As duas famílias que se mudaram para o loteamento às margens da BR-470 continuam residindo no local apesar da proibição da Prefeitura, que avisou que os beneficiados não poderiam se mudar enquanto não fossem executadas obras de infraestrutura no loteamento.
?O pessoal da Prefeitura veio aqui avisar que a gente não podia ficar, mas eu disse que vou esperar pela água e a luz?, disse a costureira Eva do Carmo Nogueira. Ela se mudou junto com familiares no começo deste mês, quando recebeu as chaves de casa. ?Avisamos a prefeitura que íamos nos mudar. Não tínhamos mais condições [financeiras] este mês?, disse a costureira. As famílias de Eva e sua filha, Ivone, moravam no Sertão Verde em 2008 e perderam tudo na catástrofe de novembro daquele ano. Depois, residiram em imóveis alugados no bairro Margem Esquerda.
Segundo o diretor de habitação da prefeitura de Gaspar, Heriberto Kuntz, as chaves foram entregues para as famílias saberem quais eram suas respectivas casas. ?Se quisessem poderiam fazer a limpeza do terreno ou da residência. Essas famílias nos disseram que apenas iam deixar a mobília no imóvel. Não falaram que tinham a intenção de se mudar. Como vamos tirar agora??, questiona Kuntz, que garante que já entrou em contato com as outras famílias beneficiadas para evitar novas ocupações fora de hora. ?Pedimos que não fossem para lá porque não há condições mínimas de moradia?.
Parentes ajudam a família de dona Eva e Ivone diariamente trazendo bombonas cheias de água. ?Eles [fiscais da prefeitura] se surpreenderam com a limpeza da nossa casa?, conta Eva. Sem luz, a filha da costureira, Ivone, lava as roupas na casa da cunhada. Outros parentes cedem espaço na geladeira para manter os alimentos frescos. Embora não possa ligar o ventilador, entre outros eletrodomésticos, Eva revelou que não sofre com o calor. ?Aqui é fresquinho e de noite é friozinho. Fica bem gostoso quando a gente fecha a casa e acende a vela.?
A Celesc trabalha na instalação de postes e da fiação do loteamento, mas ainda não há previsão de quando a luz seja ligada. Já o fornecimento de água pode ser ativado em até duas semanas. De acordo com engenheiro civil do Samae, Ricardo Alexandre da Silva, a Prefeitura está licitando o material para construir a rede de esgotamento sanitário no local. No começo de 2012, o Samae vai se reunir com a Secretaria de Planejamento para definir se a obra será executada pela autarquia ou uma empresa terceirizada. Também está prevista a construção de uma estação de tratamento próximo ao loteamento.
Por enquanto, a costureira admite apelar para o mato quando surgem necessidades fisiológicas. As casas de PVC construídas no loteamento foram doadas pelo reino da Arábia Saudita para vítimas da tragédia de 2008.
Edição 1344
Copyright Jornal Cruzeiro do Vale. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita do Jornal Cruzeiro do Vale (contato@cruzeirodovale.com.br).