As roupas penduradas no varal e a porta de casa aberta trazem vida ao cenário que ainda está em construção. Muitas das casas destinadas àqueles que perderam o lugar em que moravam na tragédia de novembro de 2008 ainda não estão concluídas. Outras porém, já contam com pintura, mobília, e o mais importante: habitantes. Este é o caso de oito famílias, que já se instalaram no local em que pretendem recomeçar suas vidas.
Uma destas famílias é a de dona Terezinha Aparecida Machado Pereira. Sua casa, que ficava na rua Manoel Pedra, foi soterrada durante um deslizamento de terra na catástrofe. Não apenas a dela, mas também duas outras casas vizinhas, pertencentes a duas de suas filhas. Terezinha acabou de fazer a sua mudança no domingo, 9. Esta data é especial para ela, pois além de marcar o primeiro dia em sua nova casa, marca também sua nova idade: 50 anos. Dentro de casa já está tudo ajeitado, cada coisa em seu lugar. A felicidade da mulher é aparente em um grande sorriso, que convida a entrar e tomar um café. ?Na verdade, o acabamento da casa são os próprios moradores que devem fazer. Deram-nos o piso e tinta, mas a finalização da obra ficou por nossa conta?, comenta ao servir o líquido em pequenas xícaras.
A filha, Silvana Aparecida Pereira, de 31 anos, estava junto, e aproveitou para contar também a sua história. Ela morou durante um ano em abrigo e relatou a dificuldade que tinha para arranjar uma casa para alugar. ?Eu tenho três filhas pequenas, muita gente não queria alugar por conta disto. Conseguimos uma casa, porém o proprietário a vendeu. Então decidimos vir pra cá, já que nossa casa estava liberada?. Após finalizar sua casa, no dia 23 de dezembro, Silvana fez sua mudança. O Natal já foi comemorado na nova residência, com a família reunida para celebrar, além do nascimento de cristo, o lugar que tinham agora para morar. Não há problemas com a construção da casa, nem com o fornecimento de água ou com o esgoto. O único problema, de acordo com a moradora, é a energia elétrica, que precisou ser improvisada. Ela diz que a construtora fez o serviço de determinado jeito e a Celesc exigiu que fosse feita de outra forma.
No entanto, ambas as moradoras dizem que está tudo ótimo, não conseguem esconder os sorrisos, e declaram-se muito felizes, dizendo que não há nada como ter a casa própria.
Acompanhamento
As moradoras contaram que praticamente todos os dias o diretor da Habitação, Heriberto Geraldo Kuntz, aparece no local para acompanhar como está o dia-a-dia da vida no loteamento. Heriberto diz que costuma sempre acompanhar a situação das casas do Gaspar Mirim, e comentou o trabalho que ainda vem pela frente.
O diretor contou que desde o dia 21 de dezembro algumas casas foram liberadas para aqueles que já haviam finalizado as suas moradias. Falta ainda, de acordo com Heriberto, colocar o piso na parte externa da casa, onde fica a lavação. ?Estas famílias aqui já se livraram do aluguel e vivem em suas casas próprias. A previsão era de que mais casas fossem liberadas, mas não conseguimos fazer isto devido ao erro da construtora na instalação elétrica. Agora empresa já voltou ao serviço, então já estamos resolvendo este problema?.
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