Gaspar acaba de perder uma mulher com uma linda e inspiradora história de vida. Faleceu às 23h40 de terça-feira, dia 11 de março, Clotilde Reinert, mais conhecida como Dona Santa. Ela tinha 99 anos e morreu menos de três meses antes da chegada dos 100.
Dona Santa foi internada no Hospital Santa Catarina, em Blumenau, devido a complicações causadas pelo avançar da idade. “Seus órgãos foram enfraquecendo. Mas ela teve uma morte serena, esteve lúcida até o fim da vida. Sem dores... foi uma passagem tranquila”, disse Junior Hostins, que é casado com uma neta de Dona Santa.
Foi casada com Vergílio Reinert, com quem teve 16 filhos. Ficou viúva muito cedo e criou todos com muito amor e dedicação. Muito devota de Nossa Senhora Aparecida, Dona Santa foi diversas vezes ao Santuário de Aparecida, em São Paulo. “Sempre se virou sozinha. Ia à missa, participava de clubes de mães, fazia as coisinhas dela. Teve uma vida extraordinária”, finaliza Junior.
O corpo de Dona Santa está sendo velado na Capela Mortuária Bom Pastor, no bairro Santa Terezinha. O sepultamento será às 16h desta quarta-feira, dia 12, no Cemitério de Gaspar.
Em junho de 2024, para marcar a chegada dos seus 99 anos, o Cruzeiro do Vale foi até a casa de Dona Santa para conhecer um pouco mais da sua história. Confira abaixo a matéria publicada em 12/06/2024:
Não é preciso dizer muito para apresentar Clotilde Reinert, a ‘Dona Santa’. Ela é uma das grandes referências que Gaspar tem quando se trata de amor ao próximo, fé, determinação e longevidade. No dia 3 de junho, ela comemorou a chegada dos seus 99 anos ao lado de familiares e amigos. A festa foi do jeitinho que ela gosta: repleta de amor, carinho e união.
A celebração aconteceu na casa da simpática senhorinha, no bairro Sete de Setembro. Lúcida e muito esperta, recebeu seus convidados com um grande sorriso no rosto e mesa farta. Quem também marcou presença e abençoou a nova idade de dona Santa foi o Frei Pedro da Silva, pároco da Igreja Matriz de Gaspar. O momento foi de muita emoção, já que representa a fé e devoção da aniversariante.
Ela conta que ficou muito contente em receber tantas pessoas queridas. “Eu sou abençoada. Até me dá vontade de chorar, porque minha família é tão amorosa e cuidadosa comigo. Que felicidade é fazer aniversário e ter comigo essas pessoas que me amam, assim como eu amo elas. Ganhei muitos presentes e flores, amei tudo. Mas o abraço, o aperto de mão, a conversa sincera sempre são as coisas mais valiosas”.
Quem vê dona Santa hoje, com as unhas bem pintadas e cabelos penteados, sentadinha ao lado da imagem de Nossa Senhora Aparecida e rodeada de flores coloridas, enxerga uma mulher batalhadora, religiosa e com certa vaidade. Mas, nem todos sabem que a sua história de vida foi escrita com muita luta. “Ah, meu filho... eu sofri muito nessa vida. Trabalhei tanto. Tive tantas perdas. Mas não dava para parar. Eu tinha que ser forte e continuar para cuidar dos meus filhos e mostrar para todos que vale a pena batalhar pelas coisas”.
Natural de Gaspar, nasceu e cresceu no bairro Poço Grande. Estudou pouco. Trabalhou muito. Sempre ajudou em casa e, mais tarde, quando se casou com Vergílio Reinert, continuou sendo a pessoa íntegra e trabalhadora que sempre foi. Junto, o casal teve 16 filhos. Em 1968, dona Santa ficou viúva e a perda foi bastante dura. De cabeça erguida, ela continuou cuidando dos filhos como uma fortaleza. “Quando eu paro para pensar que perdi oito filhos e meu marido.. é muito doloroso, sabe? Mas eu sempre tive Deus no coração e Ele me dá forças”.
Não é à toa que seu apelido é ‘Santa’. Solidária, generosa, sábia e cheia de coragem. Pessoa que todos querem ter por perto. Uma grande inspiração para as novas gerações. Exemplo de simplicidade, perseverança e respeito. Construiu um legado e repassou seus valores para os filhos, netos, bisnetos e trinetos. Virtudes essas reconhecidas em todo o município, já que sua família é uma das mais tradicionais. “Eu gosto de ser conhecida na cidade. Muitas pessoas sabem meu nome e me tratam com carinho. Que benção é ser querida por todos. Sinto que estou colhendo o que plantei: amor”
Nos dias de hoje, dona Santa pouco sai de casa. Apesar de gostar muito de passear, a idade já não permite viagens muito longas. Sua rotina é bastante tranquila, em casa ao lado dos filhos José Lindolfo e Sebastião, ambos deficientes; e sua cuidadora, Ailda. Ela gosta de assistir a missa pela televisão, fazer suas orações e conversar quando recebe visitas. Além disso, dona Santa faz fisioterapia semanalmente.
Emocionada com a visita da reportagem do Jornal Cruzeiro do Vale, que sempre reconheceu sua trajetória de vida, ela deixa uma importante mensagem: “Peço a Deus saúde. É isso que uma senhora da minha idade quer. E paz no coração. Eu quero também que minha família continue sendo iluminada por Nossa Senhora Aparecida. Ano que vem, se Deus quiser, completo 100 anos. E vai ter bolo”.
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