Depois de seis horas de um intenso julgamento, Nilton dos Santos, 42 anos, levantou do banco dos réus para ouvir a sentença que mudará para sempre o destino de sua vida. Condenado pelo júri popular a cumprir 19 anos, 10 meses e 19 dias de reclusão em regime fechado, o morador da Margem Esquerda, acusado de assassinar a esposa Michele, se diz arrependido pelo crime cometido e que se pudesse voltar no tempo faria tudo diferente.
O julgamento aconteceu na tarde de quarta-feira, 30, no plenário da Câmara de Vereadores da cidade e foi coordenado pelo juiz da Vara Crime, Sergio Agenor Aragão. Nilton foi condenado por homicídio qualificado por motivo fútil e ocultação de cadáver, sem direito a recorrer em liberdade.
Crime
O crime cometido por Nilton aconteceu em dezembro de 2009 chocou os moradores do bairro Margem Esquerda, onde o casal residia. O corpo de Michele estava enterrado ao lado da residência do casal há dias e nenhum vizinho suspeitava do cheiro e das moscas que pairavam sobre o local. Uma denúncia anônima levou a polícia até o acusado. Nilton assumiu a autoria do crime no mesmo dia em que o corpo da esposa foi localizado.
Júri
Nilton foi o terceiro acusado de homicídio a ser julgado através do júri popular neste ano. No final de fevereiro e início de março outros dois julgamentos aconteceram na cidade e no próximo mês de abril mais três devem ocorrer.
Para o juiz Sergio Agenor Aragão, os julgamentos provam que, apesar das dificuldades, a Justiça está trabalhando para apurar todos os crimes cometidos na cidade. ?A designação de todos esses júris, principalmente de processos com réus presos, é a demonstração de que o Poder Judiciário de Gaspar está agindo com rigor, apurando com a maior celeridade possível os crimes aqui cometidos?, destacou o juiz em entrevista concedida ao Jornal Cruzeiro do Vale em fevereiro deste ano.
Cinco minutos antes de conhecer sua sentença, Nilton dos Santos, 42 anos, concedeu entrevista exclusiva ao Jornal Cruzeiro do Vale e contou, em detalhes, como acabou matando sua companheira.
Cruzeiro do Vale - Por que você cometeu este crime?
Nilton - Porque ela tentou me matar várias vezes com uma faca, tesourada e até jogou álcool sobre meu corpo quando eu estava dormindo. Ela também estava me traindo e como eu estava drogado e alcoolizado acabei perdendo a cabeça.
CV - E como isso aconteceu?
Nilton - Tudo começou quando ela me deu um empurrão, ela era muito violenta. Então ela pegou uma tesoura e me agrediu. Peguei um machado que estava ao lado pra me defender e acabei atingindo a veia jugular. Quando vi todo aquele sangue peguei um pano e tentei estancar. Deitei ela no colchão da cama e dormi ao lado dela, quando acordei percebi que ela estava gelada e toda branca. Foi ali que decidi fazer um buraco atrás de casa e enterrar o corpo.
CV - Por que você não avisou ninguém?
Nilton - Somente depois de três dias que ela estava enterrada acabei contanto para alguns parentes, que avisaram a polícia. Achei melhor não fugir e me entregar.
CV - Você está arrependido?
Nilton - Estou bastante arrependido de ter cometido este crime. A cadeia é um inferno.
De acordo com a legislação brasileira, o júri popular está previsto para quatro crimes dolosos contra a vida: homicídio, auxílio-suicídio, infanticídio e aborto.
Todos os anos a justiça elabora uma lista de jurados, que podem ser escolhidos ou voluntários, e que serão sorteados para compor os júris. Atualmente, a Comarca de Gaspar possui 262 pessoas na lista de jurados. A cada mês, 25 são sorteados, e são estes 25 que vão ter que comparecer a todos os júris realizados no mês em que forem selecionados. Dos 25, sete são sorteados no dia do julgamento para compor o júri oficial e decidir o destino dos acusados.
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