Moradores ainda vivem sem entrega em domicílio - Jornal Cruzeiro do Vale

Moradores ainda vivem sem entrega em domicílio

25/02/2011


Por Júlia Schäffer Dourado

correio1MD.jpgA caixa de correio faz parte da fachada das residências do perímetro urbano de toda a cidade e é através dela que seus moradores recebem contas, cartas, comunicados e encomendas. Viver em um local em que a correspondência não chega ao conforto do lar parece ser coisa do passado, porém é a realidade de todos os moradores de zonas rurais de Gaspar, que precisam solicitar uma caixa postal comunitária ou ir até a agência localizada no centro da cidade para retirar o que foi endereçado ao seu nome.

Há pouco mais de três anos o encarregado de produção Sálvio dos Santos vive esta realidade. A via em que mora é uma transversal da rua José Junkes, localizada no bairro Arraial. A frustração de Sálvio não é com os Correios e sim com a Prefeitura de Gaspar. ?Sei que só poderei receber correspondência a partir do momento em que a prefeitura colocar nome na minha rua e números nas casas. Não posso colocar a culpa nos Correios?, declara. Para ter acesso às cartas sem precisar se deslocar até o Centro, Sálvio colocou uma caixa de correios a cerca de 150 metros de onde mora. A caixa é identificada com um número, o que torna possível fazer as entregas, que são endereçadas para a rua geral. Pela falta de caixa de seus vizinhos, muitas vezes Sálvio acaba recebendo correspondência que não o pertence. Ele contabiliza que há cerca de 28 residências em sua rua e afirma que os moradores já entraram em contato com a prefeitura para mudar esta situação.

Já Zenaide dos Santos, moradora da rua Itália, bairro Gasparinho, não se importa em não receber suas cartas em casa. ?Sempre que meu marido vai para o C entro, ele pega o que entregaram. Já estamos acostumados com isso?. Ela também recebe cartas em um estabelecimento comercial da localidade, na chamada caixa postal comunitária. Neste caso as correspondências são levadas a um ponto de referência e então distribuídas entre caixas que devem ser solicitadas pelos moradores. O serviço é gratuito, no entanto é necessário que ele seja solicitado no Centro de Distribuição Domiciliar dos Correios, CDD, localizado no início da rua Frei Solano.

Vereador questiona distribuição das correspondências


fotopg11raulMD.jpgO problema da falta de entrega das correspondências nas residências da zona rural foi questionado nesta semana pelo vereador Raul Schiller, que encaminhou ofício à agência dos Correios solicitando informações sobre o fato. O parlamentar afirma que Gaspar tem uma zona rural muito próxima à cidade e com características urbanas. ?É uma prestação de serviço que a comunidade solicita. Muitos têm dificuldade de ir até o centro buscar suas cartas, pois trabalham em horário comercial?, explica. Ele cita a região das Águas Negras como exemplo e afirma que se a entrega se estendesse por mais mil metros, poderia alcançar toda a população da localidade.

O vereador disse que fará uma requisição para que algo seja feito quanto a esta situação.

Arantes Scarpari, gerente do Centro de Distribuição dos Correios de Gaspar,  já conversou com o vereador Raul Schiller sobre a situação da área das Àguas Negras, que na verdade, se estende até uma parte do bairro Gaspar Grande.

A sugestão dada pelo gerente é de que se faça no local uma caixa postal comunitária. ?O morador vem até nós, solicita uma caixa e recebe uma chave. Isto é gratuito, porém assinamos um contrato apenas para estabelecer o serviço?, detalha.

Correios cumprem determinações de Brasília


O serviço prestado pelos Correios abrange apenas a área urbana da cidade, de acordo com a Portaria 311, de dezembro de 1998. O gerente do Centro de Distribuição de Gaspar, Arantes Scarpari, afirma que todas as localidades da área urbana são contempladas com entrega em domicílio, a não ser pontos extremos, em que são instaladas caixas postais comunitárias.

Gaspar foi separada em 15 subdivisões, o que simplifica o trabalho dos 17 carteiros  - 15 entregam postais e 2 encomendas ? que fazem este serviço na cidade. ?Quem define até onde chegam as entregas são os técnicos de Florianópolis. Nós administramos as áreas que já existem e operamos conforme os padrões?, declara Arantes.

Ele explica que a pequena quantidade de volumes que chega para a zona rural não é suficiente para caracterizar entrega domiciliar. ?Se o bairro crescer, aumentar o número de volumes e tiver planejamento da prefeitura, ou seja, ruas com nome e placas visíveis com este nome e casas numeradas, poderá ser feito um estudo de demanda?. Arantes conta que para que seja possível esta expansão, é necessário também que venha uma autorização de Brasília, liberando recurso para aquisição de moto e entregador. Porém, leva tempo para este processo acontecer.  A cada dois anos é feita uma contagem e um reajuste conforme os lugares que tiveram aumento de carga.

Como funciona


Os Correios de Gaspar chegam a entregar cerca de dez mil volumes por dia, sendo que a correspondência da área rural é encaminhada para a agência do centro. O trabalho no centro de distribuição começa às 7h da manhã, e quando a agência abre, às 9h, as cartas dos moradores desta área já estão no local. As cartas têm como endereço de destinatário o próprio endereço dos moradores da zona rural, porém, como os agentes dos correios sabem que não há entrega naquela área, elas são encaminhadas à agência.


? Para receber correspondência no domicílio, é preciso que a rua e a residência estejam de acordo com o que é definido no artigo n° 4 da Portaria 311.

I - os logradouros estejam oficializados junto a prefeitura municipal e possuam placas identificadoras;
II - os imóveis possuam numeração idêntica oficializada pela prefeitura municipal e caixa receptora de correspondência, localizada na entrada;
III - a numeração dos imóveis obedeça a critérios de ordenamento crescente, sendo um lado do logradouro par e outro ímpar; e
IV - os locais a serem atendidos ofereçam condições de acesso e de segurança de modo a garantir a integridade física do carteiro e dos objetos postais a serem distribuídos.

Planejamento


A delimitação das áreas rural e urbana é definida pelo Plano Diretor, como explica a secretária de Planejamento e Desenvolvimento Patrícia Scheidt. ?Temos um mapeamento em que estão marcados os limites entre área rural e urbana e pretendemos colocar marcos delimitando área rural e urbana e também os limites dos bairros, porém ainda não temos data para isto?. A secretária esclarece que a possibilidade de que haja mudanças e ampliações existe cada vez que revisam o Plano Diretor. Porém, Patrícia afirma que não há grandes ampliações a serem feitas, e sim pequenos ajustes. A secretária conta que no ano passado foi feito um mutirão com os vereadores em para regularizar a situação de mais de 100 ruas e que logo lançarão licitação para comprar novas placas para as ruas que estão sem esta sinalização.


edição 1269

Comentários

dani
05/03/2011 21:36
entao gostaria de deixar minha opiniao, existe varias ruas aqui em meu bairro q tambem é area rural e o correio leva as correspondecia ate suas residencias sen do assim entao vou querer pagar meus gastos de agua e luz como area rural nada mais justo .... ou entao se nao vem para todos entao nao deveria vir para ninguem vou falar com o vereador do meu bairro para considerar assim se é area rural vamos pagar tudo como area rural ,,,, é uma vergonha isso .... se fizermos isso garanto que ai vao dar geito para colocar entrega de correspondencia com certeza vao preferir a entrega do nos pagarmos tudo como area rural como eles nao querem perder nos tambem nao.... e vcs dai da prefeitura nao vao ficar em paz enquanto isso nao acontecer e os correios tambem, pois pagamos nossos impostos como os outros querinhos da cidade, ja que eles moram mais perto deixa para eles buscarem nas agencias e as nossas por ser longe tragam valeu essa é a minha opiniao e vou passa para Raul nosso vereador q mostrou q esta lutando pela comunidade valeu
Aldair
25/02/2011 19:56
O Sr.Raul Schiller, como morador das Águas Negras, teve uma atitude louvável, em tentar achar uma solução. Mas como ele mesmo percebeu, não adianta agir, pois os perímetros de entrega de correspondências são definidos pelos técnicos da ECT de Florianópolis a cada dois anos (os moradores da Zona Rural tem esse tempo para aguardar e torcer...).
Mas, infelizmente, segundo o artigo nº 4 da Portaria 311, o orgão da Prefeitura competente pela numeração das ruas, está desobedecendo o referido artigo. ( Será que existe penalidade para tal infração?) Segundo o Parágrafo III do referido artigo, a numeração tem que estar em ordem crescente e par de um lado e ímpar de outro lado da rua.
Não é isso que se vê em diversas ruas de Gaspar. Que tal alguém da Prefeitura ir até à Rua Progresso, Rua Dois de Novembro, Rua Olinda e Amélia Schimitt no Bairro Sta Terezinha para verificar tamanha irregularidade? Acho que o funcionário que determinou os números dessas ruas, pisava feio no tomate quando estudava Matemática.
Há irregularidades também na Marinha, em todas as ruas, na Guilherme Sabel, Olga Bonh na Figueira e tantas outras...
Acho bom passarem a autonomia dessas leis à própria ECT, porque a Prefeitura (como sempre) não está conseguindo dar uma dentro...
Pricila
25/02/2011 15:35
EXCELENTE matéria... Parabéns!
Aqui em Ilhota acontece o mesmo... Assim como em várias regiões se for pesquisar.
Uma pena vivermos em pelo século 21 com heranças desse tipo, ainda mais que o lema de nossa bela bandeira é Ordem E PROGRESSO!!!

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