Sob um teto de concreto e um chão de barro, Nereu Oliveira improvisou um abrigo para as frias noites de inverno. Com pedaços de um guarda-roupa o andarilho de 39 anos fez um armário, e com uma cama e cobertores doados ele se aquece nas horas de sono e descanso.
A casa improvisada fica embaixo da Ponte Pedro Werner, no bairro Lagoa. O local foi escolhido por Nereu por ser mais sossegado, porém, nos dias em que ele bebe para esquecer os problemas da vida, como ele mesmo diz, o sossego e a paz da vida no interior são interrompidos pela cantoria e pelos gritos do próprio andarilho.
Nereu chegou ao local há mais ou menos um mês. Já recebeu muita ajuda dos vizinhos, porém, ultimamente está incomodando muitos deles. Segundo uma moradora, ele grita muito e faz muito barulho, geralmente durante a noite, quando as pessoas querem e precisam dormir. Augusto Telles, morador do bairro, também reclama. ?Tem mais de um mês que ele está lá e ninguém apareceu para tirá-lo?, afirma.
Quem deveria ter aparecido, no entendimento da comunidade, são os representantes do Poder Público, integrantes da Secretaria de Desenvolvimento Social. Para o secretário Roberto Procópio, o problema vai além da situação de Nereu. Outros andarilhos têm se abrigado embaixo de pontes da cidade e a equipe da Assistência não têm como retirá-los sem ter onde abrigá-los. ?Não temos uma casa de passagem, por isso a única coisa que podemos fazer é orientar estas pessoas?, explica.
A Secretaria também não possui um cadastro com o perfil ou número de andarilhos que passam pela cidade toda semana. ?O que sabemos é que são muitos, pois Gaspar é uma cidade de passagem, e eles vão de um lugar para outro e acabam parando por aqui?, explica o secretário.
Roberto destaca que não possui em sua Secretaria registros de reclamações com relação à perturbação de andarilhos e não conhece a situação das demais pontes da cidade. ?Quando há perturbação do sossego alheio a recomendação é acionar a polícia, pois perturbação da ordem pública é crime?, orienta.
Retirados
Foi assim, chamando a polícia, que os vizinhos da ponte que fica ao final da rua Coronel Aristiliano Ramos, ao lado do Posto do Julinho, conseguiram dar fim a um problema que os incomodava há meses.
Um grupo de cinco andarilhos estava morando embaixo da ponte e todos os dias fazia barulhos e arruaças, incomodando os moradores da região. O grupo ficou no local por vários meses e há cerca de quatro semanas foi retirado por uma viatura policial. O lixo e os restos de caixas de papelão e pedaços de madeira que continuam espalhados pelo local revelam que o grupo esteve por muito tempo morando de forma provisória sob a ponte.
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