Quem entra na casa de Valmor Rotermel, 50, anos, pode até pensar que os móveis feitos de tijolos tenham sido ideia para uma decoração diferente, em estilo rústico. Porém, o motivo é outro, totalmente diferente. Valmor é morador da rua João José Schmitt, bairro Bela Vista, e cansou de ver as águas das chuvas invadirem sua casa.
Os móveis feitos de madeira maciça há tempos foram tirados de dentro de casa e substituídos pelos tijolos. Ele é mais um dos vários homens e mulheres que formam uma população indignada com a situação do bairro. Tendo esperanças de melhora, o presidente da Associação de Moradores do bairro, Pedro José Garcia, já recorreu a todas as esferas governamentais e na semana passada enviou um ofício ao deputado federal Décio Lima pedindo R$1 milhão para salvar o bairro. A resposta ainda não chegou.
Valmor já desistiu de acreditar em representantes políticos, e por isso garantiu que não perderá mais nenhum móvel da sua casa. Ele é também proprietário de uma loja de materiais de construção localizada em frente à sua casa. O estabelecimento comercial está à venda. ?Quando a chuva cai, não dá tempo de salvar os materiais. A rua enche em questão de cinco minutos, o que aconteceu três vezes apenas neste ano. Se eu tentar continuar aqui, vou ter que destruir tudo e levantar o terreno para construir de novo?.
A situação também é complicada para Afonso Ventura da Silva, 49, morador da rua Amazonas. Entre as várias coisas que já perdeu estão jogo de cozinha, cama e roupas. Em sua casa, a água chega a alcançar de 80 centímetros a um metro de altura, e ele já perdeu a conta de quantas vezes viu esta cena se repetir. ?Só de ver a chuva se formando já dá medo?, conta o morador.
Para o presidente da Associação de Moradores do bairro, a tubulação do bairro é obstruída, arcaica, obsoleta e sem vazão, e há tempo não acompanha o crescimento do bairro. ?As chuvas de verão estão se aproximando e não é novidade para ninguém que o que temos é um problema emergencial. Mais de 150 residências do bairro são afetadas pelas chuvas?.
Pedro ressalta que associação não deseja bater de frente com a administração pública e sim criar parcerias que levem benefícios à população do bairro. Os moradores aguardam ainda um projeto prometido pela prefeitura em reunião com a comunidade, que não foi apresentado.
O que diz a Prefeitura
De acordo com o coordenador do Orçamento Participativo, Mauro Gubert, o projeto está em desenvolvimento e ainda não há previsão de quando será concluído. ?Grande parte da obra será custeada com o dinheiro do OP. A comunidade tem algo em torno de R$400 mil, só ainda não sabemos qual será a contrapartida, porque o projeto não está pronto?. O secretário de Transporte e Obras Soly Watrick Antunes Filho, está desenvolvendo o projeto com Ademar Cordeiro, professor da Furb. Segundo o secretário, há duas propostas em estudo: uma de sistema de bombeamento da água e outra de revisão da tubulação.
Edição 1315
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