Dia do Professor: data lembra os desafios da Educação - Jornal Cruzeiro do Vale

Dia do Professor: data lembra os desafios da Educação

15/10/2020

Fontes de inspiração. Aqueles que ensinam e aprendem todos os dias. Pessoas engajadas em oferecer sabedoria e provocar a curiosidade. Profissionais imprescindíveis para a formação dos demais. Na quinta-feira, 15 de outubro, o Brasil comemorou o Dia do Professor. A data serve como um lembrete: cada trabalhador da área da Educação merece e deve ser mais valorizado.

Em meio à pandemia, o sistema de ensino precisou ser reinventado. Apesar das aulas à distância já serem utilizadas há algum tempo, nem todas as faixas etárias eram contempladas. Muitas instituições também não contavam com essa estratégia e precisaram adaptaram o planejamento com o objetivo de se aproximarem ao máximo da antiga realidade, em que o ensino era presencial.

Nesta história toda, você já parou para pensar no dia a dia dos professores e professoras durante o ano atípico? De um lado, estão as famílias lidando com crianças e adolescentes estudando em casa. Mas, do outro lado da tela do computador há profissionais trabalhando duro para fazer um trabalho impecável. Definitivamente, não é uma missão simples.

Alfabetização

Mara Rúbia Junkes Benaci tem 43 anos e há 24 trabalha como professora. Por duas décadas, ela faz parte do corpo docente do Colégio Uni, em Gaspar. Formada em Pedagogia pela Universidade Regional de Blumenau (Furb) e pós-graduada em Psicopedagogia pela Univasselvi, dá aulas ao primeiro ano do Ensino Fundamental.

Isso significa que ela é responsável pela alfabetização de dezena de crianças todos os anos. “Gosto de acompanhar o despertar da leitura e da escrita. Encontrei na alfabetização a maior recompensa por todo o meu trabalho. Ver os olhinhos dos meus alunos brilhando com a descoberta das letras não tem preço, tem valor”, reflete.

De acordo com Mara, a pandemia tornou sua missão ainda mais desafiadora. “A principal dificuldade que percebo é motivar os alunos em vista a tanta tecnologia... fazer da sala de aula um ambiente atrativo”, conta. Ela afirma que tem todo suporte da escola e, inicialmente, trabalhava com videoaulas enviadas aos estudantes pela plataforma Unimestre.

Depois, as atividades foram direcionadas ao Google Forms e, atualmente, são disponibilizadas em aulas online, diretamente pelo Google Meet. “Estamos trabalhando a distância desde março. As crianças participam das aulas expondo sua opinião e dúvidas. Ao meu ver, foi a melhor maneira encontrada tendo em vista a situação de pandemia em que o mundo se encontra”, comenta.

Mara conclui com uma reflexão: “Para mim, ser professora é ter em mãos uma responsabilidade enorme. Poder auxiliar o crescimento e formação de caráter de outro ser. É ser amiga, acolher e também ser firme quando necessário, mas sempre visando o bem dos estudantes. Tudo com muito carinho e amor. Sou apaixonada pelo que faço”.

Ensino Médio

Aos 30 anos, Enio dos Anjos também é professor. Ele é formado em Física pela Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG), tem especialização em Ensino de Matemática e Física (Uninter), especialização em Ensino de Ciências (IFSC) e Mestrado em Ensino de Física (UFSC). Atualmente, dá aulas nas escolas Frei Godofredo e Honório Miranda.

Enio atua na área há nove anos. Hoje, o professor acredita que a principal dificuldade da profissão é a falta de valorização. “Vejo como um paradoxo: a profissão é vista como fundamental pela sociedade, mas não me parece que é dessa forma para os governantes”, destaca. Ele também menciona a falta de estrutura nas escolas, de forma geral.

Outros pontos citados por Enio dizem respeito à quantidade de alunos por turmas e à falta de motivação desses jovens (característica ligada a fatores externos) na rede pública de ensino. Diante desta realidade, o professor fala sobre um problema adicional: a pandemia. “O ano de 2020 nos colocou a prova como docentes. Precisamos nos reinventar para lecionar de forma remota”.

Nas unidades em que trabalha, utiliza diversas estratégias. Entre elas, recursos como o Google Meet, slides, simuladores, disponibilização de recursos audiovisuais e o tradicional quadro branco. “Pensamos também nos alunos que não têm acesso à internet, para que todos sejam atendidos”, reforça a sua preocupação.

Para Enio, ser professor é ensinar que existem conceitos que moldam e que desvendam o mundo e seus processos. “O professor deve, nesse sentido, incentivar a refletir. A tomar as melhores decisões e, consequentemente, nos tornarmos cidadãos que sejam mais humanos e solidários uns com os outros. Pensar cada dia mais na coletividade em detrimento a individualidade”.

Educação Física

Quem também ama ser professora é Jane Zanini, de 53 anos. Ela é formada em Educação Física pela Universidade Regional de Blumenau e pós-graduada em Educação Física Escolar pela Uniasselvi. Sua trajetória profissional começou há mais de três décadas. Atualmente, trabalha com os anos finais do Ensino Fundamental, turmas de 6º ao 9º ano.

Jane dá aulas na Escola Norma Mônica Sabel, onde tem um grande vínculo e amor. “Trabalhei por 32 anos pelo município, me aposentei, passei um ano em casa e... não aguentei de saudades. Senti muita falta do ambiente escolar e decidi fazer novamente o concurso da prefeitura. Retornei em 2020, com força total e ainda mais carinho pelos meus queridos alunos”, enfatiza.

A professora explica que foi complicado retornar neste ano atípico, mas ao mesmo tempo gratificante. “Um novo desafio. Por conta da pandemia, aderimos às aulas pelo Google Class Room, à distância. Foi algo inovador para mim, especialmente porque trabalho com Educação Física, disciplina em que 90% das aulas são práticas”.

Segundo Jane, o apoio da escola e da prefeitura de Gaspar foi essencial. “Nós, professores, recebemos cursos para aprender as novas plataformas. Foi preciso inovar, usar ferramentas de vídeos e realizar um novo planejamento”, descreve. Ela afirma que é sim possível ensinar e aprender desta forma, porém, nada substitui as aulas presenciais.

Muito orgulhosa pela profissão e trabalho realizado nessa trajetória profissional, Jane define: “Ser professora é ser amor. É ser alma. É sentir felicidade em doar-se. Ensinar e aprender todos os dias. Somos profissionais que trabalham para acrescentar coisas boas aos outros, proporcionar o crescimento. É um prazer das aulas”.

 

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Edição 1973

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