Depois de passar quase dois anos morando em um pequeno espaço no abrigo montado para as famílias desabrigadas pela tragédia de novembro de 2008, Lindacir Monteiro foi informada pela Prefeitura que sua casa, até então interditada, estava liberada para que ela fosse morar com o marido e os quatro filhos.
A moradia de madeira foi construída na beira de um barranco na localidade do Jardim Primavera, bairro Bela Vista. Com a enchente, parte do barranco cedeu e a casa ameaçava desabar. Um laudo da Defesa Civil, de março de 2009, afirmava que a família poderia voltar para a residência, porém, precisava fazer algumas reformas.
Lindacir afirma que não tinha dinheiro para fazer as reformas exigidas e por isso continuou morando no abrigo, porém, neste período, segundo a senhora, sua casa foi invadida por uma pessoa do bairro que revendeu a casa para outra pessoa que executou as melhorias exigidas pela Defesa Civil que, em junho deste ano, voltou ao local e constatou que com as reformas executadas a casa estava liberada para a família de Lindacir voltar para o local, porém estava habitada por outra pessoa.
O caso tornou-se motivo de incomodação para a Secretaria de Assistência Social do município, que afirma ter recebido denúncias de que o marido de Lindacir teria vendido a casa, porém, nenhum documento comprova estas denúncias.
Diante dos fatos, o município buscou uma conciliação entre a família de Lindacir e o novo morador e sugeriu que a senhora pagasse ao novo morador os valores gastos com as reformas executadas na casa e voltasse a morar no local, que segundo laudo da Defesa Civil estava liberado para a moradia e por isso ela não teria direito a receber uma nova moradia do Município, mesmo depois de passar quase dois anos morando no abrigo.
Lindacir não aceitou a proposta, pois afirma que, apesar das reformas, a casa ainda oferece riscos. ?Eu não vou morar neste local como está. Eles apenas colocaram alguns pilares de madeira sem nem sequer pregar. Os pilares estão apenas apoiados, podem cair com qualquer vendaval mais forte. Não vou por a vida de meus filhos em risco?, afirma a senhora, que agora não sabe para onde ir, pois não pode mais ficar no abrigo, não vai receber a moradia doada pelo Município e se nega a morar em sua antiga casa.
O que diz o secretário da Assistência Social
Edinei de Souza, secretário de Assistência Social, explica que o caso de Lindacir ainda não é definitivo e que o Município espera encontrar uma solução para a senhora e sua família. ?Já marcamos uma nova vistoria, com outro engenheiro, na casa de Lindacir e devemos fazê-la nesta sexta-feira. Se este novo laudo afirmar que a casa dela está em risco ela poderá voltar a ter direito a uma moradia do Município. Ainda estamos analisando este caso?, revela o secretário.
LINDACIR mostra parte de baixo de sua residência. Barro que dava sustentação à moradia foi levado com as águas e continua a seder. Vigas foram colocadas por outro morador de forma provisória e segundo Lindacir estão soltas e oferecendo riscos.
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