Por Júlia Schäffer DouradoA caixa de correio faz parte da fachada das residências do perímetro urbano de toda a cidade e é através dela que seus moradores recebem contas, cartas, comunicados e encomendas. Viver em um local em que a correspondência não chega ao conforto do lar parece ser coisa do passado, porém é a realidade de todos os moradores de zonas rurais de Gaspar, que precisam solicitar uma caixa postal comunitária ou ir até a agência localizada no centro da cidade para retirar o que foi endereçado ao seu nome.
Há pouco mais de três anos o encarregado de produção Sálvio dos Santos vive esta realidade. A via em que mora é uma transversal da rua José Junkes, localizada no bairro Arraial. A frustração de Sálvio não é com os Correios e sim com a Prefeitura de Gaspar. ?Sei que só poderei receber correspondência a partir do momento em que a prefeitura colocar nome na minha rua e números nas casas. Não posso colocar a culpa nos Correios?, declara. Para ter acesso às cartas sem precisar se deslocar até o Centro, Sálvio colocou uma caixa de correios a cerca de 150 metros de onde mora. A caixa é identificada com um número, o que torna possível fazer as entregas, que são endereçadas para a rua geral. Pela falta de caixa de seus vizinhos, muitas vezes Sálvio acaba recebendo correspondência que não o pertence. Ele contabiliza que há cerca de 28 residências em sua rua e afirma que os moradores já entraram em contato com a prefeitura para mudar esta situação.
Já Zenaide dos Santos, moradora da rua Itália, bairro Gasparinho, não se importa em não receber suas cartas em casa. ?Sempre que meu marido vai para o C entro, ele pega o que entregaram. Já estamos acostumados com isso?. Ela também recebe cartas em um estabelecimento comercial da localidade, na chamada caixa postal comunitária. Neste caso as correspondências são levadas a um ponto de referência e então distribuídas entre caixas que devem ser solicitadas pelos moradores. O serviço é gratuito, no entanto é necessário que ele seja solicitado no Centro de Distribuição Domiciliar dos Correios, CDD, localizado no início da rua Frei Solano.
O problema da falta de entrega das correspondências nas residências da zona rural foi questionado nesta semana pelo vereador Raul Schiller, que encaminhou ofício à agência dos Correios solicitando informações sobre o fato. O parlamentar afirma que Gaspar tem uma zona rural muito próxima à cidade e com características urbanas. ?É uma prestação de serviço que a comunidade solicita. Muitos têm dificuldade de ir até o centro buscar suas cartas, pois trabalham em horário comercial?, explica. Ele cita a região das Águas Negras como exemplo e afirma que se a entrega se estendesse por mais mil metros, poderia alcançar toda a população da localidade.
O vereador disse que fará uma requisição para que algo seja feito quanto a esta situação.
Arantes Scarpari, gerente do Centro de Distribuição dos Correios de Gaspar, já conversou com o vereador Raul Schiller sobre a situação da área das Àguas Negras, que na verdade, se estende até uma parte do bairro Gaspar Grande.
A sugestão dada pelo gerente é de que se faça no local uma caixa postal comunitária. ?O morador vem até nós, solicita uma caixa e recebe uma chave. Isto é gratuito, porém assinamos um contrato apenas para estabelecer o serviço?, detalha.
O serviço prestado pelos Correios abrange apenas a área urbana da cidade, de acordo com a Portaria 311, de dezembro de 1998. O gerente do Centro de Distribuição de Gaspar, Arantes Scarpari, afirma que todas as localidades da área urbana são contempladas com entrega em domicílio, a não ser pontos extremos, em que são instaladas caixas postais comunitárias.
Gaspar foi separada em 15 subdivisões, o que simplifica o trabalho dos 17 carteiros - 15 entregam postais e 2 encomendas ? que fazem este serviço na cidade. ?Quem define até onde chegam as entregas são os técnicos de Florianópolis. Nós administramos as áreas que já existem e operamos conforme os padrões?, declara Arantes.
Ele explica que a pequena quantidade de volumes que chega para a zona rural não é suficiente para caracterizar entrega domiciliar. ?Se o bairro crescer, aumentar o número de volumes e tiver planejamento da prefeitura, ou seja, ruas com nome e placas visíveis com este nome e casas numeradas, poderá ser feito um estudo de demanda?. Arantes conta que para que seja possível esta expansão, é necessário também que venha uma autorização de Brasília, liberando recurso para aquisição de moto e entregador. Porém, leva tempo para este processo acontecer. A cada dois anos é feita uma contagem e um reajuste conforme os lugares que tiveram aumento de carga.
Os Correios de Gaspar chegam a entregar cerca de dez mil volumes por dia, sendo que a correspondência da área rural é encaminhada para a agência do centro. O trabalho no centro de distribuição começa às 7h da manhã, e quando a agência abre, às 9h, as cartas dos moradores desta área já estão no local. As cartas têm como endereço de destinatário o próprio endereço dos moradores da zona rural, porém, como os agentes dos correios sabem que não há entrega naquela área, elas são encaminhadas à agência.
? Para receber correspondência no domicílio, é preciso que a rua e a residência estejam de acordo com o que é definido no artigo n° 4 da Portaria 311.
I - os logradouros estejam oficializados junto a prefeitura municipal e possuam placas identificadoras;
II - os imóveis possuam numeração idêntica oficializada pela prefeitura municipal e caixa receptora de correspondência, localizada na entrada;
III - a numeração dos imóveis obedeça a critérios de ordenamento crescente, sendo um lado do logradouro par e outro ímpar; e
IV - os locais a serem atendidos ofereçam condições de acesso e de segurança de modo a garantir a integridade física do carteiro e dos objetos postais a serem distribuídos.
A delimitação das áreas rural e urbana é definida pelo Plano Diretor, como explica a secretária de Planejamento e Desenvolvimento Patrícia Scheidt. ?Temos um mapeamento em que estão marcados os limites entre área rural e urbana e pretendemos colocar marcos delimitando área rural e urbana e também os limites dos bairros, porém ainda não temos data para isto?. A secretária esclarece que a possibilidade de que haja mudanças e ampliações existe cada vez que revisam o Plano Diretor. Porém, Patrícia afirma que não há grandes ampliações a serem feitas, e sim pequenos ajustes. A secretária conta que no ano passado foi feito um mutirão com os vereadores em para regularizar a situação de mais de 100 ruas e que logo lançarão licitação para comprar novas placas para as ruas que estão sem esta sinalização.
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