22/05/2021
No blog www.olhandoamare.com.br e que você pode acessá-lo a qualquer hora do seu smartphone, atualizado todos os dias, inclusive final-de-semana, nesta segunda-feira toquei num assunto que passou longe de Gaspar e Ilhota, a minha aldeia. Entretanto, esta ferida está muito mais perto de todos nós do que imaginamos. Em “nesse mato tem coelho” eu coloquei mais sombras sobre o que ainda é e se estabelece estranhamente como nebuloso, infelizmente, para a sociedade. Trata-se daquilo que motivou – e se desconhece ainda - o bárbaro crime contra crianças e jovens professores indefesos na creche da oestina Saudades.
Em determinado trecho escrevi: “ele planejou por muito tempo, mas executou de forma atabalhoada, primária e naquilo que lhe pareceu mais fácil, concluiu a polícia. Do perfil psicológico, da rede que se ligava no mundo virtual, as influências e naquilo que professava ou acreditava, inclusive no ambiente político, ideológico e religioso, pouco se falou ou se explorou na coletiva (de imprensa).” Resumindo: atirei no que vi e acertei no que não vi. É sempre assim. Tudo é muito mais preocupante. Devastador!
Diante dos meus comentários, algumas pessoas ligadas à área de segurança me ligaram. E pude compreender não exatamente o cenário desse crime, mas o abismo onde estamos metidos num “voo” desconhecido. Por conta do clima de ódio que se instalou, não apenas no Brasil, somado ao mundo virtual e que virou um “ponto de encontro” sombrio para mentes devastadas, jovens, alimentados ou não por drogas químicas, mas principalmente por convicções e revanches, embrenharam-se numa luta silenciosa e incompreensível para um mundo que querem mudar ao seu modo e egoisticamente só para si, sem diferentes, sem pluralidade.
Eles não são exatamente bandidos tipificados nos códigos civil e penal para onde acabam sendo enquadrados pelos inquéritos e julgados pela Justiça. Eles possuem ingredientes muitas vezes quase indecifráveis, mas plenamente aceitos na solidão, na tribo, na profundeza que se estabelecem da mente doentia ou na sociopatia estruturada. E diante disso, se vê o aparelho policial (segurança, como um todo), legislação, Ministério Público e Justiça, órfãos para contemplar desde à compreensão da motivação e resultados, bem como à adequada avaliação multidisciplinar, julgamento, reabilitação e punição.
“O desafio é grande”, informa-me laconicamente o Delegado Geral de Polícia de Santa Catarina, o gasparense Paulo Norberto Koerich. “Precisamos quebrar os paradigmas dos nossos próprios policiais para este novo desafio”, me interrompe antes de qualquer observação minha. “A cabeça dos nossos policiais está preparada para os bandidos que conhecemos, que se aperfeiçoam nos seus métodos e a tecnologia”. Saudades é ao mesmo tempo um ponto de interrogação e também uma nova descoberta ou ponto de partida.
O que o Delegado Koerich – que vive pregando e estruturando inteligência à Polícia Civil catarinense - quis dizer com isso? Que neste mato realmente tem coelho. Não exatamente o que eu enxerguei e declarei no artigo, mas outro. Aquele que vai obrigar à polícia ter duas cabeças: uma para o bandido ao qual ela se preparou a vida inteira para combatê-lo, e outra, para os lobos solitários, que nos parecem normais, mas do nada, viram feras incontroláveis, sem remorsos e se auto assumem como heróis, num mundo todo muito particular deles, da tribo onde a internet é uma parceira desse heroísmo e solidão. Esqueça cadeados, muros e seguranças sem armas. São desafios e não obstáculos.
Ah, antes de encerrar: contribui em muito para esse clima de ódio instalado se ter político de estimação, se estabelecer monopólio de verdades absolutas entre A e B, ser situação e oposição cega, e usar a religião como sinal de pureza enviadas por divindades, mas com manipulação ou submissão de ignorantes. E para que não paire dúvidas: depois de Saudades, baseada nela naquilo que se apurou e ainda não se conhece publicamente, em uma semana apenas, e longe da imprensa, vários desarmes de tragédias aconteceram pelo Brasil. Então? Estamos, ou não, correndo perigos reais?
A venda do patrimônio do Ferroviário, tradicional clube de várzea da Margem Esquerda, aqui em Gaspar, pode parar na Justiça. Ele recebeu subvenções públicas e para isso se tonou uma entidade sem fins lucrativos. Comprometeu não alienar o seu patrimônio, mas doá-lo. Um dos que pode explicar isso, é o ex-deputado Dagomar Carneiro, PDT, de Brusque, autor de uma dessas subvenções sociais. O campo e a sede do Ferroviário foram vendidos e seus sócios repartiram a grana.
Depois do tradicional colégio estadual Honório Miranda saturar e com a impossibilidade de ampliação física, o Ensino Médio deverá ganhar um novo espaço até 2023 em Gaspar: o Ivo D’Aquino.
Mania dos políticos com mandato colocarem suas mulheres para trucar e truncar o jogo político em Gaspar como se fossem donos de novas dinastias políticas por aqui. O ex-prefeito Adilson Luiz Schmitt, nascido no MDB, tentou e não conseguiu com a sua ex. O ex-prefeito Pedro Celso Zuchi, PT, igualmente. Agora, chegou a vez de Kleber Edson Wan Dall, MDB, ensaiar a mesma peça desafinada. Quer usar a cota para fechar a porteira como fez Zuchi naquele tempo contra Pedro Inácio Bornhausen, PP. Meu Deus!
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