Estética x conteúdo - Jornal Cruzeiro do Vale

Após uma verdadeira reviravolta causada pela morte trágica e comovente do presidenciável Eduardo Campos (PSB), sepultado neste domingo, dia 17, a campanha eleitoral promete chegar a um novo capítulo nesta terça-feira, dia 19, quando tem início o horário eleitoral gratuito no rádio e na televisão. Os 45 dias de veiculação de propagandas e propostas, que seguem até as vésperas do primeiro turno, são apontados pela maioria dos especialistas como um dos principais fatores de decisão de voto e têm tudo para reaquecer as disputas eleitorais.

O horário político no rádio e na TV, é bem verdade, tem alcance e efeito mais diretos nas candidaturas majoritárias. No caso dos que pleiteiam vagas nas assembleias estaduais ou no Congresso Nacional, o corpo a corpo e a divulgação por meio de panfletos e internet é fundamental para dar corpo às candidaturas. No entanto, ainda assim os candidatos não podem descartar os segundos extras oferecidos para divulgação.

Em meio ao mar de indefinições que cerca as candidaturas no país e nos estados, a maior expectativa é para que os minutos em rádio e TV não se transformem em espaços pasteurizados, que não tenham como protagonista os formatos enlatados e a preocupação estética e publicitária, que não sejam dominados por falas e cenas comandadas por marqueteiros, dizendo palavras bonitas para o eleitor em vez de tocar nos problemas centrais que os candidatos precisam encarar. Se mantiver a receita dos últimos anos, o horário eleitoral dará mais um passo para a antipatia do público, desperdiçando um excelente espaço para se discutir propostas vitais à administração pública.

Edição 1615