A água que escorre de dentro da construção onde os alunos do CEI Maria Terezinha Hammes Schmitz, no Braço do Baú, estavam tendo aulas revela a situação de perigo à que as crianças estavam expostas. Desde o início de 2009 o prédio abrigava os pequenos estudantes, porém foi interditado há cerca de duas semanas, quando um morro que fica atrás da construção cedeu e a água começou a escorrer pelo terreno, espalhando lama por todos os lados.
Com a interdição da estrutura as crianças ficaram sem um local para estudar e os pais, que antes se preocupavam com o perigo, agora se preocupam por não ter onde deixar os filhos enquanto precisam ir para o trabalho. ?Já não sabemos mais o que fazer. Não podemos ficar sem uma creche para nossas crianças?, aponta Giseli Richart Reichert, mãe de um aluno. Um novo prédio para o CEI está em construção desde 2009 e a previsão da Secretaria de Educação era de entregá-lo no final do ano passado, porém as obras atrasaram e a promessa é de que a nova creche será entregue nos próximos dias.
Até a inauguração, os cerca de 40 alunos do CEI precisarão ficar em casa. ?Não temos como alugar outro espaço pois existem muitas normas do Ministério da Educação para serem cumpridas e demoraria muito. Entendemos a necessidade dos pais mas pedimos paciência?, explica o secretário de Educação, Marcelo Jacob.
A estrutura onde antes funcionava o CEI era da escola Professor Laudelino S. de Novaes, que está desativada. Segundo os pais, toda a estrutura do lugar estava ruim. Os chuveiros estavam queimados, a água utilizada tinha cor barrenta, havia cupim, entre outros problemas. ?Sabíamos que era uma estrutura perigosa, mas pelo menos nossos filhos tinham creche. Agora estamos sem ter onde deixá-los. A Prefeitura não pode simplesmente fechar o CEI e fazer a gente esperar pela inauguração do novo prédio?, destaca a mãe Revelina Fisher Zimmermann.
Apesar da promessa da inauguração da nova creche, os pais pedem pela reforma e reativação da escola Professor Laudelino S. de Novaes, que antes atendia as crianças de primeira a quarta série.
?Agora nossas crianças precisam ir estudar na Alberto Schmitt, onde a estrutura também não é muito boa. As aulas iniciaram com as turmas cheias, com muitos alunos para uma única professora. Precisávamos de nossa escola de volta?, revela Giseli.
A possibilidade de reativar a escola está nos planos da Secretaria de Educação. Segundo Marcelo, assim que o novo CEI for inaugurado a Secretaria iniciará a busca por recursos para executar um projeto de ampla reforma na escola Professor Laudelino S. de Novaes. Após as obras a escola poderá voltar a receber as crianças do bairro.
A paralisação das aulas no CEI Maria Terezinha Hammes Schmitz foi o estopim para uma insatisfação que teve início no mês de janeiro, quando a professora Ana Paula da Rocha, segundo os pais única profissional formada do CEI, foi afastada após dar banho de mangueira nas crianças. Ana Paula garante que o banho foi de roupa e só ocorreu pois estava muito calor e o chuveiro do CEI havia pegado fogo. ?Fiquei surpresa ao ser chamada pelo secretário e ser informada de que seria transferida para um CEI no Pocinho, pois ele havia recebido uma denúncia do Conselho Tutelar e que eu poderia ser acusada de atentado violento ao pudor?, conta a educadora.
O fato deixou muitos pais indignados, pois segundo eles as crianças gostam muito da professora. Os pais pediram uma reunião com o secretário de Educação e com o Conselho Tutelar para solicitar a volta da educadora, porém, até o momento ela está dotada no CEI do Pocinho. Ana Paula não está trabalhando pois está de atestado médico. ?Esperamos que eles revejam este caso e deixem a Ana Paula trabalhando aqui. Ela é da comunidade, é formada e as crianças gostam muito dela?, aponta Sirlei de Oliveira Richart, mãe de um aluno.
O secretário de educação explica que a decisão de afastar a professora se deu unicamente por causa de uma denúncia anônima de uma mãe. ?Achamos por bem não punir a educadora, mas apenas colocá-la em outra unidade de ensino. A transferência de professores é normal, pois eles são profissionais da educação e atuam onde há necessidade?, explica. Marcelo não descarta a possibilidade de Ana Paula retornar ao CEI do Baú. ?Caso haja necessidade ela pode sim voltar a atender as crianças daquele bairro?. Segundo o secretário, a professora não é a única profissional formada do CEI.
O novo espaço que vai abrigar o CEI Maria Terezinha Hammes Schmitz, e que deverá ser inaugurado nos próximos dias, tem capacidade para atender cerca de 80 crianças, de quatro meses a cinco anos. A estrutura de 440m² conta com salas de atividades para berçário, maternal e escolar; sala de professores; secretaria; banheiros masculino, feminino e adulto; lavanderia; cozinha; refeitório; varanda para lazer; berçário com lactário e fraldário; e sala de recreação. O corpo de profissionais será composto por uma coordenadora, duas professoras, duas auxiliares e uma servente. O horário de atendimento será das 7h às 18h.
A obra foi executada com recursos da Defesa Civil, R$300 mil, e através de doações de entidades como o Rotary Club Hermann Blumenau e o Club da Holanda, que ajudaram com R$37 mil para a compra da mobília e material pedagógico. O CEI Chapeuzinho Vermelho também ajudou com R$15 mil. O terreno de 600 m2 que abriga a nova creche foi doado por Agostinho Hammes. A construção também contou com o apoio da ONG Visão Mundial (www.visaomundial.org.br), que doou R$ 20 mil à Secretaria de Educação de Ilhota.
? Revelina Fisher Zimmermann
?Eu precisei faltar no trabalho para ficar com meu filho pois não tinha com quem deixá-lo?.
? Giseli Richart Reichert
?Tenho um filho pequeno no CEI que está ficando com meu filho de nove anos para que eu possa trabalhar. Estamos preocupados com a situação da educação em nosso bairro?.
? Patrícia Aparecida Pering Richart
?Eu trabalho com meu sogro e estou levando minha filha junto no trabalho, mas, e as mães que não podem fazer o mesmo? Elas estão ficando sem trabalhar. O poder público não pode deixar isso acontecer?.
? Sirlei de Oliveira Richart
?Meu filho de quatro anos precisava ir para o pré e este ano não abriram turma. Ele estava indo no CEI, que estava com péssima estrutura, mas ao menos tinham aulas. Agora ele está sem aula e estou deixando ele com minha sobrinha para que eu possa ir trabalhar?.
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edição 1269
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