Fonte: Arquivo Histórico Documental Leopoldo J. T. Schmalz
“Os registros sobre a ocupação nas terras no estado de Santa Catarina são marcados por grupos de caçadores e coletores, que teriam chegado à região através do vale do Rio Uruguai, por volta de 5.500 a.C. Já no século XVIII, os nativos Xokleng refugiavam-se nas matas tropicais das encostas e vales da região e, a partir do século XIX, com a chegada de imigrantes europeus, foram perdendo seus territórios.
Os açorianos fizeram o primeiro contato com a área onde hoje se localiza Gaspar no final do século XVIII, vindos das cidades de Camboriú e Porto Belo. As águas dos córregos eram aproveitadas para a produção de açúcar, cachaça, pecuária e uso doméstico.
Em 1835 vieram os imigrantes de origem germânica, influenciando a formação da cultura gasparense e impulsionando e diversificando o desenvolvimento econômico da cidade. Em 1844, chegaram os belgas, fundadores da Colônia Belga de Ilhota. Falavam o idioma alemão e os costumes eram muito parecidos com os de São Pedro de Alcântara, integrando-se facilmente com os moradores de Gaspar e aqui se estabelecendo.
Nos anos de 1876, foi a vez da chegada dos imigrantes italianos. Em Itajaí, foram encaminhados pelo Rio Itajaí-Mirim até as terras da Colônia Itajaí/ Brusque, que envolviam áreas do sul do atual território de Gaspar.
Desde o início, a ocupação das terras foi marcada pelas margens do rio. Na margem esquerda, os moradores “construíam ranchos simples cobertos com palha, faziam roçado onde plantavam aipim, milho, feijão, cana, algodão, batatas, arroz, café e fumo. Armavam um cercado para as galinhas. Tinham uma canoa como meio de transporte, comunicação e pesca” (Memória Gasparense – Nossos Povoados. p.5).
Já na margem direita, um único senhor obtinha grande parte das terras da região. “José Henrique Flores, em 1835, era o maior proprietário de terras à margem direita do rio. Sabe-se que sua fazenda se estendia desde a atual divisa de Ilhota com Itajaí até o Ribeirão Poço Grande. Tinha escravos, muitas produções de café, exploração de minérios, madeira e grande liderança política do Senhor Proprietário” (Memória Gasparense – Nossos Povoados. p.7).
Os imigrantes criaram suas culturas específicas. Na dança, por exemplo, desenvolviam fandango (em ritmo de sapateado), chamarritas (parecido com valsa), ratoeira (de roda), pau-de-fita (damas e cavalheiros trançam fitas) e quadrilha.
Em 1880, nossa vizinha Blumenau foi elevada à categoria de cidade e Gaspar passou a ser seu distrito.
Gaspar já pertenceu a São Francisco do Sul, Porto Belo, Itajaí e Blumenau. Durante quase 54 anos constituiu-se como segundo Distrito de Blumenau. Na década de 1930, lideranças locais mobilizaram-se, encontrando apoio nas esferas Federal e Estadual, conquistando a emancipação política. Até que em 1934, Coronel Aristiliano Ramos, Interventor Federal em Santa Catarina, assinou o decreto que emancipava Gaspar politicamente. O município de Gaspar foi instalado em 18 de março de 1934 e ganhava o primeiro prefeito, o senhor Leopoldo Schramm.
Leopoldo Schramm nasceu no Centro da Freguesia de São Pedro Apóstolo de Gaspar, em 6 de setembro de 1890. Faleceu em 8 de abril de 1948, aos 58 anos, vitimado por doença contraída pelo convívio com cavalos. Filho de Luiz Schramm (*02/07/1857 e +29/01/1893) e Bertha Frieker; bisneto de Frederico Guilherme Schramm (fundador da igreja católica), alemães que chegaram a Gaspar em 1848. Desde muito cedo, trabalhou para auxiliar sua família. Seu pai faleceu quando tinha cinco anos. Foi padeiro, jardineiro, marinheiro e cozinheiro de navios. Viveu algum tempo em São Paulo. Casou-se em 1911 com Cecília Zimmermann, filha de José Antônio Zimmermann e Maria Carolina Schneider.
Em 1920, a família de Leopoldo Schramm retornou para Gaspar, estabelecendo-se com oficina de funilaria, solda e outros. Dona Cecília cuidava de padaria e fábrica de balas, situada na atual Rua Coronel Aristiliano Ramos.
Leopoldo Schramm foi liderança em Gaspar durante a revolução de 1930, arregimentou jovens e partiram para a luta armada, em prol da democracia brasileira. Terminando a Revolução, o jovem Leopoldo torna-se líder político na região.
Nas eleições de 1936, foi, então, eleito pelo Partido Liberal. Governou Gaspar de 1934 a 1936 como prefeito nomeado. Continuou sendo prefeito de 1936 a 1947, durante o período da Era Vargas. Em sua administração, construíram-se muitas estradas, pontes e pontilhões. Várias escolas foram implantadas no interior. Na cidade, passou a funcionar o Grupo Escolar Professor Honório Miranda e a Indústria de Linhas Círculo iniciou suas atividades.
Leopoldo Schramm enfrentou muitas dificuldades em seu governo: falta de dinheiro, máquinas, equipamentos e funcionários para realizar os serviços públicos. As obras eram executadas em regime de mutirão, com a participação efetiva dos munícipes.
Depois de 90 anos do nosso 18/03/1934, Gaspar está em constante transformação, buscando diversificar sua economia. O município possui muitas riquezas naturais, enorme potencial econômico e grande diversidade cultural dando sustentação a este desenvolvimento.
Assim como no passado nossos ascendentes chegaram nessas terras buscando uma nova chance, hoje nossa cidade continua recebendo muitos imigrantes de diversos lugares que chegam com o mesmo objetivo.
Para finalizar, um verso do nosso hino:
Teus verdes campos
enobrecem a paisagem,
Teu povo alegre te
conduz numa canção,
És o berço do imigrante
que transforma,
O teu regaço em uma
longa oração.”
Copyright Jornal Cruzeiro do Vale. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita do Jornal Cruzeiro do Vale (contato@cruzeirodovale.com.br).