Elas são muito mais do que simples empregadas domésticas - Jornal Cruzeiro do Vale

Elas são muito mais do que simples empregadas domésticas

28/04/2012

Por Ana Carolina Bernardes

A rotina de Cátia Silene Schneider, 32 anos, começa cedo, exatamente às 6h da manhã. A empregada doméstica sai da sua casa no bairro da Velha, em Blumenau, para ir ao bairro Bela Vista, em Gaspar, onde trabalha há 10 anos. ?Começo a trabalhar às 8h. Tomo café, e já começo com as minhas tarefas. Faço o almoço e saio às 13h para trabalhar em outras casas. É uma profissão muito prazerosa?, conta. Cátia é apenas uma, das milhares de empregadas domésticas dedicadas e indispensáveis na rotina de uma família.

A mãe de cinco filhos trabalha como empregada doméstica há quase 17 anos e diz que a maior vantagem da profissão são as amizades conquistadas e o carinho da família onde trabalha. ?Eu gosto muito do meu trabalho, e não tenho vontade de desempenhar outra função que não seja essa. É uma profissão pouco reconhecida, mas é tão importante quanto qualquer outra?, destaca Cátia. 

Na maioria das vezes, a empregada doméstica chega a ser mais do que uma simples profissional e passa a fazer parte da família para quem trabalha.  A patroa de Cátia, Edna Sandra Rocha, 46 anos, diz que ela é indispensável para a rotina da casa. ?Sem ela aqui seria impossível. Ela é muito importante para a minha família?, fala. Edna brinca que Cátia chega a ser mais dona de casa que ela própria. ?Eu viajo muito por causa do meu trabalho, então a Cátia sabe onde estão as coisas que eu preciso melhor do que eu?. Para Edna, a doméstica é tão importante que já é considerada membro da família.

A rotina de Luciana Bagefski, 44 anos, que também trabalha como empregada doméstica há muitos anos, é um pouco diferente da rotina de Cátia. Luciana sai da sua casa na Margem Esquerda cedo e chega ao trabalho, no bairro Sete de Setembro, às 7h, onde fica até as 17h.

Luciana trabalha com a família de Maria Eva Vieira Dalbosco, 47 anos, há quatro anos e já conquistou a confiança de todos. Ela conta que o trabalho como empregada doméstica foi seu primeiro emprego e até hoje ela se identifica muito com a profissão. ?A melhor parte desse trabalho é ver que os teus patrões gostaram do que você faz e te reconhecem por isso?, afirma. E a família de Eva valoriza muito Luciana. Eva diz que a sua ajudante, como prefere chamar Luciana, auxilia na administração da casa, no cuidado com os filhos e os animais domésticos. ?A nossa ajudante é muito importante em nossa casa. É alguém de confiança por quem temos um carinho todo especial?, revela.

Comemoração
Nesta sexta-feira, 27, o mundo inteiro comemora o dia da empregada doméstica. A data é dedicada a Santa Zita, a padroeira das domésticas. A padroeira nasceu na Itália e desde a infância trabalhou como empregada doméstica para ajudar a família. Exerceu essa profissão por 48 anos, e morreu em 1268. Em 1696 foi canonizada pela Igreja Católica e proclamada padroeira das empregadas domésticas por Pio XII.

Procura cada vez menor
A falta de mão de obra para os serviços domésticos já é uma realidade em todo o país. Seja pela falta de demanda de empregadas domésticas ou pela grande procura por empregadas que sejam de confiança, a procura por este serviço está diminuindo bastante também no município. O coordenador do Sistema Nacional de Emprego de Gaspar ? Sine, André Luis da Conceição, fala que hoje há apenas uma nesta função a ser preenchida. ?Os empregadores estão sendo cada vez mais criteriosos quanto aos requisitos de uma empregada doméstica. Eles querem referência, mas nem sempre isso é possível. Tem que haver mais flexibilidade, pois hoje em dia está difícil?, explica.

Ainda segundo André, muitas empregadas domésticas optam por ser diaristas, pois acabam trabalhando menos e ganhando quase o mesmo salário. ?As diaristas pedem em torno de R$80 por diária, enquanto uma empregada está ganhando em torno de R$800 mensal?, explica.

Rosveria Aparecida Delfino está à procura de uma empregada doméstica há alguns meses, mas até hoje não conseguiu encontrar ninguém de confiança. ?Estou conversando com pessoas que conhecem estas profissionais, pois prefiro assim. Dessa maneira, sei que ela é conhecida e confiável, mas a maioria já está trabalhando em alguma casa ou só presta serviço de diarista?, fala. Rosveria diz também que a falta de profissionais nessa área se dá justamente porque os empregadores procuram cada vez mais trabalhadoras conhecidas. ?Afirmo isto, pois está acontecendo comigo. É um cargo de grande responsabilidade que não pode ser dado a alguém sobre o qual você não sabe?, conclui Rosveria.

Edição 1383

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