Famílias querem voltar ao bairro - Jornal Cruzeiro do Vale

Famílias querem voltar ao bairro

18/09/2009

fotin4MD.jpgUm impasse entre Prefeitura, Associação de Moradores e Ministério Público está impedindo a volta de cerca de 40 famílias para a localidade do Sertão Verde. O bairro foi um dos mais atingidos na tragédia de novembro do ano passado e foi interditado pelos geólogos da Prefeitura, que alegam se tratar de uma área de risco e por isso proibiram a reconstrução das moradias destruídas.
Apesar da interdição, um laudo apresentado por um geólogo contratado pela Associação de Moradores garante que caso o morro que fica no meio do bairro seja retirado as famílias poderão voltar a morar com segurança na localidade.  Uma empresa de terraplanagem da cidade possui um projeto para a retirada de parte do morro e está interessada em contribuir com a comunidade, porém, só pode iniciar os trabalhos após a autorização das autoridades.
Carlos Alberto Barbacovi, presidente da Associação de Moradores, revela que o laudo já foi apresentado ao Ministério Público. "O promotor falou que com este documento não há empecilhos para começarmos a retirar o morro. Agora precisamos do aval da Prefeitura", explica.
O documento ainda não foi oficialmente entregue aos representantes da Prefeitura. Carlos pretende entrega-lo nesta sexta-feira e espera conseguir a liberação para o início da obra. Segundo Mari Inez Testoni Theiss, diretora da Defesa Civil, o município possui uma recomendação do Ministério Público para que não permita qualquer modificação do solo nas áreas de risco. "Estamos obedecendo a esta recomendação. Não estudamos a possibilidade de retirar o morro, pois é uma obra cara e o município não pode arcar com esta despesa. Agora, se os moradores tiverem a autorização do Ministério Público e da Fátima, poderão fazer a obra, mas a Prefeitura não tem como custear as despesas", justifica a diretora da Defesa Civil.
Segundo o laudo do geólogo contratado pela Associação de Moradores, o morro é a única elevação dentro da área interditada que poderia oferecer potenciais riscos de futuros deslizamentos. O projeto para a retirada prevê o corte de 120 metros a partir das residências em direção ao morro. No local deverá ser feito todo um trabalho de drenagem, com canaletas e escada hidráulica, bem como a semeadura de espécies forragineiras ao longo de todo o espaço.

FAMÍLIAS
Enquanto a autorização para o início da obra não é oficializada, cerca de 40 famílias estão morando de aluguel, em abrigos, ou com familiares. Destas, 20 perderam suas casas e precisarão reconstruí-las. Outras 20 ainda possuem as moradias, que estão interditadas e após a retirada do morro poderão voltar a ser habitadas.
Geneci Martanello é uma das moradoras que perdeu tudo. "Estamos morando de aluguel, mas as despesas são altas. Eu tinha minha casa própria. Só estou esperando resolverem este impasse para poder reconstruir minha casa", conta a ex-moradora, que agora reside com o marido e os dois filhos em uma casa na Margem Esquerda.
Joraide Aparecida Teixeira, 22 anos, também perdeu sua casa mas conseguiu comprar uma nova moradia no próprio bairro. "Já temos esta casa, mas queria poder reconstruir onde eu morava. Vamos esperar para ver se vai ser possível", comenta.

fotin3MD.jpgAlém da interdição do bairro, os moradores do Sertão Verde também enfrentam outro problema: uma vala que corre a céu aberto e desde a tragédia de novembro transborda sempre que há dias com chuvas mais intensas. O problema atinge mais de dez residências, erguidas às margens da vala.

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