Maria Dolores dos Santos morava na Rua Leopoldo Alberto Schramm, no bairro Gasparinho, até que sua casa foi derrubada por um deslizamento de terra durante a tragédia de 2008. Desde então, ela tem morado em um galpão no bairro Santa Terezinha. Dolores viu, durante esses três anos, todas as 30 famílias se mudarem do abrigo, a última no mês passado.
Solidão seria um problema simples de resolver, se o fornecimento de água e eletricidade não tivessem sido cortados em setembro e outubro passado.
Dona Dolores continua morando sozinha no abrigo e espera ganhar uma casa nova, construída com doações do instituto Ressoar, mas a Prefeitura afirma que a senhora tem condições de sair do abrigo e não necessita de moradia. ?Dizem que eu tenho para onde ir, mas não tenho. Me mostra onde é?, reclama a desabrigada.
Segundo o secretário municipal de Desenvolvimento Social, Roberto Procópio de Souza, dona Dolores não comprova a necessidade. ?Ela não apresenta documentos requeridos pela assistência social. Aí não temos como avaliar a situação. Dessa maneira, essa senhora não tem direito a ficar no abrigo, nem a receber uma casa, porque não se encaixa nos critérios da Secretaria de Habitação?, explica. Procópio diz que houve os cortes de água e luz pelo custo de manutenção do imóvel.
Algumas pessoas têm se sensibilizado com a situação de dona Dolores. ?Um senhor me ajudou com dinheiro algumas vezes. Uma conhecida comprou gás pra mim, mas eu fiquei de pagar pra ela mais pra frente. Outra me ajudou com um pouco de café, 2 kg de trigo, um pote de manteiga e 1 kg de feijão?, conta a desempregada, que não está podendo trabalhar porque recentemente foi submetida a uma cirurgia nos olhos e porque sofre de problemas renais e dores na coluna. ?A médica me recomendou repousar e não fazer esforço?, lembra Dolores.
Sobre as moradias
O loteamento construído com doações do Instituto Ressoar, no bairro Gaspar Mirim, ainda não está pronto. De um total de 29 imóveis, cinco foram entregues, mais outros 30 do Ministério da Integração Nacional.
A prefeitura entregou no último sábado, 5, as chaves das 89 casas doadas pela governo da Arábia Saudita, erguidas em outro loteamento, às margens da BR-470. Mesmo semnenhum tipo de estrutura de água, esgoto e energia elétrica instaladas no loteamento, algumas famílias já se mudaram para o local, no último final de semana.
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