Faleceu na tarde de domingo, dia 2, às 16h, em sua residência, no Belchior Alto, Andolin Oeschler, com 99 anos. O sepultamento foi realizado nesta segunda-feira, às 16h, no cemitério do Belchior Alto. Andolin foi vereador em Gaspar no período de 1962 a 1966. Também recebeu homenagem da Câmara de Vereadores de Gaspar no ano de 2005. Ele era o morador mais idoso do Belchior e muito querido pela comunidade gasparense. O articulista do Cruzeiro do Vale, Álvaro Correia, escreveu um artigo em 2007, publicado na versão impressa e que também fará parte de um livro que será lançado este ano relatando sua vida e sua trajetória como homem que marcou a história de Gaspar.
?Numa iniciativa meritória, a Câmara Municipal de Gaspar prestou dia 05 último, justa e merecida homenagem a um grupo de pessoas que, ao longo de suas vidas muito fizeram e contribuíram para o engrandecimento do município. Entre os homenageados destacava-se o senhor Andolin Oeschler, indicado pelo vereador de Belchior Luis Carlos Reinert. O senhor Andolin Oeschler é, hoje, o mais antigo morador de Belchior onde nasceu em 08 de agosto de 1911, contando, portanto, com 96 anos de idade. De bem com a vida, o que impressiona nesse homem quase centenário é a saúde que esbanja e a alegria de viver que transmite em seus gestos e através um sorriso franco e sincero que encanta aos que dele se acercam.
Firme e forte, para receber a homenagem na Sociedade Alvorada, lá compareceu dentro do seu melhor terno azul-marinho, feliz e orgulhoso por saber que seria um dos destaques daquela noite memorável. Descendente de imigrantes alemães, seus avós, Simon Oeschler e Francisca Muller aqui chegaram da Alemanha em 1880, com três filhos, localizando-se em Fidélis, Blumenau. Depois foram para Belchior onde nasceram mais três filhos, inclusive o José que, casado, viria a ser o pai de Andolin.
Por falta de escola Andolin não estudou, tendo apenas freqüentado aulas de alemão, dadas pelo professor Geraldo Venhorst que também veio da Europa. Desde cedo entregou-se aos trabalhos da lavoura e dos engenhos de açúcar e cachaça da família, onde destacava-se pelo empenho e iniciativas que tomava.
Em 1935, com 24 anos de idade, casou-se com a jovem Ida Mannrich, com quem veio a ter 11 filhos. Três anos após o casamento contraiu malária e teve de ser hospitalizado. Por recomendação médica transferiu-se para Rio do Sul onde foi acolhido com a família pelo seu sogro que lhe arrumou emprego. Sete anos após retornou a Belchior onde passou a trabalhar com seu cunhado Clemente Gesser. Passados alguns anos resolveu trabalhar por conta própria instalando um alambique e passou a produzir e comercializar cachaça através da empresa Leão da Serra, nome que ficaria famoso na região por muitos anos.
Nessa época, Belchior apresentava visíveis sinais de progresso e lutava por uma serie de melhorias no setor público, como escolas, estradas, telefone, energia etc. E dessas lutas em busca de benefícios para Belchior, Andolin participou de todas. Por vários anos foi também fabriqueiro da Igreja católica, hoje um belo e majestoso templo, fruto da união e do trabalho do povo belchiolense. Para melhor servir a população Andolin aceitou o convite para candidatar-se a vereador pelo PSD, em 1960, sendo eleito 1º suplente para a legislatura de 1961 a 1966. Como o prefeito eleito, Pedro Krauss, era do seu partido, Andolin com ele tratava diretamente sobre os problemas de Belchior.
Amante do jogo de bocha, a mais de 20 anos participa de um clube, onde, com os amigos, passa horas agradáveis praticando o salutar esporte.
Andolin não se cansa de destacar, pois considera uma dádiva divina, o fato de ter comemorado ao lado de sua esposa Ida e familiares, suas bodas de prata, bodas de ouro, bodas de diamante e também as bodas de ferro.
No ano de 2000, infelizmente, sua esposa veio a falecer aos 91 anos de idade. Outro fato que o deixa muito feliz é quando fala do estreito relacionamento que sempre manteve com os descentes de sua família residentes na Alemanha, na cidade de Waghausel, terra de seus avós e próxima de Frankfurt.
Comitivas de parentes seus da Alemanha já vieram a Belchior visitá-lo umas quatro ou cinco vezes. Em maio de 2004, Andolin com uma filha e o genro esteve na Alemanha onde permaneceu por 22 dias visitando os seus parentes em Waghausel. Diz que jamais esquecerá aquela visita onde foi recebido como uma pessoa importante do Brasil, tantas foram às festas e homenagens que recebeu. O prefeito da cidade, Walter Heiler, o homenageou na prefeitura. Na igreja, quando a sua presença era anunciada todos os fiéis batiam palmas. Os jornais por diversas vezes deram notícias da sua presença na cidade, publicando fotos dos eventos de que participava. Recebeu um convite e visitou as instalações da fábrica da Mercedes Bens, de onde saiu impressionado. Retornou ao Brasil feliz e agradecido por tudo que lhes foi proporcionado durante a inesquecível visita que fez a Alemanha.
Hoje, além dos cuidados que tem com a saúde, de resto Andolin mantém o seu ritmo normal de vida. Cuida das suas plantações, joga bocha, vai a missa e cuida com zelo especial do seu automóvel, uma Brasília amarela que já tem há 29 anos.
Consciente da sua cidadania tem exercido o direito do voto em todas as eleições e espera ainda poder votar nas que estão por vir.
Esse é Andolin Oeschler, que dá a todos nós esse belo e admirável exemplo de vida e que em boa hora foi reconhecido e homenageado pelo Poder Público com o honroso título de "Cidadão Emérito" do município?
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