Reconstruir - Jornal Cruzeiro do Vale

Reconstruir

14/01/2011 08:24

Nos últimos dias aqui e no Brasil, repetem-se as cenas chocantes dos estragos e vítimas das enxurradas, enchentes e deslizamentos de encostas ocupadas. O assunto vira até espetáculo de audiência e politização. O nosso aprendizado com as catástrofes e seus resultados, entretanto é o mínimo apesar da indignação. A chance de tudo se repetir é muito grande. Nem mesmo assim mudamos. Chove demais? Chove. Podemos impedir a chuva? Não. Então a única alternativa é nos prevenir e não esperar apenas pelos gestos das autoridades que são as primeiras a nos deixar vulneráveis.

 Invadimos áreas que sabemos ser das águas, que deslizam, que prejudicam, destroem e matam. Quando alguém diz que é perigoso ou proibido, enfrentamos. A própria Justiça (e promotorias) fecham os olhos aos apelos técnicos sérios e às realidades em nome da função social da ocupação e autorizam o perigo, mas não se responsabilizam pelos danos e as mortes. A sociedade paga a conta. A dor inflige as pessoas que pareciam protegidas pelas decisões. O lixo geramos e descartamos de forma irresponsável e inadequada para gerar perdas aos outros (e as vezes a nós mesmos). E assim vai. Todavia, este assunto técnico, cultural e exige mudanças não apenas das autoridades, julgadores, imprensa, políticos, ambientalistas e líderes comunitários, mas de todos nós, os prejudicados. O clima do mundo agora é assim.

Quem sofreu devido à catástrofes climáticas, bem sabe como o tempo é imprevisível. O sofrimento de tais pessoas começa a ser compensado agora, com o início da entrega das casas no bairro Gaspar Mirim. Novas vidas serão construídas naquele local, e embora as marcas da lembrança não possam ser apagadas, novas memórias, repletas de alegria, podem ser criadas. As chaves das casas são o símbolo da esperança de quem perdeu tudo ou quase tudo o que tinha e agora busca reconstruir-se.

 

edição 1259

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