24/08/2020
O que está acontecendo agora? Estes mesmos irresponsáveis senadores estão intimando Guedes. Querem desculpas dele e ameaçam retalhar o governo Bolsonaro se ele não se ajoelhar e pedir desculpas de corpo presente no Senado
Ou seja: os senadores ameaçam impor mais sacrifícios ao povo na briguinha política entre eles só porque os políticos se acham intocáveis, mesmo quando colocam na espinha – e no bolso – do povo sofrido
Da esquerda para a direita. Os senadores catarinenses Jorginho Mello, PL, e Esperidião Amim, PP, votaram contra o veto o presidente Bolsonaro. O veto impedia reajuste e aumentos do funcionalismo até dezembro de 2021. Dário Berger, MDB, esteve ausente na sessão virtual. Em Gaspar, Sérgio Almeida, PSL, sindicalista e funcionário público, perguntou quando os políticos vão dar a cota de sacrifício que impõe aos outros.
Qual era a manchete bomba de quinta-feira da semana passada? Senado derruba o veto do presidente Jair Messias Bolsonaro, sem partido. O veto impedia até dezembro de 2021 o reajuste do funcionalismo público – federal, estadual e municipal. Uma economia calculada em R$120 bilhões, fato que permitiria cumprir um acordo de ajuda a estados e municípios.
Placar de 42 contra a 30 votos a favor do veto. O governo precisava de 32 votos no Senado para manter o veto.
Entre os alienados, estavam os três senadores catarinenses: Esperidião Amim Helou Filho, PP, conhecido por suas posições em defesa do funcionalismo, apesar dele sempre se eleger com a maioria dos votos dos que não trabalham para o aparelho estatal; Jorginho Mello, PL, - ex-funcionário público, via o extinto Besc; e Dário Berger, MDB, este ausente, numa sessão remota, na qual não foi capaz seque de acessá-la via o celular dele para acompanhar e votar nesta crucial matéria.
Os três senadores catarinenses não “conseguiram enxergar” à realidade da maioria de seus eleitores, os que verdadeiramente sustentam à máquina pública e à irracional desvantagem dos trabalhadores do setor privado e do público. Os senadores perpetraram este atentado à lógica contra os seus eleitores que estão sob diversos sacrifícios como o do desemprego, perda de renda, ou submissão a achatamento salarial, comprometimento de negócios e falência de empresas. Uma vergonha!
Antes de prosseguir, uma ressalva a Jorginho Mello. Uma semana antes, ele viu a lei 13.999 ser sancionada pelo presidente Jair Messias Bolsonaro, sem partido. Jorginho é autor do projeto que originou esta lei e que concede uma linha de crédito especial para pequenas e microempresas – o Proname. Este programa pode garantir mais de 20 milhões de empregos. Jorginho fez isso como líder da Frente Parlamentar Mista da Micro e Pequena Empresa. Ou seja, Jorginho sabe onde está o buraco da pandemia na economia e no mínimo, foi ingrato com o governo que lhe ouviu.
Retomo. Agora, depois da repercussão negativa, os senadores estão se explicando e ao mesmo tempo encurralando o governo Bolsonaro. Alguém acredita neles?
Os senadores dizem que votaram pela não proibição e que ficaria a cargo dos governos federal, estaduais e municipais darem, ou não, os reajustes e aumentos, conforme o tamanho do cobertor deles.
Ou seja, abriram brechas para pressões corporativas e que normalmente privilegiam os mais organizados, políticas locais e principalmente à ação dos sindicatos de servidores que normalmente protegem os que já estão no topo da pirâmide do serviço público, encontrando brechas de todos os tipos para esses aumentos, muitos deles para gerarem futuras isonomias entre carreiras e classificações similares. Uma farra. Tudo de caso pensado.
E se isso fosse pouco, os senadores não gostaram da observação do ministro da Economia sobre a derrubada do veto.
Agora, eles querem que Guedes vá ao Senado se explicar, se humilhar e pedir desculpas por dizer a verdade em nome dos desempregados, dos falidos e dos que não possuem estabilidade eterna nos seus empregos, dos que não aguentam mais botar a mão no bolso para pagar as farras dos nossos políticos irresponsáveis a gente que já tem a proteção trabalhista impossível aos do setor privado.
Inversão total de valores. Os senadores foram eleitos e são pagos extraordinariamente nos seus salários, verbas de gabinetes, diárias e privilégios para nos defender, e não para nos empobrecer, ainda mais num ambiente economicamente tão conturbado e inseguro como o que vivemos hoje.
Na sexta-feira, a Câmara Federal corrigiu o entendimento enviesado da maioria dos senadores – aliás não é o primeiro, pois no Marco Legal do Saneamento queria esta maioria, outra vez, vergonhosamente, prorrogar os atuais contratos das estatais ineficientes por 30 anos, assim, numa boa. Ou seja, aprovou uma lei, que para alguns só vai vigorar daqui a 30 anos.
A Câmara manteve o veto de Bolsonaro com 316 a 165 votos que queriam derrubá-lo. Dos 16 deputados catarinenses, o único que votou para manter o veto e dar reajuste e aumento ao funcionalismo foi o petista Pedro Uczai. E neste caso, ele agiu coerentemente com que sempre ele e o partido pensaram e agiram: o inchamento e privilégios para o setor público.
EM GASPAR
Enquanto aqui, no sábado, e em pré-campanha, o pré-candidato a prefeito pelo PSL, Sérgio Luiz Batista de Almeida, sindicalista, funcionário público municipal licenciado, evangélico, ex-vereador, agora bolsonarista, fez e distribuiu um vídeo nas suas redes sociais e nos aplicativos de mensagens cobrando coerência dos políticos para este e outros casos, repercutindo a coluna “Olhando a Maré” de sexta-feira, feita especialmente para a edição impressa do jornal Cruzeiro do Vale, o mais antigo, o de maior circulação e credibilidade em Gaspar e Ilhota.
“Ao mesmo tempo em que eles impõem congelamento de salários para os servidores ou despesas a mais para os pagadores de impostos, desempregados e falidos pela pandemia, eles próprios não dão exemplos de sacrifícios”, sintetizou Sérgio no seu vídeo.
E para isso, Sérgio citou dois exemplos, sempre lembrados aqui na coluna: o alto salário do prefeito Kleber Edson Wan Dall, MDB, de R$27.356,69 e que continua intocável, bem como a diminuição de apenas 20% de salário de vereador só por dois meses e que vai para o quinto mês de enrolação na tramitação da Câmara e que não está, mais uma vez, na pauta da sessão desta terça-feira. Acorda, Gaspar!
No dia 19, logo cedo, na área de comentários, um leitor da coluna identificado como Alex Marcelino, toma tento e escreve sobre este espaço e este escriba: “comentários inteligentes e corajosos; mas infelizmente alguns depreciam Gaspar, esse é o problema (a maioria parece focar em motivos ruins)”.
Excelente! Entenderam? O leitor sempre tem razão, tanto que ele pode expressar bem claramente a sua posição e preocupação. Batata!
Não o conheço, então não posso fazer juízos de valor. Por outro lado, neste ingênuo e curto comentário dele, está embutido, no mínimo, uma contradição e duas verdades imutáveis que fazem da coluna sucesso de audiência, mas ao mesmo tempo, e não apenas por isso, controvertida, provocativa e indesejada, para se dizer o mínimo.
Ou seja, há tantas colunas, programas de rádios, bem como espaços e contas nas diversas mídias sociais em Gaspar, mas é a “Olhando a Maré”, há 15 anos no Cruzeiro do Vale que a maioria, mesmo com raiva, lê, ou gostaria de escrevê-la, quando expresso algo do sentimento dos que estão calados, intimidados, cerceados, amordaçados ou impedidos por várias razões – incluindo a política, foro íntimo e o da necessária sobrevivência -, sobre os tais “motivos ruins” das coisas de Gaspar.
E se isso não fosse pouco, devo lembrar ao leitor que há tantas outras opções de leituras de gente que só enxerga, ou está obrigada a enxergar os “motivos” ou o lado bom de tudo. Então, nada mais razoável do que também alguém se estabelecer nesses tais “motivos ruins”.
CONTRADIÇÃO E VERDADES
Qual a contradição no comentário do leitor? Ele reconhece que não se trata de uma coluna de social, fofocas, achismos ou que esteja à paga de alguém. O próprio Alex revela que para fazê-la, é preciso “coragem” e “inteligência”, ao se tratar temas tão sensíveis quanto reais da cidade, dos cidadãos e principalmente dos gestores públicos e políticos que estão ou querem o poder de plantão para si ou seus grupos de interesses.
Contudo, depreende-se do comentário do mesmo leitor, que esta “inteligência” e “coragem” deveria estar a serviço da louvação e não da tentativa de destampar as feridas para bem diagnosticá-las nos mecanismos da transparência e dialética, e assim ir à devida cura.
E quais são as duas verdades, para ficar só nelas? Há problemas! E não sou em quem afirma isso: é o comentário expresso do próprio leitor na crítica que me faz. E que revelá-los, esse ato feito por mim com “coragem” e “inteligência”, deprecia Gaspar, pois explora os “motivos ruins”.
Cai um avião. É uma notícia ruim. Morre gente. É uma notícia ruim. É preciso “coragem” e “inteligência” para apurar e principalmente, noticiar as possíveis causas.
Essas são os tais “motivos ruins”, que esclarecidos e não esquecidos, fizeram da aviação o meio de transporte mais seguro do mundo, contrariando interesses pessoais, patrimoniais, políticos e técnicos dos pilotos, equipe de manutenção, donos de empresas aéreas e principalmente, engenheiros aeronáuticos, fabricantes de aviões e desenvolvedores de tecnologias e seus componentes.
Não é à toa que Boeing tirou do ar o 737 Max (foto). Ele consumiu bilhões de dólares em pesquisas, produção (400 unidades produzidas 387 entregues ao preço médio de US$110 milhões cada), testes além da geração de milhares de empregos diretos e principalmente indiretos.
O 737 Max começou a voar comercialmente somente em maio de 2018 e todos eles estão há mais de um ano em solo, tudo para rever o seu projeto de navegação na inteligência eletrônica que era tido como o mais avançado da indústria aeronáutica. Avançado, moderno, entretanto derrubou duas aeronaves novinhas, matando centenas de passageiros e tripulantes...
Bom. Eu poderia escrever mais um daqueles textões sobre “coragem” e “inteligência” os quais incomodam os poderosos no poder, ainda mais em grotões como Gaspar e Ilhota. Contudo, prefiro encerrar este com três observações.
A primeira é que agradeço participação do leitor. Ela é importante e dá chances para que eu possa esclarecer os que me leem. A segunda é de que conclui que não posso mudar; é que não consigo colocar os “motivos ruins” para debaixo do tapete e quando este é o endereço dele, a cidade e os vulneráveis perdem neste jogo de gato e rato, ou seja, os aviões caem e gente se estrepa, morre. E a terceira, é o incentivo do próprio leitor: é preciso “coragem” e “inteligência”, neste mundo feito de espertos que manipulam desinformados, medrosos e vulneráveis para servir aos seus interesses e manter aviões com graves problemas de engenharia no ar, num ambiente de excelência preventiva.
Enquanto eu as tiver, “coragem” e “inteligência”, estarei a serviço dos menos esclarecidos, dos que estão sendo censurados, humilhados e agredidos naquilo que não podem expressar nem aqui, nem nos seus próprios espaços. São os políticos e os gestores públicos que precisam colocar em solo para reparo aquilo que está apodrecido. Acorda, Gaspar!
Ciro (à esquerda) rebate memes do ex-vereador e comunicador, Miro Sávio (à direita) e que mostram ele como o maior gastador de diárias na Câmara de Gaspar: é hipocrisia e disputa eleitoral
Segundo o dicionário, “hipocrisia é ato ou efeito de fingir, de dissimular os verdadeiros sentimentos, intenções; fingimento, falsidade”.
Escrito isso, é certo também que além deste, outro espaço com viés investigativo e crítico em Gaspar – e com acesso direto do ouvinte -, é na Rádio Comunitária Vila Nova. Ali o seu presidente, incomoda o establishment gasparense. Ela é tocada pelo comunicador Miro Sávio. Ele já foi vereador pelo antigo PFL e hoje está filiado ao PL e decidido, depois de muitos anos, a concorrer novamente a uma vaga na Câmara. Este é um esclarecimento necessário. Os interesses estão em ambos os lados.
Numa de suas denúncias, há semanas, Miro mostrou como o presidente da Câmara, Ciro André Quintino, MDB, usou e bem acima da média se comparado aos demais vereadores, as diárias a que tem direito como vereador. Virou hit o meme com sentido de denúncia. Logo, a indignação tomou conta das redes sociais e principalmente nos aplicativos de mensagens.
Cai na besteira de interpelar Ciro, gente boa, populista, jogador como poucos políticos nos bastidores. Ele até já foi à uma palestra minha e que a achou desnecessária. Ciro virou num bicho. Afinal, tinha pouco o que explicar. “Ele [Miro] quer ser candidato. Acha que falando mal dos outros, vai se eleger”.
Retruquei: “Isso eu sei. A cidade inteira sabe. Mas, você gastou ou não gastou isso em diárias, dinheiro público?”, dando corda para que ele virasse o jogo, pois aqui ele já apareceu no passado com o mesmo defeito de fabricação, remoeu, engoliu a seco e se reelegeu com facilidade.
“Em quatro anos, talvez... Como todos. Deveria mostrar o quanto eu trouxe. Isso é hipocrisia”, emendou enfezado.
“Os outros [cada um] também gastaram R$25 mil em diárias em quatro anos?”, insisti. “Não sei. O Portal Transparência está lá, para ver. Também tem que ver o que trouxeram de recursos”, insistiu na reação, demostrando desconforto. Como eu vivo bisbilhotando os portais, sabia dos montantes e retruquei: “Ok. Então. Lá diz que nem chegaram perto [os outros 12 vereadores se comparadas as diárias do Ciro]”.
Primeiro, é preciso alguma manha para acessar esta conta – e outras - no Portal da Transparência na Câmara. Ele é feito para não ser acessado por curiosos.
Segundo, está claro, que de longe, Ciro foi o que mais usou esta verba até agora: R$27.250,00, que deve se somar aos R$2.820,00 do seu assessor Renê Muller, bem como parte do segundo que mais utilizou as diárias, o motorista da Câmara Rui Góes Vieira e que até o momento perfazia um total R$19.410,00, mas servindo a todos nestes quase quatro anos.
E os destinos preferenciais de Ciro, segundo o mesmo Portal? Florianópolis no gabinete do deputado Jerry Comper, e a Jaraguá do Sul, no escritório político do deputado Federal Carlos Chiodini, ambos do MDB, e de quem Ciro é cabo eleitoral dos dois por aqui.
A CONFUSÃO DO DINHEIRO PÚBLICO E A PUBLICIDADE LEGAL
Informado que era novamente o líder neste tipo de gastos, Ciro partiu para o ataque: “Não sei. Não entro em polêmicas. Os mesmos que criticam, são os mesmos que pedem dinheiro público para patrocinar seus órgãos de imprensa”, numa referência direta à rádio do Miro, que por lei, possui impedimentos para receber verbas públicas e indiretamente, a crítica era a todos que têm que se ajoelhar e se calar contra a cidadania, a liberdade de expressão por causa do dinheiro público que recebem da Câmara, da prefeitura... Obedeceu o político no poder de plantão, levou; ou...
“Outra. Trazer recursos, uma obrigação do político para a sua cidade está ligada a ele ter altas diárias, ou proporcional ao que ele traz como se fosse uma comissão? O vereador já não tem salário para fazer isso pela comunidade? Quanto eu pedi para a minha coluna para você?”, questionei clara e diretamente Ciro. Ele me respondeu na lata: “Não falei no seu nome. Temos que parar com hipocrisias”.
O populismo de Ciro o obriga a ter um programa bem bacana na Rádio Sentinela. Outros vereadores têm, mas, nem fazem tanto sucesso como ele faz. É do jogo. Nada contra. Entretanto, Ciro, mais uma vez confunde as coisas entre dinheiro público, publicidade legal e a privada, base de um negócio chamado comunicação e que ele usa para se promover: a rádio, o programa de rádio...
Como Ciro me provocou, como sou ouvinte dele e ele sabe disso, eu estiquei a corda. “Ok. Como você sustenta o seu programa na rádio e que você compra o espaço para usá-lo?”. E ele, disse-me o óbvio: “cara, tenho patrocinadores. É só escutar. Agora, achar que é das diárias, é uma vergonha”.
É aqui que está o nó da questão. Primeiro, ninguém afirmou que o dinheiro das diárias é que sustenta o programa do Ciro no rádio, ou outro tipo de promoção político-eleitoral. Segundo que tudo tem um custo. Não cai do céu: nem rádio, nem jornal, nem portal, nem rede social, nem festa de igreja. “Ok. Você está certo. Você tem patrocinadores. As rádios e jornais também tem patrocinadores. Ou você acha que eles vivem do que?”, esclareci.
Os meios de comunicação fazem negócios. Eles têm que pagar impostos, funcionários, equipamentos, insumos como papel, impressão ou energia.
A verba pública, quando há, deve ser equânime, investida dentro da lei. E por que o gestor público ou o político faz isso? Não deveria para beneficiar o dono da rádio, da tevê, do jornal, do portal, da mídia social. E sim para informar o que está fazendo e esclarecer a sociedade em veículos que realmente tenham audiência.
E o que se vê, não raramente, e isto não me refiro a Gaspar, mas de um modo em geral – e isto está bem claro na briga do governo de Jair Messias Bolsonaro, sem partido com a imprensa e o incentivo aos chamados gabinetes do ódio – é que há privilégios a quem se alinha ao poder de plantão, ao que finge não ver os problemas dos políticos e gestores públicos. A verba é pública, o interesse deve ser público também e longe do interesse eleitoral ou da promoção pessoal.
E neste caso, Ciro dá um bom exemplo: ele possui patrocinadores privados, simpatizantes da sua causa e do seu trabalho. Lícito. Justo. É assim que fazem as empresas quando anunciam em qualquer mídia. Elas falam ao público, vendem o seu peixe e querem o melhor retorno para seus produtos, marcas e corporações. Metem a mão no seu próprio bolso, escolhem os melhores canais para os públicos de seus produtos, serviços e imagens corporativas. É um jogo de trocas. Nem mais, nem menos.
Contudo, no mundo político, essa lógica tenta a todo momento ser subvertida. E não é de hoje. E não vai parar, mas cada vez está sendo mais policiada.
Por isso, concluí ao Ciro: “esse negócio das suas altas diárias [só na comparação com os demais vereadores, pois no fundo, Ciro faz o que é permitido na lei ele fazer] não é de hoje. Você sabe disso. Sabia do risco. Isso já foi motivo de comentários na minha coluna há tempos. Você mandou bananas. Só que a percepção do eleitorado está mudando. É isso que penso e vocês estão desprezando [à nova percepção do eleitorado]. Como não tenho nada a ver com isso, vou continuar olhando a maré, e registrando”. Ciro continuou a se justificar e acusar seus adversários.
As urnas de 2018 deram recados claros e derrubou muita gente convicta de que estava no poder e podia tudo. As urnas de 2020 podem revelar que este movimento de adaptação continua em curso. Por prudência, os políticos no poder de plantão deveriam colocar ao menos a barba de molho. Os tempos estão muito estranhos, no mínimo para desafiar o desconhecido. Acorda, Gaspar!
Ato dele é provocativo e repetitivo. A pergunta é: isso vai adiantar alguma coisa para quem se diz como corpo fechado diante das instituições de fiscalização?
Já escrevi várias vezes aqui: a secretaria de Assistência Social em Gaspar e não apenas no governo de Kleber Edson Wan Dall, MDB, mas nos de Pedro Celso Zuchi, PT e até de Adilson Luiz Schmitt, MDB, é um mecanismo de desassistência social. Ela é um reduto de politicagens e erros sistemáticos nas políticas públicas a favor dos mais vulneráveis.
É um ambiente extremamente fragilizado diante das ações mínimas do poder público para mitigar a pobreza, as quebras de valores e os laços sociais mínimos das famílias. O Ministério Público tem parte de culpa nesta conta. A politicalha é oportunista. Basta ver quantas pessoas são pré-candidatas neste ambiente que deveria ser o amparo de gente em extrema necessidade.
Vamos a um fato e o mais recente, entre tantos.
O ex-secretário de Assistência Social é declarado pré-candidato a vereador. Ele está usando a máquina pública municipal e contra a lei. E não é de hoje. Está tudo às claras. Está nas redes sociais e nos aplicativos de mensagens, alguns deles suprimidos providencialmente e por orientação. Só pensou em distribuir comida e falar com os pobres de rua quando candidato e não ciomo secretário e par exibir fotos na propanganda eleitoral antecipada. Agora, o PSL de Gaspar resolveu bater de frente com esta situação clientelista político-partidária e levou sua queixa formalmente sobre a penúltima do ex-secretário de Assistência Social ao Ministério Público.
A denúncia do PSL, para além do abuso explícito, da vantagem indevida do ex-secretário em relação aos demais adversários e até mesmo dos pares de partido, mostra a convivência da máquina de votos em que se transformou o governo de Kleber para alguns próximos e principalmente, à absurda submissão dele aos caprichos eleitorais de seus protegidos.
Eles expõem Kleber como um fraco. Só ele não enxerga isso. E faz tempo.
O ex-secretário não é secretário porque a lei assim impede. Faz quase quatro meses que foi exonerado da do cargo. Ele está afastado da função de educador social há duas semanas, onde é efetivo, porque a lei assim diz que tem que ser para quem quer ser candidato a alguma coisa.
Tudo isso, contudo, não foi suficiente para que ele não gravasse um vídeo onde estampou uma foto dele com o prefeito Kleber e fizesse um discurso diante da porta do gabinete de Kleber para postar nas suas redes sociais e aplicativos de mensagens. O que ele afirmou na gravação propaganda? Que diante da previsão de frio intenso a partir da quinta-feira passada, graças à proximidade e ao pedido que ele [candidato, pois não estava na condição de secretário ou educador devido aos afastamentos obrigatórios], o prefeito Kleber iria abrir o abrigo emergencial para atender os mais necessitados e vulneráveis de Gaspar.
Meu Deus!
Ou seja, o ex-secretário, mesmo distante da função por obrigação legislativa, fez o que deveria fazer a recém nomeada secretária de Assistência Social em cargo em comissão e não fez, porque entre outras, está gravando programas políticos, como estamparam fotos nas redes sociais nos últimos dias.
KLEBER FOI ENFRAQUECIDO POR QUEM DEVIA LHE FORTALECER
Kleber não enxergou neste ato, que o ex-secretário lhe retirou a liderança nata e obrigatória naquilo que é só dele, Kleber como prefeito. E por que? Este anúncio, o próprio prefeito Kleber – em campanha de reeleição - é quem deveria ter feito a Gaspar e aos gasparenses, como, por exemplo, fez o prefeito de Florianópolis, Gean Loureiro, DEM, já na segunda-feira, ou seja, dois dias antes do que se anunciou por aqui.
Gean mostrou que é ele quem está no comando da cidade e anunciou as providências mínimas e óbvias como administrador que é da capital dos catarinenses. Entenderam? Gean não ficou a reboque de um ex-assessor e pré-candidato a vereador. Incrível! Kleger por linhas tortas, acabou dizendo à sociedade, que o seu ex-secretário é quem deveria ser candidato a prefeito; tem mais visão, atitude e ação, mesmo que demagógica, eleitoreira e oportunista.
Quem mesmo orienta essa gente no poder de plantão em Gaspar?
O PSL fez a denúncia, de verdade, foi para sentir até que ponto o poder de plantão em Gaspar está protegido pelas instituições de fiscalização, para as quais diz estar com o “corpo fechado” e por isso pode tudo.
Se o assunto vingar no Ministério Público e posteriormente na esfera eleitoral, ele vai pegar o ex-secretário e impedi-lo de ser candidato a qualquer coisa nestas eleições. E se pegar, de alguma forma, as barbas de outros irão ao molho por situações semelhantes, muitas delas, documentadas preventivamente e registradas em cartório, diante do sumiço de provas tão comuns na internet e nas redes sociais. Acorda, Gaspar!
O líder do governo Kleber Edson Wan Dall, MDB, na Câmara de Gaspar, Francisco Solano Anhaia, MDB, é um caso para Freud. Ele já foi cabo eleitoral do PP e principalmente do mais longevo dos vereadores, José Hilário Melato. Quando resolveu deixar de pedir votos para os outros e ele próprio ser candidato, escolheu o PT. Eleito, lá “cortaram” as asas porque tinha outra fila e nela ele estava na preferência da sua Margem Esquerda. Ficou sentido.
Desde então e abrigado no MDB, o PT não saiu do espírito de Anhaia e do modo dele em reagir distribuindo culpas daqueles que ele próprio representa hoje na Câmara. Tudo o que acontece de errado e é denunciado, ou ouvido nos pronunciamentos, foi o PT que começou, que fez ou é o mau exemplo. E é exatamente por isso que o PT é oposição e Anhaia situação, porque disse aos eleitores e eleitoras que faria diferente do PT.
Será que Anhaia, Kleber e os “çabios” que o orientam nesta manjada desculpa esfarrapada não perceberam isso ainda? Estão obrigados em decorrência de serem governo e vidraça, rebolarem e não se justificarem, como fazem em todas as sessões, entrevistas sem perguntas óbvias, discursos e nas postagens nas redes sociais.
Na sessão passada, o vereador petista Dionísio Luiz Bertoldi reclamava da manutenção de uma ponte de madeira no Gaspar Alto e objeto de uma “indicação” dele para repará-la. Banal! Anhaia na liderança do governo disse que aquilo era mais uma herança de 12 anos do governo de Pedro Celso Zuchi.
Supondo que seja verdadeira à alegação de Anhaia, Kleber provou que não conseguiu se desfazer da herança petista em quase quatro anos de governo até mesmo num simples pontilhão de madeira em favor de uma comunidade quase isolada. Resumindo: tudo continua igual como antes. Pela prova dos noves de Anhaia, nem PT, nem MDB com PP, PSC, PDT, PSDB e agora com o PSD estão cumprindo a parte que lhes cabe na atual gestão dos problemas da cidade.
O MDB de Gaspar está comemorando a participação do ex-prefeito de Blumenau e ex-candidato a governador, Napoleão Bernardes, ex- PSDB, e agora no PSD, em lives por aqui. Na eleição passada, Napoleão emprestava apoio a Andreia Simone Zimmermann Nagel e que desta vez, se for candidata a alguma coisa, estará em oposição a Kleber Edson Wan Dall, MDB, e Marcelo de Souza Brick, PSD e que de adversário, está aliado a Kleber nesta eleição.
O PP está caindo pelas tabelas na aliança do sapo com a cobra que têm mais uma vez com o MDB, pelo poder em Gaspar. Na primeira experiência no tempo de Adilson Luiz Schmitt o resultado dela, todos na cidade conhecem o desfecho.
O PP deve perder a vice-prefeitura para o PSD de Marcelo de Souza Brick e pior: o PP ainda não viu sinalizada quais as compensações que terá com essa troca em favor da continuidade do poder e dos votos que as pesquisas dizem para o MDB que o PP não tem mais.
Por isso, o PP está choramingando pelos cantos e blefando nos discursos. Primeiro o PP não é mais o da década de 1980, quando era o principal rival do antigo MDB. Foi justamente por ter se enfraquecido, não se renovado, que ele acabou ficando refém do MDB para ambos derrotar em 2004 a surpresa de 2000, o petista Pedro Celso Zuchi.
Segundo, o PP diz que é capaz de se alinhar com outros partidos. A pergunta certa a se fazer é: quem está disposto a se aliar com o PP e o que o PP, afinal, tem na sua cesta para oferecer de dote na “nova” aliança, além da sede de ocupação de carguinhos no primeiro e vários escalões da prefeitura?
Terceiro, o MDB sabe da “força” do PP, pois foi o MDB desde aquela aventura com Adilson que vem minando o PP. Então, não precisa ser adivinho paras saber que ao PP, além do MDB, resta-lhe o PT com quem sempre teve afinidade de negócios operacionais bem expressos no mensalão e principalmente no petrolão, cujo representante mais relevante e influente dessa parceria por aqui, era o ex-deputado Federal e ex-presidente estadual do partido, João Alberto Pizzolatti Júnior. Ele caiu em desgraça e está sendo providencialmente escondido.
A força, o blefe ou a surpresa do PP já tem data para serem conhecidos: será no dia dois setembro, quarta-feira que vem.
O PL, o DEM e o PSL – dizem - que não querem o PP. Eles como o MDB sabem que parte da má imagem está na inércia da vice-prefeitura de Kleber; na má imagem que Melato criou no Samae e que deu na CPI da drenagem da Frei Solano, ou nas ações e obras fora do prumo da secretaria da Agricultura e Aquicultura que foram parar na Delegacia e no Ministério Público, ocupada por André Pasqual Waltrick.
O PP, por isso e por outras, não vai deixar a descoberto o que fez e não fez na gestão de Kleber para que pague a conta sozinho. E por que? Porque sabe como os do MDB agem. Dá nisso, a aliança do sapo com a cobra numa mesma balaia. Precisa saltar parta não ser picado pela peçonha.
Nada foi mais dolorido do que a saída do Samae e do governo na semana passada, do braço direito, esquerdo, olhos, ouvidos e cabeça de Melato: a então diretora administrativa, a comissionada Janete da Silva.
O vereador está inconformado. Ela também. Ambos acham que no cabideiro da barrosa tinha lugar para ela ao menos até 15 de novembro. Mas, fazer o que? Kleber é o favorito e aí o jeito é engolir até que surja a oportunidade do troco ou da traição na véspera da eleição. Os bombeiros já estão debelando as labaredas.
O MDB de Gaspar já marcou a sua convenção para homologar candidatos e parceiros. Os parceiros, também. Será no dia dois de setembro, quarta-feira da semana que vem. Ela será “on line” a partir das 17h30min, pelo sistema Zomm.
Vai se indicar o candidato a prefeito e vice, formação de coligações, a escolha do nome da coligação, escolha dos candidatos a vereador e poderes para a comissão da Executiva do partido para negociar com outros partidos na formação de coligações e homologações dos parceiros da chapa majoritária.
A volta do futebol de patotas vai ser decidido nesta segunda-feira. O decreto estadual ainda proibia até a edição desta coluna e o assunto será avaliado, ou revisto, no decorrer desta segunda-feira. Mas, Gaspar estava “liberando” no final de semana, contra a determinação maior e fazia pouco caso. E por que? Para demonstrar força e fazer politicagem.
O colunista esportivo do Cruzeiro do Vale, Jerry Oliveira, adiantou que isso seria contra a lei. Mais uma vez, desdenharam. Bingo! A prefeitura depois de dizer que a polícia pouco podia diante do decreto municipal, voltou atrás. Ficaram pendurados os fanfarrões como o presidente da Fundação Municipal de Esportes e Lazer, Roni Jean Muller. Todos queriam “peitar” o governo do estado.
Nem o titular da Fesporte, Rui Godinho da Mota, se arriscou a um palpite. “Estou seguindo orientação da secretaria de Saúde”, quem é quem coordena para o governo do estado na liberação de atividades produtivas, esportivas e lazer no que tange aos protocolos da Covid-19, depois que os prefeitos perderam essa autonomia dada pelo governo do estado e permitiram a expansão da doença em seus municípios.
Essa gente do poder de plantão em Gaspar não entendeu direito o tamanho do buraco da pandemia e principalmente à hierarquia das leis. Vejam como são caolhos. O governo do estado lhes deu até a bengala para uso, discurso e a vitimização à boleirada, influenciadora no ambiente político.
Entretanto, nem essa bengala foram capazes de perceber. Era só, afirmar aos que querem a liberação do futebol de patotas, torneios e outros, o seguinte: “nós somos a favor, nós queremos, mas não podemos. A lei estadual nos impede e vocês vão ser punidos se insistirem”. Impressionante!
Pergunta que não quer calar: vereador que acha um sacrifício se reunir uma vez por semana, em média, uma hora, deve concorrer à reeleição?
Registro. Claudenir Sachetti, 41 anos, mais conhecido como Alemão do Estação Restaurante, liderou um movimento em Gaspar para que pizzarias, restaurantes e bares tivessem as mesmas condições de funcionamento do que outros similares nos decretos municipais. Eles eram obrigados a fechar as 18h. Na época em que seu vídeo viralizou em Gaspar.
E foi a Covid-19 quem calou madrugada de domingo a sua voz para um setor em Gaspar que se viu sem representação na discussão local da retomada econômica. Ele alegava que esse segmento não era ouvido nas decisões da prefeitura. Alemão morreu no Hospital de Gaspar.
Como sempre escrevi aqui: a Covid-19 não é uma gripezinha. E o novo normal, é saber dribla-la minimamente, e com regras preventivas simples: máscara facial em quase todas as circunstâncias, higiene das mãos (álcool em gel ou lavação com água e sabonete), distanciamento social e cuidados redobrados aos que estão no grupo de risco.
Todos esses cuidados são necessários até chegar à vacina com comprovada eficácia na imunização. Depois, é se preparar para outros vírus tão devastadores quanto este e que segundo alguns estudos de gente do ramo, será o nosso novo normal a cada década contra nossas vidas e negócios. Acorda, Gaspar!
Copyright Jornal Cruzeiro do Vale. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita do Jornal Cruzeiro do Vale (contato@cruzeirodovale.com.br).