730 dias depois da maior tragédia do Vale do Itajaí - Jornal Cruzeiro do Vale

730 dias depois da maior tragédia do Vale do Itajaí

23/11/2010

fotopg6abreMD.jpgDa redação
Por Fernanda Pereira


O colorido das flores que hoje embelezam o jardim de muitas residências na localidade do Baú, em Ilhota, não esconde as marcas deixadas pela tragédia que há dois anos destruiu casas, desabou morros e interrompeu os sonhos de muitas vidas.


Há exatos dois anos o Vale do Itajaí vivia um dos piores momentos de sua história. Mais do que as inundações registradas em 1983 e 1984, em 23 de novembro de 2008 as águas mostravam sua força invadindo casas e levando morros abaixo. O morro do Baú foi um dos mais destruídos na região e foi lá que ficou registrado o maior número de vítimas fatais.


As vidas perdidas nesta grande catástrofe natural jamais poderão ser recuperadas mas para sempre serão lembradas na memória daqueles que viveram o pesadelo de estar acordados naquela chuvosa madrugada de domingo.


Diferente das vidas, que não podem ser resgatadas, os estragos causados pelas fortes chuvas podiam e precisavam ser recuperados, porém ainda hoje, dois anos depois, muito há para ser feito em quase todas as cidades atingidas.


Gaspar


Setecentos e trinta dias depois, o cenário de reconstrução ainda desanima. Muitas famílias não puderam voltar às suas casas, outras não têm mais casas e sequer um terreno para recomeçar e continuam morando de alguel, ou de favor na casa de parentes e amigos. As moradias, prometidas e anunciadas por muitas autoridades políticas locais, estaduais, naiconais e até internacionais, ainda estão emperradas na burocracia que envolve as obras construídas com recursos públicos e enquanto isso as famílias esperam, já quase sem esperança.


Mari Inês Testoni Theiss, diretora da Defesa Civil de Gaspar, garante que pelo menos 30, das  59 casas que estão sendo construídas no Gaspar Mirim serão entregues para a comunidade até o final de dezembro. ?Sabemos que as famílias esperam ansiosas por um novo lar, mas nestes dois anos enfrentamos diversas dificuldades, desde a burocracia na liberação dos recursos até a demora na chegada das doações?, justifica a diretora, que garante que sua equipe se esforça ao máximo para agilizar a entrega dos 148 lares que no momento estão em construção.


90% dos estragos foram recuperados


Enquanto a construção das moradias caminha a passos lentos, a reconstrução dos acessos, pontes e ruas destruídas pelas águas parece chegar ao seu final. Alguns locais ainda precisam ser melhor recuperados, como o Morro do Serafim, no Belchior, que ainda sofre deslizamentos nos dias de chuva mais forte. ?Podemos dizer que 90% dos estragos foram recuperados, mas ainda temos algumas regiões onde o solo está enxarcando ou é muito arenoso e nestes locais os morros continuam a desabar em dias de chuvas?, lembra Mari Inês.  Para estas situações, o Município ainda espera a liberação de recursos, já prometidos e garantidos para a cidade.


Outra grande marca da tragédia de novembro de 2008 é o Morro do Samae. Basta passar pela Avenida das Comunidades para perceber a destruição deixada pelas chuvas no local. O morro começou a cair na sexta-feira, 21 de novembro de 2008, e no final de semana a principal avenida da cidade já estava bloqueada. Mari Inês explica que esta é uma grande obra, com gastos elevados e projetos delicados. ?Já temos estes recursos garantidos no Ministério da Integração, mas o dinheiro ainda não foi liberado. Fizemos um  audaciosos e delicado projeto para recuperar este local e esperamos executar esta obra em breve. Esta ainda é uma das poucas coisas que ficaram por reconstruir?, relata.


Comunidade ainda espera por um plano de emergência para a região do Vale


Nestes dois anos a sociedade ainda espera por um plano de emergência para saber como reagir diante de uma possível nova catástrofe. Muitos estudiosos e especialistas de várias regiões do país estiveram na região, estudaram o solo, fizeram suas análises, mas nada de concreto foi levado até os principais interessados: os cidadãos e cidadãs que desde 23 de novembro de 2008 convivem com o medo de presenciar uma nova tragédia em suas casas.


Na noite desta segunda-feira, 22, mais um destes especialistas esteve na cidade, desta vez para apresentar para a comunidade informações sobre as variações climáticas do Vale do Itajaí  e o impacto que estas variações causam na sociedade. A palestra aconteceu no plenário da Câmara de Vereadores e foi ministrada pelo geólogo Juarês José Aumont, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

 

Confira aqui a cobertura completa da tragédia.

Confira aqui a cobertura completa feita após 1 ano da tragédia.

 

edição 1249

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