Empresária sofre sequestro e é salva por família de desabrigados - Jornal Cruzeiro do Vale

Empresária sofre sequestro e é salva por família de desabrigados

22/09/2011

img6824MD.jpgVirada para a bíblia, Claudete Dagnoni da Silva, 63 anos, tenta esquecer por meio de orações aquela que foi uma das piores noites de sua vida. Em frente a ela, o Salmo 113 ? Milagre de Deus. 

A mulher de grande fé atribui o fato de sair ilesa de um sequestro feito na noite desta quarta-feira, 20, a uma obra de Deus. ?Sou muito católica, rezo muito, tenho vela, bíblia, faço oração todos os dias. Botei nas mãos de Deus. Disse a Ele que não queria deixar minha família, que é o que mais amo?.

Todas as quartas-feiras, o namorado de Claudete vai até sua casa. Sabendo que nesta semana o neto dele também iria visitá-la, ela resolveu ir até um supermercado comprar hambúrguer, queijo cheddar e refrigerante, os favoritos do menino.

Claudete saiu do supermercado com as compras e foi em direção ao carro. Tão logo ela desligou o alarme do automóvel, um dos três jovens que participaram do sequestro apareceu e a abordou. O outro abriu a porta do banco de trás e tentou fazê-la entrar a força, de forma que ela ficou com as pernas para cima. Ela viu que passava uma mulher de bicicleta e balançou as pernas, tentando chamar a sua atenção. A mulher a viu, reconheceu quem era e saiu rapidamente em direção ao mercado. ?Sujou, sujou, vamos embora?, foi o que eu ouvi eles dizerem. Eles eram jovens, o menino que estava atrás comigo ainda tinha cara de criança?, descreveu. Foi por meio de uma série de ligações, que se iniciou com uma ligação do supermercado, que a família soube que Claudete havia sido sequestrada e pode acionar a polícia.

De olhos fechados a mando dos sequestradores, Claudete não tinha noção de onde estava indo. O carro passou por diversos buracos, o que a fez imaginar que teriam passado pelo centro de Gaspar, cheio de buracos devido às obras e também por estradas de barro. ?Perguntava para onde estavam me levando e me mandavam calar a boca ou então eu iria morrer. Eu não podia sequer mexer minhas mãos. Quando fui tirar meus óculos, mandaram que eu abaixasse a mão?. Ela dizia ser aposentada, ganhar apenas um salário, não possuir nada, embora seja a proprietária de uma oficina de carros. Ela conta que tinha em sua carteira apenas o troco de R$4 e que a gasolina do carro estava na reserva.

Por isso, tiveram que parar para colocar gasolina. Eles pararam duas vezes em postos de gasolina e uma vez em um ponto de drogas.

Foi então que os jovens arrancaram o aparelho de som do carro e o trocaram por drogas. Continuaram o caminho, com eles fumando dentro do automóvel. Claudete não soube dizer que droga seria. ?O cheiro era horrível, estava me sentindo sufocada, então falei que tinha problemas cardíacos e iria morrer. O que estava do meu lado respondeu: ?Se a senhora morrer do coração vai ser até bom, pois daqui a senhora não sai??.

Ajuda  que ?veio de Deus?


Os sequestradores acessaram o trevo que faz a ligação entre Itajaí e Brusque, na BR 101, porém acabaram saindo da pista e atolaram próximo ao viaduto. Claudete acredita que tenha sido Deus que guiou eles, pois os jovens estavam alucinados. Depois que atolaram, os criminosos pediram ajuda para pessoas que estavam morando embaixo da ponte. Um senhor e três rapazes tentaram ajudar a desatolar o carro. ?Pensei em fugir, mas para onde? Tinha medo de que eles tivessem uma arma e atirassem em mim. Por isso fiquei quieta?.  Ela contou que um dos jovens questionou outro sobre o que fazer com a mulher que estava dentro do carro. Percebendo a situação, um dos moradores mandou que eles saíssem de lá naquele momento ou os mataria, e anunciou que salvaria a mulher. Os três jovens fugiram a pé.

Claudete foi levada até a pequena casa que eles tinham embaixo do viaduto. Os jovens tentaram voltar para pegar o carro, já que ainda estavam com a chave. Um dos moradores foi ao encontro deles com um facão e desferiu golpes no rosto e um corte na orelha. Ele voltou com a chave do carro, um boné ensanguentado de um dos jovens, e a notícia de que tinham ido embora.

Usando o telefone de uma das mulheres da família que estava no local, Claudete entrou em contato com a filha, que acionou a polícia. ?Eles me acolheram muito bem, cuidaram de mim. A gente pensa que quem mora embaixo da ponte é marginal, mas aquelas eram pessoas que não tiveram oportunidade?. De volta à sua casa, Claudete não conseguia apagar da mente as cenas daquele dia. Precisou de comprimidos para dormir e assim, finalmente descansar do que parecia um pesadelo. ?Saí ilesa, não me bateram, não me machucaram, só pediram para que eu ficasse quieta e não abrisse o olho. Uma situação que jamais imaginei?. Os bandidos levaram seu relógio, anéis de bijuteria, uma aliança de compromisso, alguns cartões e uma pequena quantia em dinheiro.

____________________________

Mulher é sequestrada e fica três horas sob poder dos bandidos

Uma gasparense foi sequestrada no início da noite de ontem, 21. Claudete Dagnoni da Silva, 63 anos, ia embora do supermercado quando foi abordada por três jovens. Eles a obrigaram a entrar no banco de trás de seu próprio carro e ela ficou em poder dos seqüestradores por cerca de trás horas. O momento da abordagem foi visto por uma senhora, que a reconheceu e avisou ao supermercado. Foram várias ligações até que a sua família soubesse do acontecido e avisasse a polícia.

Os sequestradores andaram por diversos lugares com Claudete e fizeram três paradas: duas para abastecer e uma em um ponto de drogas, onde consumiram entorpecentes. No momento em que entraram no trevo que há entre Itajaí e Brusque, eles acabaram por sair da pista e atolar o carro em um trecho ao lado da rodovia em que havia lama.

Os três jovens pediram ajuda para pessoas que estavam morando embaixo da ponte. No entanto, quando perceberam que Claudete estava dentro do carro e que se tratava de um sequestro, os moradores atacaram os sequestradores, exigindo que fossem embora. Um dos jovens chegou a ser ferido com um facão e os três fugiram a pé. Foi com o celular de uma pessoa da família que estava morando embaixo da ponte que Claudete conseguiu contatar sua família e ser encontrada pela polícia. Os bandidos haviam levado seu relógio, dois anéis de bijuteria, uma aliança de compromisso, cartões e pequena quantia de dinheiro.

A Polícia Civil de Gaspar investiga o caso e pede para que todos os hospitais da região fiquem atentos ao aparecimento de algum jovem com ferimento semelhante ao descrito.

Comentários

Paulo
24/09/2011 21:42
História incrível e comovente, que mostra a insegurança que aflige a cidade, o avanço das drogas e da violência. Mas por outro lado, mostra que a bondade não tem classe social. Para mim, essa família de desabrigados foram verdadeiros heróis, e merecem toda o respeito e consideração da sociedade gasparense.

Deixe seu comentário


Seu e-mail não será divulgado.

Seu telefone não será divulgado.