Juliano de Almeida estava em casa em um sábado pela manhã quando percebeu uma cobra encolhida bem na porta de entrada da sala. Sem saber o que fazer com o animal, e ciente de que matá-la não seria a atitude correta, o morador do bairro Bela Vista acionou a equipe do Corpo de Bombeiros, que foi até o local retirar o filhote de jararacuçu.
Casos de aparecimento de animais peçonhentos tornam-se mais comuns com a chegada do calor. Conforme o sargento Evandro de Melo do Amaral, da equipe do Corpo de Bombeiros de Gaspar, as cobras são animais de sangue frio e necessitam do calor do sol para se aquecer e fazer a troca de pele. ?Normalmente elas ficam em trilhas em que não haja movimento de pessoas ou outros animais. Também preferem ?pegar sol? próximo a pedras, sobre galhos secos. No inverno, devido ao calor, elas ficam entocadas, saindo apenas em casos extremos de fome e sede?, explica.
Somente neste ano, a equipe do Corpo de Bombeiros já foi acionada 19 vezes para retirar cobras de dentro de residências. O mês com maior incidência foi o de abril, quando cinco cobras entraram em moradias da cidade. Os bairros com maior incidência são o Gasparinho, principalmente na rua da Santinha, próximo a Mata Nativa Parque; Sertão Verde, Arraial e Belchior. ?Porém, devido ao avanço da área urbana sobre a rural, os animais estão ficando acuados e com poucas opções de alimentação, vindo a invadir terrenos e residências. No caso específico de serpentes, estas vem em busca de roedores que se acumulam nos lixos depositados próximos a residências?, revela o sargento Evandro.
Segundo os socorristas, muitas pessoas têm o hábito de matar o animal ao invés de acionar os bombeiros. A recomendação é de que as pessoas que encontrarem animais peçonhentos dentro ou fora de suas residências devem chamar os bombeiros, que irão até o local capturar esses animais para posteriormente largá-los em local de seu habitat natural, que não ofereçam riscos a comunidade.
Outros Animais
Além das cobras, outros animais também costumam aparecer com mais freqüência durante o verão. São aranhas, escorpiões, entre outros. Segundo Evandro, o cuidado maior deve se dar a aranhas e escorpiões pelo poder da sua peçonha (veneno), principalmente com as crianças, pois se forem atacadas por um animal desses podem ter problemas que vão de uma simples alergia até a um estado de choque anafilático, que se dá por ingestão de substâncias estranhas na corrente sanguínea.
? Algumas dicas para evitar contato com animais peçonhentos
Não trabalhar ou andar descalço em jardins;
Não mexer em buracos no chão ou em paredes;
Olhar bem para o chão ou em paredes;
Olhar bem para o chão quando estiver caminhando;
Ter cuidado com montes de folhas ou cupim seco, e com mato;
Lugares onde aparecem muitos roedores (ratos) são os melhores para as cobras se alimentarem;
Mantenha jardim e quintais limpos; não deixe perto de casa restos de materiais de construção.
? Algumas dicas para socorrer as vítimas picadas por animais peçonhentos
É importante, para quem trabalha na roça, utilizar botas de cano alto e se possível luvas de couro ao lidar com trato, pedras, lenha, etc. Outro fator importante é como prestar os primeiros socorros em caso de picada de serpente:
-Coloque a vítima sentada ou deitada de modo que fique o mais calma possível, não a faça andar, esta deve ficar relaxada;
-Acione o SAMU (192) ou o Corpo de Bombeiros Militar (193);
-Não ministrar água para beber e nenhum outro tipo de líquido como cachaça, álcool, etc. ou alimento;
Lavar muito bem lavado o local da picada com água e sabão;
-Não furar, cortar e muito menos tentar ?chupar? o sangue da vitima no local atingido. Essas práticas são mitos e não produzem nenhum efeito benéfico;
-Jamais fazer torniquete. Essa prática concentra o veneno no local da picada e pode levar o membro afetado a necrose e posteriormente a amputação do mesmo;
-Capturar o animal (com cuidado), para que seja levado junto com a vítima para o hospital. Isso facilita a identificação da espécie e consequentemente o soro a ser utilizado.
Espécies
? Serpentes - O grau de toxicidade da picada depende da potência, quantidade de veneno injetado e do tamanho da pessoa atingida. No Brasil, a maioria dos acidentes ofídicos é devida a serpentes dos gêneros Botrópico, Crotálico e Elapídico.
? Botrópicos: (Urutu, Jararaca, Jararacuçu): Fortes dores no local, inchaço, vermelhidão ou arroxeamento e aparecimento de bolhas. O sangue torna-se de difícil coagulação e pode-se observar hemorragia no local da picada, bem como na gengiva.
? Crotálico (Cascavel): Quase não se vê o sinal da picada, e também há pouco inchaço no local. Algumas horas após o acidente se observam a dificuldade que o paciente tem de abrir os olhos, acompanhada de visão ?dupla? (vê os objetos duplicados). O paciente fica com ?cara de bêbado?. Outro sinal é o escurecimento da urina, após 6 e 12 horas da picada, caracterizando pela cor de coca-cola. Responsável por 9% dos acidentes.
? Elapídico (Corais): Pequena reação no local da picada. Poucas horas após, ocorre a ?visão dupla?, associada à queda das pálpebras; a vítima também fica com ?cara de bêbada?. Outro sinal é a falta de ar, que pode, em poucas horas, causar a morte do paciente. Responsável por 1% dos acidentes.
Fonte: Equipe do Corpo de Bombeiros de Gaspar
edição 1246
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