São necessários apenas dois dias para que as pequenas casas de madeira sejam erguidas nos terrenos paralelos à rua Antônio Moser, no bairro Jardim Primavera. Com a ajuda de outros moradores, dezenas de famílias constroem rapidamente as residências improvisadas em um espaço invadido na região, que servem de abrigo após terem perdido suas moradias com a enchente de novembro do ano passado.
A ocupação irregular começou logo após os desastres naturais que atingiram a cidade. Em pouco tempo, diversas famílias se alojaram no local. "Eu já moro nessa região há uns 11 anos. Depois da enchente eu não tive mais como continuar na minha casa, então vim com minha família pra cá", conta Cleusa Martins.
O local em que ela e as outras famílias moravam foi considerado como área de risco. "Depois que nos avisaram, tivemos de dar um jeito de improvisar um lugar pra morar. Ficamos num abrigo por um tempo mas depois tivemos de sair. Por isso viemos pra cá. Não queremos mudar para outro lugar da cidade", explica Eliseu dos Santos, que possuía uma pequena casa na comunidade há cerca de oito anos.
A divisão do espaço no local ficou por conta da própria comunidade, que separou o terreno em cerca de 40 lotes, um para cada família. Cada pedaço de terra possui aproximadamente 10 metros de frente e 20 metros de fundo. "Queremos que a Prefeitura negocie com o proprietário do terreno para que possamos construir nossas casas aqui. Nós não queremos esmolas. Somos trabalhadores. Queremos apenas um local para construir nossas casas", aponta João Alvaristo de Souza, que há seis anos reside na localidade.
O terreno é de propriedade do Banco Econômico, que em meados do mês de janeiro entrou com uma ação de reintegração de posse para retomar o espaço. Apesar da medida, o poder judiciário ainda não se pronunciou sobre sua decisão.
O que diz a Prefeitura
Na última quarta-feira, 28, o procurador do município, Mário Wilson da Cruz Mesquita, foi até o local para conversar com os moradores e tentar encontrar uma solução para o impasse. "Por ser um problema de ordem particular, percebemos que não há muito que possa ser feito judicialmente. Porém, temos um compromisso social com aquelas pessoas", destaca o procurador.
Ele acrescenta que um dos grandes problemas no local é a desinformação dos moradores. "Muitos não sabem que podem conseguir auxílio do Governo. Por isso, amanhã iremos com uma equipe da Assistência Social do município e da Defesa Civil até o CDI Sônia Gioconda Beduschi Buzzi para efetuar o cadastramento dessas famílias e verificar os laudos dos imóveis destruídos pela enchente", revela.
Copyright Jornal Cruzeiro do Vale. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita do Jornal Cruzeiro do Vale (contato@cruzeirodovale.com.br).