Escritor fala sobre sua paixão pela literatura
Por Julia Schäfer Dourado
De simplicidade aparente e sorriso que se abre com facilidade, Mário Prata é uma figura que impressiona pela naturalidade com que expressa suas opiniões e ideias. A caminho do ProLer, evento realizado na cidade de Blumenau onde seria um dos palestrantes, o escritor fez uma parada na Biblioteca Dom Daniel Hostin, onde uma mesa cheia de exemplares de seus livros e um retrato feito por um leitor que é seu fã o esperavam.
Com um meio sorriso, Mário admite que adora falar sobre a profissão. ?Ainda há pessoas que acham que o escritor trabalha com inspiração, com musas, e não é bem assim. É uma profissão como outra qualquer, pagamos até imposto de renda?. Ele explica que no início a escrita era um prazer ao qual alguns se davam, quando a leitura era direcionada e restringida há poucos.
?Hoje só não estamos escrevendo bula, coisa que, aliás, também deveríamos fazer?, brinca. O campo de trabalho é amplo, de acordo com Mário. O escritor não fica limitado ao livro: faz palestras, roteiros para cinema, comerciais e novelas e inclusive escreve livros por encomenda. Prata já passou por tudo isto e teve seu talento reconhecido em diversas dessas áreas.
Há autores que tentam passar mensagens e certos valores éticos e morais nas histórias que escrevem para o seu público de leitores. Mário diz não fazer parte deste grupo. Sua intenção é só de que o leitor se divirta. ?Houve uma época em que não se podia dizer nada. Nesta época fazia sentido escrever para dizer algo e uma geração inteira se propôs a fazer isso. Como você sabe, estou me referindo à Ditadura Militar. Hoje já não faz mais tanto sentido. E tem tanta gente querendo passar mensagens... não vou ser mais um?. Ele começou a escrever para entreter os leitores com uma boa leitura, então diz que é natural querer que o leitor se divirta.
Dos vários livros, crônicas, peças de teatro e roteiro para televisão e comerciais que escreveu, o escritor não elege nenhum favorito. Afirma que sempre prefere o que está escrevendo. Nos últimos cinco anos ele tem se dedicado à literatura policial, que é a característica dos livros que escreveu neste período.
Mário leitor
Quanto ao seu comportamento como leitor, ele comenta que o gênero literário que mais gosta muda conforme a fase que passa em sua vida e se declara apaixonado por literatura policial neste momento, pois é o que escreve agora.
Perguntado se poderia citar um autor, Mario responde, abrindo um sorriso: ?Eu poderia citar uns 150?. Então lista alguns de seus preferidos: o italiano Andrea Camilleri, a inglesa Ruth Rendel ? da qual ele destaca o livro Carne Trêmula, uma obra importante neste tipo de literatura ? o americano Lawrence Block e o sueco Henning Mankel.
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Quem é Mário Prata Escritor que hoje leva uma vida sossegada na cidade catarinense de Florianópolis, Mário é, na verdade, mineiro de Uberaba, onde nasceu no ano de 1946. Passou sua infância na cidade de Lins, interior de São Paulo, e aos 20 anos mudou-se para a capital deste estado, em que começou a trabalhar como bancário. Em nenhum momento o amor pela literatura foi deixado de lado. Desde os 14 anos ele havia trabalhado como redator, colunista social e articulista em um jornal da pequena cidade de Lins. Mário chegou a cursar Economia, porém a paixão pela literatura falou mais alto e ele largou um futuro certo como gerente pela vida de escritor. Prata trabalhou como repórter, cronista, colaborador, contista, articulista e fazendo resenhas de literatura. Durante vários anos, escreveu semanalmente para a revista Época e para o jornal O Estado de São Paulo, publicações de grande relevância jornalística no país. |
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