Foto: Joice Russi
Uma passeata foi organizada pela equipe da Secretaria de Saúde nesta quarta-feira, 1º de dezembro, Dia Mundial da Luta contra a Aids, para conscientizar a população gasparense sobre a importância de se acabar com o preconceito contra os portadores do vírus HIV. Diversas orientações também foram oferecidas à população que passou pela praça central.
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Portadores de HIV ainda convivem com o preconceito
Com apenas 11 anos de idade, G.L. sabe de sua doença e do preconceito que pode vir a sofrer da sociedade. Na escola, os professores sabem que a pequena garota é portadora do vírus da Síndrome da Imunodeficiência Adquirida, a AIDS, porém, seus amigos não.
Para manter a doença em segredo, G.L. não toma seus remédios na frente de pessoas que não são da família, não gosta quando a lembram de tomá-los e há alguém por perto e sempre que se machuca pede por um papel e ela mesma o segura sobre o corte até o sangue estancar. Ainda assim, já sentiu o gosto do preconceito quando uma mãe pediu para que suas crianças não brincassem com ela.
Apesar das campanhas governamentais, alertando que o HIV é transmitido somente através de relações sexuais sem preservativos, compartilhamento de seringas contaminadas ou de mãe para filho durante a gravidez e a amamentação, o preconceito ainda é muito grande.
?Faremos uma caminhada no dia mundial de Combate à AIDS para chamar a atenção para a doença. Em Gaspar, há ainda muito preconceito com estas pessoas?, afirma Camila Schramm, enfermeira coordenadora do Programa DST/AIDS do município. A partir das 16h do dia 1°, quarta-feira, quem estiver pelo centro da cidade poderá ver o grupo em passeata, vindo da Sociedade Cultural Recreativa Alvorada até a Praça Getúlio Vargas. Ao longo da caminhada e em seu destino final, será distribuído material informativo e prestado serviço de orientação. Também na praça, apresentações artísticas serão realizadas. Este dia voltado ao combate da doença foi criado para que as pessoas percebam a importância e necessidade da prevenção, conheçam melhor a doença e a realidade de quem convive com ela, eliminando, desta forma, o preconceito.
Há cerca de 12 meses, no seu aniversário de dez anos, G.L. soube o motivo pelo qual tomava remédios, ia ao médico a cada três meses e tinha que tomar cuidados especiais. A esposa de seu avô, que cuida da garota que perdeu os pais em função da doença, conta que no princípio, ela não acreditou, mas assim que o médico explicou em detalhes a AIDS, ela aceitou a realidade. ?Ela teve a mesma reação que a mãe dela quando descobriu, disse que isso era coisa da nossa cabeça e que ela não tinha nada?, conta I. M. P. São necessários diversos cuidados para evitar que a menina adoeça e, por menor que seja um resfriado ou qualquer outra doença do tipo, G. L. tem que ser encaminhada ao médico caso a pegue.
No irmão da menina a doença não se desenvolveu, mesmo que ambos os pais fossem portadores do vírus. Ao contrário de sua irmã, ele nasceu de parto cesariano e não teve contato com o sangue ou leite materno. No tratamento que faz, G. L. tem de ingerir três qualidades de remédio e comer bem, de forma equilibrada. Sem os medicamentos, a imunidade volta a ficar muito baixa, fazendo com que o corpo fique vulnerável à doença. Foi esta vulnerabilidade que matou os pais da criança. Fazia cerca de um ano que a mãe havia parado o tratamento quando descobriu que estava com pneumonia. ?Então ela voltou a fazer o tratamento, mas já era tarde demais?, conta I. M. P. O pai sofreu um acidente, passou por uma cirurgia com imunidade baixíssima, por não fazer o tratamento, e pegou uma infecção. Com o tratamento é possível que portador da doença leve uma vida normal, com alguns cuidados especiais.
33 milhões de pessoas vivem com o HIV
Já passou o tempo em que ser diagnosticado com Aids era uma sentença de morte. Hoje, é possível que a pessoa consiga viver com qualidade de vida, tomando os remédios e seguindo os conselhos médicos.
A aids é o estágio mais avançado da doença que ataca o sistema imunológico. A Síndrome da Imunodeficiência Adquirida, como também é chamada, é causada pelo HIV. As células de defesa do organismo são atacadas pelo vírus, o que torna o corpo mais vulnerável a diversas doenças, de todas as gravidades. Com a imunidade baixa, o próprio tratamento dessas doenças fica prejudicado.
O relatório anual do Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/AIDS chegou a estatística de que há, no mundo inteiro, cerca de 33 milhões de pessoas convivendo com o vírus. Somente na América Latina, é estimado o número chegue a 1,6 milhões.
O Dia Mundial de Combate à Aids desperta a atenção para o grande número de infectados e informa por meio de panfletos o que fazer para não engrossar estas fileiras.
edição 1251
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