Dona Olga Rainert Pereira tem 76 anos, mora no mesmo local a 62 e há 21 usa um pequeno espaço que há na extremidade do terreno que antes abrigava a Feira Livre Municipal como passagem. É por lá que passava para ir ao mercado, tarefa agora impossível, pois os proprietários do terreno fecharam a saída. ?A comunidade inteira se beneficiava deste espaço, muitos pais passavam por aqui quando levavam seus filhos à escola que existe aqui perto. Só pela quantidade de carros que passa por aqui, percebe-se que havia muita gente que utilizava esta passagem?, comenta Jean Benker Pereira, neto de dona Olga, que mora e tem um estabelecimento comercial ao lado da casa de sua avó.
Jean diz que um bairro tão grande quanto o São Pedro precisa de mais locais pelos quais os carros possam passar para chegar à Avenida das Comunidades, uma das principais ruas de Gaspar. Tapumes fecham agora a saída até então utilizada pelos moradores e outras pessoas da comunidade que trafegam pelo bairro São Pedro. ?O bairro precisa de mais saídas. Em setembro os proprietários disseram que iam fechar e não fizeram nada. Agora simplesmente fecharam?, lamentou Valtrudes Pereira, membro da mesma família.
Os moradores apontam para o fato de haver placas apontando caminho por aquele espaço - como se fosse um acesso à Avenida das Comunidades ? e também iluminação pública. ?Além disso, sempre teve manutenção, a prefeitura sempre cuidou deste acesso. Meus clientes sempre passavam por ali. Por causa do fechamento estou inclusive pensando em mudar minha loja de lugar?, conta Jean, que tem um loja de vídeo games.
Para entrar ou sair do bairro São Pedro é possível passar por outra rua, localizada atrás do terreno em discussão, porém, a comunidade reclama que para fazer uso deste acesso é preciso passar por uma ponte que atravessa o ribeirão que há ao lado do imóvel. A ponte, porém, é inclinada e tem espaço para que apenas um carro passe de cada vez. ?Já tenho 76 anos e vários problemas de saúde. Agora se quero fazer qualquer comprinha pequena tenho que passar por lá para ir ao mercado?, reclama dona Olga. Ela e o marido compraram o terreno em que está sua casa e a do neto do pai dos proprietários do terreno onde está a passagem e desde então viveram naquele local. O que dizem os proprietários
Maurílio Schmitt, que fala em nome de todos os proprietários do terreno onde fica a passagem ? todos da família Schmitt ? explica que os proprietários estão apenas exercendo o direito de propriedade que a família tem sobre o imóvel, que desde seu bisavó vem passando de geração em geração. Agora porém, a intenção dos herdeiros é de que o imóvel seja vendido, motivo pelo qual começaram a cercá-lo. Maurílio avisa que logo devem acabar de cercar o terreno, quando a prefeitura terminar de remover o prédio em que estava localizada a antiga feira de produtos artesanais.
Quanto ao espaço que os carros utilizavam como escape para a Avenida das Comunidades, ele explica que aquilo nunca foi uma rua. ?Alugamos por muitos anos o terreno para a Feira Livre Municipal, em que Prefeitura de Gaspar deveria usar o imóvel para a construção do prédio e estacionamento. Em nenhum momento foi dito que ali se abriria uma rua, nunca autorizamos e ela realmente não foi aberta?.
Maurílio afirma que se a prefeitura entender que há a necessidade de criação de uma rua no local, deve então seguir o procedimento correto para abrir a via, sendo que os proprietários seriam então indenizados pela perda daquela parte do terreno.
Maurílio conta que parte do terreno foi, no passado, doado para que a prefeitura abrisse outras ruas. Uma das ruas que passa pelo terreno, inclusive, é a Avenida das Comunidades. As outras são Emilio Fachini e Anselmo Pachoal da Silva. O terreno comprado por Osmar Pereira, marido de dona Olga, tem cerca de 400 metros quadrados e testada para a rua Emilio Fachini, rua que passa na parte de trás do imóvel, explica Maurílio, portanto acredita que os moradores devam utilizar esta rua para se deslocar. ?Não é possível abrir ruas no grito, há todo um processo que deve ser respeitado. O terreno da antiga feira livre está legalizado, pagamos os impostos corretamente e temos o direito de decidir o que será feito com ele?, finaliza.
edição 1291
Copyright Jornal Cruzeiro do Vale. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita do Jornal Cruzeiro do Vale (contato@cruzeirodovale.com.br).