Em meio às construções mais modernas, várias casas antigas se destacam na área central de Gaspar. Elas lembram o estilo de vida e arquitetura desenvolvida por aqueles que aqui viveram. Muitas das construções antigas, heranças históricas e culturais, já vieram abaixo e foram até mesmo substituídas por prédios e estabelecimentos comerciais. Outras tantas, porém, continuam em pé pela força de vontade de seus proprietários em preservar a história da cidade e também as lembranças de suas famílias.
Alguns casarões já não têm mais seu formato original, como o de dona Cleusa Gertrudes Wehmuth Spengler, de 60 anos. O andar inferior do casarão foi modificado para abrigar uma loja de calçados. No entanto, o restante ainda faz parte da construção antiga. As rachaduras que surgiram nas paredes da construção preocuparam a senhora, que ao invés de derrubá-la pretende restaurar o patrimônio que herdou dos pais. ?Nasci e passei minha infância naquela casa. Um engenheiro virá avaliar e iremos restaurá-la. Só irei demolir esta casa no dia em que um engenheiro me disser que não há mais condições de mantê-la em pé, que ela apresenta riscos?, declara Cleusa, mais conhecida como Tuti. Ela afirma que tem apego sentimental aquele lugar, em que um dia viveu e que enquanto a estrutura agüentar, ela irá preservar o local.
Outra construção antiga preservada é a que abriga a loja de Roveri Passos e seu irmão Renato. Roveri, hoje com 50 anos, nasceu e cresceu nesta casa, que hoje é também seu local de trabalho. ?Pretendemos manter a casa. Queremos ampliar nossa loja, mas iremos fazer isso em um terreno ao lado do estabelecimento para que não seja preciso mexer na construção original?, conta. A casa era de sua família e foi o local em que sua mãe, hoje com cerca de oitenta anos, passou sua infância. Ele considera interessante a criação de uma lei que dê incentivo financeiro para pessoas que não tem condições de manter casarões como este. ?Hoje em dia um imóvel destes valeria mais se tivesse um prédio nele. Mas as construções antigas preservam a história das famílias e do município?, observa.
História
Dayro Bornhausen, diretor do Departamento de Cultura, mostra observar situação parecida. ?As pessoas estão mais preocupadas em ganhar dinheiro do que em preservar a história. E uma cidade sem história não é nada?, defende. A criação de uma lei de tombamento histórico está entre as prioridades do Departamento de Cultura. Dayro explica que para entrar no sistema do Ministério da Cultura, os municípios devem ter fundo, conselho e fundação ou secretaria de cultura e neste sistema está também compreendida a lei de tombamento de patrimônio histórico. Esta Fundação deve ser feita no ano que vem, está no plano de Governo e prevista para o orçamento do ano que vem.
Ao chão
No último final de semana mais um dos casarões antigos foi destruído e com ele foi embora um pedaço do patrimônio histórico do município. Localizada na rua Vereador Augusto Beduschi, durante muito tempo a antiga construção pertenceu à família Beduschi, porém, da casa que guardava lembranças de família agora restam apenas destroços. O casarão que tinha em si um pouco da história da cidade foi demolido para dar lugar a um novo estabelecimento comercial. A história foi atropelada pelo progresso.
edição 1281
A história de Gaspar está gravada em fotografias, notícias antigas, livros e ? cada vez menos ? construções históricas.
Os casarões antigos que antes embelezavam a cidade estão cada vez mais raros de ser encontrados. Neste último final de semana, mais um foi demolido e levou consigo mais um pequeno pedaço da história da cidade. Onde antes havia casarão, estão apenas destroços, pedaços das paredes que assistiram a evolução da cidade.
O casarão estava localizado no centro da cidade, mais precisamente na rua Vereador Augusto Beduschi, e durante muito tempo pertenceu à família Beduschi. No entanto, há cerca de quatro meses o casal de proprietários Renato e Marlene Beduschi vendeu a casa para um comprador que pediu para que seu nome não fosse divulgado. Segundo informações de uma corretora de imóveis, o comprador irá construir no local um novo estabelecimento comercial.
Para evitar que prédios históricos sejam demolidos e deem lugar a prédios, estabelecimentos comerciais ou até mesmo outras casas, é preciso que haja uma lei de tombamento histórico para construções deste tipo no município. A questão da elaboração de uma lei destas em Gaspar foi levantada pela primeira Conferência da Cultura, que aconteceu no ano passado para tratar de assuntos relativos à cultura no município. O Departamento de Cultura hoje ainda monta o projeto da lei, que depois de pronta deve ir à Câmara de Vereadores para apreciação e votação. ?É um processo demorado, que envolve muita coisa. Depois do projeto pronto ainda temos que encaminhar para o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional para aprovação e depois segue para a Câmara de Vereadores?, conta Gabriel José Correa, coordenador de eventos do Departamento de Cultura.
Prédios Históricos
Os casarões antigos vão pouco a pouco deixando de fazer parte do cenário do município. Este não foi o primeiro e provavelmente não será o único a sumir da paisagem. No ano passado, outra edificação localizada no centro da cidade foi demolida. Antes, no local, funcionava uma escola de idiomas, que deu lugar a um prédio em construção. Também no ano passado, a antiga construção enxaimel que abrigava a sede dos correios no bairro Belchior foi destruída. Sobram apenas destroços de tantos anos de história, ou então novos prédios que escondem o passado e a história da cidade.
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