Faleceu ao meio dia de quinta-feira, dia 16 de junho, no Hospital Santa Isabel, em Blumenau, aos 98 anos, Lot Eugênio Coser, ex-combatente da Força Expedicionária Brasileira que lutou na Segunda Guerra Mundial. Natural de Quaraí, no Rio Grande do Sul, morava no bairro Santa Terezinha, em Gaspar.
Seu corpo foi velado na Capela Mortuária Bom Pastor e sepultado no Cemitério de Gaspar. Ele deixa dois filhos, sete netos, 10 bisnetos e dois trinetos.
Lot sempre demonstrou exemplo e amor à pátria. Para ele, a Batalha de Montese, que aconteceu em abril de 1945, no fim da Segunda Guerra Mundial, foi o pior combate que enfrentou. Confira seu depoimento:
“Eu digo pra todo mundo, quem teve em Montese já sabe como é o inferno. Não precisa ir lá. Já sabe. Foram quatro dias de batalha no meu batalhão. Montese era uma vila na base da montanha. Uma cidadezinha. Um batalhão do 11º tomou de casa em casa do alemão. Aí nós chegamos para substituir esse batalhão, que teve muita perda. A ordem era avançar para tomar o morro. Conseguimos chegar até metade e não conseguimos ir pra frente por causa do alemão. O alemão, se perdesse aquela montanha, não tinha onde se defender mais na Itália. Nós tivemos quatro dias num verdadeiro inferno, onde eu perdi meu municiador, perdi um amigo de Uruguaiana, o Luiz Quevedo. E o Quevedo morreu por cabeçudo, porque quando entrou o batalhão em Montese, baixou um bombardeio e não sei quem deu ordem para os morteirinhos ficarem em posição e atirar. Ele saiu sozinho pra abrir o morteirinho, que é um morteiro pequeno. Tem 60 milímetros. E a granada caiu em cima dele e o matou. Eu o reconheci. Tava coberto. Eu tirei o pano e vi que ele tava bordado de estilhaços. Na estrada para Montese era correr e deitar, correr e deitar, porque o alemão de cima tava vendo. O meu sargento disse: “Coser, puxa a ponta que eu controlo a retaguarda”. Era para não deixar nenhum ficar para trás. A bomba assobiava e nós deitávamos. Ela estourava e nós corríamos. Ali já encontrei morto um amigo, que era de Santa Rosa, outro cabo, que se chamava Ricardo Weber e nós nos chamávamos de compadres. Ele me dizia: “Lot, se a gente sair vivo da guerra e casar, o primeiro filho vai ser afilhado do outro”. Então nós nos chamávamos de compadres. Cruzei uma curvinha e o vi morto na estrada.”
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