossa liderança política estará à altura do desafio.?
Herculano
27/08/2020 07:57
CASOS DE COVID NO BRASIL CAÍRAM 15% ESTE MÊS, por Cláudio Humberto, na coluna que publicou nesta quinta-feira nos jornais brasileiros

Seis meses após o primeiro registro, muitos preferem se concentrar no total de casos de covid-19 no Brasil, desprezando os recuperados e ignorando dados animadores. O número máximo de pessoas infectadas no Brasil, registrado em 8 de agosto, chegou a 818,5 mil, mas esse número foi se reduzindo até os atuais 690,6 mil, uma queda de 15,6%. Além disso, o número de curados superou o número de novos casos.

ALÍVIO NOS HOSPITAIS

A média diária, que chegou a ser de 46,2 mil em julho, segue em queda e está em 37,4 mil. Essa queda de 19% mantém a esperança em alta.

O QUE IMPORTA

No caso dos óbitos, a queda em agosto foi de 11%. Eram 1.066 por dia no início do mês, em média, e atualmente a média é de 949.

QUADRO GERAL

Segundo o Ministério da Saúde, o Brasil tem 3,7 milhões de casos, 2,9 milhões dos quais curados, mas 117.666 pessoas perderam a vida.

PASSANDO O BRASIL

O jornalismo de funerária ficará inconsolável: já com 3,3 milhões de casos, a Índia deve superar o Brasil e assumir o 2º lugar no mundo.

FLORDELIS É Só GRATIDÃO: ESTÁ SOLTA POR CAUSA DE MAIA

Apontada como mandante do assassinato do próprio marido, a deputada Flordelis é muito agradecida ao presidente da Câmara, Rodrigo Maia, que, como ela, é parlamentar do Rio de Janeiro. A criminosa denunciada por filhos e cúmplices não está presa graças a Maia, que mantém na gaveta há 19 meses a proposta de emenda constitucional que extingue o foro privilegiado. Já aprovada no Senado, a proposta poderia ter sido votada na Câmara desde dezembro de 2018, mas Maia não permite.

PROTEÇÃO VERGONHOSA

O privilégio de foro, que encanta o presidente da Câmara, protege e dificulta a punição de eventuais crimes cometidos por 58 mil autoridades.

SENADOR SE REVOLTA

Em vídeo, nesta quarta, o senador Álvaro Dias (Pode-PR), autor original da proposta, expôs sua revolta contra o presidente da Câmara.

A CÂMARA SOU EU

Rodrigo Maia dá preferência a outras coisas, como criar em plena crise da pandemia o Tribunal Regional Federal da 6ª Região (TRF-6), em BH.

TIRO NA HARMONIA

O ministro Luís Roberto Barroso aplicou uma sapatada gratuita em Bolsonaro, acusando-o de "defender ditadura e tortura". Foi mais um tiro na harmonia entre os poderes. Se o objetivo era agradar a plateia do evento do instituto FHC, onde fez a referência agressiva, ele conseguiu.

NÃO AFETOU

O levantamento do Paraná Pesquisa, apontando que Jair Bolsonaro é a autoridade dos Três Poderes com a qual 43,6% mais simpatizam, foi realizado entre os dias 22 e 24, exatamente quando o presidente era muito criticado por suas palavras agressivas contra um jornalista.

ELE ADORA UMA CRISE

Bolsonaro alimenta a fantasia dos que torcem pelo seu rompimento com Paulo Guedes. Ontem noticiaram até um suposto pedido de demissão do ministro. Seria "fake news" se fosse notícia positiva para o governo.

CASO ÚNICO NO DF

O Distrito Federal foi a única unidade da federação que não registrou seca no mês de julho, segundo o Monitor de Secas da Agência Nacional de Águas (ANA), que mantém dados nacionais desde 2014.

BALCONY DE VOLTA

O bar Balcony, o mais premiado de Brasília, frequentado por políticos, jornalistas e descolados, reabre suas portas nesta quinta-feira (27), obedecendo protocolo rígido para não favorecer o contágio de covid.

FESTEIROS DA DESGRAÇA

Ao citar que o Brasil passou os EUA nas mortes por 100 mil habitantes, âncora de TV disse que o Brasil está no "topo do ranking macabro". Outra fake news impune: há nove países com números piores.

MEDIDA ANTI-COVID

A Câmara dos Deputados aprovou lei para repassar R$ 4 bilhões dos pagadores de impostos às empresas de ônibus e metrô de municípios com mais de 200 mil habitantes. Com dinheiro alheio fica fácil.

PASSO IMPORTANTE

Alexander Gintsburg, diretor do Instituto Gamaleya, que desenvolve a vacina russa contra covid, disse em live na Câmara que 100 pessoas receberam a injeção e que elas desenvolveram imunidade por 5 meses.

PENSANDO BEM...

...fora de forma, o craque Ronaldinho Gaúcho levou seis meses para aplicar um drible nos paraguaios.
Herculano
27/08/2020 07:46
da série: está na cara de todos os pagadores de pesados impostos - incluindo desempregados, informais, empreendedores que arriscam suas economias num mundo cheio de burocracia e pegadinhas - que sustentam os políticos capazes de mudar esta dolorida e injusta realidade, mas eles não só a ignoram abusivamente em nome de uma minoria de privilegiados, como eles próprios criam e sobrevivem de privilégios e espertezas para aumentar seus ganhos

ALÉM DOS MARAJÁS, editorial do jornal Folha de S. Paulo

Reforma administrativa deve mudar salário e limitar estabilidade de servidores

As periódicas revelações de supersalários no serviço público, que despertam justa repulsa da sociedade, podem dar a impressão incorreta de que as distorções na remuneração do funcionalismo se limitam a esses casos escandalosos.

Assim fosse, haveria solução mais simples. Bastaria regulamentar, sem espaço para penduricalhos ou interpretações criativas, a aplicação do já generoso teto salarial de R$ 39.293 mensais fixado na legislação - tarefa que o Congresso negligencia há décadas, aliás.

Infelizmente, o gasto excessivo do Estado brasileiro com seu quadro de funcionários, verificável em qualquer comparação internacional, tem motivos mais amplos. O principal deles é a disparidade entre os contracheques do setor público e os da iniciativa privada, que se dá em diferentes níveis de renda e qualificação profissional.

Exemplo eloquente foi apontado em levantamento da FGV Social, noticiado pela Folha, com base nas declarações do Imposto de Renda. Constatou-se que, das 10 ocupações mais bem pagas em média no país, 6 estão no serviço público - em especial Ministério Público, Judiciário, tribunais de contas e elite do Executivo federal.

Ali se veem valores exorbitantes, como os R$ 53,5 mil mensais de procuradores e promotores, e cifras menos chocantes, caso dos R$ 27,8 mil de auditores. Note-se, de todo modo, que essas são médias, incluindo vencimentos de profissionais em início de carreira.

As vantagens do emprego público não se dão apenas no topo da pirâmide. Com dados atualizados até 2017, a pesquisadora Thaís Barcellos mostrou que os salários no Estado são maiores que os da iniciativa privada para trabalhadores de todos os níveis de escolaridade.

Não por acaso, os gastos do Brasil com o funcionalismo ativo ultrapassaram 13% do PIB, patamar só superado, no G20, pela África do Sul, conforme ranking do Fundo Monetário Internacional.

Tal cenário justifica, sem dúvida, uma redução temporária de vencimentos e jornadas de trabalho de servidores, que atravessam sem risco de desemprego a crise da pandemia. Esses cortes muito provavelmente serão necessários, em breve, para o cumprimento do teto dos gastos federais.

Para os futuros contratados, uma reforma administrativa deve fixar novas normas de remuneração, reduzindo salários iniciais - hoje próximos aos do topo - e estabelecendo critérios para promoções. Ademais, a estabilidade funcional precisa ser limitada a apenas algumas carreiras, típicas de Estado.

Não se trata de pregar demissões em massa, defender o Estado mínimo ou outros clichês da retórica corporativista. Trata-se de estimular a produtividade dos servidores e remunerá-la conforme a capacidade da economia do país.
Miguel José Teixeira
26/08/2020 20:35
Senhores,

"Temos gente na universidade federal que não devolve nada ao país, diz Mourão ...

- Veja mais em https://educacao.uol.com.br/noticias/agencia-estado/2020/08/26/temos-gente-na-universidade-federal-que-nao-devolve-nada-ao-pais-diz-mourao.htm?cmpid=copiaecola

Será mesmo que alguém "se-acordou-se". . .

Temos "trocentos" projetos de lei engavetados nos escaninhos do Congresso Nacional, que abordam o "exercício social da profissão", que em síntese é:
"graduou-se em Universidade Pública, exerça a profissão conquistada, socialmente, como forma de ressarcir o Estado.

Todos nós sabemos que não existe almoço grátis!
José Antonio
26/08/2020 18:44
Herculano
O deputado Ivan Naatz esteve esta semana visitando Gaspar, vangloriou-se de ter liberado R$500.000,00 para Gaspar. Aqui o nobre deputado fez exatos 750 votos. Em Penha (30% da populaçao de Gaspar) o nobre deputado fez 681 votos e liberou R$ 1.000.000,00 (um milhao de reais) em emendas, significa que o deputado Ivan Naatz nao valoriza nossa cidade, aqui fez votos e na hora de repassar verbas manda para as cidades que menos deram votos a ele, pensem nisso na hora de votar.
Herculano
26/08/2020 09:15
da série: o governador Carlos Moisés da Silva, PSL, em maus lençóis

IMPEACHMENT DEVE TER PP NA PRESIDÊNCIA E MDB NA RELATORIA, por roberto Azevedo, no Making of

Depois da votação simbólica desta tarde (25), na sessão da Assembleia, o deputado Moacir Sopelsa (MDB, o mais velho entre os integrantes da Comissão Especial do Impeachment, deve encaminhar a votação do presidente e do relator.

A aposta dos deputados é a de que João Amin (PP) será eleito presidente pelos demais componentes da comissão e que Luiz Fernando Vampiro, por ser advogado, fique com a relatoria.

Os dois terão uma tarefa árdua, mas contarão com restrito apoio da maioria dos deputados, empenhados em afastar o governador Carlos Moisés do cargo por até seis meses, assim como a vice Daniela Reinehr e o secretário Jorge Eduardo Tasca (Administração).

A cautela, porém, sugere que ambos os favoritos só se manifestem depois da escolha oficializada.

ARGUMENTOS

Entre os deputados a pressão vem das bases e nada tem a ver com o motivo do pedido de impeachment, a equiparação dos salários dos procuradores do Estado com os da Assembleia.

A maior reclamação é em relação ao pagamento antecipado de R$ 33 milhões junto à Veigamed para a compra de 200 respiradores, sem qualquer garantia de entrega. A lógica está centrada no binômio, garantem os deputados: não se "mexe no dinheiro da merenda escolar ou no da saúde".
Herculano
26/08/2020 09:10
da série: a religião é sagrada, a família é uma concepção social ideal e a filantropia, é um ato de amor (ou piedade) pessoal. O fraco, ou falível, nesta história toda é o homem. Ele sabe que tudo isso são sensações que comovem os outros aos seus objetivos, inclusive os da sua mente criminosa e principalmente no uso político e de poder. Por isso, manipula, mente, constrange, humilha, mata...

SABATELLA, QUE PARTICIPOU DO FILME DE FLORDELIS, DIZ QUE PASTORA "É LOBO EM PELE DE CORDEIRO"

"Aprendi com o tempo a ter mais cautela com quem ostenta tanto a sua autopromoção, beirando a divindade. Lamento demais pelas vítimas destes lobos em pele de cordeiro", declarou a atriz

Conteúdo do site 247 - A atriz Letícia Sabatella, que integrou o elenco estrelado de "Flordelis - Basta uma Palavra para Mudar", em conjunto com vários artistas da Rede Globo, declarou nesta quarta-feira (25) que a pastora, que assassinou seu marido, o também pastor Anderson Gomes, é "um lobo em pele de cordeiro".

"Um crime como este...Horrível. Aprendi com o tempo a ter mais cautela com quem ostenta tanto a sua autopromoção, beirando a divindade. Lamento demais pelas vítimas destes lobos em pele de cordeiro", declarou a atriz em declaração ao portal UOL.

O editor de moda Marco Antônio Ferraz, que dirigiu o documentário "Flordelis - Basta uma palavra para mudar", disse estar arrependido de ter feito o filme que contava a história da hoje deputada federal Flordelis (PSD-RJ), acusada de ser a mandante da morte do marido, o empresário evangélico Anderson do Carmo . "Me arrependo. Se fosse hoje, jamais teria feito esse filme. Não sou cineasta. Sou um contador de histórias e o que contei foi uma mentira diante dos fatos que conhecemos agora", disse Ferraz ao site Metrópoles.

O filme, lançado em 2009, contava a história de Flordelis, moradora de uma favela do Rio de Janeiro que retirava crianças cooptadas pelo tráfico de drogas e as adotava como mãe. O elenco contou com a participação de estrelas nacionais Cauã Reymond, Bruna Marquezine, Ana Furtado, Leticia Spiller, Alinne Moraes, Marcello Antony e Sergio Maron, muitos dos quais optaram por atuar na película sem receber cachê, enquanto outros ainda contribuíram com recursos próprios para que a produção fosse viabilizada.
Herculano
26/08/2020 08:56
Da série: os caros políticos que não legislam, são prescindíveis.

Do deputado Federal paranaense Paulo Eduardo Martins, PSC, no twitter:

Ou o Congresso acorda ou a elite do judiciário tornará o Congresso desnecessário. A "justiça racial" criada pelo TSE do Barroso é mais uma prova disso.
Herculano
26/08/2020 08:50
da série: a milícia é a expressão mais atual do crime organizado, com estrutura de poder na política partidária e influência nas instituições de estado.

WASSEF É INVESTIGADO POR PERCULATO, CORRUPÇÃO, LAVAGEM E ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA

Conteúdo de O Antagonista. Wassef é investigado por peculato, corrupção, lavagem e organização criminosa
Frederick Wassef está sendo investigado pelo MPF do Rio de Janeiro.

Um relatório do Coaf, obtido por O Globo, diz que a "Wassef & Sonnenburg Sociedade de Advogados e Frederick Wassef são alvos de procedimento de investigação criminal por suspeita de peculato, corrupção ativa e passiva, lavagem de dinheiro e organização criminosa".

A reportagem acrescenta que a investigação "não possui relação com o caso das rachadinhas (...). O objeto é mantido em sigilo".
Herculano
26/08/2020 08:40
PESQUISA: BOLSONARO VIROU CAMPEÃO DE SIMPATIA, por Cláudio Humberto, na coluna que publicou hoje nos jornais brasileiros

No auge da popularidade, o presidente Jair Bolsonaro virou uma espécie de "Mister Simpatia" para a maioria dos brasileiros. Levantamento nacional realizado pelo instituto Paraná Pesquisa para o site Diário do Poder, revela que Bolsonaro é considerado, de longe, a mais simpática das mais altas autoridades do País. Diante da pergunta "Com qual dessas pessoas o Sr.(a) simpatiza mais?", 43,6% cravaram o presidente. Em seguida vem "nenhum", com 23%. Do total, 5% não quiseram opinar.

MAIA BEM ATRÁS

O presidente da Câmara, Rodrigo Maia, está com distantes 16% nessa pesquisa que aferiu a simpatia das autoridades junto à população.

TOFFOLI, DEPOIS ARAS

Dias Toffoli, presidente do Supremo, com 5,9%, e o procurador geral da República, Augusto Aras, com 3%, estão nas posições seguintes.

LANTERNINHA ANTIPÁTICO

Está na lanterninha das autoridades mais simpáticas dos Três Poderes o presidente do Senado, Davi Alcolumbre: tem só 2,8%.

DADOS DA PESQUISA

O levantamento Paraná Pesquisas, realizado entre os dias 22 e 24 deste mês, ouviu 2.280 pessoas em 208 municípios de 26 estados e no DF.

MANOBRA DE MAIA E ALCOLUMBRE AFRONTA A HISTóRIA

A manobra dos presidentes Davi Alcolumbre (Senado) e Rodrigo Maia (Câmara) para mudar a Constituição e garantir mais dois anos à frente das Casas tem sido considerada uma afronta à História do parlamento brasileiro. Desde a promulgação da Constituição, sempre foi claro para todos os parlamentares, sobretudo para os que a escreveram, a importância da alternância que a dupla ambiciosa pretende jogar no lixo.

O LONGEVO

Maia assumiu em 2016 e, reeleito duas vezes, já é o deputado a presidir a Câmara por mais tempo ininterruptamente. Ainda quer mais dois anos.

APEGO AO PODER

Eleito pela turma antiRenan, Alcolumbre joga suas fichas na manobra. Pesam o medo de retornar ao baixo clero e não se reeleger em 2022.

CURIOSO ENCONTRO

No dia da derrubada do veto aos reajustes de servidores, Alcolumbre estava em SP trocando figurinhas com Alexandre de Moraes (STF).

SENADO DEVE DESCULPAS

O Senado convocou Paulo Guedes para ele explicar por que ele disse que era "um crime" derrubar do veto de Bolsonaro impedindo uma farra bilionária. Na verdade, os 42 senadores irresponsáveis é que deveriam pedir desculpas ao País, por meio do ministro da Economia.

'DORILULA' VEM AÍ?

Como os políticos costumam mandar às favas os escrúpulos, o petista Rui Costa, governador da Bahia, afirmou em entrevista que no vale-tudo contra Bolsonaro, ele topa aliança até com o PSDB e o DEM.

SEM ALTERNATIVA

O ministro Sebastião Rego Junior, do STJ, não teve opção senão dar prisão domiciliar a Mizael Bispo: não houve contestação do pedido, nem por parte do ministério público, nem do juízo original. O assassino de Mércia Nakashima alegou fazer parte do grupo de risco de covid-19.

CONTRA A EXPLORAÇÃO

O deputado Bacelar (Pode-BA) tenta manter "gratuita e antecipada" a escolha de lugares em voos comerciais. A vergonhosa Anac permite que as empresas aéreas cobrem pela marcação de assentos.

CAUSA E CONSEQUÊNCIA

Não há como dissociar a investida da gangue paulista "PCC" no Rio, que ontem a Polícia Federal tentou impedir, da decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) proibindo as polícias e combaterem o tráfico de drogas.

BRIGA PARA GOVERNAR

O governo do Distrito Federal teve de apelar ao Superior Tribunal de Justiça para obter autorização para construir um posto de saúde no Vale do Amanhecer, cidade próxima a Brasília onde há a sede de um grupo religioso, que não quer a obra. Para essa gente, o povo que se lixe.

CONSELHEIRO REINTEGRADO

Os advogados Lázaro Gomes Júnior, Tassia Borges Gomes e Grazielli Brandão Gomes conseguiram importante vitória no STF, nesta terça: a reintegração do conselheiro Valter Abano ao Tribunal de Contas do MT.

VIAGEM EM ANO ELEITORAL

Nesta quinta (27), o presidente Bolsonaro viaja a Foz do Iguaçu para lançar a pedra fundamental da obra de duplicação da BR-469, a via de acesso ao aeroporto. É melhor 'jair' viajando em ano eleitoral.

PENSANDO BEM...

... o PT só torrou R$75 mil em bandeiras porque é dinheiro que estava na carteira surrupiada do bolso do pagador de impostos.
Herculano
26/08/2020 08:32
da série: a intimidade desnudada por criminosos ideológicos. A arte da intolerância é a mesma, depende do lado que se está

HACKERS VAZAM DADOS DE MICHELLE

Conteúdo de O Antagonista. Os hackers do Anonymous Brazil divulgaram no Twitter dados supostamente roubados de Michelle Bolsonaro.

Entre as informações vazadas estão números de telefone, e-mails e números de cartão de crédito
Herculano
26/08/2020 08:29
BOLSONARO TEM DE COMPRAR BRIGA SOCIAL OU DERRUBAR O TETO PARA BANCAR PLANO VERDE-AMARELO, por Vinicius Torres Freire, no jornal Folha de S. Paulo

Falta dinheiro para plano verde-amarelo; ideia é mexer em servidores e vinculações

Jair Bolsonaro quer mais do que dobrar a despesa com o Bolsa Família, associar o programa a um plano de emprego e rebatizá-lo de "Renda Brasil" ou de "Alguma Coisa Verde Amarela". Não há dinheiro.

Assim, o governo faz um psicodrama fiscal em público: "Bolsonaro quer"; "heroica equipe econômica se debate" para encontrar o tutu. Não vai achar a não ser que:

1) derrube o teto de gastos;

2) corte salários de servidores: vai ser a próxima ofensiva, que tem apoio de Rodrigo Maia e ganha ares de campanha;

3) acabe com vinculações e indexação de despesas previstas na Constituição (como o piso para saúde e educação ou o reajuste do salário mínimo pela inflação);

Dado o teto de gastos, apenas é possível aumentar a despesa com o Bolsa Família Amarelo arrumando dinheiro em outra parte do Orçamento (zerando o gasto em obras ou dando cabo de programas sociais como o abono salarial).

Mesmo assim, fica-se longe do Renda Brasil de Bolsonaro: R$ 300 mensais para 20 milhões de famílias daria um aumento de despesa de quase R$ 40 bilhões. Por ora, derrubando o abono e algo mais, haveria pouco mais de metade desse dinheiro.

A história de financiar o Renda Brasil com o fim das deduções com instrução e saúde do Imposto de Renda é ficção (a não ser que se invente gambiarra). Haveria mais receita com esse aumento de imposto, de resto justo, mas o gasto desse dinheiro estaria limitado pelo teto.

Até o final deste mês, o governo tem de mandar para o Congresso o Orçamento de 2021. Em tese, teria de mandar tão logo quanto também as emendas constitucionais que permitiriam reduzir salários de servidores, desvincular despesas e derrubar o abono salarial. Ou então inventar um arranjo qualquer para fazer com que tais dinheiros, quando livres, pudessem ser gastos em outra coisa.

Mais que isso, Paulo Guedes quer vincular a nova renda básica à redução de impostos sobre a folha salarial, para o que conta com uma espécie de CPMF. Note-se o tamanho do salseiro.

O governo vai fazer tudo isso, de uma vez só? Tanta emenda constitucional que mexe com tanta gente, com o funcionalismo e que aumenta imposto?

Além do mais, vazou para os jornais um rumor de que o ministro da Economia quereria também complementar a renda de quem estivesse no Renda Brasil e tivesse emprego "verde-amarelo", de modo a fazer com que o rendimento final do beneficiário chegasse a pelo menos um salário mínimo. Muito bem, mas não há dinheiro, repita-se, dado o teto etc.

Guedes quer bancar seus programas sem mexer no teto de despesas, fazendo com que o gasto seja mais eficiente e também mais justo em termos sociais, diz. Tudo bem. Em termos econômicos, apenas mudar a despesa de uma rubrica para outra não vai resolver o provável problema de cortar os gastos deste ano de calamidade: uma redução de meio trilhão de reais terá qual efeito na atividade econômica de 2021?

O governo passou uma tinta e consertou a fiação do programa Minha Casa Minha Vida, reinaugurado com o nome de Casa Verde Amarela, mas que terá pouco mais dinheiro e, no fundo, não mexe com o problema urbanístico-social do programa petista. Vai ter juros menores, talvez inclua mais gente e vai renegociar os atrasados (mas, na pobreza ainda mais acentuada de agora, é difícil ver como o calote não voltará a crescer). Não dá para aumentar o Casa do Picapau Amarelo porque, entre outros problemas, não há dinheiro.
Herculano
26/08/2020 08:22
CRôNICA DE UMA CRISE ANUNCIADA, por Carlos Brickmann

Bolsonaro, bastou subir nas pesquisas, voltou a falar. Péssima ideia: para ofender o jornalista que quis saber por que o casal Queiroz depositou R$ 89 mil na conta de Michelle Bolsonaro, disse que o coronavírus é mais perigoso para os bundões. Ofendeu parentes e amigos de 120 mil mortos pelo Covid.

Mas a crise anunciada é muito pior do que sua renúncia à boa educação. A crise tem duas vertentes: uma, a que o levou a falar, as dúvidas despertadas pelas ações de Queiroz, do advogado Wassef (que pagou mais de R$ 10 mil ao urologista de Queiroz) que o representava e a seu filho Flávio; e à fritura de Paulo Guedes, mais uma vez deixado de lado.

A crise Paulo Guedes (veja as próximas notas) talvez seja só fumaça: ele já mostrou mais de uma vez que está disposto a engolir muito sapo desde que fique no cargo - e, se sair, o máximo que terá de solidariedade serão frases do tipo "coitado, ele não tem culpa nenhuma! Ele não fez nada!" Mas a outra crise, pela reação que causou no presidente, tem potencial para machucá-lo.

Lembrando: quando foram descobertos os primeiros depósitos de Queiroz na conta de Michelle Bolsonaro, o presidente disse que eram a devolução de um empréstimo de R$ 40 mil que ele havia feito ao amigo. Não há registro de depósito de Bolsonaro na conta de Queiroz. Há as suspeitas de rachadinha sobre Flávio, há os inquéritos do STF sobre notícias falsas que passam pelo Gabinete do ?"dio (no Planalto, pertinho do gabinete presidencial). Há mais.

FORMAÇÃO DE FAMÍLIA

Com Ana Cristina, Bolsonaro teve boa evolução patrimonial. O casal comprou 14 apartamentos, terrenos e casas, cinco dos quais em dinheiro vivo, o que é legal, mas incomum. Um lote, comprado por R$ 160 mil, foi vendido por ela cinco anos depois, por pouco menos de R$ 2 milhões (na época, já estava separada). O argumento de que o Governo petista roubou muito mais não tem valor: ilegalidade não tem piso a partir do qual passa a ser punível.

Claro, sempre é possível que tudo seja explicado, mas ameaçar encher de porradas a boca do repórter que fez a pergunta nada explica.

NA FRIGIDEIRA

O ministro Paulo Guedes deveria ter apresentado ontem o que chamou de Big Bang, seu projeto de retomada econômica pós-pandemia que envolveria o Renda Brasil - uma espécie de Bolsa Família melhorada e ampliada. Mas não apresentou: Bolsonaro não gostou do Renda Brasil, achou R$ 247,00 pouco (embora bem mais do que a média de R$ 191,00 do Bolsa Família) e pediu a reformulação do projeto, para torná-lo mais compreensível e simples.

Em compensação, houve a triunfal apresentação do programa Casa Verde e Amarela, pelo ministro do Desenvolvimento Regional, Rogério Marinho, que prevê a construção de 350 mil habitações populares até 2024, junto a um plano de regularização de terrenos, reforma de moradias em mau estado, financiamento para ampliação de residências, tudo com juros mais baixos do que os do Minha Casa, Minha Vida e com estímulos específicos para Norte e Nordeste. Os juros dos empréstimos ainda não foram definidos. O Imposto Ipiranga Paulo Guedes, ministro da Economia, que segundo Bolsonaro seria o dono do pedaço, não apareceu. Disse que tinha outras reuniões a fazer.

MENOS UM

Não seria surpresa para esta coluna se um badalado ministro deixar seu posto, inesperadamente, e ganhar um bom cargo em Brasília ou no Exterior.

BAYERN, CAMPEÃO E ANTINAZISTA

O meia Leon Goretzka e o lateral Joshua Kimmich, titulares do Bayern de Munique e vencedores da Champions League, doaram US$ 80 mil ao Museu de Auschwitz-Birkenau, na Polônia. Os campos de concentração de Auschwitz e Birkenau, explicam, fazem parte da história da Alemanha e da Polônia. "Todos temos o desafio de garantir que um dos capítulos mais sombrios da história humana não se repita. É importante para nós ajudar a garantir que a cultura da lembrança permaneça, mesmo na pandemia". Ambos criaram a WeKick Corona, para ajudar a combater o coronavírus.

Bela atitude, compatível com a bela história do Bayern de Munique, que reagiu ao nazismo. Seu presidente, Kurt Landauer, e o técnico, Richard Kohn, eram judeus; caçados, exilaram-se na Suíça. O clube declarou que Landauer continuava presidente e que, embora seguindo as leis impostas pelo nazismo, discordava da ideologia.

Num amistoso do Bayern na Suíça, Landauer estava na arquibancada. O time inteiro foi até lá para aplaudi-lo e só parou quando agentes nazistas os ameaçaram. O atleta olímpico Wilhelm Simetsreiter fez questão de tirar uma foto ao lado de Jesse Owens, negro que ousou derrotar os favoritos alemães. Os nazistas decidiram apreender os troféus de prata do Bayern. O capitão do time, Conrad Heidkamp, os escondeu e salvou. Após a guerra, Landauer voltou à Alemanha, foi eleito presidente do Bayern e ficou até 1951. Ainda agora, torcedores do Bayern homenagearam Fritz Landauer, que teve a coragem de resistir à ditadura
Herculano
26/08/2020 08:17
POR QUE QUEIROZ DEPOSITOU R$ 89 mil NA CONTA DE MICHELLE BOLSONARO? por Elio Gaspari, nos jornais O Globo Folha de S. Paulo

O Ministério Público não tem pressa e a pergunta virá muitas vezes

Em 2018 Jair Bolsonaro era o presidente eleito quando teve que explicar um depósito de R$ 24 mil feito pelo faz-tudo Fabrício Queiroz na conta de sua mulher. À época ele disse que esse dinheiro se relacionava com uma dívida de R$ 40 mil que o ex-PM tinha com ele.

O senador Flávio Bolsonaro conversou com Queiroz e deu-se por satisfeito: "Ele me relatou uma história bastante plausível e me garantiu que não há nenhuma ilegalidade."

O vice-presidente eleito Hamilton Mourão acrescentou o essencial elemento de dúvida: "O ex-motorista, que conheço como Queiroz, precisa dizer de onde saiu este dinheiro.(...) Algo tem, aí precisa explicar a transação."

Passaram-se dois anos e nada aconteceu de bom para os Bolsonaro. O depósito de R$ 24 mil podia até ser parte da quitação de uma dívida de R$ 40 mil. Mas o ervanário depositado pelos Queiroz foi de R$ 89 mil. Bolsonaro não gosta de ouvir essa pergunta, mas precisa se habituar a conviver com ela. A ideia de "meter a porrada" em quem a faz é inútil, porque ela virá muitas vezes do Ministério Público. Os procuradores não tem pressa, só perguntas e até hoje os Bolsonaro não contribuíram para o esclarecimento do que seriam seus rolos com Queiroz.

O que em 2018 eram movimentações financeiras estranhas de um faz-tudo virou coisa mais pesada. Onze servidores alocados nos gabinetes dos Bolsonaro faziam depósitos nas contas de Queiroz. Entre eles estavam a ex-mulher e a mãe do ex-PM Adriano da Nóbrega, um miliciano foragido, que foi morto numa operação policial no interior da Bahia. Queiroz nunca deu uma explicação convincente para seus rolos. Sumiu e apareceu na casa de Atibaia do advogado Frederick Wassef.

O doutor defendia os interesses de Flávio Bolsonaro. Todas as conexões de Queiroz tinham o aspecto comum às malfeitorias da pequena política do Rio de Janeiro, até que os repórteres Luiz Vassalo, Rodrigo Rangel e Fabio Leite revelaram que o doutor Wassef recebeu R$ 9 milhões para defender os interesses da JBS junto à Procuradoria-Geral da República e aos tribunais de Brasília. Em outubro passado, meses antes da manhã em que Fabrício Queiroz foi preso em sua casa, Wassef estava a serviço da empresa. Atravessaram a rua para entrar no caso Queiroz.

A JBS é hoje a maior empresa do país em receita, superando a Petrobras. Produzindo alimentos, ela foi uma das "campeãs nacionais" durante o consulado petista e tornou-se uma vaca leiteira para as criaturas que habitam aquilo que o doutor Paulo Guedes chamou de "pântano político, (com) piratas privados e burocratas corruptos".

Em 2017 Joesley Batista, um de seus controladores, quase derrubou o governo de Michel Temer gravando uma conversa escalafobética que teve com ele para azeitar o acordo de colaboração que fecharia com o procurador-geral Rodrigo Janot.

Em 2018, quando o Coaf desconfiou das contas de Queiroz, puxando-se os fios chegava-se aos Bolsonaro, e às pizzarias de Dona Raimunda, mãe de Adriano da Nóbrega. Passaram-se dois anos, nenhuma pergunta foi respondida e, puxando-se o fio do ex-PM faz-tudo dos Bolsonaro, bateu-se em Wassef, que teve como cliente a JBS, uma das maiores empresas de alimentos do mundo.
Herculano
26/08/2020 08:10
da série: não será surpresa se isto acontecer em Gaspar. Se faz o diabo para se eleger, quando eleito vira a vida dos eleitores e cidadãos num inferno. A deputada Federal fluminense Flordelis, PSD, que o diga.

CANDIDATO A VEREADOR NA BAHIA DISTRIBUI SANTINHO COM BOLSONARO E LULA

Conteúdo de O Antagonista. Pré-candidato a vereador em Santa Maria da Vitória, no interior baiano, Marcos Henrique Barros Pereira, dono de uma loja de celulares na cidade de 40 mil habitantes, colocou Jair Bolsonaro e Lula no mesmo santinho virtual, relata o Estadão.

Neguinho Celular, como Pereira é conhecido, disse que seu objetivo com a montagem, que ele encomendou a um amigo, é aparecer agradando a todos.

"Eu falei: 'Isso aqui vai causar. Santa Maria vai fazer resenha disso aqui. E agora estão fazendo no país todo", disse ao jornal paulistano.

"Teve uns que me chamaram de sem noção, outros me chamaram de gênio do marketing e outros falaram que a Nasa tem que estudar minha cabeça", acrescentou.

Especialistas ouvidos pelo Estadão, porém, advertem que a estratégia de Neguinho pode ser irregular - há o risco de que ela seja interpretada como tentativa de enganar eleitores, ao sugerir que tem o apoio de candidatos antagônicos.

VOLTO

Não só engana o eleitor, como está fora da lei que proíbe propaganda antecipada. Ou seja, ele é um político de verdade, que faz da política uma terra de espertos e como ele mesmo disse, a Nasa - e nem ela seria capaz - deveria estudar a cabeça dele e dos políticos por todos os cantos do país.
Herculano
26/08/2020 07:58
A QUE PONTO CHEGAMOS. VALE A PENA ROUBAR O DINHEIRO PÚBLICO DOS PESADOS IMPOSTOS DOS BRASILEIROS, PRINCIPALMENTE OS MAIS POBRES

De Mário Sabino, editor e proprietário da revista eletrônica Crusoé, no twitter:

A Lava Jato virou mais um monumento abandonado no Brasil. Os vândalos a depredam; os pombos a emporcalham - e ninguém está nem aí.
Herculano
25/08/2020 15:40
da série: mais uma na conta da classe média

GUEDES AVISA A BOLSONARO QUE RENDA BRASIL DE R$ 300 DEPENDE DE FIM DAS DEDUÇõES DO IR

Ministro apresentou cenários para novo programa com valores de até R$ 270; presidente pressiona por aumento

Conteúdo do jornal Folha de S. Paulo. Texto de Bernardo Caram, da sucursal de Brasília. Em reunião que terminou sem consenso na tarde desta segunda-feira (24), o ministro Paulo Guedes (Economia) avisou ao presidente Jair Bolsonaro que o novo programa social do governo só terá benefício médio superior a R$ 300 se as deduções do IR (Imposto de Renda) da pessoa física forem extintas.

Para a reformulação do Bolsa Família, que passará a se chamar Renda Brasil, Guedes apresentou propostas de parcelas entre R$ 240 e R$ 270, a depender do desenho da assistência e da extinção de outros programas. Bolsonaro pressiona para que o valor chegue a pelo menos R$ 300.

Segundo relatos feitos à Folha, o desenho elaborado pelos ministérios da Economia e da Cidadania prevê reformulação ou extinção de até 27 programas e benefícios da área social para criar o Renda Brasil. Mesmo no cenário mais amplo, o novo benefício não chegaria a R$ 300. Hoje o valor mensal médio do Bolsa Família é de R$ 190.

O aumento de custo não se dará apenas por conta de uma parcela mais alta da assistência. A equipe econômica faz cálculos para que o novo programa alcance entre 6 milhões e 8 milhões de pessoas a mais do que o número de atendidos pelo Bolsa Família, hoje em cerca de 14 milhões.

Diante do pedido de Bolsonaro, Guedes afirmou na reunião que a alternativa será o corte das deduções médicas e de educação do IR. A avaliação é que essa renúncia de receitas do governo beneficia, em sua maior parcela, famílias de renda média e alta.

De acordo com uma pessoa que estava na reunião, Guedes afirmou ter levado opções para custear o programa e ressaltou que o presidente teria que fazer escolhas -quanto mais programas revisados ou extintos, mais robusto ficaria o Renda Brasil.

Bolsonaro não respondeu prontamente sobre a proposta de eliminar as deduções do IR e teria afirmado que essa opção poderia ser "muito ruim". A medida pode gerar desgaste político. Guedes então respondeu que, sem esse artifício, não haveria recursos para aumentar o programa social.

Segundo interlocutores, o ministro afirmou ao presidente que a extinção do benefício pode gerar uma economia anual de R$ 42 bilhões aos cofres públicos.

Na mesma reunião, como revelou a Folha na segunda-feira (24), Bolsonaro e Guedes discordaram também sobre o auxílio-emergencial. O ministro sugeriu um valor de R$ 270 até dezembro, mas o presidente defendeu uma quantia de pelo menos R$ 300.

Segundo relatos de presentes, Guedes disse que irá avaliar se há espaço fiscal para o valor e ressaltou que dará uma resposta até o final da semana. A tendência, segundo assessores presidenciais, é de que o ministro ceda ao pedido.

Em conversa nesta terça-feira (25) com líderes do governo, no Palácio do Planalto, Bolsonaro disse que a a ideia é nivelar o valor do auxílio-moradia com o do Renda Brasil, em R$ 300.

O primeiro seria pago até dezembro e o segundo, caso aprovado a tempo pelo Congresso, começaria a ser concedido em janeiro. A ideia do presidente é, assim, igualar as duas iniciativas para que não tenha descontinuidade nos benefícios.??

Estudos do Ministério da Economia mostram que as deduções médicas custaram ao governo R$ 15 bilhões em 2017, dado mais recente disponibilizado. A regra das deduções com educação, por sua vez, gerou uma renúncia de arrecadação de R$ 4,2 bilhões em 2019.

Na defesa do fim do benefício, os estudos da pasta apontam que entre 70% e 80% desses recursos acaba nas mãos da fatia mais rica da população. Menos de 10% são direcionados aos mais pobres.

O subsídio ao IR é autorizado pela legislação, que prevê a possibilidade de pessoas físicas deduzirem da base de cálculo do imposto os pagamentos (sem qualquer limite) efetuados, por exemplo, a médicos, dentistas e psicólogos, além de despesas com exames laboratoriais.

No caso de educação, as deduções são limitadas a R$ 3.561,50. Entram na conta despesas como educação infantil, ensino fundamental e médio, graduação, mestrado e doutorado.

A equipe econômica justifica que o país precisará reforçar o atendimento às pessoas de baixa renda após a pandemia do novo coronavírus.

Sob o argumento de que o governo não tem dinheiro para simplesmente ampliar o programa social sem contrapartidas, Guedes sugere a focalização de ações consideradas ineficientes e distorcidas.


Na lista de programas que podem ser extintos para a criação do Renda Brasil, estão o abono salarial e o programa farmácia popular, que, na avaliação da equipe econômica, também direcionam recursos para parcelas da população que estão acima da linha da pobreza.

Outro alvo é o seguro defeso, pago a pescadores durante o período de reprodução das espécies, quando essas pessoas ficam impedidas de trabalhar. Nesse caso, a avaliação é que o programa é repleto de fraudes, com milhares de pessoas recebendo o benefício sem de fato atuarem nessa área.

A dificuldade em fechar o valor foi um dos motivos que levaram Bolsonaro a adiar o anúncio de medidas econômicas e sociais previsto inicialmente para esta terça-feira (25).

Outro problema na definição do valor do Renda Brasil envolve o teto de gastos, regra que limita o crescimento das despesas públicas à variação da inflação.

Ao eliminar programas como o abono salarial ou o seguro-defeso, o governo liberaria o espaço hoje ocupado por essas ações no teto de gastos e, com isso, poderia direcionar os recursos ao novo programa social.

A restrição está nas deduções do Imposto de Renda. Como não são efetivamente um gasto do governo, mas sim uma renúncia de receita, elas hoje não ocupam espaço no teto. Portanto, o fim desse incentivo não abriria margem na regra e ainda seria necessário remanejar recursos de outras áreas.

A indefinição no programa social também deixa em aberto a prorrogação do auxílio emergencial pago a informais durante a pandemia. Guedes defende que o valor da assistência fique próximo ao do Renda Brasil para que haja uma sensação de transição entre os dois programas.

Após a reunião com Bolsonaro, o ministro relatou a auxiliares ter cumprido seu papel de fazer as contas e apresentar as opções, mas ressaltou que agora cabe uma decisão política do presidente sobre o tema.

A decisão final também deve passar por consultas a lideranças partidárias para medir o risco de as propostas não prosperarem no Congresso. Em episódios anteriores, tentativas do governo de revisar programas sociais foram rejeitadas pelo Legislativo.

Na formulação do Renda Brasil, o ministro também chegou a prever que parte do programa seria alimentado com recursos do novo imposto sobre transações aos moldes da extinta CPMF a ser proposto dentro da reforma tributária.

A proposta acabou descartada por receio de que a ideia fosse interpretada como um aumento de impostos para bancar novos gastos. Agora, Guedes quer usar esses recursos apenas para eliminar outros tributos ?"reduzir encargos trabalhistas e ampliar a faixa de isenção do Imposto de Renda.
Herculano
25/08/2020 15:31
da série: quando se fala em estatais logo vem à cabeça as do governo Federal, mas os estados as deles e os municípios, também.

O ROMBO DAS ESTATAIS ESTADUAIS

De João Amoêdo, do Novo, no twitter:

Os estados também tem estatais. E causam prejuízos:

-São 263 estatais estaduais
-114 são dependentes dos governos locais e receberam, pelo menos, R$ 6,2 bilhões, entre subvenções e aumentos de capitais
-87 empresas não informaram dados e não sabemos o impacto no bolso do cidadão

Dados de 2019 do Boletim de Finanças dos Entes Subnacionais do Tesouro Nacional.
Miguel José Teixeira
25/08/2020 15:15
Senhores,

Jornalismo & Publicidade

Segundo o Correio Braziliense, edição de hoje, o Ministro Gilmar Mendes, do STF, comentou sobre a ameaça feita pelo presidente JB ao Jornalista a Globo:

"A liberdade de imprensa é uma das bases da democracia. É inadmissível censurar jornalistas pelo mero descontentamento com o conteúdo veiculado. G. Orwell:

"Jornalismo é publicar aquilo que alguém não quer que se publique. Todo o resto é publicidade".

Já "O Pensador"(https://www.pensador.com/frase/ODM4NzU2/)
afirma que a frase foi atribuída a George Orwell, porém, foi dita por William Randolph Hearst. . .

Matutando. . .se partirmos da essência da frase reconhecida pelo ministro do STF, será que os ministros do TSE não poderiam interpretar as publicações sobre as viagens presidenciais, principalmente pelo Nordeste, como propaganda eleitoral antecipada e paga indevidamente com os recursos públicos?

Com a palavra, os doutos!
Miguel José Teixeira
25/08/2020 13:43
Senhores,

Diante da surpreendente postura do Datena, restou claro que JB deixou de significar Jair Bolsonaro e passou a significar Jair Bundão!

E o messias? Bom. . .está mais para bessias, o "pau-pra-toda-obra" da defenestrada dilmaracutaia.

Ah! Então também temos JB = Jair Bessias ou Jair Bundão!
Herculano
25/08/2020 11:59
da série: governo rachado e Posto Ipiranga sem combustível.

GUEDES NÃO COMPARECE A LANÇAMENTO DO PROGRAMA DE MARINHO, por Cézar Feitoza, de O Antagonista.

O Planalto está lançando agora o programa Casa Verde e Amarela - substituto do Minha Casa, Minha Vida.

O projeto foi remodelado por Rogério Marinho e prevê juros mais baixos e novas formas de financiamento.

Paulo Guedes não está na cerimônia. O ministro alegou ter duas reuniões com secretários do Ministério da Economia para não comparecer ao evento do qual Marinho é protagonista.

Como mostramos, as propostas de Guedes, como o Renda Brasil e a prorrogação do coronavoucher, foram adiadas por causa de divergências entre o ministro e Bolsonaro.
Herculano
25/08/2020 11:54
QUANDO SENTE MEDO, BOLSONARO ARROTA VALENTIA, por Andrei Meireles, em Os Divergentes.

Para o general Heleno, a segurança presidencial, além da proteção do presidente, tem de ser uma espécie de babá de Bolsonaro nas entrevistas quebra-queixos com jornalistas

Dia sim, no outro também, surgem novidades no escândalo das rachadinhas operadas por Fabrício Queiroz nos gabinetes parlamentares do clã Bolsonaro. Essas sucessivas revelações - a bola da vez é o impressionante trânsito de dinheiro vivo por uma franquia da loja de chocolates Kopenhagen a caminho das contas de Flávio Bolsonaro - deixam em pandarecos os nervos presidenciais. E expõem, mais uma vez, uma conhecida fraqueza de Jair Bolsonaro: quando sente medo, arrota valentia.

No auge de sua paranoia com a possibilidade de ser apeado do poder por alguma decisão do STF ou processo de impeachment no Congresso, ele abriu sua temporada de ataques destemperados ao Supremo e ao Parlamento. Por trás de suas ameaças, a mesma motivação de sempre: o pavor de que os rolos no passado recente da família Bolsonaro levem algum de seus parentes para a cadeia e/ou apressem o fim de seu mandato.

Quando ocorreu a prisão de Fabrício Queiroz, e com a mulher dele, Márcia Aguiar, tida como um fio desencapado, foragida, Bolsonaro, que há tempos namorava um acordão com ministros do STF e chefes políticos, resolveu acelerar o processo. Partiu para uma aliança explícita com o Centrão, trocou os insultos por elogios aos políticos, deu certo. Ganhou tempo e foi surpreendido com a rapidez em que a ajuda emergencial de R$ 600 para milhões de brasileiros resultou em apoio em setores da população que antes o rejeitavam.

Isso virou uma verdadeira lua de mel, especialmente com as recepções que tem tido nas visitas cada vez mais frequentes ao interior do Nordeste. O problema é que nem ele nem seus filhos Flávio e Carlos Bolsonaro, os 01 e 02, têm respostas para as comprometedoras novidades diárias no caso das rachadinhas em seus gabinetes parlamentares. Os advogados de Flávio repetem a cada acusação nova a alegação de que ele já deu todas as explicações ao ministério público. Não deu. Daí seus sucessivos recursos em todas as instâncias judiciais para escapar das investigações sobre as rachadinhas.

Carlos Bolsonaro não fala sobre a acusação de funcionários fantasmas em seu gabinete na Câmara Municipal do Rio de Janeiro. Desde a revelação de que os depósitos de Fabrício Queiroz e de Márcia Aguiar na conta da primeira-dama Michelle Bolsonaro foram no valor de R$ 89 mil, o presidente vinha evitando contato com os repórteres que acompanham seu dia a dia, para registrar suas atividades e tentar conseguir respostas nas entrevistas improvisadas, conhecidas no jargão jornalístico como quebra-queixos.

No domingo (23), em frente à Catedral de Brasília, um repórter de O Globo furou o cerco e conseguiu fazer a pergunta que todos esperam um resposta: Presidente, por que sua esposa Michelle recebeu R$ 89 mil de Fabrício Queiroz? Ao reagir dizendo que "minha vontade é encher tua boca com porrada", Bolsonaro deu um tiro no próprio pé. Não vai se livrar dessa cobrança enquanto não providenciar uma explicação minimamente plausível para esses depósitos.

Mas o que mais chamou a atenção nesse lamentável episódio foi o ato falho do general Augusto Heleno, chefe do Gabinete de Segurança Institucional. Ele atribuiu o destempero de Bolsonaro a uma falha da segurança presidencial que não afastou o presidente antes de ele dar uma mal educada resposta a uma pergunta avaliada por eles como inconveniente. Quer dizer: a segurança, que tem como atribuição a proteção física do presidente, ganhou o papel extra de manter jornalistas afastados ou, no mínimo, avaliar que perguntas eles podem ou não fazer ao presidente Bolsonaro.

Os agentes da segurança presidencial, altamente qualificados para a proteção do presidente, passam a ser também uma espécie de babá do comportamento presidencial quando se deparar com jornalistas em suas saídas às ruas. Tem tudo para dar errado.

A conferir.
Herculano
25/08/2020 11:50
da série: o governador Carlos Moisés da Silva, PSL, precisa de votos para sair do impeachment e da CPI dos Ventiladores, simples assim. Essa disputa na jurisdição dele e de gente que o defende não vai trazer ele de volta para o cenário político.

PAULINHA ATACA RALF ZIMMER, QUE RESPONDE NO JUDICIÁRIO!, por Cláudio Prisco Paraíso

O jurista Péricles Prade, contratado pelo defensor público Ralf Zimmer Júnior, entregou as respostas de seu cliente ao juízo da 4ª Vara Criminal de Florianópolis diante de interpelação apresentada pela deputada Ana Paula da Silva. A parlamentar pediu explicações sobre posts que teriam conteúdo de calúnia, difamação ou injúria.

Prade classifica o questionário de infantil e assinala que a deputada não tem competência para tal, pois estaria usurpando funções exclusivas do Ministério Público. E destacou que os autos do processo que baseiam o processo de Paulinha correm sob sigilo. Essa seria a situação de maior "gravidade", segundo o jurista.

Mesmo assim, as perguntas foram respondidas. Nas considerações iniciais da peça, contudo, Péricles Prade, em nome de Ralf Zimmer Júnior, argumentou o que segue:

"... haja vista a forma intolerável adotada, correspondendo, a rigor, a uma desastrada peça com nítido viés de denúncia, com usurpação de competência atribuída com exclusividade ao Ministério Público. 02. Pretende, a interpelante, fazer as vezes de órgão ministerial apontando a existência de infração penal, mas a gravidade maior nessa espécie anormal de denúncia enviesada é que se vale de conteúdo de processo sigiloso, pondo à deriva, inclusive, o princípio/dogma da presunção da inocência, cláusula pétrea garantida pelo art. 5° (LVII) da Constituição Republicana?"

LIGAÇõES

Paulinha, como é conhecida a parlamentar, é líder do governo Moisés da Silva na Alesc. Ralf Zimmer Júnior é autor do pedido de impeachment que tramita na Casa e vem preocupando sobremaneira o Centro Administrativo, pois a possibilidade de degola do governador e da vice é real.

CÂMARA RESGATA

Depois da postura vexaminosa de Esperidião Amin e Jorginho Mello, que votaram pela liberação de aumentos salariais a servidores públicos no Brasil (mesmo que sejam da Educação, Saúde e Segurança), ajudando o Senado a produzir um libera-geral para o funcionalismo do país, é preciso elogiar a postura firme da Câmara dos Deputados. Eles mantiveram o veto de Jair Bolsonaro a esta excrescência oportunista e de viés eleitoreiro.

CONTINGENTE

Dos 16 deputados catarinenses em Brasília, 14 votaram a favor do veto e da nação. Apenas foram contra. Um, Pedro Uczai, petista de cruz na testa, já era esperado. Ele tem votado sistematicamente contra e muitas vezes, sozinho. Deve ser candidato do partido a prefeito de Chapecó.

SURPRESA

Surpreendeu, contudo, o voto de Carmen Zanotto. Nas últimas legislaturas, a parlamentar serrana vem se destacando, ficando sempre entre os melhores catarinenses no Congresso Nacional. Este ano ela se superou. Acabou de ser agraciada com o Prêmio Congresso Em Floco como a terceira melhor da Câmara. Ficou à frente de outros 510 colegas. Feito digno, importante de Carmen Zanotto. Mas que, infelizmente, cometeu um equívoco brutal ao votar pela derrubada do veto presidencial e a hipotética farra de aumentos salariais Brasil afora em plena pandemia.

BASES

Carmen Zanotto é profissional da área de Saúde (enfermeira de formação), representa o setor na Câmara e já foi titular da pasta estadual no primeiro governo Luiz Henrique da Silveira, depois de um período nas funções de adjunta. Certamente, esses fatores pesaram na sua decisão. Mas ela perdeu uma bela oportunidade de melhorar ainda mais sua imagem. Fica esta mácula.
Herculano
25/08/2020 11:42
da série: é preciso explicar mais alguma coisa? Quem deve, não responde e parte para o constrangimento como forma de se defender, animar a sua torcida de imbecis para esconder aquilo que condenou nos outros para chegar no poder.

DE DATENA PARA JAIR, COM MUITO AMOR:" BUNDÃO É O SENHOR!"

Conteúdo de O Antagonista. No seu programa de TV, ontem, José Luiz Datena mostrou contrariedade com o Jair:

"O senhor presidente da República, pelo cargo que eu respeito, e respeito até o presidente Bolsonaro, porque eu gosto dele, ele abre um caminho de duas mãos, porque não pode ofender qualquer cidadão brasileiro da forma como ofendeu, seja ele da imprensa ou não. Eu, por exemplo, sou do jornalismo e não sou bundão, senhor presidente Bolsonaro. Eu não sou bundão. Agora, o senhor me dá o direito de chamar o Jair de bundão. Então bundão é o Jair. Bundão é o senhor!"

E mais:

"Não é o presidente da República, esse eu respeito, mas a partir do momento que você chama a minha classe toda de bundão eu também posso chamar o senhor de bundão. Como todos nós somos bundões? Teve muita gente que perdeu a vida, que deu a sua vida, inclusive durante o regime militar, fazendo matérias. A imprensa brasileira foi fundamental na mudança deste país em várias oportunidades. Então os jornalistas brasileiros não são bundões, pelo contrário. São gente que vai pra rua trabalhar enfrentando dificuldades enormes."

E ainda:

"Como é que o senhor chama toda a nossa classe de bundões? Então, com todo respeito ao cargo de presidente da República que o senhor tem, bundão é o senhor, presidente. O senhor vai me desculpar. Essa é a minha opinião. Com todo respeito que eu tenho ao cargo de presidente, até do senhor que eu gosto, mas bundão não! O que é isso? Chamar a gente de bundão e todo mundo fica quieto."

Com todo o respeito, o senhor bundão ainda não respondeu por que Fabrício Queiroz depositou 89 mil reais na conta da mulher do senhor bundão.
Miguel José Teixeira
25/08/2020 08:51
Senhores,

Como atualmente TRABALHO e resido no DF, arrisco uma resposta à pergunta "Quem trabalha no DF, como estão as coisas aí?", feita na postagem intitulada "EXCESSO DE óBITOS NO DF (E DE FRAUDES)"

"Meu caro amigo me perdoe, por favor
Se eu não lhe faço uma visita
Mas como agora apareceu um portador
Mando notícias nessa fita
Aqui na terra 'tão jogando futebol
Tem muito samba, muito choro e rock'n' roll
Uns dias chove, noutros dias bate sol
Mas o que eu quero é lhe dizer que a coisa aqui tá preta
Muita mutreta pra levar a situação
Que a gente vai levando de teimoso e de pirraça
E a gente vai tomando, que também, sem a cachaça
Ninguém segura esse rojão
Meu caro amigo eu não pretendo provocar
Nem atiçar suas saudades
Mas acontece que não posso me furtar
A lhe contar as novidades
Aqui na terra 'tão jogando futebol
Tem muito samba, muito choro e rock'n' roll
Uns dias chove, noutros dias bate sol
Mas o que eu quero é lhe dizer que a coisa aqui tá preta
É pirueta pra cavar o ganha-pão
Que a gente vai cavando só de birra, só de sarro
E a gente vai fumando que, também, sem um cigarro
Ninguém segura esse rojão
Meu caro amigo eu quis até telefonar
Mas a tarifa não tem graça
Eu ando aflito pra fazer você ficar
A par de tudo que se passa
Aqui na terra 'tão jogando futebol
Tem muito samba, muito choro e rock'n' roll
Uns dias chove, noutros dias bate sol
Mas o que eu quero é lhe dizer que a coisa aqui tá preta
Muita careta pra engolir a transação
E a gente tá engolindo cada sapo no caminho
E a gente vai se amando que, também, sem um carinho
Ninguém segura esse rojão
Meu caro amigo eu bem queria lhe escrever
Mas o correio andou arisco
Se permitem, vou tentar lhe remeter
Notícias frescas nesse disco
Aqui na terra 'tão jogando futebol
Tem muito samba, muito choro e rock'n' roll
Uns dias chove, noutros dias bate sol
Mas o que eu quero é lhe dizer que a coisa aqui tá preta
A Marieta manda um beijo para os seus
Um beijo na família, na Cecília e nas crianças
O Francis aproveita pra também mandar lembranças
A todo pessoal
Adeus"

(Visionário e atualíssimo Chico Buarque)
Herculano
25/08/2020 08:07
da série: essas compras emergenciais na área da Saúde Púbica é uma brecha e principalmente, fachada e pretextos para fraudes continuadas de várias quadrilhas que atuam no setor há muitos anos, ganhando dinheiro que deveria estar salvando vidas de gente pobre.

EXCESSO DE óBITOS NO DF (E DE FRAUDES)

O epidemiologista Otavio Ranzani publicou ontem no Twitter:

Conteúdo de O Antagonista. "Entre muitas coisas que passam pela minha cabeça sobre as barbaridades celebradas hoje em Brasília quanto à COVID19 é que o DF acelera em casos, são mais de 130 mil. E o excesso de óbitos também está em uma subida de chorar. Quem trabalha no DF, como estão as coisas aí?"

As coisas no Distrito Federal estão da seguinte maneira: o secretário de Saúde acaba de ser preso, juntamente com outras cinco pessoas, investigadas por fraudes na compra de testes para a Covid-19.
Herculano
25/08/2020 07:59
A HORA DE PAULO GUEDES, por Pablo Ortellado, professor do curso de gestão de políticas públicas da USP, é doutor em filosofia, no jornal Folha de S. Paulo

Se o bolsonarismo sobreviveu a uma ruptura com o lavajatismo, tudo indica que pode sobreviver a um rompimento com o liberalismo de Paulo Guedes

O bolsonarismo foi um movimento político concebido em 2018 a partir da articulação do conservadorismo moral, sobretudo aquele de orientação religiosa, com o lavajatismo e o liberalismo econômico.

Os dois primeiros tinham uma base social mobilizada sobre a qual se construiu a campanha eleitoral. Apesar de afinidades internas, a aliança se desfez com a saída do governo do ex-ministro Sergio Moro. Será que a aliança com o liberalismo, que é de conveniência, consegue resistir às pressões sobre Paulo Guedes?

A força de mobilização do lavajatismo vinha da grande popularidade da Operação Lava Jato e da vitoriosa campanha pelo impeachment de Dilma Rousseff. A força do conservadorismo moral, por sua vez, vinha do punitivismo penal, que é muito popular, e da campanha das igrejas cristãs contra a ideologia de gênero.

Já o terceiro componente, o liberalismo, não tinha base social significativa. Mas era fundamental porque conferia a um projeto político insurgente legitimidade junto às elites econômicas.

A aliança do conservadorismo com o liberalismo de Guedes não está ancorada em afinidades doutrinárias -como as que existiam com o lavajatismo com quem compartilhava uma inclinação punitivista. Além disso, não dispõe dos laços históricos de compromisso que conservadorismo e liberalismo econômico desenvolveram nos Estados Unidos.

À medida que Bolsonaro compreende que sua popularidade depende da expansão dos programas sociais, Guedes está cada vez mais em perigo. Moro parecia mais indemissível e partiu sem fazer grande estrago.

O radicalismo doutrinário de Guedes tem feito com que reiteradamente busque financiar programa social com cortes em outros programas sociais e que busque compensação fiscal com a introdução de um imposto regressivo parecido com a CPMF.

Quando uma abordagem de senso comum recomendaria financiar uma expansão do sistema de proteção social com um pequeno aumento da carga tributária sobre os ricos ou com um corte nas renúncias fiscais, Guedes tirou do seguro desemprego para financiar o primeiro emprego; agora está querendo tirar do abono salarial para dar ao Renda Brasil e não desiste da obsessão de criar um imposto como a CPMF. Se política social traz popularidade, não faz sentido tirar de uma para dar para outra.

Cedo ou tarde, Bolsonaro vai perceber que não precisa de um ultraliberal na pasta da economia - e que, como Lula demonstrou, é perfeitamente possível combinar uma política econômica razoavelmente responsável, do ponto de vista fiscal, com políticas sociais de impacto.
Herculano
25/08/2020 07:54
EXTINÇÃO DE óRGÃOS PÚBLICOS É 'MÚSICA' PARA RELATOR, por Cláudio Humberto, na coluna que publicou nesta terça-feira nos jornais brasileiros

O relator do Orçamento da União de 2021, senador Márcio Bittar (MDB-AC), afirmou ontem que considera "o tamanho do Estado brasileiro um absurdo" e que está disposto a ajudar o ministro Paulo Guedes (Economia) e o governo Jair Bolsonaro no esforço de reduzir esse custo. Indagado sobre reforma do Estado pra valer, com extinção de órgãos até da Justiça, Bittar admitiu: "Isto é música para os meus ouvidos".

LIÇõES PATERNAS

Bittar aprendeu com o pai, gerindo os negócios da família, a importância do trabalho e o valor do dinheiro desperdiçado no setor público.

APROVAÇÃO NECESSÁRIA

Ele está confiante na aprovação do "gatilho" na Constituição que protege o teto de gastos e permitir reduzir carga horária e salários de servidores.

TETO DESRESPEITADO

Outro teto que preocupa o senador é aquele que limita os vencimentos de servidores. "Essa é uma lei que simplesmente não funciona no País".

VETO PARA SER MANTIDO

Bittar não se conforma com a tentativa de derrubar o veto presidencial, que levou Paulo Guedes, a quem admira, chamar isso de "crime".

TSE LEGISLADOR QUER FIXAR COTA E VERBA PARA NEGROS

O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) retomará nesta terça (25) a "análise de consulta" em que seus ministros assumirão o papel de "legisladores". O TSE discutirá sua nova "lei", destinando a candidatos negros "reserva de vagas e cotas" do Fundo Especial de Financiamento de Campanhas, o Fundão Eleitoral. O autor, ministro Luís Roberto Barroso, que nunca foi filiado, desconhece que é a participação no partido que gera candidatura, não a cota. E é o Congresso que deve deliberar sobre isso, não o TSE.

ESTÍMULO À FRAUDE

No caso das mulheres, a reserva não estimulou maior participação feminina. Estimulou apenas muitas fraudes, como na eleição de 2018.

PLANTAÇÃO DE LARANJAS

A "lei" demagógica obriga o partido a "caçar" candidatos que ocupem cotas e vagas para participar da eleição. Aí nascem os "laranjas".

FRAUDE OU EXTINÇÃO

Com sua "lei", o TSE vai criar um problemão para partidos de municípios do Sul, por exemplo, de população inteiramente branca. Serão extintos?

HIPOCRISIA E OPORTUNISMO

O presidente da Câmara, Rodrigo Maia, disse em 27 de julho que liberdade "não é ilimitada". Ontem, mudou de ideia por completo: liberdade é "um valor inegociável", disse. A diferença? Um caso tratava de bolsonaristas, o outro, de antibolsonaristas.

ASSASSINO CONFESSO

O terrorista italiano Cesare Battisti deixou com a cara no chão políticos, partidos e juristas de meia pataca que defenderam seu "asilo político". De volta ao xilindró, o bandidão canalha logo confessou seus crimes.

CASTA PRIVILEGIADA

O presidente Jair Bolsonaro prorrogou a permissão para reduzir jornada e salário. A medida vale apenas na iniciativa privada, servidor público está em outro nível e, segundo o STF, não pode contribuir com o país.

VOTO DE CONFIANÇA

O ex-ministro Delfim Netto disse ontem que não conhece o senador Márcio Bittar (MDB-AC), relator da "super PEC", mas recebeu ótimas informações. "O Senado precisa se recuperar", afirmou, ainda impactado com a molecagem de 42 senadores, dias atrás no episódio do veto.

A TERRÍVEL

A deputada Flordelis foi indiciada por arquitetar a morte do marido, Anderson do Carmo. Vista por muitos como "terrivelmente evangélica", os relatos dos investigadores revelam ser apenas uma terrível assassina.

GAÚCHO DE VOLTA

Preso, humilhado e retido no Paraguai, cuja Justiça retaliava o Brasil pela ordem de prisão do ex-presidente Horácio Cartes, fabricante do cigarro ilegal vendido no mercado brasileiro, Ronaldinho Gaúcho finalmente foi libertado sem pagar resgate.

APOSTA NO PÂNICO

Na cruzada para manter o clima de pânico, a TV ouviu uma especialista sobre reinfecção por Covid. A doutora tentou desestimular o jornalismo de funerária: "Mesmo confirmado, não é motivo para pânico". Foi inútil.

CRÍTICA DE RICO

Quem minimiza o Renda Brasil de R$247, comparando com os R$191 pagos, em média, pelo Bolsa Família, diz ser "só R$56". Na verdade, é um aumento de 30% na renda de quem mais precisa e fará diferença.

PENSANDO BEM...

... a liberdade de expressão está indefesa: só aparecem defensores do que é expressado e não do direito de se expressar.
Herculano
25/08/2020 07:47
da série: O presidente da República não está obrigado a responder ao repórter, jornalistas e veículos de comunicação. A pergunta é incômoda e tem nexo causal.
Um presidente da República [governadores, prefeitos, parlamentares também] está obrigado e deve uma resposta à sociedade que lhe elegeu, paga e ele a representa. Simples assim!

RESPONDA, PRESIDENTE, editorial do jornal Folha de S. Paulo

Bolsonaro ataca imprensa, mas não explica R$ 89 mil de Queiroz na conta da mulher

Ninguém se iluda com a conduta relativamente branda adotada pelo presidente Jair Bolsonaro desde que lhe ficou patente, pelo anteparo firme das instituições democráticas, a impossibilidade da via autoritária. Era atenuar os modos ou marchar para o impeachment.

O arroubo de incivilidade lançado no domingo (23) contra repórter do jornal O Globo indica que a mudança não passa de adaptação epidérmica, resultante momentânea do choque imposto pela inércia constitucional sobre a atormentada personalidade presidencial.

"A vontade é encher a tua boca de porrada", reagiu o mandatário ao ser indagado sobre os repasses de R$ 89 mil feitos à sua mulher, Michelle Bolsonaro, por Fabrício Queiroz, investigado sob suspeita de integrar esquema de distribuição ilegal de recursos públicos no gabinete do então deputado estadual fluminense Flávio Bolsonaro.

O destampatório anti-imprensa pelo visto rompeu o fim de semana. Nesta segunda (24), quando promovia mais um folguedo em torno da hidroxicloroquina, o presidente afirmou que jornalista "só sabe fazer maldade, usar caneta com maldade" e soltou mais uma provocação com palavra chula.

Talvez a recuperação da popularidade, atestada pela pesquisa Datafolha, tenha instigado no chefe do governo a ressurgência daquele comportamento que tem sido reprimido institucionalmente. Seria uma recidiva fadada ao fracasso.

A imprensa profissional cumpre seu papel quando questiona os poderosos acerca de temas importantes da agenda pública, ainda que incômodos a eles. É o caso de saber com que justificativa dinheiro tomado do contribuinte a título de viabilizar o exercício de um mandato parlamentar foi parar na conta da hoje primeira-dama.

Já o presidente descumpre o seu dever político quando deixa de esclarecer o tema. A responsabilidade, que não é nada mais que a obrigação de dar respostas aos cidadãos, alicerça os pactos sobre os quais se erigiu a democracia.

Intimidar a imprensa, que faz as perguntas, não muda o quadro dos deveres presidenciais. Tampouco o altera apelar a normas caducas da ditadura, como procede o governo ao investir, apoiado na Lei de Segurança Nacional, contra o colunista Hélio Schwartsman, da Folha.

Prestar contas de seus atos não é uma opção do chefe de Estado ou de quem quer que exerça função pública. Trata-se de mandamento democrático que será cumprido cedo ou tarde, de modo colaborativo - que é o mas indicado - ou não.

Em vez de produzir mais fumaça para desviar a atenção do caso Queiroz, seria melhor o presidente explicar por que R$ 89 mil em cheques do famigerado assessor acabaram na conta da primeira-dama.
Miguel José Teixeira
24/08/2020 16:41
Senhores,

Os filhos dos deuses

Será que a fazenda que o tal padre robson comprou em Abadiânia-GO por R$ 6 milhões, era do dublê de curandeiro e estuprador joão de deus?

Sei lá, entende? Essa gente topa tudo por dinheiro!
Miguel José Teixeira
24/08/2020 14:17
Senhores,

1) A emenda saiu pior do que o soneto

Segundo o UOL, O vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ) compartilhou hoje o ataque feito por seu pai, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido), a um repórter do jornal O Globo. O filho do chefe do Executivo usou sua conta no Twitter para postar o vídeo. "E conhecereis a verdade e a verdade vos libertará!", postou....

Huuummm. . .em vez de contar a verdade ao Repórter, o Presidente preferiu ameaçá-lo, pois nesse caso, a verdade está à atormentá-lo.

2) Perguntar não ofende

Pancrácio, não seria mais inteligente, o Cavalão responder ao repórter: pergunta lá no posto ipiranga?

Pancrácio, de tanto levarem porradas de autoridades públicas, os Jornalistas estão mesmo mais vulneráveis à covid-19?

Pancrácio, Jornalistas percebem Adicional de Periculosidade?

Pancrácio, é verdade que os Cursos de Jornalismo serão transformados em cursos de marionetes?

Panxcrácio, tentei fazer estas e outras perguntas no posto ipiranga. Porém, o canal está congestionado com a pergunta:

Presidente, por que a sua esposa recebeu R$ 89 mil do Fabrício Queiroz?
Herculano
24/08/2020 10:41
da série: se o Congresso não complicar como sempre complica para fazer arrêgos ou presidente não boicotar a equipe de Guedes, a coisa tende a entrar nos trilhos mais rápido do que se imagina.

MRCADO MELHORA ESTIMATIVA DO PIB

Conteúdo de O Antagonista. O mercado financeiro reduziu a estimativa para a queda do PIB em 2020: de 5,52% para 5,46%.

Os números são do Boletim Focus divulgados pelo Banco Central toda segunda-feira, com base em pesquisa com mais de 100 instituições financeiras.

Trata-se da oitava semana seguida de melhora desse indicador.

Para 2021, a expectativa do mercado financeiro para o PIB foi mantida em alta de 3,50%.

Quanto à inflação, o mercado elevou a projeção para 2020 de 1,67% para 1,71%.
Herculano
24/08/2020 10:35
DA SÉRIE: OS POLÍTICOS NÃO SE EMENDAM...

De João Amoedo, do Novo, no twitter:

PT, PSOL, PSB, PDT e PC do B, DEM, MDB, PL, PP, PSD, PSDB, Cidadania, Solidariedade, PTB, Republicanos, Podemos e PSL se uniram.

Como esperado, não se uniram em favor do cidadão.

Foram ao STF pedir para abrandar ainda mais o controle do uso de dinheiro público pelos partidos.
Herculano
24/08/2020 10:33
FICÇÃO OU REALIDADE

De Agnaldo Silva, jornalista e autor de novelas, no twitter:

"Me chamo Joelly. Tenho 31 anos. Minha mãe, 45. Minha filha 16 e tá grávida. Nenhuma de nós teve pai presente. Não sei quem é o pai da minha neta. Sou faxineira no Leblon. Moro em Japeri. Pego 3 transportes pra ir pro trabalho". Respondam: esse depoimento é ficção ou realidade?
Herculano
24/08/2020 10:27
da série: política, religião, milícia e poder uma mistura cada vez mais comum e explosiva.

FLORDELIS VIRA RÉ, APONTADA POR MANDAR MATAR O MARIDO, PASTOR ANDERSON; POLÍCIA PRENDE CINCO FILHOS E UMA NETA

O inquérito concluiu que Anderson foi morto por questões financeiras e poder na família. Com a Operação Lucas 12, chega a sete o número de filhos presos. Defesa da deputada ainda não se pronunciou.


Conteúdo do portal G1. Apuração e texto de Bette Lucchese, Felipe Freire e Marco Antônio Martins, Bom Dia Rio, da TV Globo Rio de Janeiro.

A Polícia Civil do RJ e o Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) prenderam nesta segunda-feira nove pessoas pelo envolvimento na morte do pastor Anderson do Carmo, executado com mais de 30 tiros em 16 de junho de 2019.

Segundo a força-tarefa da Operação Lucas 12, a viúva, a deputada federal Flordelis (PSD-RJ), é a mandante do crime. Ela não pôde ser presa por causa da imunidade parlamentar - quando somente flagrantes de crimes inafiançáveis são passíveis de prisão.

As prisões foram expedidas pela 3ª Vara Criminal de Niterói, que aceitou a denúncia do MP e tornou Flordelis ré.

Com a Lucas 12, chega a sete o número de filhos presos no caso. Todos já são réus perante a Justiça.

Nesta segunda, foram presos cinco filhos do casal (Adriano, André, Carlos, Marzy e Simone) e uma neta (Rayane).

A Justiça ainda emitiu mandados de prisão contra dois homens que já estavam na cadeia: o filho apontado como autor dos disparos (Flavio) e um ex-PM (Marcos).

Um sétimo filho (Lucas), que já tinha sido preso por conseguir a arma, foi denunciado na Lucas 12.

Segundo a polícia, antes do assassinato a tiros, Flordelis tentou matar o marido pelo menos quatro vezes - uma delas com veneno na comida.

O G1 entrou em contato com a defesa da deputada, que não tinha se manifestado até a última atualização desta reportagem.

O PSD divulgou nota em que anunciou "a suspensão imediata da filiação" da deputada (leia abaixo).

Resumo

O inquérito concluiu que Anderson foi morto por questões financeiras e poder na família - o pastor controlava todo o dinheiro do Ministério Flordelis, hoje rebatizado de Comunidade Evangélica Cidade do Fogo.

De acordo com as investigações, Flordelis já planejava desde 2018 o assassinato de Anderson.

Após o crime, Flordelis relatou em depoimento e à imprensa que o pastor teria sido morto em um assalto.
A deputada vai responder por cinco crimes: homicídio triplamente qualificado (por motivo torpe, meio cruel e impossibilidade de defesa da vítima), associação criminosa, falsidade ideológica e uso de documento falso. Pelo envenenamento, ela responderá por tentativa de homicídio.

Os policiais saíram para cumprir 17 mandados de busca e apreensão nas cidades do Rio de Janeiro, Niterói e São Gonçalo.

Um dos endereços foi a casa da deputada, local do crime, no bairro de Pendotiba, em Niterói, na Região Metropolitana do RJ, onde quatro filhos foram presos.

O apartamento funcional da deputada, em Brasília, também foi alvo de buscas. Lá, foi presa a neta Rayane. Pouco antes das 7h, policiais civis do Distrito Federal deixaram o imóvel carregando malotes.


'Um enredo', diz delegado

O delegado Allan Duarte, da Delegacia de Homicídios de Niterói, afirmou que Flordelis construiu um "enredo" para chegar à Câmara e construir sua igreja.

"A investigação demostrou que toda aquela imagem altruísta e de decência era apenas um enredo para alcançar a posição financeira e política. Depois que ela alcançou esse objetivo principal de chegar à Câmara dos Deputados, ela colocou em prática esse plano criminoso intrafamiliar", disse.

Allan explicou que "a principal motivação foi financeira". "A gente percebeu que foram realizadas diversas tentativas de envenenamento com doses letais, e esse resultado não aconteceu antes por motivos alheios à vontade dos autores", afirmou.

Já o delegado Antônio Ricardo Nunes, diretor do Departamento-Geral de Homicídios e Proteção à Pessoa, destacou que um quinto da família se envolveu na execução.

"Temos aí 11 pessoas respondendo criminalmente, levando em conta que a família são 55, nós temos 20% da família envolvida nesse crime", afirmou o delegado.

Presos na Operação Lucas 12

A polícia assim dividiu a participação na morte de Anderson.

Presos na casa de Pendotiba (Niterói), local do crime:
Marzy Teixeira da Silva (filha adotiva): cooptou Lucas para matar o Pastor Anderson. Também participou dos envenenamentos;

Simone dos Santos Rodrigues (filha biológica): responsável pelos envenenamentos. Simone buscou informações sobre uso de veneno na internet;

André Luiz de Oliveira (filho adotivo): ex-marido de Simone, foi flagrado em conversas com Flordelis combinando o envenenamento;

Carlos Ubiraci Francisco Silva (filho adotivo): pastor, é citado por participação no planejamento da morte;

Preso em Camboinhas (Niterói):
Adriano dos Santos (filho biológico): auxiliou no episódio da carta falsa;

Presa em Guaratiba (Zona Oeste do Rio):
Andreia Santos Maia (mulher do ex-policial Marcos): auxiliou no episódio da carta falsa.

Presa em Brasília:
Rayane dos Santos Oliveira (neta): buscou por assassinos para as tentativas anteriores, como Lucas. Estava no apartamento funcional da mãe.

Já estavam presos:
Flavio dos Santos Rodrigues (filho biológico): apontado como autor dos disparos, já estava preso e teve um mandado de prisão expedido nesta segunda;

Marcos Siqueira (ex-policial): auxiliou no episódio da carta falsa e já estava preso com mais um mandado de prisão expedido nesta segunda;

Além desses nove, foram denunciados:

Flordelis dos Santos de Souza: é a mentora do crime. Responderá por homicídio triplamente qualificado; tentativa de homicídio duplamente qualificado; associação criminosa majorada; uso de documento ideologicamente falso e falsidade ideológica;
Lucas Cezar dos Santos (filho adotivo): já estava preso, mas não teve mandado de prisão nesta operação.

O nome da operação
"Lucas 12" se refere a uma passagem bíblica. No livro, o apóstolo lembra uma fala de Jesus a uma multidão.

"Tenham cuidado com o fermento dos fariseus, que é a hipocrisia. Não há nada escondido que não venha a ser descoberto, ou oculto que não venha a ser conhecido", disse Jesus.

"O que vocês disseram nas trevas será ouvido à luz do dia, e o que vocês sussurraram aos ouvidos dentro de casa, será proclamado dos telhados", emendou.

"Alguém da multidão lhe disse: 'Mestre, dize a meu irmão que divida a herança comigo'. Respondeu Jesus: 'Homem, quem me designou juiz ou árbitro entre vocês?'"

"Então lhes disse: 'Cuidado! Fiquem de sobreaviso contra todo tipo de ganância; a vida de um homem não consiste na quantidade dos seus bens.'"

Desfiliação

Uma nota assinada por Gilberto Kassab, presidente nacional do PSD, anunciou a suspensão da filiação e prevê a expulsão de Flordelis.

O PSD esclarece que desde o início acompanhou o caso citado e defendeu o andamento e aprofundamentos das investigações.

Diante do indiciamento da parlamentar, o corpo jurídico do partido adotará as medidas para a suspensão imediata de sua filiação e, a partir dos desdobramentos perante a Justiça, serão adotadas as medidas estatutárias para a expulsão da parlamentar dos seus quadros.

Relembre o caso

O crime ocorreu na noite de 16 de junho de 2019. Anderson do Carmo foi morto, com mais de 30 tiros, na garagem da casa onde morava com a família, em Pendotiba, Niterói.

Para a polícia, ficou evidenciada a intenção de matá-lo, sem que Anderson tivesse a chance de reagir.

Em junho deste ano, o G1 mostrou que, segundo a perícia, o pastor levou mais dois tiros após cair baleado no chão - um na lombar e outro no ouvido direito. A informação está no laudo da reconstituição do caso.

Flávio dos Santos, filho biológico de Flordelis, é apontado como autor dos disparos que mataram o pastor. Ele foi preso no velório do padrasto.

Já Lucas dos Santos de Souza, preso horas depois do irmão, é acusado de ter conseguido a arma do crime.

A pistola foi encontrada na casa da deputada. O telefone celular do pastor nunca apareceu.

Flávio e Lucas foram denunciados por homicídio triplamente qualificado (por motivo torpe, meio cruel e impossibilidade de defesa da vítima), com pena prevista de 12 a 30 anos.

Depoimentos conflitantes

Na investigação sobre por que Anderson foi morto, a polícia encontrou divergências nas versões e inconsistências nos depoimentos da família.

Os investigadores já sabiam que, além de diversas igrejas espalhadas pela Região Metropolitana, a família da deputada Flordelis e do pastor Anderson também tinha uma grande influência política na área.

Já se discutia, por exemplo, indicar uma pessoa de confiança a prefeito de São Gonçalo nas eleições deste ano.

A carta falsa

Em novembro, o MPRJ apontou que Flordelis era suspeita de fraudar uma carta em que um de seus filhos confessou ter matado Anderson a mando de um dos irmãos.

A parlamentar, em entrevista, explicou que recebeu a carta das mãos da mulher de um preso. Na correspondência, ainda de acordo com o advogado de Flordelis, Lucas teria revelado que Mizael oferecera a ele um emprego e um carro em troca de um "susto".

"Estão tentando jogar sobre mim uma culpa de um assassinato que não é verdade, que não fui eu, é uma farsa, e vai aparecer o verdadeiro mandante", declarou Mizael.
Herculano
24/08/2020 10:15
PAÍS VAI DAR 'BASTA' AO SACO SEM FUNDOS DAS ESTATAIS, por Cláudio Humberto, na coluna que publicou hoje nos jornais brasileiros

O governo vai mesmo decretar um "basta!" no vazamento interminável de recursos do Tesouro Nacional para bancar 697 empresas estatais, quase todas imprestáveis. Dados oficiais aos quais teve acesso o líder do governo na Câmara, deputado Ricardo Barros (PP-PR), mostram que 88% das receitas das estatais são consumidos em salários, vantagens e penduricalhos que beneficiam funcionários e diretores. Do total, "sobram" só 12% para custeio, despesas e investimentos essenciais às empresas.

COMO MARAJÁS

Espantoso, segundo Ricardo Barros, é também o fato de os salários pagos nas estatais serem bem maiores que os de mercado.

O CÉU É O LIMITE

Outra característica que explica a decadência de quase todas as estatais é que nenhuma delas se submete e todas extrapolam o teto do servidor.

CARA MALANDRAGEM

Interpretação malandra da Lei considera que salários nas estatais são pagos com "receita própria", por isso não se sujeitam às regras do teto.

APROPRIAÇÃO INDÉBITA

A malandragem para driblar o teto consagra uma apropriação indébita: a estatal e suas receitas são dos donos, o povo, e não dos empregados.

AGOSTO DEVE SER 1º MÊS COM REDUÇÃO DE CASOS

Especialistas preveem que agosto será o primeiro mês a terminar com menos casos simultâneos de coronavírus que o mês anterior desde o início da pandemia. A notícia animou o governo e atores do mercado financeiro, que acompanham a redução no número de casos ativos de 818,5 mil em 8 de agosto para 748,2 mil na sexta. A expectativa é que a tendência siga até o fim do mês, abaixo dos 731,2 mil de 1º de agosto.

JÁ FOI MUITO PIOR

Os casos ativos no Brasil subiram 2,3% este mês. Não se comparam aos 505,4% registrados em maio, quando saltaram de 47 mil para 288 mil.

DESACELERAÇÃO GRADUAL

Em junho, os casos ativos passaram para 565,7 mil, alta de 96,2%, e subiram para 731,2 mil ao fim de julho, crescimento de 29,2%.

RECUPERAÇÃO ACELERADA

O Brasil já tem 2,7 milhões de pessoas recuperadas do coronavírus e as curas têm superado as novas infecções há mais de duas semanas.

O FUTURO É LOGO ALI

Líder do Governo no Senado, Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE), recusa retaliar aliados que tentaram derrubar o veto. Mais importante para ele é reunir uma bancada de 49 senadores para garantir a maioria qualificada, com objetivo de aprovar projetos da pauta econômica.

INGENUIDADE

Ao justificar a decisão de trair o Planalto, o senador Izalci Lucas (PSDB-DF), vice-líder do governo, disse que tem "compromissos" com algumas "categorias do serviço público", aquelas que jamais votariam em tucano.

CRESCIMENTO RÁPIDO

O Banco de Brasília (BRB) comemorou 25 mil contas abertas em um mês no banco digital NaçãoBRBFla, lançado em julho junto com o Flamengo. A meta é atingir 1,5 milhão em 5 anos.

PROBLEMA SUPRAPARTIDÁRIO

Meter a mão no dinheiro público não é prática de um partido. O Instituto Não Aceito Corrupção já recebeu, pelo Corruptovírus, 70 denúncias de desvios de dinheiro da pandemia em 21 estados de todas as regiões.

PIADA PRONTA

A Petrobras, um dos pilares do maior esquema de corrupção do mundo, anunciou com pompa que venceu "troféu transparência 2020". "Entre empresas com receita líquida acima de R$ 8 bilhões". Humm...

ENTORNOU DE VEZ

O presidente Jair Bolsonaro, que já se incomodava com problemática relação de Soraya Thronicke (PSL) com bolsonaristas no Mato Grosso do Sul, não entendeu o voto da senadora pela derrubada do veto.

DISPUTA DE ESPAÇO

O procurador Roberto Livianu defende investigações da Polícia Federal, mas acha que delação premiada deve ser feita exclusivamente pelo Ministério Público. Sua posição é considerada corporativista.

FALTOU ASSUNTO

A ex-presidente cassada Dilma Rousseff anda meio relapsa com seus seguidores no Twitter ou falta inspiração. Os 6,3 milhões de curiosos estão sem qualquer novidade da petista há quase uma semana.

SEMIDEMOCRACIA

Fica combinado que falar mal do governo é "exercício da liberdade de expressão", já falar mal do STF é crime.
Herculano
24/08/2020 10:07
O PRIMEIRO CONTATO JÁ OCORREU?, por Ronaldo Lemos, advogado, diretor do Instituto de Tecnologia e Sociedade do Rio de Janeiro, no jornal Folha de S. Paulo.

Cientista propõe que objeto que cruzou espaço em 2017 foi feito por civilização alienígena

Na desaceleração da pandemia, muita gente foi olhar novamente com atenção para o céu. De forma quase irônica, a natureza reservou uma série de fenômenos celestes justamente para o período de distanciamento social.

Houve a passagem do cometa Neowise, que só retornará à terra daqui a 6.800 anos. Houve alinhamento de Marte, Saturno e Júpiter. Aparição relâmpago de Mercúrio, que ficou visível por 50 minutos a olho nu antes do amanhecer. Eclipse da lua. Chuva de meteoros perseidas e e aquáridas.

E, na semana passada, explosão no céu e queda de meteoritos de até 30 centímetros no sertão de Pernambuco.

Se você não comprou um telescópio ou baixou um aplicativo como o Skywatcher para observar o espetáculo em curso, está perdendo.

O que nenhum aplicativo mostra, no entanto, é o debate atual sobre se houve ou não a identificação da primeira evidência de inteligência extraterreste. Quem propõe o debate é Avi Loeb, diretor do departamento de astronomia da universidade Harvard, autor de mais de 700 estudos na área e membro da Academia de Ciências e Artes dos Estados Unidos

Em 2012, a revista Time o elegeu como uma das 25 pessoas mais importantes em ciência espacial.

Ele agora defende a hipótese de que o objeto chamado Oumuamua, corpo interestelar vindo de fora do sistema solar que cruzou nosso espaço vizinho em 2017 (e foi detectado por astrônomos no Havaí), pode ter sido construído por uma civilização alienígena. A trajetória do Oumuamua (palavra que significa "explorador" em língua havaiana) é intrigante. O objeto, que tem a forma de um charuto, foi capaz de acelerar a si mesmo.

A hipótese para explicar esse fenômeno até agora é que ele seria composto de hidrogênio sólido, que ao se aproximar do Sol, teria evaporado rapidamente, propelindo o objeto.

Aí entra o estudo publicado na semana passada por Avi Loeb. Ele busca demonstrar que o objeto não era formado por hidrogênio, tanto que não apresentou a típica "cauda" que cometas apresentam ao se aproximar do sol.

Além disso, o objeto não teria sobrevivido à longa distância interestelar percorrida se fosse feito de hidrogênio.

No estudo, que saiu no Astrophysical Journal Letters, Loeb não só contesta a hipótese do hidrogênio, mas levanta outra de que o objeto poder ter sido propelido por uma vela de luz, estrutura artificial que acelera na medida em que é exposta à radiação solar.

O debate será objeto do seu próximo livro, a ser lançado em janeiro de 2021 com o sugestivo título de "O primeiro sinal de vida inteligente fora da Terra".

Como era de se esperar, a posição de Loeb causou furor e reações violentas. O brasileiro Marcelo Gleiser, colunista da Folha, em entrevista à revista Galileu, disse que "apesar de ter grande respeito por Avi Loeb e conhecê-lo pessoalmente há muitos anos, acho que neste artigo se excedeu".

Loeb reage dizendo que muitos cientistas se apegam ao cargo e às honras, esquecendo que é preciso se arriscar para ampliar a visão de mundo. Para além das implicações cosmopolíticas de uma possível descoberta com essa, me interessa muito saber se o Oumuamua aceitaria pedidos de carona.


Reader

Já era?
Arrombar portas para furtar dinheiro

Já é?
Hackear websites para furtar bitcoins

Já vem?
Copiar a chave física de uma casa só pelo som que ela faz ao abrir a fechadura
Herculano
24/08/2020 10:07
PROTAGONISMO DA VICE, por Cláudio Prisco Paraíso

A vice-governadora, Daniela Reinehr, definitivamente entrou no circuito nacional e estadual para atender demandas de Santa Catarina. Acuada pelo pedido de impeachment, ela partiu para a ofensiva. Recentemente, cumpriu extensa agenda em Brasília, onde levou pleitos estaduais e fez contatos importantes.

Neste diapasão, ela reuniu-se, semana passada, com a diretoria da Fiesc. A entidade entregou documento à vice com pleitos estaduais. Os pedidos incluem melhorias nos modais rodoviário e aquaviário; juntas, as obras apontadas pela Federação somam cerca de R$ 730 milhões, a serem investidos pelo governo federal. Não é pouca coisa.

Ela parece bem mais à vontade agora neste papel de protagonista. Interessante observar que Daniela vem sendo procurada pelo trânsito que tem na Capital Federal e junto ao presidente Bolsonaro.

Facilidade da qual Moisés da Silva abdicou lá atrás e que não parece nem um pouco interessado em buscar. O governador simplesmente não tem ido a Brasília.

A vice aproveita o espaço para se fortalecer e, quem sabe, para ensaiar futuros voos.

TOPO

Pelo terceiro ano consecutivo, Carmen Zanotto (Cidadania-SC) é agraciada pelo Prêmio Congresso em Foco para figurar no seleto grupo dos "Dez Melhores Deputados" da Câmara. A cerimônia de premiação virtual desta 13ª edição foi realizada nesta quinta-feira (20), em Brasília. A parlamentar que ficou na terceira colocação, foi a única da Bancada Catarinense a ser premiada.

BRONCA

A ACIJS - Associação Empresarial de Jaraguá do Sul se posicionou a respeito da votação, realizada no Senado Federal e na Câmara de Deputados, que resultou em primeiro, em momento, na rejeição ao veto presidencial em relação ao aumento de salários a servidores públicos, previsto no programa de enfrentamento à pandemia do coronavírus, pelos senadores, e posteriormente mantido pelos deputados federais.

A entidade entende que o Parlamento brasileiro deve seguir em linha de convergência aos anseios da sociedade brasileira em sua expressiva parcela, especialmente em momento como o atual que requer o compromisso de todos os segmentos na superação da crise de saúde e seus impactos sociais e econômicos.

CONVOCAÇÃO ON LINE

Os juízes do Pleno do Tribunal Regional Eleitoral de Santa Catarina aprovaram, por unanimidade, em sessão por videoconferência, realizada na terça-feira (18), a Resolução TRESC 8.020/2020, que regulamenta o uso de ferramentas eletrônicas para a convocação de eleitores para os trabalhos eleitorais.

FUNÇõES

A Resolução dispõe sobre o uso de ferramentas eletrônicas para convocar eleitores a atuarem nas eleições como membros de mesa receptora de votos e justificativas, auxiliares do juízo eleitoral, escrutinadores e demais funções de apoio logístico.

AUXÍLIO

Santa Catarina teve 24,5% da sua população contemplada com auxílio emergencial, levando em consideração as parcelas pagas. Os dados são do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) com base na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Covid (Pnad Covid-19), divulgada nesta quinta-feira, 20.

MAIS GENTE

"Nós ainda vamos analisar na Câmara dos Deputados como atender agricultores familiares e pescadores com o auxílio emergencial. E esse percentual de 24,5% vai aumentar porque há cadastros, cruzamento de dados, em análise pela plataforma Dataprev", explica Darci de Matos. Também será votado nos próximos dias a prorrogação dos pagamentos, posição que o deputado de Joinville é favorável.
Herculano
24/08/2020 10:06
da série: enquanto a imprensa não entender que o papel dela não é "endireitar" o presidente Bolsonaro, mas expor resultados do governo diante daquilo que prometeu, ela perde tempo e não faz o papel dela. Bolsonaro sempre foi assim. E por isso, que ele venceu e há uma suposta maioria que apoia o seu estilo. O que derrubou Lula e o PT - queridinhos da imprensa - foi exatamente o que estava podre dentro deles e desnudados pelo MPF, PF e imprensa. Não impliquem com o jeito tosco, mas com as mazelas.

AO AMEAÇAR REPóRTER, BOLSONARO PROVA QUE FASE PAZ E AMOR É FAKE, por Leandro Colon, diretor da sucursal de Brasília do jornal Folha de S. Paulo,

Bastaram poucos minutos de contato com a imprensa para Bolsonaro ser Bolsonaro

O tal Jair Bolsonaro "paz e amor" das últimas semanas é um grande disfarce. É fake.

Não foram necessários cinco minutos de contato com a imprensa para Bolsonaro ser Bolsonaro.

Questionado sobre os cheques depositados por Fabrício Queiroz na conta da primeira-dama Michelle, o presidente ameaçou o repórter Daniel Gullino, do jornal O Globo.

"A vontade é de encher sua boca com porrada", disse o presidente valentão na frente dos profissionais de imprensa, ao lado da Catedral de Brasília.

Bolsonaro já mandou repórteres da Folha "calarem a boca" e prestigiou protestos palco de agressões físicas a profissionais de imprensa.

Mandou uma banana aos jornalistas, numa cena grotesca na porta do Alvorada, e estimulou insultos por parte dos seus apoiadores na residência oficial.

Talvez passe pela cabeça do presidente que, ao ameaçar, agredir e ofender repórteres, a imprensa se intimide e pare de questioná-lo sobre temas graves que o envolvem.

Bolsonaro pode até pagar de brigão e querer encher de porrada a boca de um repórter, mas precisam sair da dele as razões convincentes sobre o dinheiro que caiu na conta da primeira-dama entre 2011 e 2016.

Relembremos. Foram 27 movimentações. Só Queiroz depositou 21 cheques, que somam R$ 72 mil. Sua mulher, Márcia Aguiar, repassou outros R$ 17 mil por meio de cinco cheques.

Até agora, Bolsonaro não deu sua versão sobre as transações do ex-assessor investigado pelo esquema das "rachadinhas" no Rio.

Desde a prisão de Queiroz (hoje em domiciliar), em 18 de junho, o presidente evita contato mais próximo com a imprensa. Foge dela.

Ao mesmo tempo, baixou a temperatura da crise com o STF e o Congresso e adotou uma agenda populista de viagens para promover obras, entre elas a de uma barragem que rompeu no Ceará, expondo ao perigo 2.000 pessoas.

No campo da popularidade, Bolsonaro cresce nas ruas, como mostrou o Datafolha. No da honestidade, faltam explicações.
Herculano
24/08/2020 10:05
CHEQUES DE QUEIROZ TORNAM-SE ASSOMBRAÇõES, por Josias de Souza.

- Jair, querido, tem alguém lá embaixo.

- Hãããã?

- Lá embaixo. Tem alguém lá embaixo.

- Não seja tola, Michelle. Quem invadiria o Alvorada de madrugada?

- Estou dizendo. Ouvi um barulho.

- Você deve estar sonhan...

- ?", ó... De novo. Ouviu agora? Não disse?

- Tá bom, tá bom. Vou ver o que é.

- Vou com você. Sozinha, aqui, não fico. Descendo as escadas, deram de cara com o monstro. E Michelle:

- Querido, você não disse que os cheques do Queiroz estavam sob controle?

- Controladíssimos.

- É? E por que é que eles estão comendo os pés da mesa?

- Sei lá. Deve haver uma explicação no tocante a isso daí.

- Então é bom encontrá-la logo. Eles agora estão comendo o sofá.

?" Fica tranquila, tá ok?. Qualquer coisa, a gente chama o centrão.

- Jair, eles estão olhando pra mim. Faça alguma coisa. Liga pro Fred.

- Fred!?! Que Fred?

- O Frederick Wasseff.

- Ah, esse Fred. Melhor evitar.

- Eu avisei que aqueles R$ 89 mil dariam problema. Afinal, querido, por que esse dinheiro caiu na minha conta?

- Isso não é hora para perguntas, porra. Virou repórter?

- Eles estão vindo na minha direção, Jair.

- Não faça nenhum movimento brusco. Vou pegar a minha pistola.

Michelle não foi mais vista em público. Oficialmente, diz-se que pegou Covid-19 e está de quarentena. O Planalto assegura que a primeira-dama não foi devorada.

Bolsonaro andava estranho. A língua na coleira, a preocupação com os pobres, o amor pelo Nordeste, o café da manhã com Rodrigo Maia...

Os generais do Planalto começavam a ruminar a suspeita de que um sósia de Bolsonaro tomara de assalto a Presidência.

Organizavam uma incursão para resgatar o presidente legítimo, que estaria detido nos porões do Alvorada. A coisa ocorreria neste domingo, quando o sósia estivesse na Catedral de Brasília.

Antes que o comboio dos generais rumasse para o Alvorada, um repórter perguntou ao presidente, na saída da Catedral: "Por que Michelle recebeu R$ 89 mil do Queiroz e da mulher dele?"

E o capitão: "Minha vontade é encher tua boca com uma porrada... Safado!"

Os generais abortaram a "Operação Resgate". Constataram, aliviados, que Bolsonaro voltara a ser Bolsonaro. Diz-se que um dos generais perguntou aos demais: "Afinal, por que os cheques do Queiroz caíram na conta da madame?
Herculano
24/08/2020 10:02
da série: para ler, refletir e se deliciar

ARISTOCRATAS DA PANDEMIA ACHAM QUE TODOS COMEM BRIOCHES, por Luiz Felipe Pondé, filósofo e ensaísta, no jornal Folha de S. Paulo.

Ir à restaurante? Chique é cozinhar em casa

Além de médico, a pandemia é um fato social. Ela estabelece um contrato social temporário no espaço de tempo em que prevalece. E já vivemos nele. Os sinais e sintomas estão por toda parte.

O mercado da pandemia pode ser visto a olhos nus - da corrupção com respiradores ao aumento de vendas online, passando pelo networking de gente bonita e bacana no Instagram, gerando um mailing potencial para o futuro.

Há ainda a empolgação de cientistas de ocasião com seus 15 meses de sucesso, a mídia em geral com aumento de leitores, de audiência e de seguidores, fora os políticos para quem a pandemia é matéria-prima eleitoral. Sintomas óbvios como a luz do sol. A torcida pelo vírus já é um clássico.

Relacionado a esse mercado, ainda que não redutível a ele, está a aristocracia da pandemia. É um imperativo sociológico descrevê-la.

Uma das suas primeiras evidências, no âmbito do uso da linguagem política, é esculhambar como a doença foi combatida nos Estados Unidos e no Brasil, mas considerar a Suécia um caso a parte.

Sabemos que a Suécia não praticou lockdown (uma das palavras mais chiques em meio à semântica aristocrática do contexto atual). Só que tudo na Suécia é tão chique quanto a sua indústria do design e o seu cinema. Qual aristocrata da pandemia teria coragem de criticar a Suécia?

Outro traço dessa aristocracia é achar um horror as pessoas ficarem felizes com a reabertura dos shoppings. É claro que antes ela já estava por aí desfilando seu horror à cultura do shopping. Ir a restaurantes? Um horror! O chique é cozinhar brócolis em casa.

(Diga-se de passagem, vestir-se bem para ir a shoppings é brega mesmo).

Entendo que se faz necessário deixar claro para a nossa leitora que um aristocrata da pandemia é um alienado da realidade que o cerca, aliás, como todo aristocrata ao longo da história.

Ele deseja um lockdown quando estava isolado em sua casa de campo ou em uma praia longe do povo horroroso e de suas aglomerações. Costumava falar excitadamente da Nova Zelândia e da Islândia como modelos sociais a serem seguidos, sendo que a população somada dos dois países é menor do que a torcida infantojuvenil do Corinthians.

Essa aristocracia também não consegue entender a razão de a população mais vulnerável querer que seus filhos voltem para escola - para comer e para que as mães possam trabalhar.

Mas é fácil entender essa dificuldade cognitiva. Com poucos ou nenhum filho - ou, no caso de terem crianças, contam com uma equipe de bots de última geração para lidar com elas -, esses aristocratas não sabem que, ao ficarem em casa, os filhos das camadas mais pobres fatalmente vão comer pior do que na escola.

Acostumada a uma alimentação balanceada e orgânica, vinda da mesma Suécia que venera, essa aristocracia, mesmo quando ostenta títulos de doutor em ciências, ainda permanece sem noção da realidade. E acha que todos comem brioches e que o mundo cabe em seus microscópios.

Está em jogo mais do que uma aversão ao risco, como índica muito bem o sociólogo Frank Furedi. Existe uma incapacidade de perceber que, na perspectiva de uma história de longa duração (como dizia o historiador francês Fernand Braudel, por exemplo, em seu grandioso "O Mediterrâneo e o Mundo Mediterrâneo na Época de Filipe II", lançado em dois volumes na edição monumental da Edusp, de 2016), a humanidade tem no seu repertório a experiência de lidar com elementos "imóveis", fato que percorre o fundo do oceano ancestral humano.

Em meio a esses elementos "imóveis" ou "geográficos", como dizia Braudel, podemos incluir as pestes, que nos são muito mais familiares do que os iPhones. A humanidade chora, morre, enterra seus mortos, se defende das pestes como é possível localmente e lida com as guerras da maneira que consegue ?"e segue adiante.

Essas pessoas não são os idiotas, como quer acreditar nossa vã aristocracia. Elas são os filhos dos Homo sapiens e os primos dos neandertais.

Creio que um dos maiores danos cognitivos da modernidade é a perda dessa percepção de história de longa duração. Achamos que o mundo nasce com cada um de nós.

É claro que devemos combater a pandemia. Mas ela nos fará sofrer antes de ela mesma morrer. E, em cinco anos, ninguém vai se lembrar mais.

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