O empresário Gustavo Senci Calvancanti Siqueira levou um susto ao receber uma carta do Fórum de Gaspar que afirmava a inadimplência no pagamento do alvará de funcionamento de seu estabelecimento no período de 2004 a 2008. Seu contador não havia dado baixa na mudança da empresa, que no ano de 2004 passou a se localizar em Blumenau e por isso Gustavo passou a ser parte do grande grupo de devedores que fazem a dívida ativa de Gaspar chegar a R$40 milhões. Nesta quarta-feira, 20, Gustavo procurou a setor tributário da Prefeitura Municipal para fazer o pagamento da dívida e acabou por descobrir alguns benefícios que a partir desta semana começaram a ser oferecidos aos inadimplentes. Os benefícios integram um plano para arrecadação da dívida ativa, baseado em três novas leis municipais, e visam aumentar a arrecadação do Município.
?Não sabia de nada, quando cheguei aqui fui informado dos descontos que teria e esta sim foi uma boa surpresa?, conta.
As três leis foram criadas pela Prefeitura de Gaspar e aprovadas pela Câmara de Vereadores. Ums delas é válida até 1º de março de 2012 e diz respeito ao parcelamento e reparcelamento da dívida, que dará ao contribuinte o direito de 100% de desconto sobre os juros e multa de mora, não cobra os 10% sobre honorários de advogados ? no caso de processos que estão no judiciário ? e torna possível que o pagamento seja feito em até 60 vezes.
Neste caso, apenas a correção monetária é que será cobrada na dívida que o inadimplente tem com Município. Gustavo foi o primeiro a usufruir destes benefícios e, devido a eles, sua dívida de R$2.215,82 passaria a R$1416,71 caso fosse paga à vista, um desconto de R$799,11. O empresário irá quitar o valor em seis vezes, e por isso, a dívida será de R$1430,81, com os juros de 1% ao mês para cada parcela. Gustavo teve ainda outra vantagem oferecida pela Prefeitura: um prazo de 30 dias para iniciar o pagamento. Nesta nova lei, as parcelas mínimas devem ser de um UFM (R$62,75) para pessoa jurídica e de meio UFM para pessoa física (R$31,38).
Outras leis
A lei que se refere ao Programa de Recuperação Fiscal possibilita que os impostos em atraso até o ano passado sejam pagos em parcelas, mensalmente, com o intuito de diminuir os 5 mil processos que hoje tramitam pelo Fórum.
Uma outra lei complementar altera o código tributário municipal e valoriza a testada do imóvel. Como foram derrubadas duas taxas, de expediente e de serviços urbanos, consideradas inconstitucionais pelo poder judiciário, a lei de Responsabilidade Fiscal define que uma compensação seja feita para que não haja perda de receita. O valor do carnê do IPTU não sofrerá alteração, pois a valorização da testada faz com que o imposto tenha pouca alteração, e para valor um pouco menor.
O que acontece quando a dívida com o Município não é paga
?Quando há uma custa judiciária é preciso que primeiro a pessoa a pague e depois venha até a Prefeitura negociar sua dívida?, explica a escrituária, Sibilia Habeck Schindler. No caso do IPTU, a dívida vai a juízo após o primeiro dia de exercício do ano posterior ao que não houve pagamento. O alvará de funcionamento tem vencimento marcado todos os anos para o dia 31 de agosto e, caso o pagamento não seja efetuado na data, no dia seguinte o caso pode ir para o judiciário. ?Porém primeiro tentamos entrar em contato com a pessoa, fazendo uma cobrança amigável e dando um prazo. Se não adiantar, temos de encaminhar para o Fórum?, declara Gelásio Hammes, diretor do departamento de tributos. Após a chegada do processo, é o juiz que decidirá que providência deve ser tomada com o devedor.
Administração adota mudanças para aumentar a arrecadação com o IPTU
Para aumentar a arrecadação do município, um recadastramento dos imóveis será feito. Desta forma, pode-se ver o tamanho real, e não legal, do terreno e da construção. Há, em Gaspar, muitos donos de imóveis inadimplentes ou que não estão cadastrados. Gaspar possui um índice de defasagem muito alto. De acordo com Michel Zimmermann, Secretário de Administração e Finanças, a cidade é dinâmica e por isso é preciso manter o cadastro atualizado.
O município emite hoje 15.100 carnês de IPTU. Com o cadastro atualizado no mesmo nível da cidade de São Miguel do Oeste, que possui um dos cadastros mais atualizados do estado, a emissão passaria para 23.967.
Segundo os administradores, todo terreno urbano deve pagar o imposto, e o que define se ele é rural ou urbano não é a zona em que está atualizado e sim a atividade executada no local. Um mercado no Arraial, por exemplo, é classificado como urbano, e não como rural. O IPTU é o único imposto que fica inteiro para a administração municipal, cuja receita própria hoje é de apenas de 18% e o restante do dinheiro vem do Fundeb e do Governo do Estado e Federal.
Com todas as medidas anunciadas pela Prefeitura, haveria um aumento na arrecadação da dívida ativa e a receita própria passaria para 20%, tornando possível à administração municipal ter mais independência para investir em obras de benfeitorias para a comunidade. Em coletiva realizada com a imprensa realizada no dia 19, terça-feira, a prioridade citada pelo prefeito Pedro Celso Zuchi foi a pavimentação de diversas vias da cidade.
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