Novo começo após o abrigo - Jornal Cruzeiro do Vale

Novo começo após o abrigo

17/04/2009

MARCO GAMBORGI | ESPECIAL

8MD.jpgTrabalho e dignidade. Estes são pilares sobre os quais a civilização se constrói. São essenciais e simples de serem encontrados. As pessoas nem imaginam como seria a vida sem elas. Mas para quem precisa correr atrás e se esforçar para conquistá-las, a situação é diferente. John Stiehler e Marcos de Jesus, 17 e 21 anos, são dois jovens iguais a milhões de outros da sua idade. Dividem seu tempo entre o trabalho e os estudos.
Mas o que os torna diferentes é que tiveram de se esforçar muito para conseguir atingir estas metas que aparecem naturalmente na vida da maioria dos jovens. Eles cresceram longe de suas famílias, em abrigos. E foi nestes lugares que encontraram a força e a motivação para sonhar e construir uma vida diferente.
A trajetória destes dois batalhadores está diretamente ligada ao abrigo Casa Lar, no bairro Coloninha, e a Casa Lar dos Meninos, no bairro Sete de Setembro, em Gaspar. Duas instituições gasparenses que se dedicam a cuidar e preparar as crianças e os jovens para a vida.
A Casa Lar dos Meninos atende garotos dos 12 aos 18 anos. Conta com uma equipe profissional que prepara os meninos sob todos os aspectos para quando deixarem o abrigo, aos 18 anos, estejam prontos para enfrentar a vida. "Sempre explicamos para os meninos que lá fora eles são iguais a todo mundo e que devem estar prontos para lidar com as adversidades da ida", explica a coordenadora da casa, Maria Lanzaster Spengler. Os resultados deste trabalho são comprovados por John e Marcos, dois estudantes trabalhadores que conquistaram não só um trabalho, mas o respeito e afeto de colegas e patrões.
Marcos foi o primeiro a sair e sabe que serve de modelo para muitos meninos que ainda estão no abrigo. "Eu sinto o peso desta responsabilidade e me esforço para corresponder às expectativas", afirma com convicção. Marcos divide seu tempo entre a faculdade de Design e o trabalho na Decorações Spengler. O empregador Silvio Spengler se diz muito contente com o trabalho de Marcos que há dois anos trabalha ao seu lado na instalação e manutenção de cortinas e persianas. "É um trabalho complexo com produtos de alto padrão, Marcos se adaptou bem ao serviço", observa Silvio. Ele conhece a realidade do abrigo e dos jovens e sabe da importância de dar uma oportunidade para estes garotos estruturarem suas vidas.

Decisão em conjunto
John ainda vive no abrigo e se prepara para, em breve, sair e enfrentar a vida sozinho. Alegre e simpático, logo conquistou o carinho dos colegas de trabalho na Panificadora e Confeitaria Coração do Vale onde trabalha desde outubro de 2007. Ele ocupa a função de auxiliar de padeiro e fez uma aposta na profissão: concluiu em dezembro passado o curso de panificação pelo Senai. "Gosto da profissão e sei que é valorizada", diz.
Lúcia Hostert Petters, sócia-proprietária da panificadora, conta que a decisão de acolher John na equipe foi tomada em conjunto com todos os colaboradores. "Foi um compromisso coletivo", define a empresária. Ela está contente com o desempenho profissional de John e diz que ele cresceu pessoal e profissionalmente. "Nós lhe demos uma oportunidade e ele a agarrou e a levou muito a sério", conta Lúcia. Para ela, todos os empresários deveriam abrir as portas de suas empresas e dar uma oportunidade a esses jovens que foram maltratados pela vida. "Ajudá-los está ao alcance de todos", afirma.
Para Mário José Schmitt, presidente da Diretoria Comunitária da Casa Lar, atitudes como a destes empresários complementam o trabalho realizado pelas entidades ligadas ao menor e ao adolescente de Gaspar - Casa Lar, Casa Lar dos Meninos e Casa Lar das Meninas. "É muito importante que os empresários conheçam o trabalho realizado por estas entidades e que abram as portas de suas empresas para esses jovens darem os primeiros passos na suas vidas profissionais", destaca o presidente.

 

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