Entre risos, abraços e lágrimas, Orlando Saulo dos Anjos, popular Nego Lando, pode dar adeus a uma espera de 52 anos na última semana, quando viu o sonho do reencontro com sua família virar realidade. O homem de 71 anos não conseguiu conter o choro de alegria ao rever sua irmã, Maria Iracema dos Anjos de Oliveira, que atualmente reside na cidade de Monte Negro, no Rio Grande do Sul.
A viagem foi feita de carro por Orlando e seus irmãos, Aldo e Pedro. Apesar do cansaço, Nego Lando afirma que só terá lembranças positivas do reencontro. "Nós já tínhamos o endereço. Quando chegamos à frente da casa dela, perguntamos para uma vizinha se era mesmo lá. A vizinha então gritou "Maria, seus irmãos estão aqui", e minha irmã veio correndo para nos dar um abraço", relembra.
Como Nego Lando já havia entrado em contato com sua irmã avisando que em breve iria visitá-la, Maria aguardava com ansiedade o dia em que poderia vê-lo novamente. Os familiares ficaram juntos de terça-feira até sábado, trocando lembranças e revendo fotografias. "Aproveitamos para matar a saudade, saímos para almoçar juntos. Foi muito bom. Valeu à pena", comemora.
Agora, Nego Lando pretende levar seus filhos para conhecerem a tia, mas da próxima vez o trajeto deverá ser feito de ônibus. "É mais confortável", brinca.
Orlando descobriu o paradeiro da irmã com a ajuda de uma moradora da cidade de Monte Negro. Ele conta que já tinha feito de tudo, até mandado uma carta para o programa do Gugu. "Um dia eu estava no campo do Tupi e encontrei uma conhecida de lá, que me ajudou a conseguir um contato com Maria".
Separação
Os irmãos se viram pela última vez em 1957, quando Gaspar ainda era uma cidade pacata, sem congestionamentos e tinha apenas algumas empresas. Nego Lando saiu para trabalhar e se despediu da irmã em cima do viaduto da estrada de ferro do Gasparinho. "Ela ia se mudar para Florianópolis no dia seguinte. Ela se mudava para poder trabalhar e eu me despedi dela na noite anterior", relembra. De Florianópolis, Maria se mudou para o interior do Rio Grande do Sul, onde se casou e constituiu sua família. Desde o casamento ela rompeu o contato com seus familiares em Gaspar.
No início ainda mandava algumas cartas e raros telefonemas, mas há muitos anos a família não tinha mais informações sobre seu paradeiro "Estava preocupado, não sabia se ela estava viva. Queria saber se ela estava bem", conta Nego Lando, que é natural de Itapema, mas veio morar em Gaspar quando tinha seis anos de idade.
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