O meio ambiente está no centro das atenções da sociedade contemporânea. A preocupação com o planeta faz com que haja elaboração de medidas governamentais e divulgação de pequenas ações que podem ajudar a preservar o que existe hoje. Ensinada em grande parte das escolas, a reciclagem é de grande importância no processo de preservação. Reconhecendo a necessidade de ter uma efetiva coleta de lixo reciclável, o Governo Federal sancionou em agosto de 2010 a Lei da Política Nacional de Resíduos Sólidos, que prevê multa de R$50 a R$500 para quem não separar lixo orgânico do reciclável. A lei entrou em vigor em 1º de janeiro deste ano, e tem a intenção de intensificar ações de educação ambiental.
O projeto tramitou pelo Congresso Nacional durante 21 anos, chegando a fazer parte do dia-a-dia do brasileiro apenas a partir do primeiro dia de 2011. A nova lei torna obrigatória a separação de lixo doméstico em cidades em que há coleta seletiva. Gaspar, de acordo com o empresário do ramo da reciclagem Arnaldo Müller, foi a primeira cidade do estado de Santa Catarina a fazer a reciclagem. Isto ocorreu no ano de 1988, durante o governo do ex-prefeito Francisco Hostins. ?Hoje o Brasil está engatinhando na questão do lixo reciclável. As pessoas estão tomando consciência, e a cada mês que passa aumenta o número de pessoas que separa o lixo?, conta Arnaldo, que recolhe, em média, 260 toneladas de recicláveis por mês.
De acordo com o diretor-presidente do Samae, Lovído Bertoldi, a coleta seletiva em Gaspar já está acima do a lei requere de início, porém pretende aumentar ainda mais a abrangência, com qualidade de serviço. Para que isto seja possível, foi feito um estudo, e um plano municipal de gerenciamento deve ser elaborado assim que a diretora de Saneamento retornar das férias coletivas da prefeitura. ?Vivemos em uma região privilegiada, em que esta política já funciona. Na maior parte do Brasil, ainda há lixões, aqui o que existe são aterros sanitários de acordo com a lei?.
Fiscalização
Ainda não foi definido como será feita a fiscalização, uma vez que tanto empresas quanto pessoas físicas devem separar o lixo que produzem e devem ser cobrados neste aspecto. Para uma fiscalização efetiva, Lovídio diz que terá de mudar a estrutura da parte de resíduos sólidos na autarquia. Ele acredita que criando uma diretoria ? através de uma lei ? que ficasse encarregada desta parte, a cobrança ficaria mais simples. ?Hoje quem tem o poder de fiscalização é a secretaria de Planejamento. Caso fosse criada esta diretoria, com autonomia e poder, seria mais fácil fiscalizar?.
Lei instaura política de Logística Reversa
A Lei da Política Nacional de Resíduos Sólidos também institui a chamada logística reversa, que dá um destino final correto à produtos de alto potencial de contaminação, como pilhas, baterias, lâmpadas fluorescentes e embalagens de agrotóxicos. O Samae implantou em sua sede e na Prefeitura Municipal de Gaspar, no mês de dezembro, coletores de pilhas e baterias, os chamados Papa-pilhas, em que a população pode depositar este tipo de lixo. Arnaldo, que faz a coleta seletiva em Gaspar, é responsável por dar um destino final a este lixo coletado pelo Samae. Ele afirma que as pilhas, baterias, lâmpadas e embalagens de agrotóxicos também são recolhidos na coleta seletiva. A logística reversa torna as empresas produtoras destes materiais responsáveis por recolhê-los após terem perdido sua utilidade. Então, Arnaldo separa os artigos e uma ou duas vezes por ano, as próprias empresas vêm a Gaspar buscar os resíduos sólidos.
Consciência Ambiental é ensinada desde cedo nas escolas
A educação ambiental está dentro das escolas e das casas dos gasparenses. A prova disto é o grande volume de lixo recolhido todos os meses, que tende apenas a aumentar. ?Estamos mais envolvidos com o lixo do que imaginamos. Hoje reaproveitamos todas as sobras. O hábito de jogar lixo na rua ou pela janela do carro acabou. Em poucos anos, o que as pessoas pensam sobre o lixo mudou muito?, comenta Arnaldo.
Lixo também pode ser fonte de renda
Arnaldo Müller, proprietário da Reciclar, cita a estatística de que o mercado do lixo movimentou, no ano de 2009, R$5 bilhões. ?As pessoas acham que o lixo não movimenta a economia, no momento em que você vende o lixo, você gera imposto. O lixo é fonte de renda, gera empregos e impostos para o governo?. Com a Lei da Política Nacional de Resíduos Sólidos o governo começa a dar incentivos para as empresas de reciclagem e catadores, e também para que indústrias utilizem material reciclado. O função dos catadores é definido por Arnaldo como um trabalho de formigas. Cada um faz uma pequena parte, que somada faz uma grande diferença.
edição 1258
Copyright Jornal Cruzeiro do Vale. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita do Jornal Cruzeiro do Vale (contato@cruzeirodovale.com.br).